24 de setembro de 2013

Crónica: Manuel Almeida Parte II - A Formação de Ninjas

- Começo por dizer que no final deste artigo vou fazer um elogio e um pedido desculpas ao Manuel Almeida. No entanto, até lá permitam-me satirizar sem maldade e produzir conteúdo com o intuito de soltar entre 1 a 4 gargalhadas em cada pessoa.


    Na última vez que falei sobre o Manuel Almeida (ver Aqui), candidato do PTP à Câmara de Vila Nova de Gaia, explorei única e exclusivamente a sua apresentação de candidatura. Um vídeo no qual Manuel Almeida dizia ser a voz do maltrato aos idosos, prometendo defender a discriminação dos pobres e garantindo não especular com mentes malignas. Entre outras coisas. Entretanto, o senhor Manuel Almeida já marcou presença em 3 debates (nos dias 2, 9 e 16 de Setembro) com os restantes candidatos. Não é 100% fácil resumir todas as ideias destas horas de testemunhos históricos, mas vou então iniciar a minha tentativa.

    Ficámos a saber porque é que Manuel Almeida tem dificuldades em expressar-se em bom português. Para além de "por não ser professor de português", deve-se ao facto do Manuel ter passado vários anos em Inglaterra e, assim, "para assimilar algumas palavras, quando há coisas que me chamam ou tocam, bloqueio". Concluímos que tudo toca ou chama Manuel, o ninja sensível. Manuel admite ainda o seu erro relativo à palavra "especular", dizendo no entanto que os ignorantes são aqueles que o andam a difamar. Não acho Manuel um ignorante, como lá abaixo direi. Percebemos que Manuel é claramente bilingue quando o ouvimos dizer que, várias vezes durante os anos nos quais viveu fora foi dizendo "Portugal ano a ano... been down". Não é claro que Manuel diga "been down" podendo estar perfeitamente a dizer bidão. (minuto 41:45). Ah, e brinda-nos com a brilhante lógica: "o idoso para mim é aquele que foi criança, adolescente e adulto". Não é só para ti, Manuel.
    Apercebemo-nos ainda de mais alguns momentos em que o Manuel é chamado ou tocado e bloqueia quando tenta dizer privatização mas diz privaticidade (corrigido depois pela moderadora Delfina Rocha - com uma postura profissional impecável, claramente aguentaria sem rir uma sessão de 40 horas dos Gato Fedorento ou de cócegas nos pés), ou quando procura escolher entre duas coisas pondo-as "em comparência". Não, ele não procura que elas estejam presentes, comparência era para ser comparação.

    Mas tudo é melhor quando Manuel Almeida admite aquilo que ele é, sem margem para discórdias. "Está aqui aquilo que eu sou - sou ninja!" (mostrando o braço e a sua tatuagem, minuto 05:05) diz ele, admitindo no debate com Jorge Sarabando (candidato da CDU) e Manuel Vieira Machado (independente) que acha que "até nas grandes vivendas" há gente má. O quê Manuel? Até nas grandes vivendas?! Não... não pode ser. Se me dissesses que há maldade ao pé do poço ou ao virar da esquina da aldeia ainda aceitava, agora ao pé das grandes vivendas...
    No meio de tantas outras coisas, como o momento em que invoca novamente a Máquina da Verdade (e desta vez percebemos que se refere mesmo ao detector de mentiras ou polígrafo) embora de facto ele tenha arranjado um nome que fica muito mais no ouvido - bom markteer Manuel -, Manuel acaba ainda por lançar várias acusações interessantes a Luís Filipe Meneses, à política no geral e à justiça. Aconselhando no último caso a extrema medida de espancar um juíz (11:01) para que a partir daí os juízes façam realmente justiça. Extremo e maligno Manuel, interessante como a forma prejudica muitas vezes o teu conteúdo genuíno e razoável. Há ainda o momento em que Manuel se exalta perante violações a não-virgens, o que não vou pegar - porque não é coisa para se gozar - embora estranhe o porquê da especificação/ maior horror relativo ao facto de serem não-virgens, afastando as virgens como se tivessem bicho. Pelo meio de tudo isto há o momento em que Noray Manuel Almeida (que canta muito Modern Talking normalmente) canta no meio de um debate Venha de cá senhor burugês, que lindo fado corte inglês / Mas que tão atarefado dize-o tanto e o comprou / Mas você mesmo sacana você nunca trabalhou. Não sei donde é que isto veio, mas foi muita bem, Manel. Hás-de me mandar as lyrics porque eu transcrevi só o que ouvi, até com aquele "dize-o" pelo meio (música ao minuto 43:40).

    O momento alto de todos os debates é, no entanto, aquilo que coloquei lá em cima. Manuel Almeida, quando confrontado sobre a capacidade que as forças policiais têm ou não de reunir sinergias em prol da segurança de V.N. de Gaia, responde com uma solução curiosa. "Eu, ganhando as eleições, como presidente da Câmara irei trabalhar e formar ninjas preparados para ajudar a Polícia Municipal a tomar conta de Vila Nova de Gaia". Boas notícias Ninja Hattori. Saltando montanhas, atravessando vales, poderás ter emprego no município de Gaia. Perigoso é no entanto quando o Manel diz que "toda a gente que ande a roubar, é julgada na hora". Ninja Hattori, apelo ao teu bom senso, e espero que não tenhas que usar a espada e decapitar gaienses ladrões em nome da justiça de Noray Almeida. Porque é que eu digo isto... por causa do vídeo abaixo, no qual se vê o Noray a ensinar os seus discípulos (os tais que defenderão Gaia, preparados e formados que nem as tartarugas e o seu mestre Splinter) como cortar uma melancia com uma espada, melancia essa em cima da pança de um homem.


    O vídeo chama-se "corte of melanci real", o que atesta que o Manuel viveu de facto vários anos em Inglaterra e é totalmente bilingue. O problema é a palavra melanci que fica no limbo entre Portugal e Inglaterra. Pessoalmente acho que é o nome da spice girl Melanie C dito muito rápido (Melanie C, Melanie C, melanci, melanci...). Boa escolha musical, com a música dos Drowning Pool.

Elogio e pedido de desculpas ao Manuel Almeida: Num dos debates, Manuel que acaba até por dizer que sabe que é "um bocado cómico" e que portanto vai trabalhar isso, diz: "eu sou real, eu sou assim". E a verdade é que o Manuel, embora seja uma personagem, vai apontando em várias direcções certas. Desde quando ataca a quantidade de fundos gastos pelas maiores máquinas partidárias (enquanto ele anda a afixar cartazes sozinho porque o partido o abandonou) em propaganda exclusivamente para conquistar o "poleiro", até às várias acções de lobbying e jogos de poder que põe em cheque, sem lhe chamar lobbying, demonstrando sempre humildade e sobretudo defendendo que os políticos devem de facto "ir para o terreno e não ficar a ver a novela", o que é verdade. Embora o Sol de Inverno tenha agora a Victória Guerra e ela até é gira. Acabando por disparar também contra o anterior presidente de Câmara - Luís Filipe Meneses, agora a caminho do Porto - até à Alemanha no seu domínio da Europa, o Manuel não é um político e isso é bom. Por isso Manuel, ao ver-te durante horas em todos os teus debates para poder ter material humorístico, defendo-te aqui no final de tudo isto de todos os que te chamaram ignorante, não és parvo, mais uma vez digo que o teu conteúdo por vezes é disparatado mas muitas vezes tem alguma razão de ser, embora a forma (diferente da estruturação de ideias do candidato Guilherme Aguiar, por exemplo) seja sempre errada. E hoje felizmente não preciso de uma espada para te defender, até porque deixei-a com um daqueles gajos que fazem aquele barulho estranho nas ruas, um amolador.

                    Miguel Pontares

0 comentários:

Enviar um comentário