8 de setembro de 2013

Crítica: Disconnect

Realizador: Henry Alex Rubin
Argumento: Andrew Stern
Elenco: Jason Bateman, Alexander Skarsgård, Hope Davis, Paula Patton, Max Thieriot, Andrea Riseborough, Colin Ford, Jonah Bobo, Frank Grillo
Classificação IMDb: 7.6 | Metascore: 64 | RottenTomatoes: 68%
Classificação Barba Por Fazer: 74

    Inteligente e actual, é assim "Disconnect", um filme que com outros nomes na Produção poderia aspirar a algo mais do que ser um filme bastante bom. Disconnect, de Henry Alex Rubin e com um argumento bem projectado por Andrew Stern, aborda a excessiva utilização que a sociedade dá às novas tecnologias e os perigos que destas advêm: desde os cibercrimes ao perigo de não sabermos quem está do outro lado num perfil de rede social, roubando espaço às verdadeiras relações sociais, de contacto e sentimento próximo. À família, à proximidade e à Comunicação.
    Ao jeito de "Crash" em que as várias personagens da história vêm os seus destinos a cruzar-se com o desenrolar dos acontecimentos, Disconnect tem uma evolução galopante, bem pensada e que vai agarrando o espectador - dando a conhecer primeiros as 3 grandes histórias/ focos do filme, e acelerando progressivamente. Assim, temos portanto 3 pequenos filmes. Derek (Alexander Skarsgård) e Cindy (Paula Patton) são um casal que quase não consegue olhar um para o outro e recuperar da perda do filho. Ele, um ex-marine que gasta dinheiro em apostas online e ela, que procura apoio e compreensão em salas de chat de grupos de ajuda. O destino deles muda quando, fruto das informações concedidas na Internet, ficam sem todo o dinheiro que tinham. Depois há a brilhante aproximação de uma jornalista (Andrea Riseborough) ao mundo das salas de chat mais sexuais, mundo no qual trabalha Kyle (Max Thieriot) vivendo numa casa onde montes de jovens ganham a vida dessa forma, precisamente o mundo que a jornalista quer explorar para ter uma boa reportagem, acabando no entanto por se aproximar de Kyle.
    Há ainda a história de 2 rapazes que infernizam a vida a um colega de escola ao criarem um perfil de Facebook falso, procurando levá-lo a crer que está a falar com uma rapariga interessada nele, acabando o rapaz por tentar o suicídio. Em comum, um dos rapazes (Colin Ford) e a vítima (Jonah Bobo) têm o facto de viverem perfeitamente afastados dos seus pais - Frank Grillo e Jason Bateman - que ao longo da história vão ganhando maior relevo, sobretudo Bateman.

    A força do filme está acima de tudo no desempenho dos actores, embora a dinâmica e evolução da história aguente bem a audiência. Vemos em Disconnect vários actores mostrarem uma cara diferente. Jason Bateman, presença assídua em várias comédias, está bastante bem na 2.ª metade do filme, e todo o elenco em conjunto confere interesse, qualidade e intensidade ao filme. De resto, vários actores de séries conhecidas surgem aqui no grande ecrã: Alexander Skarsgård (True Blood), Hope Davis (The Newsroom), Colin Ford (Under the Dome) ou Max Thieriot (Bates Motel). Leitoras femininas (ok, isto foi uma redundância), imaginamos que a presença de Skarsgård e Max Thieriot seja algo que lhes agrade. No entanto tratam-se de dois bons actores que ainda têm bastante tempo de carreira para se manterem em bons projectos e boas interpretações.

    Disconnect ganha ainda com a banda sonora - excelente trabalho de Max Richter -, terminando bem ao som de Jónsi dos Sigur Ros e utilizando bem a tecnologia (em contra-senso com o filme) no momento em que as 3 histórias atingem o clímax, numa cena bem dirigida e editada. Acima de tudo é um filme que levanta questões interessantes, bem incluídas no argumento como por exemplo a facilidade de circulação de informação e a progressiva transparência do mundo online, inserido numa sociedade em que cada vez mais se fala com os dedos e não com a boca.
    Chega a Portugal a 17 de Outubro e, da nossa parte, aconselhamos que vejam o filme.

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