Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

5 de agosto de 2022

Antevisão da Liga Bwin 2022/ 23

  Liga Bwin Já tínhamos saudades. Agosto ainda agora começou e o esférico vai começar a rolar numa das edições da liga portuguesa capaz de gerar maior expectativa e curiosidade nos últimos anos. Desejando que a Covid-19 não estrague a festa no Outono-Inverno, a nova época traz muitas novidades, sendo a maior a interrupção para um invulgar Mundial, disputado no Qatar em Novembro e Dezembro. Em boa verdade, a máxima competição internacional de futebol não condicionará ou não terá um impacto nos jogadores da Liga Bwin comparável ao que existirá no pré e no pós-Mundial noutras realidades como a Premier League, a La Liga, a Serie A, a Bundesliga ou a Ligue 1. Quanto muito, veremos Otamendi e Pepe a baixarem os níveis de intensidade/ agressividade em Outubro...

    Com o FC Porto a defender o título (os azuis e brancos sagraram-se campeões nacionais em 3 das últimas 5 temporadas, mas Sérgio Conceição ainda nunca conseguiu consolidar o seu trabalho com um bicampeonato) e o Sporting até ver a conseguir preservar grande percentagem do seu 11 inicial (perdeu "apenas" Sarabia e João Palhinha), é o Benfica que gera maior curiosidade. Os encarnados apostaram em Roger Schmidt - desde 2009 (Quique Flores) que não havia técnico estrangeiro na Luz - e o namoro com o alemão vai correndo bem, notando-se "dedo de treinador" e uma revolução na matriz de jogo e atitude das águias, agora obrigadas a suar e pressionar alto para interpretar a ideia do ex-PSV.

    Como sempre, o jogo das cadeiras teve alguns concorrentes na transição de 21-22 para 22-23. Além do Benfica, também Sporting de Braga (Artur Jorge substituiu Carvalhal), Gil Vicente (Ivo Vieira sucedeu a Ricardo Soares, que merecia ter dado o salto para o Minho em vez de se aventurar no Egipto), Vit. Guimarães (surpreendente saída de Pepa, com Moreno a assumir) e Estoril (não teria sido Vasco Botelho da Costa, ex-técnico dos Sub-23, um match melhor para o projecto do que Nélson Verissimo?) mudaram de treinador.

    Em termos de jogadores, despedimo-nos até ao momento de Darwin, Vitinha, Sarabia, Fábio Vieira, Palhinha, Mbemba, Samuel Lino, Pedrinho, Lincoln, André Ferreira e Porozo, e Alexsandro nem chegou a subir com o Chaves. Pela positiva, há a destacar o recrutamento ao exterior de elementos como Enzo Fernández, David Neres, Gabriel Veron, Trincão, Bah, St. Juste, Diego Lainez, Kritciuk, Pedro Tiba, Rildo, Arthur Sales, Kunimoto ou Bozenik, as transferências internas (que final terá a novela Ricardo Horta?) de David Carmo, André Franco, Morita, Banza e André Silva, e o salto para a I Liga de Diogo Pinto, Jota Silva e Rodrigo Martins.

    2022/ 23 mantém Otávio, Rafa ou Pedro Gonçalves como algumas das grandes figuras do futebol nacional, podendo esta época representar uma competição especial para jovens promessas como Florentino, Gonçalo Ramos (se ficar), Henrique Araújo, Ugarte, Vitinha, Rodrigo Gomes, Roger, André Almeida, Tiago Gouveia ou Gonçalo Esteves.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão para 22/ 23, em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências, tanto a nível de entradas como de saídas:



 BENFICA (1)

    A revolução está em curso. Depois de ver os rivais a alternarem entre si a conquista dos últimos três campeonatos, o Benfica deu um murro na mesa e decidiu apostar tudo num rebranding. O engenheiro mecânico alemão Roger Schmidt, ex-treinador do PSV, Leverkusen ou Salzburgo, foi o escolhido por Rui Costa para mudar os encarnados, curando uma equipa deprimida.
    A germanização do Benfica viu-se na pré-época e no arranque oficial - com uma pressão alta e muita dinâmica, as águias parecem outras, e acreditamos que com o tempo e com os reforços finais a tendência seja melhorar. Schmidt analisou o plantel, fez os cortes necessários, e a equipa tem respondido bem. Tudo isto no pós-Darwin Núñez (negócio de 75+25), um dos poucos jogadores que se destacou em 21-22.
    Sem lugar para quem não está disposto a correr, o novo Benfica ganhou vida num 4-2-3-1 muitíssimo dependente dos seus dois médios (Florentino merecia a oportunidade que está a ter, Enzo Fernández é o reforço do ano em Portugal, e Aursnes vai ser amor à primeira vista com os adeptos) e em que todos os avançados encaixam, pedindo Schmidt maior verticalidade ao extremo direito, e maior flutuação aos intérpretes dos corredores central (Rafa) e esquerdo (João Mário e, quiçá entretanto, Ricardo Horta).
    Com óptimas sensações e uma intensidade que há muito a equipa não apresentava, o Benfica ainda tem algumas coisas para arrumar em casa: Gonçalo Ramos (não o venderíamos) ainda pode sair, tem sido procurada uma solução para Weigl e mesmo Grimaldo e Vlachodimos poderiam ser negociáveis desde que o clube tivesse garantido upgrades para ambos. Além dos hipotéticos guarda-redes e lateral esquerdo, mais inevitáveis parecem as aquisições de Aursnes e Ricardo Horta, futuro camisola 21.
    Impressiona-nos em particular a evidente melhoria no scouting do clube, capaz de desencantar um jogador como Bah (parece-nos que será um dos preferidos dos adeptos, acabando por encostar Gilberto), e é notável quão bem servidas as águias estão de centrais (Otamendi, Morato, Lucas Veríssimo, João Victor, Vertonghen e António Silva) tendo até que riscar um, e a gestão dos avançados deixa-nos com dúvidas (Gonçalo Ramos é o que melhor encaixa na ideia e nas características dos 3 colegas atrás, mas a sua saída permitiria outra dosagem de minutos a Yaremchuk e Henrique Araújo).
    Parece-nos que há pontos fracos a explorar pelos adversários neste Benfica, equipa que joga no risco e em que um posicionamento imperfeito ou perda num duelo individual pode pagar-se caro, mas também nos convence a brutal diferença de argumentos que este ano o Benfica poderá apresentar nos jogos com o Porto, deixando de ser presa fácil no confronto físico a meio-campo, e nos jogos europeus, onde um meio-campo com Florentino, Aursnes e Enzo, duas setas como Neres e Rafa e um avançado permitirá jogar olhos nos olhos com equipas que antes dominariam o clube da Luz, até aqui macio e amedrontado.
    Nesta fase, a pole position do Benfica deve-se à química que a equipa já apresenta e à brutal valorização de quase todos os elementos. David Neres, Enzo e Rafa parecem apostas decentes para MVP da época, Florentino vai crescer a olhos vistos, o prodígio irreverente Diego Moreira terá os seus momentos, e Henrique Araújo vai certamente aproveitar todos os minutos que tiver.

Treinador: Roger Schmidt
Onze-Base (4-2-3-1): Odyessas; Bah, Otamendi, Morato, Grimaldo; Florentino, Enzo; David Neres, Rafa, João Mário; Gonçalo Ramos (H. Araújo, Yaremchuk)

Atenção a: Enzo Fernández, David Neres, Gonçalo Ramos, Rafa, Florentino 

 PORTO (2)

    Por norma, temos tendência para apontar o campeão em título como favorito. No entanto, o que é certo é que o vencedor da Liga Bwin nunca foi repetido nos últimos anos. O FC Porto foi a melhor equipa em Portugal em 21-22, época em que praticou o futebol mais vistoso desde que Sérgio Conceição assumiu a equipa em 2017. O técnico portista festejou em 2018, 2020 e 2022, nunca conseguindo consolidar a sua obra com um bicampeonato.
    Mantendo uma espécie de saldos que já se tornou hábito recente no Dragão, o Porto perdeu Mbemba a custo zero, encontrou no Arsenal uma boa solução para todas as partes fazendo dinheiro com Fábio Vieira, perdeu Francisco Conceição para o Ajax por 5 milhões de euros (cláusula), e viu Vitinha mudar-se para o PSG também pelo valor da sua cláusula. Entre todas estas saídas, é indiscutível o peso que deixar de ter Vitinha terá em toda a manobra ofensiva do Porto, perdendo-se criatividade, genialidade e simplicidade.
    Com 50 milhões gastos, os azuis e brancos melhoraram o centro da defesa (David Carmo e Pepe podem formar um dupla intransponível embora bastante temperamental), garantiram em definitivo Grujic e Eustáquio, recrutando ainda Gabriel Veron, talentoso extremo do Palmeiras de Abel Ferreira, e André Franco, um dos bons valores da I Liga fora do Top-4.
    Não duvidamos que o Porto preserve o seu ADN de equipa intensa, combativa e astuta tacticamente, e quem tem jogadores como Otávio e Uribe estará sempre mais perto de ganhar. Evanilson quer atingir uma marca de golos superior, Taremi pode apresentar números absurdos outra vez, surgindo nesta fase duas ou três dúvidas quanto ao 11 base deste novo Porto - não nos chocaria se Pepê acabasse a lateral direito em vez de João Mário, o esquerdino André Franco pode oferecer à equipa um toque de magia que Grujic e Eustáquio não são capazes, e no corredor contrário ao de Otávio haverá vários candidatos (Galeno, Pepê, Veron, Danny Loader ou Gonçalo Borges) para um só lugar.
    Diz o passado recente que o Porto parece sempre mais fraco no arranque dos campeonatos do que depois demonstra estar. A direcção portista tem acumulado negócios ruinosos, mas a partir do banco Sérgio Conceição vai inventando e adaptando, e jogadores de segundo plano viram peças-chave. Não apontamos o Porto ao bi, mas pode andar lá perto. 

Treinador: Sérgio Conceição
Onze-Base (4-4-2): Diogo Costa; João Mário, Pepe, David Carmo, Zaidu; Otávio, Uribe, Grujic (André Franco), Pepê; Taremi, Evanilson

Atenção a: Otávio, Mehdi Taremi, Uribe, David Carmo, André Franco

 SPORTING (3)

    O Sporting de Rúben Amorim não atravessa uma revolução como o Benfica, nem tão pouco enfrenta uma descaracterização forçada dadas as saídas de jogadores com perfis técnico-tácticos muito específicos como o Porto. Alvalade está em paz e o projecto prossegue, entre pequenas afinações e aprendizagens retiradas da época passada.
    Os leões foram campeões com 85 pontos em 20-21 e em 21-22 repetiram os mesmos 85 pontos, ficando porém a seis pontos do campeão Porto. Amorim sabe que poderá ter que pontuar mais, procurando para o efeito dotar a equipa de maior flexibilidade (a opção de um trio com maior mobilidade na frente convenceu sempre) e conseguindo pontos de desequilíbrio em mais zonas do campo, evitando a Porrodependência.
    O 3-4-3 é para manter, agora com o neerlandês St. Juste junto a Coates e Inácio, e veremos como se sai o guarda-redes secundário Franco Israel, lançado às feras num arranque de campeonato exigente (jogos fora contra Braga e Porto nas 3 primeiras jornadas) após lesão de Adán. Pablo Sarabia (que craque!) deixou saudades, tendo a sua saída um peso maior do que a de João Palhinha, cuja sucessão já estava trabalhada ao emergir Ugarte.
    Falta saber se Matheus Nunes ainda estará de leão ao peito quando for dia 1 de Setembro, isto numa temporada em que acreditamos que Pedro "Pote" Gonçalves volte a carregar ofensivamente a turma leonina. Rochinha foi um pedido do treinador, deixar sair Tabata seria ou será um erro, Fatawu Issahaku entusiasma, e embora o Plano A do treinador deva incluir Paulinho, deduzimos que com alguma naturalidade o trio da frente se transforme em Trincão, Pote e Edwards. O ex-Wolves e o britânico são jogadores capazes de destruir defesas no nosso campeonato e a coexistência de ambos (têm algumas rotinas posicionais parecidas) é um desafio ultrapassável, contribuindo para retirar peso dos ombros do desequilibrador-mor Pedro Porro.
    Gostamos do que o Sporting está a fazer, mas achamos que parte atrás do matreiro Porto e de um Benfica injectado com renovada intensidade e confiança.

Treinador: Rúben Amorim
Onze-Base (3-4-3): Adán; St. Juste, Coates, G. Inácio; Pedro Porro, Ugarte, Matheus Nunes, Matheus Reis; Trincão, Paulinho (Edwards), Pote

Atenção a: Pedro Gonçalves, Trincão, Pedro Porro, Ugarte, Marcus Edwards

 BRAGA (4)

     Na tabela da Liga Bwin o Sporting de Braga corre o risco de ser uma ilha, longe de todos os demais, mas sem estar perto o suficiente do pódio. Para se ter uma ideia, em valores Transfermarkt, os 3 grandes têm plantéis avaliados na casa dos 250 milhões, o Braga fica-se pouco acima dos 110M, mas o clube seguinte (Vit. Guimarães) nem chega aos 40.
    Fora dos 3 primeiros lugares nos dois anos de Carlos Carvalhal, o Braga pretende com Artur Jorge manter-se vivo o mais perto possível do topo da classificação, mas a missão fica mais difícil dada a frequência com que os guerreiros acabam a abastecer Sporting, Porto e Benfica. António Salvador negoceia nos limites da intransigência com uns e com toda a facilidade do mundo com outros, tendo depois dos casos de Paulinho e Esgaio, acertado a transferência de David Carmo para o Porto, antecipando-se como bastante provável a mudança de Ricardo Horta para a Luz até dia 31 de Agosto.
    Com ou sem Ricardo Horta, o Braga de Artur Jorge será um Braga em 4-4-2. Victor Gomez e Niakaté são as caras novas na defesa, Sequeira voltou depois de uma grave lesão, e Al Musrati vai continuando pelo Minho quando todos imaginavam que seria desta que sairia. Iuri Medeiros deve subir o nível (sobretudo se Horta sair) e na frente contar com Vitinha, Banza e Abel Ruiz para 2 lugares é um luxo.
    Claro está que a opção Artur Jorge transmite uma mensagem de aposta na prata da casa, e entre os miúdos, Gorby, Roger e principalmente Rodrigo Gomes podem dar muito. Por fora correm Djaló e Hernâni, jogadores que têm o bónus de terem trabalhado com o técnico no Braga B.
    O 4.º lugar continua a ser o cenário mais seguro para este Braga, com uma series finale da série "Horta" para breve, e podendo o mexicano Diego Lainez virar uma das figuras do campeonato se estiver com a cabeça no lugar. A qualidade está lá toda.

Treinador: Artur Jorge
Onze-Base (4-4-2): Matheus; V. Gomez, Paulo Oliveira, Niakaté, Sequeira; Al Musrati, André Horta (Castro), Iuri Medeiros, Ricardo Horta; Vitinha (Abel Ruiz), Banza

Atenção a: Ricardo Horta, Iuri Medeiros, Vitinha, Simon Banza, Rodrigo Gomes

 GIL VICENTE (5)

    Em Barcelos, assistiu-se neste Verão a um clássico exemplo de como é difícil uma equipa extra Top-4 crescer estável e de forma sustentável em Portugal. O Gil Vicente de Ricardo Soares deliciou tudo e todos em 21-22. Resultado? Samuel Lino rumou ao Atlético Madrid, primeiro com escala em Valência, Pedrinho fez as malas para o futebol turco (muita gente ficou a dormir), Zé Carlos voltou a Braga (só para estupidamente ser emprestado à 2.ª divisão espanhola) e o próprio Ricardo Soares (tão, tão subvalorizado) mudou-se para o Egipto, quando merecia que outras portas se tivessem escancarado para si.
    Perante a inesperada saída de Ricardo Soares, o Gil escolheu rapidamente Ivo Vieira e a aposta no madeirense faz sentido. Na verdade, uma percentagem generosa que nos faz apontar o galo ao 5.º lugar é precisamente o facto de acharmos Vieira superior aos treinadores que, em teoria, andarão a disputar os mesmos lugares.
    A nível de plantel, o russo Kritciuk (super guarda-redes) voltou depois de em 21-22 ter sido transferido de forma precoce para o Zenit após 6 jogos em Portugal, a defesa mantém-se a 75% (Tomás Araújo tentará conquistar um lugar ao lado de Lucas) e Pedro Tiba será o substituto directo de Pedrinho. Fran Navarro e Kanya Fujimoto continuam por cá, e quem gosta de bom futebol agradece, surgindo depois Juan Manuel Boselli e Kevin Villodres como os verdadeiros wildcards desta formação. O uruguaio, que parece que só sabe marcar grandes golos, pode deslumbrar se for aposta continuada ao contrário do que aconteceu no Tondela, e a confiança depositada em Villodres é muita, algo que fica demonstrado na sua opção de compra, que pode fazer dele o jogador mais caro da História do Gil Vicente.

Treinador: Ivo Vieira
Onze-Base (4-2-3-1): Kritciuk; Hackman, Lucas Cunha, Rúben Fernandes, H. Gomes; Vítor Carvalho, Pedro Tiba; Villodres, Kanya, Boselli; Fran Navarro

Atenção a: Fran Navarro, Juan Manuel Boselli, Pedro Tiba, Stanislav Kritciuk, Kanya Fujimoto

 VIT. GUIMARÃES (6)

    Um começo de época em Portugal sem um pouco de drama em Guimarães não seria um começo normal. A cidade-berço, terra de uma das massas de adeptos mais apaixonadas e exigentes do futebol português, pensava que teria os destinos da equipa novamente nas mãos de Pepa, mas o técnico acabou por bater com a porta quando a pré-época dos vitorianos já seguia com três semanas de trabalho.
    O Vitória perdeu um óptimo treinador e o presidente António Miguel Cardoso optou por Moreno, homem da casa mas uma absoluta incógnita na sua valia para este patamar competitivo.
    Assumindo (podemos estar a ser muito injustos) que poderá estar aqui uma das chicotadas psicológicas da temporada, não é difícil imaginar treinadores interessados em orientar este plantel, mesmo tendo em conta a pressão e parca tolerância que existe para o homem do leme no Minho.
    Nesta versão sem Rochinha, Estupiñán, Bruno Duarte, Rafa Soares ou Quaresma, parece mais ou menos simples imaginar o 11 base. Miguel Maga e Ogawa são dois laterais bem interessantes, Mumin (no dia em que melhorar a sua concentração será um super central) beneficiará de ser emparelhado com Mikel e não com Jorge Fernandes, e no miolo falta perceber se André Almeida fica ou se reforça um dos grandes. Alfa Semedo tem que ser mais prudente nas abordagens de forma a evitar tantos cartões, Tiago Silva e Lameiras devem obrigar-se a mais, Anderson Oliveira é um fenómeno como suplente utilizado, André Silva quererá marcar no D. Afonso Henriques os golaços que marcava em Arouca, e Jota Silva tudo fará para, com golos e muita objectividade e acutilância, passar de "Grealish de Pina Manique" para Grealish vitoriano.

Treinador: Moreno
Onze-Base (4-3-3): Bruno Varela; M. Maga, Mikel Villanueva, Mumin, Ogawa; Alfa Semedo, André Almeida, Tiago Silva; Lameiras, Jota Silva, André Silva

Atenção a: Jota Silva, André Almeida, André Silva, Tiago Silva, Miguel Maga

 SANTA CLARA (7)

    Coleccionador de treinadores em 21-22, o Santa Clara reúne todos os ingredientes para viver uma temporada bem mais calma, com Mário Silva como timoneiro da 1.ª à 34.ª jornada.
    Os açorianos têm um plantel recheado de qualidade, mesmo depois de perder Lincoln para o Fenerbahçe e Morita para o Sporting, e embora os apontemos ao repetido 7.º lugar, não nos chocará tanto um quinto lugar como um décimo, pertencendo o Santa Clara a um leque de equipas bastante nivelado.
    Nos Açores mantêm-se Ricardinho, Tagawa e Allano, três jogadores que fazem a diferença, e entre os reforços há um pouco de tudo. O clube mostrou estar atento ao Campeonato de Portugal (Martim Maia e Tomás Domingos), conseguiu assegurar craques brasileiros como tão bem sabe fazer (Rildo e Victor Bobsin) e, numa das movimentações mais improváveis do defeso em Portugal, "sacou" Xavi Quintillà, lateral esquerdo que há pouco tempo jogava com regularidade no Villarreal.
    Em suma, Mário Silva perdeu os 2 melhores jogadores mas terá hoje possivelmente um conjunto mais amplo de boas soluções. 

Treinador: Mário Silva
Onze-Base (4-2-3-1): Marco; Sagna, Tassano, Boateng, Xavi Quintillà; Victor Bobsin (Rúben Oliveira), Anderson Carvalho; Allano (Ó. Barreto), Ricardinho, Rildo; Tagawa

Atenção a: Ricardinho, Rildo, Kyosuke Tagawa, Xavi Quintillà, Victor Bobsin

 ESTORIL (8)

    O estranho caso do Estoril Praia aconteceu já com a época formalmente iniciada. Bruno Pinheiro abandonou o barco num timing que pode ter custado aos canarinhos entregar a pasta ao melhor match para a visão global do projecto do clube, que tão bem trabalha a ligação da formação aos Sub-23 e dos Sub-23 ao plantel principal. Vasco Botelho da Costa teria merecido a oportunidade, mas Bruno Pinheiro saiu dias depois do ex-técnico dos Sub-23 ser oficializado no União de Leiria.
    Com tudo isto, ganhou Nélson Veríssimo. O pontual treinador interino do Benfica, que acabou as temporadas de 19-20 e de 21-22 a fazer de Lage e Jesus mediante os insucessos destes, é uma escolha que faz sentido dado o seu trabalho com muitos jogadores jovens no Benfica B. Há uns meses, Veríssimo estava em Anfield a disputar os quartos da Champions...
    Gamboa, Ferraresi, Mboula e Rui Fonte são algumas das caras que não transitam para esta época, sendo porém incomparável a falta que a equipa sentirá do mágico André Franco, contratado pelo FC Porto.
    Léa-Siliki foi o reforço mais surpreendente num recrutamento que se focou em identificar jovens promessas do futebol português - Gonçalo Esteves foi emprestado pelo Sporting, tendo ainda que ganhar o lugar a Tiago Santos, e Tiago Gouveia abraçará este empréstimo com a determinação de quem quer entrar nas contas de Roger Schmidt em 23-24. Além de apostas estrangeiras (Alejandro Marqués foi formado em La Masia) e da confiança demonstrada nos melhores dos Sub-23 (Serginho vale o bilhete), importa destacar em particular Rodrigo Martins. O novo camisola 7 mostrou no Mafra que tem muito futebol nos pés e, com ele e Tiago Gouveia ligados, este Estoril tem tudo para escrever mais uma bonita página.

Treinador: Nélson Veríssimo
Onze-Base (4-3-3): Dani Figueira; Tiago Santos (G. Esteves), B. Vital, Pedro Álvaro, Joãozinho (T. Araújo); Léa-Siliki, Rosier, F. Geraldes (Serginho); Rodrigo Martins, Tiago Gouveia, A. Marqués (João Carlos)

Atenção a: Tiago Gouveia, Rodrigo Martins, Alejandro Marqués, Léa-Siliki, Serginho

 MARÍTIMO (9)

    Vasco Seabra é um dos treinadores da moda em Portugal. Com boa imprensa desde que fez por merecê-la no Mafra, o técnico de apenas 38 anos conseguiu finalmente em 21-22 ver certificada a sua capacidade na I Liga. O Marítimo foi 10.º mas podia ter sido facilmente 7.º, tendo sido das equipas com diferença de golos negativa (ou seja, todas além do Top-6) a mais equilibrada.
    Esta época não há Alipour e Guitane, mas o que nos preocupa é mesmo a saída do guardião Paulo Victor. O Al-Ettifaq levou um dos guarda-redes mais influentes no trajecto da sua equipa no último campeonato. Conseguirão Miguel Silva ou Trmal apresentar o mesmo nível? Temos dúvidas.
    Com um problema de golos por resolver - não pode ser só Joel Tagueu a marcar, impondo-se rendimento instantâneo da coqueluche Pablo Moreno e maior produção do trio Xadas, André Vidigal e Beltrame - aquilo que nos faz confiar bastante neste Marítimo é mesmo o quarteto defensivo. Vasco Seabra será um dos poucos treinadores em 22-23 a poder repetir de forma integral Cláudio Winck, Matheus Costa, Zainadine e Vitor Costa, sabendo-se à priori que os 4 formam um sector capaz de impor respeito e fechar as portas da baliza.
    A Europa pode ser mais do que um sonho com 1 ou 2 reforços de peso, e o médio defensivo do Benfica, Rafael Brito, parece ter nos insulares o ecossistema perfeito para crescer muito.

Treinador: Vasco Seabra
Onze-Base (4-3-3): Miguel Silva; C. Winck, Matheus Costa, Zainadine, Vítor Costa; Rafael Brito, João Afonso, Beltrame; Xadas, André Vidigal (P. Moreno), Joel Tagueu

Atenção a: Joel Tagueu, Matheus Costa, Bruno Xadas, Rafael Brito, Vítor Costa

 CASA PIA (10)
    Chamem-nos loucos mas sim, antecipamos que o Casa Pia, equipa que não aparecia no escalão máximo do futebol português há 83 (!) anos, pode ser um forte candidato a equipa-sensação da Liga Bwin 2022/ 23. O BSAD desceu, mas Lisboa mantém um terceiro representante.
    Todos os sinais apontam num bom caminho. Os gansos ficaram em 2.º na Liga 2, atrás do Rio Ave, mas logo aí impressionou o excelente registo defensivo (apenas 22 golos sofridos em 34 jogos). O clube de Pina Manique tem Diogo Boa Alma como director desportivo, algo que se nota pela visão de mercado demonstrada nas aquisições, esperando-se que os casapianos mimetizem o fantástico scouting que o Santa Clara apresentou enquanto contou com os serviços de Boa Alma.
    Ao factor Boa Alma e à defesa assertiva junta-se uma ideia de jogo bem afinada por Filipe Martins (caso se confirmem as nossas suspeitas, poderá andar pelas listas de candidatos a Treinador do Ano na hora de fazer balanços e premiar os melhores), um 3-4-2-1 com toques do actual Sporting.
    O clube onde se estreou Rúben Amorim, à época como treinador estagiário, perdeu o Grealish de Pina Manique, Jota Silva, para o Vit. Guimarães, mas garantiu Diogo Pinto, um dos craques mais especiais da Liga 2 encantando no Estrela da Amadora. Além do médio goleador, muita atenção ao nipónico Takahiro Kunimoto, um esquerdino que tentará seguir os passos de Nakajima, Morita ou Kanya.
    Mas talvez mais importante do que estes reforços tecnicistas é a matéria-prima que Filipe Martins já tinha dentro de casa. Será bom rever Ricardo Batista, será muito complicado para a generalidade das equipas combater com o duo de meio-campo Afonso Taira-Ângelo Neto, e depois há Leonardo Lelo e Saviour Godwin. O ala esquerdo dificilmente continuará no Casa Pia em 23-24, esperando-se golos acima da média para a sua posição, muita integração no ataque e muita qualidade nas bolas paradas. Quanto ao irrequieto nigeriano, será desafiado a mostrar na Primeira Liga que consegue reproduzir o vendaval de futebol vertical que caracterizou o seu passado recente no escalão secundário.

Treinador: Filipe Martins
Onze-Base (3-4-2-1): Ricardo Batista; João Nunes, Varela, Zolotic; Lucas Soares, Ângelo Neto, Afonso Taira, Lelo; Diogo Pinto (Kunimoto), Godwin; Rafael Martins (Antoine)

Atenção a: Saviour Godwin, Diogo Pinto, Leonardo Lelo, Takahiro Kunimoto, Afonso Taira

 PAÇOS FERREIRA (11)

    Numa temporada em que César Peixoto pode começar a ser visto como um dos bons valores dos bancos portugueses (as ideias estão lá e a comunicação melhora a cada vez que o ouvimos), o Paços de Ferreira deverá andar longe da zona dos aflitos, mas o plantel curto pode tornar-se impeditivo de um sonho com lugares europeus (prevemos uma classificação entre o 9.º e o 14.º lugares).
    Equipa de futebol com personalidade e impressão digital própria, o emblema da Mata Real promete ser forte em casa e seguramente vários jogadores ganharão mercado, não sendo de afastar alguma saída logo em Janeiro. Num comparativo com a última época, vemos que já não estão André Ferreira (um dos melhores guarda-redes da Liga em 21-22, merecia um destino superior ao Granada), os centrais Maracás e Baixinho, o médio Nuno Santos (rumou à MLS), o extremo Hélder Ferreira e o avançado Denilson Jr.
    Com uma prospecção fora da caixa, o Paços procura colmatar estas ausências com Jordan Holsgrove (médio canhoto formado no Reading e que já esteve no Celta), Nigel Thomas (extremo das escolas do PSV), perfilando-se o dianteiro brasileiro Arthur Sales, esquerdino de apenas 20 anos emprestado pelos belgas do Lommel SK (clube com ligação ao City Group) como um dos avançados a seguir nesta Bwin. Além destas novidades, a partida de André Ferreira já estava acautelada com o regresso de lesão de Jordi, e no coração da defesa esta pode ser a época de afirmação de Nuno Lima. Esperamos maior regularidade exibicional do talentoso Lucas Silva, e muito perfume de Nico Gaitán, desta feita com o número 10 nas suas costas.

Treinador: César Peixoto
Onze-Base (4-2-3-1): Jordi; F. Fonseca (Juan Delgado), Nuno Lima, Tiago Ilori, Antunes; Luiz Carlos, Rui Pires; Lucas Silva, Gaitán, Nigel Thomas; Arthur Sales

Atenção a: Arthur Sales, Nigel Thomas, Jordi, Nuno Lima, Nico Gaitán

 FAMALICÃO (12)

    Em sexto, em nono e em oitavo. Assim terminou o Famalicão os 3 campeonatos desde que subiu, sendo justo ter presente que o 8.º lugar de 21-22 foi bastante mentiroso - os famalicenses subiram muito na tabela com 3 vitórias nos 3 jogos finais, fechando a época com num oitavo lugar com 39 pontos, mas apenas com mais 1 ponto do que o 13.º Portimonense.
    Rui Pedro Silva, emancipado ex-adjunto de Nuno Espírito Santo, mantém-se ao comando da equipa, e a continuidade no projecto de Ivo Rodrigues, Iván Jaime e Gustavo Assunção são óptimas notícias. As saídas foram várias (Pickel, João Carlos Teixeira, Bruno Rodrigues, Adrián Marín e, sobretudo, Simon Banza), recebendo RPS os laterais Aguirregabiria e Owen Beck (formado no Liverpool) e o experiente André Simões (7 épocas na Grécia ao serviço do AEK), ficando o papel de referência ofensiva a ser disputado entre Álex Millán (emprestado pelo Villarreal), Rui Fonte e Cádiz.
    Sempre de olho num bom empréstimo, é possível que o Famalicão ainda mexa aqui e ali até ao final do mercado, sem esquecer que Luiz Júnior é juntamente com Samuel Portugal um dos principais candidatos a herdar a vaga de Marchesín no Dragão.

Treinador: Rui Pedro Silva
Onze-Base (3-4-3): Luiz Júnior; A. Penetra, Riccieli, Batubinsika; Aguirregabiria, Gustavo Assunção, André Simões, Beck; Ivo Rodrigues, Iván Jaime, Á. Millán (Rui Fonte, Cádiz)

Atenção a: Ivo Rodrigues, André Simões, Gustavo Assunção, Iván Jaime, Álex Millán

 PORTIMONENSE (13)

    Entre os 18 treinadores da Liga Bwin, Paulo Sérgio é o terceiro há mais tempo no cargo, apenas batido por Álvaro Pacheco e Sérgio Conceição. Portimão tem-se habituado a ter craques no plano ofensivo, mas em termos de tabela desde que os alvinegros subiram em 2017 a melhor classificação foi um 10.º lugar.
    O plantel continuará a impressionar no físico com o posicionamento de Willyan a ditar se o ponto de partida táctico será um 4-3-3 ou um esquema com três centrais. Pela positiva, o Portimonense manteve praticamente todos os jogadores, exceptuando o colombiano Iván Angulo. Samuel Portugal (um dos guarda-redes mais consistentes no actual panorama nacional) ainda pode sair para o FC Porto, um negócio que em contrapartida pode permitir prolongar a ligação de Nakajima ao único clube português onde alguma vez foi feliz.
    Com equipa para realizar uma época tranquila, este Portimonense tem em Filipe Relvas um dos centrais jovens mais interessantes a despontar em solo nacional, Moufi é extremamente fiável e Seck foi pescado no Leixões para tentar estar ao nível do que Fali Candé apresentou na 1.ª metade de 21-22. No ataque, são vários os nomes já conhecidos, mas a história a seguir será Yago Cariello. O possante avançado brasileiro, camisola 91, mudou-se da Liga 3 (União de Santarém, concretamente) para o Algarve, e pode ser uma descoberta na linha de Beto, igualmente recrutado com bom scouting nas divisões secundárias quando representava o Olímpico do Montijo.

Treinador: Paulo Sérgio
Onze-Base (4-3-3): Samuel Portugal; Moufi, Pedrão, Filipe Relvas, Seck; Willyan, Ewerton, Carlinhos; Anderson Oliveira, Fabrício (Welinton Jr.), Yago Cariello (Aponzá)

Atenção a: Yago Cariello, Filipe Relvas, Willyan, Ewerton, Seck

 BOAVISTA (14)

    O clube da pantera negra inicia a época com um revés: Petit não deverá contar com os reforços na 1.ª jornada por problemas relativos às suas inscrições. O momento do clube do Bessa podia ser melhor, mas Petit sabe o que faz e os axadrezados conseguiram reagir às saídas de peso: além de Gustavo Sauer, que já não contou nas últimas 6 jornadas de 21-22 ao ser chamado por Luís Castro para alinhar no Botafogo, o central de enormíssimo potencial Jackson Porozo rumou à Ligue 1, e para o Benfica viajaram Javi García (terminou a carreira, iniciando-se na vida de adjunto) e Petar Musa, o goleador do Boavista na época anterior e aquele que era para Petit o ponta de lança mais forte em Portugal a jogar de costas para a baliza.
    A continuidade de Makouta e Hamache é algo surpreendente, tendo todo o ar de jogadores com bastante mercado, e embora tenha chegado César, aos 41 anos Rafael Bracali continua até prova em contrário dono e senhor da baliza. Abascal deve ter desta vez a companhia de Sasso (de regresso ao futebol português) e Robson (central imponente de 22 anos e 1,95m) no centro da defesa a três, podendo Petit manter em princípio Cannon-Seba-Makouta-Hamache. Gorré é um dos elementos diferenciados, Bruno Lourenço chegou para competir com Agra e Yusupha por uma vaga no ataque, e muitas fichas estarão depositadas no internacional eslovaco Róbert Bozeník, o homem que tem nos ombros a responsabilidade de fazer esquecer Musa.

Treinador: Petit
Onze-Base (3-4-3): Bracali (César); Sasso, Robson, Abascal; Cannon, Seba Pérez, Makouta, Hamache; Gorré, Bruno Lourenço (Salvador Agra), Bozeník

Atenção: Róbert Bozeník, Gaius Makouta, Kenji Gorré, Yanis Hamache, Robson

 VIZELA (15)

    Depois de um intervalo de 36 anos, o Vizela não defraudou o seu público e sobreviveu ao teste de fogo na I Liga. Após o 14.º lugar de 21-22 acreditamos que os vizelenses realizem uma época semelhante, vendo-se novamente envolvidos na luta pela manutenção até às jornadas finais.
    Entre os clubes que apontamos à cauda da tabela, o Vizela é um dos que conseguiu segurar grande parte dos jogadores, perspetivando-se essencial essa estabilidade. Dos 10 jogadores mais utilizados por Álvaro Pacheco (emblemática boina) na última edição, 7 permanecem. A mais recente saída foi a do avançado Cassiano para a Arábia Saudita, movimento acautelado com a negociação do montenegrino Milutin Osmajic.
    Além da potencial troca na frente de ataque, Diego Rosa (médio defensivo emprestado pelo Manchester City) é dos reforços aquele que com maior facilidade deve entrar no onze. Jogadores como Samu, Alex Méndez ou Nuno Moreira (sentimos que está a um clique de se tornar destaque semanal deste Vizela) continuam todos, surpreendendo sobretudo a continuidade do mágico Kiko Bondoso, um artista que merecia ter dado o salto para um Gil Vicente, Vitória ou mesmo Braga. O 10 natural de Moimenta da Beira segue no emblema que representa desde 2019 e o Vizela agradece, pedindo-se ao extremo direito uma produção superior aos 6 golos e 4 assistências de 21-22.

Treinador: Álvaro Pacheco
Onze-Base (4-3-3): Pedro Silva; Koffi, Ivanildo Fernandes, Bruno Wilson, Kiki Afonso; Diego Rosa, Samu, A. Méndez; Kiko Bondoso, Nuno Moreira, Osmajic

Atenção a: Kiko Bondoso, Diego Rosa, Alex Méndez, Nuno Moreira, Koffi

 RIO AVE (16)
    Presença constante na 1.ª Liga entre 2008 e 2021, o Rio Ave não caiu numa espiral negativa e reagiu imediatamente à descida de patamar: os vilacondenses foram campeões da Liga 2 com 70 pontos, deixando ainda excelentes indicações na Taça de Portugal, sobrevivendo até aos quartos-de-final após tombar equipas da Bwin como o Boavista e o BSAD.
    Luís Freire é um dos treinadores que merece mais atenção nesta Liga, sendo particularmente importante os adeptos em Vila do Conde compreenderem que, a não ser que assinem 2 ou 3 super-reforços até ao fim de Agosto, este Rio Ave que há poucos anos flutuava entre o 5.º e o 7.º lugares, neste momento e com as actuais condições terá como objectivo primordial não descer, realizando uma campanha o mais tranquila possível.
    O Estádio dos Arcos pedirá a Yakubu Aziz (a sua qualidade a explorar a profundidade pode fazer estragos) que replique os golos que coleccionou no segundo escalão ao serviço de Rio Ave e Estoril, e além do regresso à primeira fila do inolvidável sentido de humor de Ukra, a promoção do Rio Ave permitirá aos adeptos voltarem a apaixonar-se por Guga Rodrigues, MVP da Liga 2.
    Jhonatan deve continuar a merecer a confiança, com Miguel Nóbrega e Patrick William, Freire passará a ter 4 boas opções para duas posições, e embora João Ferreira (jogou no Rio Ave em tenra idade) seja um activo cotado, gostaríamos de ver Costinha a manter a pole position a lateral direito.
    Vitor Gomes é sinónimo de experiência, e a sua história mescla-se com a do clube; Joca, um tecnicista de baixo centro de gravidade, está finalmente pronto para este patamar competitivo, e com 1 ou 2 extremos capazes de fazer a diferença rapidamente passaríamos este Rio Ave para uns lugares acima. 

Treinador: Luís Freire
Onze-Base (4-3-3): Jhonatan; Costinha, Aderllan Santos, R. Pantalon, Pedro Amaral; Vítor Gomes, Guga, Joca; Zé Manuel, André Pereira, Yakubu Aziz

Atenção a: Guga, Yakubu Aziz, Costinha, Renato Pantalon, Joca

 AROUCA (17)

    Na nossa antevisão da temporada passada apontámos o então recém-promovido Arouca ao último lugar. O clube de Aveiro acabou em 15.º, a dois pontos do antepenúltimo Moreirense, tendo para isso contribuído bastante a firmeza de não deixar cair Armando Evangelista quando seria fácil tê-lo feito. Ora, 12 meses depois, voltamos a condenar o Arouca à descida. Apenas e só pela avaliação do seu plantel. Nada impede os arouquenses, o clube da família Pinho, de voltarem a ser overachievers.
    As saídas de Thales (4 épocas no clube), Leandro Silva e Victor Braga terão o seu peso, mas nenhuma perda se compara à transferência de André Silva para o Vit. Guimarães. O avançado foi o abono de família, decisivo na segunda volta e autor de alguns golaços, parecendo faltar no elenco actual alguém capaz de brilhar com a mesma intensidade.
    Evangelista poderá manter o esqueleto do seu 4-3-3 e a defesa, com João Basso como comandante, é um dos pontos fortes da equipa. Vitinho é novidade no meio-campo, bem como o ex-Celtic Ismaila Soro, e na frente Bukia e Arsénio são algo irregulares, mas Antony e o palestiniano Dabbagh são boa matéria-prima para o treinador. Confessamos que não conhecemos o ponta de lança espanhol Rafa Mújica, mas o ex-Las Palmas tem boa escola e, depois de Mario González e Fran Navarro, faz sentido que os clubes portugueses pesquem avançados nas divisões secundárias espanholas.

Treinador: Armando Evangelista
Onze-Base (4-3-3): de Arruabarrena; Tiago Esgaio, João Basso, Galovic, M. Quaresma; Vitinho (Busquets), David Simão, Alan Ruiz; Bukia, Antony (Arsénio), Dabbagh

Atenção a: André Bukia, João Basso, Antony, Tiago Esgaio, David Simão


 DESP. CHAVES (18)
    O Desportivo de Chaves foi a última equipa a carimbar o bilhete para esta edição da Liga Bwin. Os flavienses fizeram 3.º lugar na Liga 2 SABSEG, garantindo a subida no playoff de promoção/ despromoção contra o Moreirense. Em boa verdade, a equipa treinada por Vítor Campelos é aquela que tem menos obrigações de permanecer neste escalão.
    De uma forma geral, a base de 21-22 continua lá, fazendo falta nomeadamente Luís Rocha (o 5.º mais utilizado na época passada reforçou o Moreirense) e Wellington (oportunidade no Qatar). Claro que a saída mais custosa será a do fabuloso defesa central Alexsandro. O gigante brasileiro tinha condições para ser um dos melhores centrais desta Liga Bwin, mas Paulo Fonseca não quis esperar e recrutou-o por 2 milhões de euros para o Lille.
    Constituir uma nova dupla de centrais (Steven Vitória e Nélson Monte parecem partir na frente) é um dos desafios, servindo o arranque de campeonato para perceber se o esloveno Frelih, emprestado pelo Gil Vicente, rouba a baliza a Paulo Vítor. João Correia e Sandro Cruz serão garantia de pilhas Duracell e muitas tentativas de superioridade numérica nos corredores, e João Teixeira (camisola 10) é o capitão e maestro da equipa, hoje com 28 anos e prestes a iniciar a quinta época no clube, ele que já estava no Chaves quando o clube desceu em 18-19. À frente parece-nos haver ainda margem para reforços, quiçá por empréstimo, mas gostamos de João Batxi.
    As expectativas não são altas, pelo que uma escapatória à descida seria um tremendo feito. 

Treinador: Vítor Campelos
Onze-Base (4-3-3): Paulo Vítor; João Correia, Steven Vitória, Nélson Monte, Sandro Cruz (Bruno Langa); Kevin Pina, Obiora (João Mendes), João Teixeira; Batxi, Juninho, Patrick

Atenção a: João Teixeira, João Batxi, Sandro Cruz, João Correia, Kevin Pina

4 de agosto de 2022

Antevisão da Premier League 2022/ 23

  Premier League - Depois de um Verão longo e incaracterístico sem uma grande competição internacional de selecções, a liga inglesa está de volta e promete apaixonar uma vez mais os adeptos. O campeonato em que as emoções e as indefinições persistem até ao apito final da última jornada investiu neste defeso mais do que todos os outros, procurando todos os emblemas evoluir, corrigir, crescer.
    2022/ 23 inclui uma variável que irá, inevitavelmente, mudar muita coisa. Há Mundial 2022 no Qatar - a competição disputa-se entre 21 de Novembro e 18 de Dezembro - e o evento motivará uma pausa na realidade dos clubes, com Guardiola e Klopp a gozarem um mês de "férias" no sofá, no mesmo sofá onde permanecerão estrelas da Premier cujas selecções não se qualificaram como Salah, Haaland, Luis Díaz, Mahrez, Jorginho, Robertson ou Kulusevski. O "factor Mundial" terá o seu peso: veremos jogadores em Outubro a dar tudo para justificar o bilhete para o certame e outros, com a convocatória mais garantida, a disputarem divididas com mais cuidado para não arriscar lesões; o pós-Mundial também será interessante, não havendo qualquer tempo para luto dos desiludidos, e esperando-se um boost de confiança nos campeões mundiais e membros das equipas sensação da prova. A Premier é interrompida a 12 de Novembro voltando depois num Boxing Day mais especial do que todos os outros, sensivelmente uma semana após a final do Campeonato do Mundo.

    Há poucos meses o Manchester City festejou o bicampeonato (4.º título nos últimos 5 anos). A equipa de Pep Guardiola procura agora algo que no formato Premier League apenas o Manchester United de Sir Alex Ferguson conseguiu - conquistar a Premier três vezes consecutivas. 2021/ 22 foi o ano de Salah, de De Bruyne e de Son Heung-Min, mas foi sobretudo um novo capítulo muitíssimo renhido e decidido nos pormenores entre Manchester City e Liverpool. Os dois emblemas voltam a surgir como favoritos na nova época, mas Antonio Conte e o tridente formado por um sueco, um sul-coreano e um inglês quererá chatear os crónicos candidatos, porventura as duas equipas mais consistentes do futebol europeu na actualidade.
    Além do intrometido Tottenham, a pré-época deixou óptimas indicações em relação a um Arsenal muito homogéneo, esperando-se revolução no Manchester United com Ten Hag e enfrentando Tuchel muitos pontos de interrogação até ao final da janela de transferências. Equipas como o West Ham, Aston Villa e Newcastle estarão à espreita de um deslize do Top-6.

    Esta Premier League tem em Erling Haaland, Darwin Núñez, Julián Álvarez, Kalidou Koulibaly, Lisandro Martínez, Diego Carlos, Sven Botman, Ivan Perisic, Gianluca Scamacca, Boubacar Kamara, Rasmus Kristensen e Luis Sinisterra algumas das caras novas, merecendo ainda destaque movimentações internas como Gabriel Jesus, Sterling, Kalvin Phillips, Eriksen, Richarlison, Bissouma, Pope ou Zinchenko, e aguardando-se com expectativa o que podem fazer na sua chegada ao 1.º escalão do futebol britânico talentos como Brennan Johnson e Keane Lewis-Potter.

    Recordamos que Norwich, Watford e Burnley já não estão entre nós, nesta Premier League, tendo subido o Fulham de Marco Silva e Mitrovic (43 golos no Championship), o Bournemouth e, 23 anos depois, o mítico Nottingham Forest.

    Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2022/ 23, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais, sempre falível considerando as várias transferências até ao fecho desta janela e da de Janeiro, o factor Mundial e as eventuais trocas de treinadores:


 MANCHESTER CITY (1)

    É difícil não considerar favorita uma equipa que venceu 4 dos últimos 5 campeonatos no seu país. É difícil não considerar favorita uma equipa treinada por Pep Guardiola. É difícil não considerar favorita uma equipa em que Kevin De Bruyne poderá coleccionar assistências para Erling Haaland. De forma marginal e semi-desconfiada, mantemos o Manchester City como favorito para vencer a Premier League.
    Sem corrigir o hábito de vacilar na Champions (sonho adiado), os citizens têm sido implacáveis na mais competitiva prova de regularidade futebolística da actualidade. Pep reinventa a forma de jogar do City, faz evoluir os melhores do mundo tornando-os ainda melhores, e agita quando tem que agitar.
    A viragem de 21-22 para 22-23 marca algumas mudanças no City. O capitão Fernandinho disse adeus após 9 temporadas no clube (falta de liderança e carisma não será um problema, perfilando-se Rúben Dias, De Bruyne e Gündogan como vozes de comando) e o trio Sterling, Gabriel Jesus e Zinchenko rumou a Londres em busca da felicidade e de maior reconhecimento. 
    Com quase 160 milhões em receitas, o City canalizou o reforço do plantel num guarda-redes suplente (Ortega) que dá garantias bem diferentes dos antecessores, num médio defensivo/ médio centro (Kalvin Phillips) capaz de responder à saida de Fernandinho, preparando em simultâneo o pós-Gündogan e tendo o bónus de em teoria funcionar como Rodri ou ao lado deste. Depois, chegaram a Manchester o ponta de lança jovem mais promissor da Europa e o avançado jovem mais promissor da América do Sul. Erling Haaland (norueguês nascido em Leeds, 22 anos, 86 golos em 89 jogos pelo Dortmund) assinou pelo clube que o seu pai representou entre 2000 e 2003 e, caso mantenha as lesões bem longe do seu corpo, tem tudo para arrasar. Os mais cépticos dizem que não encaixa na forma de jogar do City, mas encaixará, porque as dinâmicas serão outras. Além de Haaland, há Julián Álvarez, um potencial craque de todo o tamanho, capaz de fazer várias posições no esquema do City.
    É provável que Pep ainda queira um lateral esquerdo, e uma eventual ida de Bernardo Silva para o Barcelona seria suficiente para descermos o City para 2.º e passarmos a encarar o Liverpool como favorito. Com o actual figurino, esperamos incrível sintonia e complementaridade de KDB e Haaland, mais uns quantos recitais de Phil Foden e, se a tradição for honrada, Grealish gozará de todas as vantagens e colherá todos os elogios do famoso "Ano 2 com Pep Guardiola", um programa que já teve Cancelo ou Rodri como formandos de sucesso. A importância de Gabriel Jesus e Sterling na pressão e proactividade a defender deixará saudades - e o combate à passividade pode com o decorrer da época beneficiar Álvarez e Foden em relação a Mahrez e Grealish, junto a Haaland.

Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-3-3): Ederson; Walker, Rúben Dias, Laporte, João Cancelo; Rodri, Bernardo Silva, De Bruyne; Mahrez (J. Álvarez), Foden (Grealish), Haaland

Atenção a: Kevin De Bruyne, Erling Haaland, Phil Foden, João Cancelo, Julián Álvarez

 LIVERPOOL (2)

    Numa época que se espera uma vez mais renhida entre City e Liverpool, há qualquer coisa que nos diz que a coisa até pode correr melhor para os reds. Pelo menos é mais fácil prever qual será o 11 base e quais serão as forças e fraquezas, surgindo nesta fase como dúvida mais significativa a química que terá o trio formado por Salah, Luis Díaz e Darwin/ Diogo Jota, aprendendo a equipa a jogar sem Sadio Mané.
    Os pupilos de Jürgen Klopp ficaram no último campeonato a 1 ponto do campeão e rival City, 93 contra 92 pontos. Em Inglaterra, não há melhor 5 defensivo do que Alisson, Trent, Matip, Virgil e Robertson; e o meio-campo continua a dar conta do recado - adiando o ataque a Jude Bellingham, Klopp terá assim que espremer os miúdos Harvey Elliott, Fábio Carvalho e Curtis Jones para ter alternativas a Fabinho, Hendo, Thiago e Keita.
    A máquina está oleada, os jogadores estão sedentos de reconquistar a Premier depois de dois campeonatos perdidos, Alexander-Arnold e Robertson são a melhor dupla de laterais do mundo, e muita atenção ao pormenor de Salah e Luis Díaz, os 2 grandes desequilibradores da equipa, poderem gozar um mês de férias por não marcarem ambos presença no Mundial do Qatar. Em relação a Darwin Núñez (negócio de 75+25) acreditamos que Klopp saberá gerir a incorporação progressiva do uruguaio, corrigindo as suas lacunas (o primeiro toque, sobretudo) e servindo-se do seu fulgor e eletricidade, que tão bem casam com a forma de jogar deste Liverpool, entre o centro do ataque e o embalo a partir da asa esquerda.
    Vencedores da Community Shield no 1º encontro oficial da época, os reds estão saudáveis e são neste momento uma equipa mais fiável/ previsível do que o Man City. Para o bem e para o mal.

Treinador: Jürgen Klopp
Onze-Base (4-3-3): Alisson; Alexander-Arnold, Matip, van Dijk, Robertson; Fabinho, Henderson (Keita), Thiago; Salah, Luis Díaz, Darwin (Diogo Jota)

Atenção a: Mohamed Salah, Alexander-Arnold, Luis Díaz, Virgil van Dijk, Darwin Núñez

 TOTTENHAM (3)

    Nas segundas temporadas nos clubes, Antonio Conte tem fama de criar problemas a si mesmo. Contudo, este Tottenham 22-23 não parece ser o caso, e consciente do grau de exigência do italiano, Levy esforçou-se por corresponder aos pedidos do treinador em termos de reforços.
    Há um ano atrás, antever a temporada do Tottenham dependia do que aconteceria com Harry Kane. A fracassada aposta em Nuno Espírito Santo e o período que Kane demorou até fazer as pazes com a ideia de que não iria jogar no City e continuaria no seu clube de sempre foram factores suficientes para que a dado momento o Top-4 parecesse uma miragem.
    Conte afinou as tropas, e o trio Kulusevski-Kane-Son deslumbrou, com o sul coreano (continua a ser um dos jogadores mais subvalorizados do mundo) a acabar por dividir com Salah o prémio de melhor marcador da prova.
    Ao dia de hoje, o Tottenham parece a equipa melhor equipada para "chatear" os favoritos Manchester City e Liverpool. A defesa espera-se competente (Cuti Romero é, como Rúben Dias ou van Dijk, um daqueles jogadores que gosta mesmo de defender), o meio-campo ganhou Bissouma, e o temível trio da frente passou a ter Richarlison a poder entrar na rotação, sem esquecer o trintão Perisic, que deve aparecer mais como ala do que como extremo.
    Basicamente, quem tem a dupla Kane e Son terá sempre muitos golos, e está visto que estes spurs conseguem bater o pé nos jogos contra City (duas das 3 derrotas do campeão City na liga na época passada foram com o Tottenham) e Liverpool. Resta perceber que consistência terão os londrinos ao longo das 38 jornadas.

Treinador: Antonio Conte
Onze-Base (3-4-3): Lloris; Romero, Dier, D. Sánchez (B. Davies); Doherty, Hojbjerg (Bentancur), Bissouma, Perisic; Kulusevski, Son, Kane

Atenção a: Son Heung-Min, Harry Kane, Dejan Kulusevski, Cristian Romero, Yves Bissouma

 ARSENAL (4)

   Se houve equipa inglesa cuja pré-época nos abriu o apetite (e sim, dominar e ganhar amigáveis de pouco ou nada vale se as boas indicações não tiverem continuidade quando for a doer), essa equipa foi o Arsenal.
    Os gunners têm o treinador menos cotado do Top-6 (culpa da concorrência, servida com Guardiola, Klopp, Conte, ten Hag e Tuchel) mas Arteta tem evoluído à medida que o projecto evolui. O Norte de Londres tem visto amadurecer uma base, miúdos que a cada época que passa têm mais jogos de Premier League e ao mais alto nível nas pernas, e na antecâmara para 22-23 chegaram ao Emirates algumas peças que podem completar um puzzle bem agradável.
    Na temporada passada, o Arsenal surpreendeu ao instalar-se no Top-4 durante muito tempo, mas vacilou na Hora H, perdendo a última vaga de forma dolorosa para o grande rival Tottenham. Desta vez, apontamos os gunners ao quarto posto basicamente pela harmonia que se sente no plantel. Enquanto que no Chelsea e no Manchester United muita gente parece andar com a cabeça noutros lados, no Arsenal todos estão focados num objectivo comum.
    Embora ainda pareça faltar um médio centro (Tielemans?), o Arsenal entrará na nova época num híbrido 4-3-3 / 4-2-3-1 que promete encantar os adeptos com o trio da frente Gabriel Jesus, Gabriel Martinelli e Saka. Bukayo continuará a crescer, assumindo maiores responsabilidades e exigindo-se dele cada vez mais, Martinelli pode explodir em assistências e fantasia, e Gabriel Jesus está nas nuvens, esperando-se a sua época mais concretizadora, agora que se sente indispensável e figura de primeiro plano. Faltava um avançado a este Arsenal e Jesus assenta na perfeição dado o seu índice de trabalho sem bola.
    Com Odegaard como capitão (e que bem que lhe fica a braçadeira!), Arteta terá no regressado Saliba um reforço de peso para o centro da defesa, convidando a uma adaptação de Ben White a defesa direito, e Zinchenko - outro suplente do City que pode ganhar luz ao ser protagonista - surgirá ora a lateral esquerdo, ora a médio centro.

Treinador: Mikel Arteta
Onze-Base (4-3-3): Ramsdale; Ben White, Saliba, Gabriel, Zinchenko; Partey, Xhaka, Odegaard; Saka, Gabriel Martinelli, Gabriel Jesus

Atenção a: Gabriel Jesus, Bukayo Saka, Gabriel Martinelli, William Saliba, Martin Odegaard

 CHELSEA (5)

    É em plena transição da oligarquia de Roman Abramovich para o consórcio de Todd Boehly que o Chelsea tem procurado "arrumar a casa", abordando a 1.ª jornada como clube com mais assuntos por resolver do habitual Top-6. Além da impotência negocial no dossier Lukaku (o grande Flop da edição passada), devolvendo por empréstimo ao Inter um jogador que custara 113 milhões, os blues têm uma defesa - muito provavelmente o sector mais forte deste Chelsea de Tuchel - para reconstruir. Rüdiger e Christensen saíram a custo zero para Real Madrid e Barcelona respectivamente, e desde a abertura da janela que o Barça tem cortejado também os veteranos Azpilicueta e Marcos Alonso. Além de tudo isto, Pulisic, Ziyech, Barkley e Werner podem abraçar novas aventuras onde se sintam figuras centrais.
    Com Conor Gallagher de regresso às suas origens após assinalável rendimento no Crystal Palace, e não se surpreendam se o incansável médio inglês atirar Jorginho ou Kanté para o banco, o Chelsea contratou pouco mas bem. Raheem Sterling é uma óptima solução para o esquema de Tuchel (o alemão experimentou na pré-época uma linha de 4 atrás, mas os resultados foram maus), Koulibaly um super central e um "patrão" que faz individualmente a diferença, e Chukwuemeka uma opção de futuro, até porque em 2023 é a vez de Kanté e Jorginho terminarem contrato. Fala-se em Dumfries ou Walker-Peters para a direita, fala-se em Cucurella para o lado esquerdo (ou para central do lado esquerdo), fala-se de um triplo ataque ao "ladrão" Barça em busca de Aubameyang, De Jong e Depay. Fala-se de muito, e o relógio segue em contagem decrescente até ao fecho do mercado.
    Vemos o Chelsea como o clube mais caótico dos 6 tubarões ingleses, mas apontamo-lo ainda assim ao 5.º lugar. Com as movimentações certas, e tendo Tuchel, Stamford Bridge pode sempre ambicionar a continuidade no Top-4.
    Seja como for, Mount e Sterling vão render, Havertz terá hipótese de se cimentar como goleador deste elenco, e Reece James deve continuar a todo o gás num vaivém ao longo do corredor direito.

Treinador: Thomas Tuchel
Onze-Base (3-4-2-1): Mendy; Azpilicueta, Thiago Silva, Koulibaly; R. James, Kovacic (Jorginho), Kanté (Gallagher), Chilwell; Mount, Sterling; Havertz

Atenção a: Raheem Sterling, Mason Mount, Reece James, Kalidou Koulibaly, Kai Havertz

 MANCHESTER UNITED (6)

    Desde que Sir Alex Ferguson se retirou (2013) o Manchester United não tinha um treinador em teoria tão ajustado à identidade do clube como tem agora com Erik ten Hag. O neerlandês de 52 anos terá como desafio fazer do United dos últimos anos, equipa aborrecida, aburguesada e preguiçosa, um conjunto renovado com muita energia, fome e juventude.
    Na pré-época, a novela Cristiano Ronaldo roubou atenções, contribuindo a ausência do internacional português de 37 anos - jogador de campo dos red devils com melhor rendimento individual em 21-22, embora contribuindo para piorar/ secar/ condicionar todos à sua volta - para uma pré-época de renascimento para Martial e de maior conforto táctico para Sancho, Bruno Fernandes e Rashford.
    Ten Hag é um treinador especial, que sabe o quer, rigoroso nas suas regras e métodos, mas são muitos os fantasmas e traumas que continuará a ter contra si em Old Trafford, e esse carácter assombrado terá contribuído para o falhanço nas aquisições de De Jong, Darwin ou Vitinha. Há uns anos ninguém com juízo rejeitava assinar pelo Manchester United e jogar no Teatro dos Sonhos.
    Agora sem Pogba, Matic, Mata, Lingard, Cavani e Dean Henderson, mas com Eriksen (reforço inesperado, faltando perceber se ten Hag o vê como concorrente de Bruno Fernandes ou se pretende usá-lo como interior uns metros atrás), Malacia e Lisandro Martínez (jogador que, sozinho, pode mudar transversalmente a forma de construir e defender do United), parece-nos que esta pode ser essencialmente uma época de mudança de mentalidade e de sacrifícios custosos mas necessários.
    Temos bastante curiosidade para verificar, caso não haja mais nenhum médio como reforço, se Martínez será central ou médio defensivo; e assumindo que será central com quem fará dupla (entre as 3 opções, Varane é quem tem mais qualidade, Lindelof o que encaixa melhor no estilo de jogo do treinador, e Maguire aquele que goza de maior estatuto). Como maiores certezas, uma bela época a caminho de Jadon Sancho, e o rendimento de Bruno Fernandes, que será inversamente proporcional aos minutos que o compatriota Ronaldo tiver.

Treinador: Erik ten Hag
Onze-Base (4-2-3-1): De Gea; Diogo Dalot, Varane, L. Martínez, Shaw (Malacia); Fred, Eriksen (McTominay); Sancho, Bruno Fernandes, Rashford; Martial (Ronaldo)

Atenção a: Jadon Sancho, Lisandro Martínez, Anthony Martial, Bruno Fernandes, Marcus Rashford

 WEST HAM (7)

    Com um 6.º e um 7.º lugares nas duas últimas épocas, o West Ham tem sido a mais evidente ameaça ao clássico Top-6. Os hammers são uma equipa muito bem orientada por Moyes, conseguem causar muitos problemas nos jogos grandes e não acusaram o calendário preenchido em 21-22 (resistiram até aos quartos-de-final da Liga Europa), um conjunto de coisas que não surpreendem numa equipa que se dá ao luxo de contar com Declan Rice e Jarrod Bowen, jogadores com qualidade para jogar nos maiores emblemas do país.
    Sem o lendário capitão Mark Noble (o "Mr. West Ham" retirou-se após 22 anos e 472 jogos pelo clube do coração), os londrinos conseguiram não só preservar todos os seus craques, como ainda acrescentaram um dos médios mais consistentes do Championship (Flynn Downes), um upgrade no eixo defensivo - o marroquino Aguerd, do Rennes, já era objectivo há um ano atrás, e custou 35 milhões, perdendo no entanto os primeiros tempos de competição por lesão - e um super ponta de lança, que podia muito bem quanto a nós estar num Bayern, num Chelsea ou num Dortmund, mas está no West Ham. Gianluca Scamacca, o refinado dianteiro italiano ex-Sassuolo de 23 anos e 1,95m é um dos potenciais pontos de interesse desta Premier League.
    Merecendo nota a repulsa que continuamos a sentir por Zouma pelo horrendo episódio do gato, dará gosto seguir os hammers. Quem tem Rice, Bowen e Scamacca pode sonhar alto.

Treinador: David Moyes
Onze-Base (4-2-3-1): Fabianski; Coufal, Zouma, Aguerd (Diop), Cresswell; Soucek, Rice; Bowen, Benrahma (Lanzini), Fornals (M. Antonio); Scamacca

Atenção a: Jarrod Bowen, Declan Rice, Gianluca Scamacca, Michail Antonio, Pablo Fornals

 NEWCASTLE (8)

    O novo rico Newcastle, carregadinho de dinheiro saudita, tem prosseguido a sua jornada sensata, não entrando em loucuras e privilegiando o mercado interno, tal como já acontecera em Janeiro. Os magpies impressionaram na segunda volta da última edição (a partir do momento em que Eddie Howe assumiu a equipa, apenas Man City e Liverpool somaram mais pontos) e por isso é natural que os adeptos sonhem com o St. James' Park a incomodar os grandes e a instalar-se na primeira metade da tabela. Uma classificação final entre o 7.º e o 10.º lugar é o cenário mais provável.
    Com muita fé em Bruno Guimarães (que jogador!) e no salto de rendimento do malabarista Saint-Maximin, cada vez mais com companhia capaz de falar a sua linguagem futebolística, o Newcastle ainda poderá agitar o mercado para adquirir um avançado (em todo o caso, Callum Wilson estará esfomeado depois de falhar a temporada passada quase toda), um médio e, garantidamente, um extremo direito.
    Nick Pope (um dos melhores guarda-redes em Inglaterra) chegou para a baliza, e o neerlandês Sven Botman foi a única super contratação (custou 37 milhões), sendo tal como Guimarães e Saint-Maximin o tipo de jogador que o clube precisa para dar o salto, podendo marcar uma década de preto e branco.
    Com o menino Elliot Anderson (não confundir com Elliot Alderson, de Mr. Robot), que ainda pode vir a ser emprestado ao Championship, a marcar pontos na pré-época, o Newcastle tem um treinador inteligente, uma defesa sólida e experiente, e um ataque capaz de rasgar.

Treinador: Eddie Howe
Onze-Base (4-3-3): Pope; Trippier, Schär (Burn), Botman, Targett; Shelvey, Bruno Guimarães, Joelinton; Almirón, Saint-Maximin, C. Wilson

Atenção a: Allan Saint-Maximin, Bruno Guimarães, Callum Wilson, Nick Pope, Kieran Trippier

 ASTON VILLA (9)

    Quando Steven Gerrard, um dos médios mais respeitados e adorados da História da Premier League, trocou o Rangers pelo Aston Villa, o impacto foi imediato. No entanto, a coisa esmoreceu e os villans terminaram a época no 14.º lugar. Em 2022/ 23 não há desculpas.
    Com um 11 inicial de fazer inveja, o clube da cidade de Birmingham tem claras obrigações de discutir com West Ham e Newcastle a primeira posição pós Top-6, isto se os seis do costume cumprirem todos o seu papel. Coutinho assinou em definitivo e quererá exibir-se em grande para não perder o comboio nas contas de Tite, que hoje em dia tem Vinícius Jr., Antony, Raphinha, Rodrygo ou Paquetá, além de Neymar, podendo o factor Mundial funcionar igualmente bem no agigantar do argentino Emi Martínez, guardião que estará com ganas que chegue o Mundial do Qatar.
    Uma defesa com Matty Cash, Diego Carlos (alguém nos explique como o central do Sevilha acabou aqui), Mings e Digne é um luxo, e o miolo prevê-se incansável com Boubacar Kamara (adquirido a custo zero foi um dos negócios deste Verão em Inglaterra) como homem mais recuado, e McGinn (agora com a braçadeira de capitão) e Ramsey super dinâmicos e intensos.
    Gostávamos que Chukwuemeka tivesse ficado, estamos desejosos de assistir ao renascido Leon Bailey (fantástica pré-época), faltando só perceber se Gerrard já percebeu que a equipa ganha uma dimensão incomparável quando joga com 2+1 na frente, com Coutinho e Bailey a jogarem bastante por dentro, e não com 1+2, servindo de pouco a dupla Ings-Watkins quando tudo atrás perde química e ligação.

Treinador: Steven Gerrard
Onze-Base (4-3-2-1): E. Martínez; Cash, Diego Carlos, Mings, Digne; Kamara, McGinn, J. Ramsey; Bailey, Coutinho; Watkins

Atenção a: Coutinho, Matty Cash, Leon Bailey, Boubacar Kamara, John McGinn

 BRIGHTON (10)

    Poucas dúvidas restam quanto à qualidade de Graham Potter como treinador. Capaz de discutir com Southgate e Howe o estatuto de melhor treinador inglês da actualidade (muito cedo para incluir Steven Gerrard), o treinador de 47 anos vai para a sua 4.ª temporada ao comando do Brighton e à 3.ª os seagulls conseguiram por fim traduzir em pontos/ resultados o seu futebol de equipa grande, saltando dos lugares de aflitos para um respeitável 9.º lugar.
    No Brighton têm-se valorizado jogadores (Bissouma e Ben White permitiram significativos encaixes, e Cucurella parece ser o próximo, num negócio com o Chelsea que pode envolver o central Levi Colwill), sendo o recrutamento feito a baixo custo e em mercados alternativos, e o futebol convincente e capaz de encostar os adversários às cordas: em 2021/ 22, apenas Manchester City, Liverpool e Arsenal jogaram com uma linha da defesa, em média, mais subida do que o Brighton (46,5 metros).
    Fiel aos 3 centrais, esquema que permite tirar o melhor de Cucurella/ Solly March à esquerda, parecendo esta a edição em que Tariq Lamptey pode rebentar, Potter oscila entre o 3-5-2 e o 3-4-3 de acordo com as características do adversário. Mwepu e Caicedo são jogadores para crescer face à saída de Bissouma para o Tottenham, Leandro Trossard está "no ponto" para realizar a melhor época da carreira, e também no ataque temos curiosidade para acompanhar a adaptação do paraguaio Enciso (18 anos) ficando uma vez mais a sensação que este Brighton está a um grande ponta de lança (será que Deniz Undav, melhor marcador da liga belga no seu empréstimo ao Union St. Gilloise, é a solução?) de distância de ser taxativamente a equipa-sensação da Premier League.

Treinador: Graham Potter
Onze-Base (3-5-2): R. Sánchez; Veltman, Dunk, Webster; Lamptey, Mwepu, Gross, Mac Allister (Caicedo), Cucurella (S. March); Trossard, Welbeck (Undav, Maupay)

Atenção a: Leandro Trossard, Marc Cucurella, Tariq Lamptey, Enock Mwepu, Deniz Undav

 CRYSTAL PALACE (11)

    Em 2021/ 22 foi bem interessante assistir ao rebranding do Crystal Palace. Patrick Vieira herdou a equipa de Roy Hodgson, rejuvenescendo o balneário com Olise, Guehi ou Conor Gallagher. O resultado foi um sólido 12.º lugar e a valorização de vários talentos, com especial destaque para Gallagher, médio que convenceu Tuchel a dar-lhe uma oportunidade no Chelsea.
    Neste Ano 2 de Vieira, os eagles têm um arranque de campeonato complicado (a Premier League é talvez a Liga onde o calendário pode desempenhar um papel mais relevante) mas é expectável uma boa resposta da equipa, liderada ofensivamente pelo quase trintão Zaha.
    Andersen-Guehi é uma óptima dupla de centrais, Édouard (ou Mateta) têm que encontrar a fórmula para dotar este Palace de um ponta de lança regular, e quem tem Olise, Ebiowei (está verdinho mas pode ser uma arma a partir do banco) e sobretudo Eberechi Eze tem dores de cabeça garantidas para os adversários. Órfãos de Gallagher, é possível que os adeptos encontrem no reforço Cheick Doucouré o seu novo jogador preferido. O médio oriundo do Lens é um trabalhador incansável, quase omnipresente, e foi o pedido de Vieira para ser o novo pêndulo do meio-campo dos londrinos.

Treinador: Patrick Vieira
Onze-Base (4-3-3): Guaita; Clyne, Andersen, Guehi, Mitchell; Doucouré, Eze, Schlupp; Olise, Zaha, Édouard (Mateta)

Atenção a: Wilfried Zaha, Cheick Doucouré, Eberechi Eze, Michael Olise, Marc Guehi

 BRENTFORD (12)

    Há um ano atrás, o Brentford tinha acabado de subir à Premier League e, embora o tenha conseguido somente depois de Norwich e Watford, na nossa Antevisão os bees eram a única equipa promovida que nos parecia que se safaria (cenário idêntico ao Nottingham Forest no exercício deste ano). E assim foi.
    Com o seu Moneyball futebolístico e uma visão de mercado ímpar, a equipa do dinamarquês Thomas Frank viu Christian Eriksen optar pelo Manchester United, mas é expectável que o 3-4-2-1 da equipa do oeste de Londres volte a complicar a vida a muita gente.
    O goleador Ivan Toney continua presente, Wissa e Mbeumo querem dar mais, Raya terá agora a concorrência do albanês Strakosha na baliza, e Ajer, Jansson e Pinnock receberam o comandante Ben Mee como novo parceiro na defesa. É natural que o Brentford ainda contrate um sucessor de Eriksen (por favor, que se confirme o rumor Mikkel Damsgaard!), sendo Norgaard-Onyeka um princípio eficiente para ligar toda a equipa.
    O elenco mais matemático da Premier League deve ficar bem longe da zona de descida, mas também não nos parece ter (ainda) capacidade para ficar no Top-10. O ala esquerdo escocês Aaron Hickey e o extremo promissor Keane Lewis-Potter (melhor sub-21 do Championship depois de Brennan Johnson) são as principais caras novas da equipa e devem ter impacto imediato.

Treinador: Thomas Frank
Onze-Base (3-4-2-1): Strakosha (Raya); Ajer, Mee, Jansson; Canós, Norgaard, Onyeka, Hickey; Mbeumo, Lewis-Potter (Wissa); Toney

Atenção a: Ivan Toney, Keane Lewis-Potter, Aaron Hickey, Frank Onyeka, Yoane Wissa

 LEICESTER CITY (13)

    Antever a época de 2022/ 23 do Leicester City é um exercício arriscado. Os foxes de Brendan Rodgers caíram bastante de 2020 e 2021 para 2022, essencialmente por culpa de lesões e muitas mexidas forçadas no 11, e entram nesta nova época sem contratações, sem Kasper Schmeichel (11 épocas no King Power Stadium) e com vários jogadores pretendidos (Fofana, Tielemans, Maddison e Barnes têm interessados).
    Com plantel para actuar em variadíssimos sistemas - é fácil desenhar um Leicester em 4-3-3, em 3-4-2-1 ou em 4-4-2 - Rodgers suspirará se mantiver estável e saudável a mesma dupla de centrais ao longo de toda a competição, sendo que a ausência de competições europeias (em 21-22 o Leicester esteve na Liga Europa e caiu depois para a Liga Conferência, onde só tombou nas meias-finais) também permitirá uma gestão diferente.
    A caminho dos 36 anos, o sempre elétrico Jamie Vardy poderá iniciar as formalidades para uma passagem de testemunho mais séria para Patson Daka, e Wesley Fofana tem que ser encarado como intransferível, podendo o francês ditar uma significativa subida de rendimento da equipa, ele que falhou praticamente toda a época passada devido a uma fratura do perónio.
    Ndidi é um polvo, Dewsbury-Hall pode ser um dos Most Improved Players do ano, Harvey Barnes com rendimento consistente jornada após jornada é um extremo com nível para um Liverpool, e James Maddison é o craque da equipa. Os seus 18 golos e 12 assistências passaram despercebidos a muita gente na temporada anterior, estando o 10 inglês desafiado a elevar a fasquia para que não mais o ignorem.
    Em condições normais colocaríamos o Leicester mais acima, mas uma vez que 1 ou 2 jogadores ainda devem sair, e desconhecendo quem chegará - e mesmo até se alguém chegará - para os substituir, esta é a classificação sensata com a informação actual.

Treinador: Brendan Rodgers
Onze-Base (4-3-3): Ward; Ricardo Pereira, Fofana, Evans, J. Justin; Ndidi, Tielemans, Dewsbury-Hall; J. Maddison, H. Barnes, Vardy (Daka)

Atenção a: James Maddison, Jamie Vardy, Dewsbury-Hall, Harvey Barnes, Wesley Fofana

 LEEDS UNITED (14)

    Na temporada passada, tudo correu mal ao Leeds United. O romântico casamento com El Loco Bielsa acabou, mostrando-se o plantel desgastado e sem energia/ qualidade para interpretar as ideias do argentino, embora sem nunca o "queimar". Faltou à equipa um Plano B e as lesões de Patrick Bamford e Kalvin Phillips fizeram muita diferença.
    Ao escolher um novo caminho, a direcção optou por Jesse Marsch e o Ted Lasso do mundo real pode começar a receber elogios esta temporada. A lógica diria que uma equipa que termina em 17.º e que perde no Verão seguinte os seus 2 melhores jogadores (Raphinha saiu por quase 60 milhões para o Barcelona e Kalvin Phillips foi transferido para o Manchester City por quase 50) dificilmente se reergue. Porém, os connects de Marsch no universo Red Bull têm contribuído para um mercado promissor, marcado por reencontros do técnico de 48 anos com jogadores que já orientou na Áustria e na Alemanha.
    Com muita juventude e energia, este novo Leeds United jamais abdicará do seu 4-2-3-1, com Tyler Adams e Marc Roca no duplo pivot. O lateral ultra-ofensivo Rasmus Kristenten será o destaque no sector mais débil da equipa (esperam-se jogos bem abertos do Leeds e trabalho para Meslier, merecendo ser apontado apenas como erro o empréstimo de Charlie Cresswell ao Milwall), e no ataque Bamford quererá fazer tudo o que não pôde fazer em 21-22, Rodrigo pode ganhar nova vida a extremo direito e do colombiano Luis Sinisterra (um dos dribladores mais fascinantes da Eredivisie) esperam-se muitos desequilíbrios. É possível que o mercado ainda reserve mais um craque para Marsch - os whites tentaram levar  De Ketelaere para Ellan Road e estarão agora interessados em Sarr do Watford - mas até aqui Brenden Aaronson, compatriota norte-americano do treinador, é a pérola em relação à qual temos mais expectativas. Um criativo irreverente, um dez que se vai fartar de assistir.
    Em suma, este Leeds pode tornar-se um caos imaturo ou uma tempestade perfeita.

Treinador: Jesse Marsch
Onze-Base (4-2-3-1): Meslier; Kristensen, Koch, D. Llorente, Struijk; T. Adams, Roca; Harrison (Rodrigo), Aaronson, Sinisterra; Bamford

Atenção a: Brenden Aaronson, Luis Sinisterra, Rasmus Kristensen, Patrick Bamford, Rodrigo

 NOTTINGHAM FOREST (15)


    Vinte e três anos depois, o histórico Nottingham Forest, bicampeão europeu em 1979 e 1980 com Brian Clough, está de volta à Premier League. Empolgado pela promoção e vitória no play-off de acesso frente ao Huddersfield, o excêntrico presidente do clube, o grego Evangelos Marinakis, fez questão de dizer que "troféus estavam a caminho". É preciso ter ambição, sim, mas também muita calma e garantir primeiro a manutenção.
    Na verdade, embora tenha sido o último dos emblemas recém-promovidos a garantir a subida, o Forest é das três a equipa da qual esperamos mais. Steve Cooper viu o seu grupo desmantelado, ao perder os emprestados James Garner, Djed Spence, Max Lowe, Zinckernagel e Keinan Davis, mas tem recebido um camião de reforços em compensação.
    As aquisições demonstram boa leitura do mercado, enquadrando-se os novos activos no 3-4-1-2 dos reds. Dean Henderson já mostrou em 19-20 que se transcende em equipas deste patamar, e do trio de centrais original (Worrall-Cook-McKenna) o escocês é o único que certamente não sairá das primeiras escolhas, ganhando Niakhaté como novo patrão do sector. Nas alas, Cooper terá disputa à direita entre Neco Williams e Biancone (também pode actuar a central) e à esquerda entre Toffolo e Richards. A casa das máquinas deverá ficar entregue a Yates e Lewis O'Brien (o ex-Huddersfield vai seguramente chamar a atenção de muita gente, por se tratar de um médio completíssimo), sem esquecer Mangala. No 1+2 da frente, Jesse Lingard terá liberdade e importância para recuperar os seus tempos no West Ham, apoiando o poderoso Awoniyi e o prodígio galês Brennan Johnson, uma das grandes novidades da Premier League com velocidade, atrevimento, drible e golo.

Treinador: Steve Cooper
Onze-Base (3-4-1-2): D. Henderson; Worrall (Biancone), McKenna, Niakhaté; N. Williams, Yates, O'Brien, Toffolo; Lingard; Brennan Johnson, Awoniyi

Atenção a: Brennan Johnson, Jesse Lingard, Lewis O'Brien, Dean Henderson, Taiwo Awoniyi

 WOLVES (16)

    Em 21-22, época de estreia de Bruno Lage como técnico principal na Premier League, os wolves foram uma equipa de opostos bem marcados. A equipa destacou-se pela positiva como 5.ª melhor defesa (apenas o Top-4 sofreu menos) mas desiludiu na hora de concretizar - a modesta marca de 38 golos marcados foi apenas superior a Burnley, Watford e Norwich, as três equipas que desceram de divisão.
    Equipa compacta e, como é sabido, muito portuguesa, o Wolverhampton tinha um problema de finalização para corrigir e para isso... contratou até agora um defesa central. Nathan Collins chegou do Burnley, num negócio acima de 24 milhões, nem sendo certo que bata Boly e Toti Gomes na vaga junto a Kilman (está a um passo de se tornar um dos centrais mais apetecíveis em Inglaterra) e ao capitão Coady no eixo de 3 centrais. Isto se o Wolves não transitar para uma linha de 4, como aconteceu em vários jogos de preparação.
    Acreditamos que até 31 de Agosto Jorge Mendes ajude os lobos a contratar um bom ponta de lança como por ex. Gonçalo Ramos (ainda por cima Raúl Jiménez, lesionado, falhará o arranque da temporada), esperando-se em todo o caso uma campanha explosiva de Pedro Neto, confiança em Gibbs-White depois da sua excelente passagem pelo Sheffield United, e novas exibições de encher o olho de José Sá entre os postes.
    Quem tem Neves e Moutinho está praticamente vacinado contra uma hipotética descida de divisão, mas caso se mantenha a incapacidade de 21-22 de traduzir as oportunidades criadas em golos, o Wolves pode entrar na tômbola dos aflitos. A harmonia do grupo e a experiência de alguns elementos puxará para cima, mas a falta de golos e a pouca profundidade do plantel pode pagar-se caro, sobretudo se surgir uma ou outra lesão azarada.

Treinador: Bruno Lage
Onze-Base (3-4-3): José Sá; Kilman, Coady, Boly; Jonny, João Moutinho, Rúben Neves, Aït-Nouri; Gibbs-White (Podence), Pedro Neto, Jiménez

Atenção a: Pedro Neto, José Sá, Max Kilman, Rúben Neves, Rayan Aït-Nouri

 SOUTHAMPTON (17)

    O dinamarquês Ralph Hasenhüttl é um dos treinadores apontados como uma das mais fortes possibilidades como 1.ª chicotada psicológica desta Premier League. Compreendemos os bookies se tivermos em consideração as carências do plantel do Southampton e a elevada probabilidade de terminar entre 14.º e 18.º, mas Hasenhüttl tem qualidade e a política de contratações do clube parece dar corpo a uma visão a longo-prazo, desenvolvendo jogadores.
    Exceptuando Joe Aribo (o versátil internacional nigeriano ex-Rangers foi uma óptima aquisição por 7 milhões de euros), todos os restantes 4 reforços dos saints são jogadores entre os 18 e os 20 anos. Bella-Kotchap deve integrar o trio de centrais titulares, Lavia (médio defensivo de 18 anos das escolas do Anderlecht que desde 2020 vinha completando a sua formação no Manchester City) é um nome para o futuro, o dianteiro Mara tentará fixar-se como 9 da equipa, e Gavin Bazunu (guardião de 20 anos do Manchester City, que brilhou emprestado ao Portsmouth, e pelo qual o Southampton pagou 14 milhões) pode ser um dos destaques desta edição na sua posição, desde que haja confiança para apostar nele e segurá-lo várias jornadas no onze.
    Com muita juventude e a correr alguns riscos de descer, o St. Mary's sabe que tem em James Ward-Prowse um dos melhores do mundo nas bolas paradas, Walker-Peters e Livramento (só deve voltar em 2023) são excelentes laterais, Salisu deve afirmar-se como muralha, e atenção a Stuart Armstrong, que pode esta temporada actuar em terrenos mais adiantados e com isso registar melhores números.

Treinador: Ralph Hasenhüttl
Onze-Base (3-5-1-1): Bazunu; Bella-Kotchap, Bednarek, Salisu; Walker-Peters, Romeu, Ward-Prowse, Aribo, Perraud (Livramento); S. Armstrong; C. Adams (Mara)

Atenção a: James Ward-Prowse, Mohamed Salisu, Joe Aribo, Gavin Bazunu, Stuart Armstrong

 EVERTON (18)

   Muito longe parecem estar os dias em que em Goodison Park morava uma equipa habituada a terminar a Premier League entre o 5.º e o 8.º lugares (entre 2007 e 2014 foi sempre assim). O Everton sofreu em 21-22 e os adeptos dos toffees terão mesmo pensado o pior, acabando a salvação e alívio por acontecer in extremis, coroada com efusiva invasão de campo.
    Frank Lampard parece ter algum futuro como treinador, mas o seu casamento com o Everton continua a não parecer um adequado match em termos de identidade. O antigo médio ofensivo perdeu o melhor jogador (Richarlison) para o Tottenham, recebendo apenas como reforços 2 dos melhores jogadores do despromovido Burnley - o centralão subvalorizado Tarkowski e Dwight McNeil, um daqueles craques que vai adiando a sua explosão em definitivo - e o português Rúben Vinagre para discutir a vaga de ala esquerdo. Fala-se em Idrissa Gana Gueye e Amadou Onana para o meio-campo, e o médio do Lille em particular pode melhorar a equipa.
    Com vários pontos de interrogação e muitas dúvidas no ar, o Everton parte para 2022/ 23 como uma das equipas mais fáceis de apontar à luta pela manutenção (pode até não ficar neste antepenúltimo lugar, mas dificilmente acabará acima de 14.º). O titular da selecção inglesa, Jordan Pickford, terá que continuar a dizer presente, agora com 3 centrais a escudá-lo, sendo Calvert-Lewin o porta-estandarte da equipa em termos de golos, e torcendo os adeptos para que entre Anthony Gordon, Demarai Gray, McNeil e Dele Alli, magia aconteça e pelo menos dois deste quarteto realizem épocas bem acima das recentes.

Treinador: Frank Lampard
Onze-Base (3-4-3): Pickford; Tarkowski, Y. Mina, Godfrey; Patterson (Coleman), Doucouré, Allan, Mykolenko; Gordon (D. Gray), McNeil (Alli), Calvert-Lewin

Atenção a: Dominic Calvert-Lewin, Dwight McNeil, James Tarkowski, Anthony Gordon, Jordan Pickford

 FULHAM (19)
    

    Bruno Lage já não é o único treinador português na melhor liga do mundo. Na sua quarta experiência em Inglaterra, depois de Hull City, Watford e Everton, Marco Silva goza finalmente de alguma estabilidade (que no passado não teve, em algumas ocasiões em terras de Sua Majestade, por culpa própria) num projecto que arrancou vitorioso no Championship, com 90 pontos e 106 golos marcados, e que procura evitar o recorrente modo ioiô que os cottagers têm experenciado desde 2018, alternando performances dominantes na 2.ª divisão com desilusões na Premier League.
    No mercado, o criativo Fábio Carvalho foi a principal perda, esfregando Marco Silva as mãos de contente por manter o super-goleador Mitrovic às suas ordens. O sérvio de 27 anos bateu recordes no Championship, ao marcar 43 golos em 44 jogos (marcou 41% dos golos da equipa), e tudo fará para não desaparecer na Premier, campeonato onde nas suas melhores temporadas apenas chegou aos 11 e 9 tentos.
    João Palhinha, Mbabu e Andreas Pereira (teórico substituto de Fábio Carvalho como playmaker) são algumas das novidades oficiais, mas as duas principais contratações parecem-nos mesmo o guardião Bernd Leno (muitíssimo superior a Rodák e Gazzaniga) e o israelita Manor Solomon, cujas características deixam antever brilharetes a extremo esquerdo. Com Mitrovic, Solomon e Harry Wilson (o galês estará de fora nos 2 primeiros meses da temporada), Marco Silva pode sonhar, mas continuam a faltar a esta equipa melhores alternativas de banco para o ataque (fala-se em Kluivert) e um parceiro de qualidade na defesa para Tosin (o norte-americano Tim Ream é competente no Championship, mas não chega para este nivel).
    Durará Marco Silva até ao final da temporada?

Treinador: Marco Silva
Onze-Base (4-2-3-1): Leno; Mbabu, Tosin, Ream, A. Robinson; João Palhinha, Reed (Cairney); H. Wilson, A. Pereira, Solomon; Mitrovic

Atenção a: Aleksandar Mitrovic, Manor Solomon, Harry Wilson, Tosin Adarabioyo, Bernd Leno

 BOURNEMOUTH (20)
    Os segundos classificados do último Championship regressam à Premier, patamar competitivo onde tinham estado entre 2015 e 2020. Os cherries impressionaram na época passada com a melhor defesa do segundo escalão inglês (39 golos sofridos contra 40 do Nottingham Forest e 43 do Fulham), tendo sido também a equipa com menos derrotas (8).
    Scott Parker vê preservado o elenco que garantiu a subida, ganhando ainda a custo zero o veloz Ryan Fredericks para competir com Adam Smith pela lateral-direita, e Joe Rothwell, um dos médios mais fascinantes do Championship, com técnica para dar e vender e exímio a queimar linhas em progressão. Marcus Tavernier também reforçou os cherries, esperando-se que o polivalente ex-Middlesbrough actue num dos corredores do 4-3-3 de Parker.
    Apontamos o Bournemouth como mais provável candidato à descida mas não duvidamos que a equipa privilegie sempre um bom futebol. Dominic Solanke (29 golos no Championship) quer provar que é avançado de Premier League, espera-se que o guardião irlandês Marc Travers (ou Neto, se for contratado e lhe roubar a titularidade) se veja obrigado a acumular defesas e defesas (a linha defensiva não nos impressiona, mas pode melhorar caso se concretize o alegado interesse em Senesi), sendo Philip Billing o verdadeiro craque deste conjunto. O influente médio dinamarquês de 1,93m brilhou na segunda divisão, chegando à dezena de golos e à dezena de assistências, mas o seu posicionamento deverá marcar um dos principais ajustes do Bournemouth na subida para este patamar: o Championship permitia a Scott Parker optar por um 4-2-3-1 com Billing nas costas de Solanke, mas é mais realista esperar um 4-3-3 com Billing próximo de Lerma e Rothwell.

Treinador: Scott Parker
Onze-Base (4-3-3): Travers; A. Smith (Fredericks), Mepham, L. Kelly, Zemura; Lerma, Rothwell, Billing; Christie (Brooks), M. Tavernier (Anthony), Solanke

Atenção a: Philip Billing, Dominic Solanke, Joe Rothwell, Marcus Tavernier, Mark Travers