5 de agosto de 2022

Antevisão da Liga Bwin 2022/ 23

  Liga Bwin Já tínhamos saudades. Agosto ainda agora começou e o esférico vai começar a rolar numa das edições da liga portuguesa capaz de gerar maior expectativa e curiosidade nos últimos anos. Desejando que a Covid-19 não estrague a festa no Outono-Inverno, a nova época traz muitas novidades, sendo a maior a interrupção para um invulgar Mundial, disputado no Qatar em Novembro e Dezembro. Em boa verdade, a máxima competição internacional de futebol não condicionará ou não terá um impacto nos jogadores da Liga Bwin comparável ao que existirá no pré e no pós-Mundial noutras realidades como a Premier League, a La Liga, a Serie A, a Bundesliga ou a Ligue 1. Quanto muito, veremos Otamendi e Pepe a baixarem os níveis de intensidade/ agressividade em Outubro...

    Com o FC Porto a defender o título (os azuis e brancos sagraram-se campeões nacionais em 3 das últimas 5 temporadas, mas Sérgio Conceição ainda nunca conseguiu consolidar o seu trabalho com um bicampeonato) e o Sporting até ver a conseguir preservar grande percentagem do seu 11 inicial (perdeu "apenas" Sarabia e João Palhinha), é o Benfica que gera maior curiosidade. Os encarnados apostaram em Roger Schmidt - desde 2009 (Quique Flores) que não havia técnico estrangeiro na Luz - e o namoro com o alemão vai correndo bem, notando-se "dedo de treinador" e uma revolução na matriz de jogo e atitude das águias, agora obrigadas a suar e pressionar alto para interpretar a ideia do ex-PSV.

    Como sempre, o jogo das cadeiras teve alguns concorrentes na transição de 21-22 para 22-23. Além do Benfica, também Sporting de Braga (Artur Jorge substituiu Carvalhal), Gil Vicente (Ivo Vieira sucedeu a Ricardo Soares, que merecia ter dado o salto para o Minho em vez de se aventurar no Egipto), Vit. Guimarães (surpreendente saída de Pepa, com Moreno a assumir) e Estoril (não teria sido Vasco Botelho da Costa, ex-técnico dos Sub-23, um match melhor para o projecto do que Nélson Verissimo?) mudaram de treinador.

    Em termos de jogadores, despedimo-nos até ao momento de Darwin, Vitinha, Sarabia, Fábio Vieira, Palhinha, Mbemba, Samuel Lino, Pedrinho, Lincoln, André Ferreira e Porozo, e Alexsandro nem chegou a subir com o Chaves. Pela positiva, há a destacar o recrutamento ao exterior de elementos como Enzo Fernández, David Neres, Gabriel Veron, Trincão, Bah, St. Juste, Diego Lainez, Kritciuk, Pedro Tiba, Rildo, Arthur Sales, Kunimoto ou Bozenik, as transferências internas (que final terá a novela Ricardo Horta?) de David Carmo, André Franco, Morita, Banza e André Silva, e o salto para a I Liga de Diogo Pinto, Jota Silva e Rodrigo Martins.

    2022/ 23 mantém Otávio, Rafa ou Pedro Gonçalves como algumas das grandes figuras do futebol nacional, podendo esta época representar uma competição especial para jovens promessas como Florentino, Gonçalo Ramos (se ficar), Henrique Araújo, Ugarte, Vitinha, Rodrigo Gomes, Roger, André Almeida, Tiago Gouveia ou Gonçalo Esteves.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão para 22/ 23, em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências, tanto a nível de entradas como de saídas:



 BENFICA (1)

    A revolução está em curso. Depois de ver os rivais a alternarem entre si a conquista dos últimos três campeonatos, o Benfica deu um murro na mesa e decidiu apostar tudo num rebranding. O engenheiro mecânico alemão Roger Schmidt, ex-treinador do PSV, Leverkusen ou Salzburgo, foi o escolhido por Rui Costa para mudar os encarnados, curando uma equipa deprimida.
    A germanização do Benfica viu-se na pré-época e no arranque oficial - com uma pressão alta e muita dinâmica, as águias parecem outras, e acreditamos que com o tempo e com os reforços finais a tendência seja melhorar. Schmidt analisou o plantel, fez os cortes necessários, e a equipa tem respondido bem. Tudo isto no pós-Darwin Núñez (negócio de 75+25), um dos poucos jogadores que se destacou em 21-22.
    Sem lugar para quem não está disposto a correr, o novo Benfica ganhou vida num 4-2-3-1 muitíssimo dependente dos seus dois médios (Florentino merecia a oportunidade que está a ter, Enzo Fernández é o reforço do ano em Portugal, e Aursnes vai ser amor à primeira vista com os adeptos) e em que todos os avançados encaixam, pedindo Schmidt maior verticalidade ao extremo direito, e maior flutuação aos intérpretes dos corredores central (Rafa) e esquerdo (João Mário e, quiçá entretanto, Ricardo Horta).
    Com óptimas sensações e uma intensidade que há muito a equipa não apresentava, o Benfica ainda tem algumas coisas para arrumar em casa: Gonçalo Ramos (não o venderíamos) ainda pode sair, tem sido procurada uma solução para Weigl e mesmo Grimaldo e Vlachodimos poderiam ser negociáveis desde que o clube tivesse garantido upgrades para ambos. Além dos hipotéticos guarda-redes e lateral esquerdo, mais inevitáveis parecem as aquisições de Aursnes e Ricardo Horta, futuro camisola 21.
    Impressiona-nos em particular a evidente melhoria no scouting do clube, capaz de desencantar um jogador como Bah (parece-nos que será um dos preferidos dos adeptos, acabando por encostar Gilberto), e é notável quão bem servidas as águias estão de centrais (Otamendi, Morato, Lucas Veríssimo, João Victor, Vertonghen e António Silva) tendo até que riscar um, e a gestão dos avançados deixa-nos com dúvidas (Gonçalo Ramos é o que melhor encaixa na ideia e nas características dos 3 colegas atrás, mas a sua saída permitiria outra dosagem de minutos a Yaremchuk e Henrique Araújo).
    Parece-nos que há pontos fracos a explorar pelos adversários neste Benfica, equipa que joga no risco e em que um posicionamento imperfeito ou perda num duelo individual pode pagar-se caro, mas também nos convence a brutal diferença de argumentos que este ano o Benfica poderá apresentar nos jogos com o Porto, deixando de ser presa fácil no confronto físico a meio-campo, e nos jogos europeus, onde um meio-campo com Florentino, Aursnes e Enzo, duas setas como Neres e Rafa e um avançado permitirá jogar olhos nos olhos com equipas que antes dominariam o clube da Luz, até aqui macio e amedrontado.
    Nesta fase, a pole position do Benfica deve-se à química que a equipa já apresenta e à brutal valorização de quase todos os elementos. David Neres, Enzo e Rafa parecem apostas decentes para MVP da época, Florentino vai crescer a olhos vistos, o prodígio irreverente Diego Moreira terá os seus momentos, e Henrique Araújo vai certamente aproveitar todos os minutos que tiver.

Treinador: Roger Schmidt
Onze-Base (4-2-3-1): Odyessas; Bah, Otamendi, Morato, Grimaldo; Florentino, Enzo; David Neres, Rafa, João Mário; Gonçalo Ramos (H. Araújo, Yaremchuk)

Atenção a: Enzo Fernández, David Neres, Gonçalo Ramos, Rafa, Florentino 

 PORTO (2)

    Por norma, temos tendência para apontar o campeão em título como favorito. No entanto, o que é certo é que o vencedor da Liga Bwin nunca foi repetido nos últimos anos. O FC Porto foi a melhor equipa em Portugal em 21-22, época em que praticou o futebol mais vistoso desde que Sérgio Conceição assumiu a equipa em 2017. O técnico portista festejou em 2018, 2020 e 2022, nunca conseguindo consolidar a sua obra com um bicampeonato.
    Mantendo uma espécie de saldos que já se tornou hábito recente no Dragão, o Porto perdeu Mbemba a custo zero, encontrou no Arsenal uma boa solução para todas as partes fazendo dinheiro com Fábio Vieira, perdeu Francisco Conceição para o Ajax por 5 milhões de euros (cláusula), e viu Vitinha mudar-se para o PSG também pelo valor da sua cláusula. Entre todas estas saídas, é indiscutível o peso que deixar de ter Vitinha terá em toda a manobra ofensiva do Porto, perdendo-se criatividade, genialidade e simplicidade.
    Com 50 milhões gastos, os azuis e brancos melhoraram o centro da defesa (David Carmo e Pepe podem formar um dupla intransponível embora bastante temperamental), garantiram em definitivo Grujic e Eustáquio, recrutando ainda Gabriel Veron, talentoso extremo do Palmeiras de Abel Ferreira, e André Franco, um dos bons valores da I Liga fora do Top-4.
    Não duvidamos que o Porto preserve o seu ADN de equipa intensa, combativa e astuta tacticamente, e quem tem jogadores como Otávio e Uribe estará sempre mais perto de ganhar. Evanilson quer atingir uma marca de golos superior, Taremi pode apresentar números absurdos outra vez, surgindo nesta fase duas ou três dúvidas quanto ao 11 base deste novo Porto - não nos chocaria se Pepê acabasse a lateral direito em vez de João Mário, o esquerdino André Franco pode oferecer à equipa um toque de magia que Grujic e Eustáquio não são capazes, e no corredor contrário ao de Otávio haverá vários candidatos (Galeno, Pepê, Veron, Danny Loader ou Gonçalo Borges) para um só lugar.
    Diz o passado recente que o Porto parece sempre mais fraco no arranque dos campeonatos do que depois demonstra estar. A direcção portista tem acumulado negócios ruinosos, mas a partir do banco Sérgio Conceição vai inventando e adaptando, e jogadores de segundo plano viram peças-chave. Não apontamos o Porto ao bi, mas pode andar lá perto. 

Treinador: Sérgio Conceição
Onze-Base (4-4-2): Diogo Costa; João Mário, Pepe, David Carmo, Zaidu; Otávio, Uribe, Grujic (André Franco), Pepê; Taremi, Evanilson

Atenção a: Otávio, Mehdi Taremi, Uribe, David Carmo, André Franco

 SPORTING (3)

    O Sporting de Rúben Amorim não atravessa uma revolução como o Benfica, nem tão pouco enfrenta uma descaracterização forçada dadas as saídas de jogadores com perfis técnico-tácticos muito específicos como o Porto. Alvalade está em paz e o projecto prossegue, entre pequenas afinações e aprendizagens retiradas da época passada.
    Os leões foram campeões com 85 pontos em 20-21 e em 21-22 repetiram os mesmos 85 pontos, ficando porém a seis pontos do campeão Porto. Amorim sabe que poderá ter que pontuar mais, procurando para o efeito dotar a equipa de maior flexibilidade (a opção de um trio com maior mobilidade na frente convenceu sempre) e conseguindo pontos de desequilíbrio em mais zonas do campo, evitando a Porrodependência.
    O 3-4-3 é para manter, agora com o neerlandês St. Juste junto a Coates e Inácio, e veremos como se sai o guarda-redes secundário Franco Israel, lançado às feras num arranque de campeonato exigente (jogos fora contra Braga e Porto nas 3 primeiras jornadas) após lesão de Adán. Pablo Sarabia (que craque!) deixou saudades, tendo a sua saída um peso maior do que a de João Palhinha, cuja sucessão já estava trabalhada ao emergir Ugarte.
    Falta saber se Matheus Nunes ainda estará de leão ao peito quando for dia 1 de Setembro, isto numa temporada em que acreditamos que Pedro "Pote" Gonçalves volte a carregar ofensivamente a turma leonina. Rochinha foi um pedido do treinador, deixar sair Tabata seria ou será um erro, Fatawu Issahaku entusiasma, e embora o Plano A do treinador deva incluir Paulinho, deduzimos que com alguma naturalidade o trio da frente se transforme em Trincão, Pote e Edwards. O ex-Wolves e o britânico são jogadores capazes de destruir defesas no nosso campeonato e a coexistência de ambos (têm algumas rotinas posicionais parecidas) é um desafio ultrapassável, contribuindo para retirar peso dos ombros do desequilibrador-mor Pedro Porro.
    Gostamos do que o Sporting está a fazer, mas achamos que parte atrás do matreiro Porto e de um Benfica injectado com renovada intensidade e confiança.

Treinador: Rúben Amorim
Onze-Base (3-4-3): Adán; St. Juste, Coates, G. Inácio; Pedro Porro, Ugarte, Matheus Nunes, Matheus Reis; Trincão, Paulinho (Edwards), Pote

Atenção a: Pedro Gonçalves, Trincão, Pedro Porro, Ugarte, Marcus Edwards

 BRAGA (4)

     Na tabela da Liga Bwin o Sporting de Braga corre o risco de ser uma ilha, longe de todos os demais, mas sem estar perto o suficiente do pódio. Para se ter uma ideia, em valores Transfermarkt, os 3 grandes têm plantéis avaliados na casa dos 250 milhões, o Braga fica-se pouco acima dos 110M, mas o clube seguinte (Vit. Guimarães) nem chega aos 40.
    Fora dos 3 primeiros lugares nos dois anos de Carlos Carvalhal, o Braga pretende com Artur Jorge manter-se vivo o mais perto possível do topo da classificação, mas a missão fica mais difícil dada a frequência com que os guerreiros acabam a abastecer Sporting, Porto e Benfica. António Salvador negoceia nos limites da intransigência com uns e com toda a facilidade do mundo com outros, tendo depois dos casos de Paulinho e Esgaio, acertado a transferência de David Carmo para o Porto, antecipando-se como bastante provável a mudança de Ricardo Horta para a Luz até dia 31 de Agosto.
    Com ou sem Ricardo Horta, o Braga de Artur Jorge será um Braga em 4-4-2. Victor Gomez e Niakaté são as caras novas na defesa, Sequeira voltou depois de uma grave lesão, e Al Musrati vai continuando pelo Minho quando todos imaginavam que seria desta que sairia. Iuri Medeiros deve subir o nível (sobretudo se Horta sair) e na frente contar com Vitinha, Banza e Abel Ruiz para 2 lugares é um luxo.
    Claro está que a opção Artur Jorge transmite uma mensagem de aposta na prata da casa, e entre os miúdos, Gorby, Roger e principalmente Rodrigo Gomes podem dar muito. Por fora correm Djaló e Hernâni, jogadores que têm o bónus de terem trabalhado com o técnico no Braga B.
    O 4.º lugar continua a ser o cenário mais seguro para este Braga, com uma series finale da série "Horta" para breve, e podendo o mexicano Diego Lainez virar uma das figuras do campeonato se estiver com a cabeça no lugar. A qualidade está lá toda.

Treinador: Artur Jorge
Onze-Base (4-4-2): Matheus; V. Gomez, Paulo Oliveira, Niakaté, Sequeira; Al Musrati, André Horta (Castro), Iuri Medeiros, Ricardo Horta; Vitinha (Abel Ruiz), Banza

Atenção a: Ricardo Horta, Iuri Medeiros, Vitinha, Simon Banza, Rodrigo Gomes

 GIL VICENTE (5)

    Em Barcelos, assistiu-se neste Verão a um clássico exemplo de como é difícil uma equipa extra Top-4 crescer estável e de forma sustentável em Portugal. O Gil Vicente de Ricardo Soares deliciou tudo e todos em 21-22. Resultado? Samuel Lino rumou ao Atlético Madrid, primeiro com escala em Valência, Pedrinho fez as malas para o futebol turco (muita gente ficou a dormir), Zé Carlos voltou a Braga (só para estupidamente ser emprestado à 2.ª divisão espanhola) e o próprio Ricardo Soares (tão, tão subvalorizado) mudou-se para o Egipto, quando merecia que outras portas se tivessem escancarado para si.
    Perante a inesperada saída de Ricardo Soares, o Gil escolheu rapidamente Ivo Vieira e a aposta no madeirense faz sentido. Na verdade, uma percentagem generosa que nos faz apontar o galo ao 5.º lugar é precisamente o facto de acharmos Vieira superior aos treinadores que, em teoria, andarão a disputar os mesmos lugares.
    A nível de plantel, o russo Kritciuk (super guarda-redes) voltou depois de em 21-22 ter sido transferido de forma precoce para o Zenit após 6 jogos em Portugal, a defesa mantém-se a 75% (Tomás Araújo tentará conquistar um lugar ao lado de Lucas) e Pedro Tiba será o substituto directo de Pedrinho. Fran Navarro e Kanya Fujimoto continuam por cá, e quem gosta de bom futebol agradece, surgindo depois Juan Manuel Boselli e Kevin Villodres como os verdadeiros wildcards desta formação. O uruguaio, que parece que só sabe marcar grandes golos, pode deslumbrar se for aposta continuada ao contrário do que aconteceu no Tondela, e a confiança depositada em Villodres é muita, algo que fica demonstrado na sua opção de compra, que pode fazer dele o jogador mais caro da História do Gil Vicente.

Treinador: Ivo Vieira
Onze-Base (4-2-3-1): Kritciuk; Hackman, Lucas Cunha, Rúben Fernandes, H. Gomes; Vítor Carvalho, Pedro Tiba; Villodres, Kanya, Boselli; Fran Navarro

Atenção a: Fran Navarro, Juan Manuel Boselli, Pedro Tiba, Stanislav Kritciuk, Kanya Fujimoto

 VIT. GUIMARÃES (6)

    Um começo de época em Portugal sem um pouco de drama em Guimarães não seria um começo normal. A cidade-berço, terra de uma das massas de adeptos mais apaixonadas e exigentes do futebol português, pensava que teria os destinos da equipa novamente nas mãos de Pepa, mas o técnico acabou por bater com a porta quando a pré-época dos vitorianos já seguia com três semanas de trabalho.
    O Vitória perdeu um óptimo treinador e o presidente António Miguel Cardoso optou por Moreno, homem da casa mas uma absoluta incógnita na sua valia para este patamar competitivo.
    Assumindo (podemos estar a ser muito injustos) que poderá estar aqui uma das chicotadas psicológicas da temporada, não é difícil imaginar treinadores interessados em orientar este plantel, mesmo tendo em conta a pressão e parca tolerância que existe para o homem do leme no Minho.
    Nesta versão sem Rochinha, Estupiñán, Bruno Duarte, Rafa Soares ou Quaresma, parece mais ou menos simples imaginar o 11 base. Miguel Maga e Ogawa são dois laterais bem interessantes, Mumin (no dia em que melhorar a sua concentração será um super central) beneficiará de ser emparelhado com Mikel e não com Jorge Fernandes, e no miolo falta perceber se André Almeida fica ou se reforça um dos grandes. Alfa Semedo tem que ser mais prudente nas abordagens de forma a evitar tantos cartões, Tiago Silva e Lameiras devem obrigar-se a mais, Anderson Oliveira é um fenómeno como suplente utilizado, André Silva quererá marcar no D. Afonso Henriques os golaços que marcava em Arouca, e Jota Silva tudo fará para, com golos e muita objectividade e acutilância, passar de "Grealish de Pina Manique" para Grealish vitoriano.

Treinador: Moreno
Onze-Base (4-3-3): Bruno Varela; M. Maga, Mikel Villanueva, Mumin, Ogawa; Alfa Semedo, André Almeida, Tiago Silva; Lameiras, Jota Silva, André Silva

Atenção a: Jota Silva, André Almeida, André Silva, Tiago Silva, Miguel Maga

 SANTA CLARA (7)

    Coleccionador de treinadores em 21-22, o Santa Clara reúne todos os ingredientes para viver uma temporada bem mais calma, com Mário Silva como timoneiro da 1.ª à 34.ª jornada.
    Os açorianos têm um plantel recheado de qualidade, mesmo depois de perder Lincoln para o Fenerbahçe e Morita para o Sporting, e embora os apontemos ao repetido 7.º lugar, não nos chocará tanto um quinto lugar como um décimo, pertencendo o Santa Clara a um leque de equipas bastante nivelado.
    Nos Açores mantêm-se Ricardinho, Tagawa e Allano, três jogadores que fazem a diferença, e entre os reforços há um pouco de tudo. O clube mostrou estar atento ao Campeonato de Portugal (Martim Maia e Tomás Domingos), conseguiu assegurar craques brasileiros como tão bem sabe fazer (Rildo e Victor Bobsin) e, numa das movimentações mais improváveis do defeso em Portugal, "sacou" Xavi Quintillà, lateral esquerdo que há pouco tempo jogava com regularidade no Villarreal.
    Em suma, Mário Silva perdeu os 2 melhores jogadores mas terá hoje possivelmente um conjunto mais amplo de boas soluções. 

Treinador: Mário Silva
Onze-Base (4-2-3-1): Marco; Sagna, Tassano, Boateng, Xavi Quintillà; Victor Bobsin (Rúben Oliveira), Anderson Carvalho; Allano (Ó. Barreto), Ricardinho, Rildo; Tagawa

Atenção a: Ricardinho, Rildo, Kyosuke Tagawa, Xavi Quintillà, Victor Bobsin

 ESTORIL (8)

    O estranho caso do Estoril Praia aconteceu já com a época formalmente iniciada. Bruno Pinheiro abandonou o barco num timing que pode ter custado aos canarinhos entregar a pasta ao melhor match para a visão global do projecto do clube, que tão bem trabalha a ligação da formação aos Sub-23 e dos Sub-23 ao plantel principal. Vasco Botelho da Costa teria merecido a oportunidade, mas Bruno Pinheiro saiu dias depois do ex-técnico dos Sub-23 ser oficializado no União de Leiria.
    Com tudo isto, ganhou Nélson Veríssimo. O pontual treinador interino do Benfica, que acabou as temporadas de 19-20 e de 21-22 a fazer de Lage e Jesus mediante os insucessos destes, é uma escolha que faz sentido dado o seu trabalho com muitos jogadores jovens no Benfica B. Há uns meses, Veríssimo estava em Anfield a disputar os quartos da Champions...
    Gamboa, Ferraresi, Mboula e Rui Fonte são algumas das caras que não transitam para esta época, sendo porém incomparável a falta que a equipa sentirá do mágico André Franco, contratado pelo FC Porto.
    Léa-Siliki foi o reforço mais surpreendente num recrutamento que se focou em identificar jovens promessas do futebol português - Gonçalo Esteves foi emprestado pelo Sporting, tendo ainda que ganhar o lugar a Tiago Santos, e Tiago Gouveia abraçará este empréstimo com a determinação de quem quer entrar nas contas de Roger Schmidt em 23-24. Além de apostas estrangeiras (Alejandro Marqués foi formado em La Masia) e da confiança demonstrada nos melhores dos Sub-23 (Serginho vale o bilhete), importa destacar em particular Rodrigo Martins. O novo camisola 7 mostrou no Mafra que tem muito futebol nos pés e, com ele e Tiago Gouveia ligados, este Estoril tem tudo para escrever mais uma bonita página.

Treinador: Nélson Veríssimo
Onze-Base (4-3-3): Dani Figueira; Tiago Santos (G. Esteves), B. Vital, Pedro Álvaro, Joãozinho (T. Araújo); Léa-Siliki, Rosier, F. Geraldes (Serginho); Rodrigo Martins, Tiago Gouveia, A. Marqués (João Carlos)

Atenção a: Tiago Gouveia, Rodrigo Martins, Alejandro Marqués, Léa-Siliki, Serginho

 MARÍTIMO (9)

    Vasco Seabra é um dos treinadores da moda em Portugal. Com boa imprensa desde que fez por merecê-la no Mafra, o técnico de apenas 38 anos conseguiu finalmente em 21-22 ver certificada a sua capacidade na I Liga. O Marítimo foi 10.º mas podia ter sido facilmente 7.º, tendo sido das equipas com diferença de golos negativa (ou seja, todas além do Top-6) a mais equilibrada.
    Esta época não há Alipour e Guitane, mas o que nos preocupa é mesmo a saída do guardião Paulo Victor. O Al-Ettifaq levou um dos guarda-redes mais influentes no trajecto da sua equipa no último campeonato. Conseguirão Miguel Silva ou Trmal apresentar o mesmo nível? Temos dúvidas.
    Com um problema de golos por resolver - não pode ser só Joel Tagueu a marcar, impondo-se rendimento instantâneo da coqueluche Pablo Moreno e maior produção do trio Xadas, André Vidigal e Beltrame - aquilo que nos faz confiar bastante neste Marítimo é mesmo o quarteto defensivo. Vasco Seabra será um dos poucos treinadores em 22-23 a poder repetir de forma integral Cláudio Winck, Matheus Costa, Zainadine e Vitor Costa, sabendo-se à priori que os 4 formam um sector capaz de impor respeito e fechar as portas da baliza.
    A Europa pode ser mais do que um sonho com 1 ou 2 reforços de peso, e o médio defensivo do Benfica, Rafael Brito, parece ter nos insulares o ecossistema perfeito para crescer muito.

Treinador: Vasco Seabra
Onze-Base (4-3-3): Miguel Silva; C. Winck, Matheus Costa, Zainadine, Vítor Costa; Rafael Brito, João Afonso, Beltrame; Xadas, André Vidigal (P. Moreno), Joel Tagueu

Atenção a: Joel Tagueu, Matheus Costa, Bruno Xadas, Rafael Brito, Vítor Costa

 CASA PIA (10)
    Chamem-nos loucos mas sim, antecipamos que o Casa Pia, equipa que não aparecia no escalão máximo do futebol português há 83 (!) anos, pode ser um forte candidato a equipa-sensação da Liga Bwin 2022/ 23. O BSAD desceu, mas Lisboa mantém um terceiro representante.
    Todos os sinais apontam num bom caminho. Os gansos ficaram em 2.º na Liga 2, atrás do Rio Ave, mas logo aí impressionou o excelente registo defensivo (apenas 22 golos sofridos em 34 jogos). O clube de Pina Manique tem Diogo Boa Alma como director desportivo, algo que se nota pela visão de mercado demonstrada nas aquisições, esperando-se que os casapianos mimetizem o fantástico scouting que o Santa Clara apresentou enquanto contou com os serviços de Boa Alma.
    Ao factor Boa Alma e à defesa assertiva junta-se uma ideia de jogo bem afinada por Filipe Martins (caso se confirmem as nossas suspeitas, poderá andar pelas listas de candidatos a Treinador do Ano na hora de fazer balanços e premiar os melhores), um 3-4-2-1 com toques do actual Sporting.
    O clube onde se estreou Rúben Amorim, à época como treinador estagiário, perdeu o Grealish de Pina Manique, Jota Silva, para o Vit. Guimarães, mas garantiu Diogo Pinto, um dos craques mais especiais da Liga 2 encantando no Estrela da Amadora. Além do médio goleador, muita atenção ao nipónico Takahiro Kunimoto, um esquerdino que tentará seguir os passos de Nakajima, Morita ou Kanya.
    Mas talvez mais importante do que estes reforços tecnicistas é a matéria-prima que Filipe Martins já tinha dentro de casa. Será bom rever Ricardo Batista, será muito complicado para a generalidade das equipas combater com o duo de meio-campo Afonso Taira-Ângelo Neto, e depois há Leonardo Lelo e Saviour Godwin. O ala esquerdo dificilmente continuará no Casa Pia em 23-24, esperando-se golos acima da média para a sua posição, muita integração no ataque e muita qualidade nas bolas paradas. Quanto ao irrequieto nigeriano, será desafiado a mostrar na Primeira Liga que consegue reproduzir o vendaval de futebol vertical que caracterizou o seu passado recente no escalão secundário.

Treinador: Filipe Martins
Onze-Base (3-4-2-1): Ricardo Batista; João Nunes, Varela, Zolotic; Lucas Soares, Ângelo Neto, Afonso Taira, Lelo; Diogo Pinto (Kunimoto), Godwin; Rafael Martins (Antoine)

Atenção a: Saviour Godwin, Diogo Pinto, Leonardo Lelo, Takahiro Kunimoto, Afonso Taira

 PAÇOS FERREIRA (11)

    Numa temporada em que César Peixoto pode começar a ser visto como um dos bons valores dos bancos portugueses (as ideias estão lá e a comunicação melhora a cada vez que o ouvimos), o Paços de Ferreira deverá andar longe da zona dos aflitos, mas o plantel curto pode tornar-se impeditivo de um sonho com lugares europeus (prevemos uma classificação entre o 9.º e o 14.º lugares).
    Equipa de futebol com personalidade e impressão digital própria, o emblema da Mata Real promete ser forte em casa e seguramente vários jogadores ganharão mercado, não sendo de afastar alguma saída logo em Janeiro. Num comparativo com a última época, vemos que já não estão André Ferreira (um dos melhores guarda-redes da Liga em 21-22, merecia um destino superior ao Granada), os centrais Maracás e Baixinho, o médio Nuno Santos (rumou à MLS), o extremo Hélder Ferreira e o avançado Denilson Jr.
    Com uma prospecção fora da caixa, o Paços procura colmatar estas ausências com Jordan Holsgrove (médio canhoto formado no Reading e que já esteve no Celta), Nigel Thomas (extremo das escolas do PSV), perfilando-se o dianteiro brasileiro Arthur Sales, esquerdino de apenas 20 anos emprestado pelos belgas do Lommel SK (clube com ligação ao City Group) como um dos avançados a seguir nesta Bwin. Além destas novidades, a partida de André Ferreira já estava acautelada com o regresso de lesão de Jordi, e no coração da defesa esta pode ser a época de afirmação de Nuno Lima. Esperamos maior regularidade exibicional do talentoso Lucas Silva, e muito perfume de Nico Gaitán, desta feita com o número 10 nas suas costas.

Treinador: César Peixoto
Onze-Base (4-2-3-1): Jordi; F. Fonseca (Juan Delgado), Nuno Lima, Tiago Ilori, Antunes; Luiz Carlos, Rui Pires; Lucas Silva, Gaitán, Nigel Thomas; Arthur Sales

Atenção a: Arthur Sales, Nigel Thomas, Jordi, Nuno Lima, Nico Gaitán

 FAMALICÃO (12)

    Em sexto, em nono e em oitavo. Assim terminou o Famalicão os 3 campeonatos desde que subiu, sendo justo ter presente que o 8.º lugar de 21-22 foi bastante mentiroso - os famalicenses subiram muito na tabela com 3 vitórias nos 3 jogos finais, fechando a época com num oitavo lugar com 39 pontos, mas apenas com mais 1 ponto do que o 13.º Portimonense.
    Rui Pedro Silva, emancipado ex-adjunto de Nuno Espírito Santo, mantém-se ao comando da equipa, e a continuidade no projecto de Ivo Rodrigues, Iván Jaime e Gustavo Assunção são óptimas notícias. As saídas foram várias (Pickel, João Carlos Teixeira, Bruno Rodrigues, Adrián Marín e, sobretudo, Simon Banza), recebendo RPS os laterais Aguirregabiria e Owen Beck (formado no Liverpool) e o experiente André Simões (7 épocas na Grécia ao serviço do AEK), ficando o papel de referência ofensiva a ser disputado entre Álex Millán (emprestado pelo Villarreal), Rui Fonte e Cádiz.
    Sempre de olho num bom empréstimo, é possível que o Famalicão ainda mexa aqui e ali até ao final do mercado, sem esquecer que Luiz Júnior é juntamente com Samuel Portugal um dos principais candidatos a herdar a vaga de Marchesín no Dragão.

Treinador: Rui Pedro Silva
Onze-Base (3-4-3): Luiz Júnior; A. Penetra, Riccieli, Batubinsika; Aguirregabiria, Gustavo Assunção, André Simões, Beck; Ivo Rodrigues, Iván Jaime, Á. Millán (Rui Fonte, Cádiz)

Atenção a: Ivo Rodrigues, André Simões, Gustavo Assunção, Iván Jaime, Álex Millán

 PORTIMONENSE (13)

    Entre os 18 treinadores da Liga Bwin, Paulo Sérgio é o terceiro há mais tempo no cargo, apenas batido por Álvaro Pacheco e Sérgio Conceição. Portimão tem-se habituado a ter craques no plano ofensivo, mas em termos de tabela desde que os alvinegros subiram em 2017 a melhor classificação foi um 10.º lugar.
    O plantel continuará a impressionar no físico com o posicionamento de Willyan a ditar se o ponto de partida táctico será um 4-3-3 ou um esquema com três centrais. Pela positiva, o Portimonense manteve praticamente todos os jogadores, exceptuando o colombiano Iván Angulo. Samuel Portugal (um dos guarda-redes mais consistentes no actual panorama nacional) ainda pode sair para o FC Porto, um negócio que em contrapartida pode permitir prolongar a ligação de Nakajima ao único clube português onde alguma vez foi feliz.
    Com equipa para realizar uma época tranquila, este Portimonense tem em Filipe Relvas um dos centrais jovens mais interessantes a despontar em solo nacional, Moufi é extremamente fiável e Seck foi pescado no Leixões para tentar estar ao nível do que Fali Candé apresentou na 1.ª metade de 21-22. No ataque, são vários os nomes já conhecidos, mas a história a seguir será Yago Cariello. O possante avançado brasileiro, camisola 91, mudou-se da Liga 3 (União de Santarém, concretamente) para o Algarve, e pode ser uma descoberta na linha de Beto, igualmente recrutado com bom scouting nas divisões secundárias quando representava o Olímpico do Montijo.

Treinador: Paulo Sérgio
Onze-Base (4-3-3): Samuel Portugal; Moufi, Pedrão, Filipe Relvas, Seck; Willyan, Ewerton, Carlinhos; Anderson Oliveira, Fabrício (Welinton Jr.), Yago Cariello (Aponzá)

Atenção a: Yago Cariello, Filipe Relvas, Willyan, Ewerton, Seck

 BOAVISTA (14)

    O clube da pantera negra inicia a época com um revés: Petit não deverá contar com os reforços na 1.ª jornada por problemas relativos às suas inscrições. O momento do clube do Bessa podia ser melhor, mas Petit sabe o que faz e os axadrezados conseguiram reagir às saídas de peso: além de Gustavo Sauer, que já não contou nas últimas 6 jornadas de 21-22 ao ser chamado por Luís Castro para alinhar no Botafogo, o central de enormíssimo potencial Jackson Porozo rumou à Ligue 1, e para o Benfica viajaram Javi García (terminou a carreira, iniciando-se na vida de adjunto) e Petar Musa, o goleador do Boavista na época anterior e aquele que era para Petit o ponta de lança mais forte em Portugal a jogar de costas para a baliza.
    A continuidade de Makouta e Hamache é algo surpreendente, tendo todo o ar de jogadores com bastante mercado, e embora tenha chegado César, aos 41 anos Rafael Bracali continua até prova em contrário dono e senhor da baliza. Abascal deve ter desta vez a companhia de Sasso (de regresso ao futebol português) e Robson (central imponente de 22 anos e 1,95m) no centro da defesa a três, podendo Petit manter em princípio Cannon-Seba-Makouta-Hamache. Gorré é um dos elementos diferenciados, Bruno Lourenço chegou para competir com Agra e Yusupha por uma vaga no ataque, e muitas fichas estarão depositadas no internacional eslovaco Róbert Bozeník, o homem que tem nos ombros a responsabilidade de fazer esquecer Musa.

Treinador: Petit
Onze-Base (3-4-3): Bracali (César); Sasso, Robson, Abascal; Cannon, Seba Pérez, Makouta, Hamache; Gorré, Bruno Lourenço (Salvador Agra), Bozeník

Atenção: Róbert Bozeník, Gaius Makouta, Kenji Gorré, Yanis Hamache, Robson

 VIZELA (15)

    Depois de um intervalo de 36 anos, o Vizela não defraudou o seu público e sobreviveu ao teste de fogo na I Liga. Após o 14.º lugar de 21-22 acreditamos que os vizelenses realizem uma época semelhante, vendo-se novamente envolvidos na luta pela manutenção até às jornadas finais.
    Entre os clubes que apontamos à cauda da tabela, o Vizela é um dos que conseguiu segurar grande parte dos jogadores, perspetivando-se essencial essa estabilidade. Dos 10 jogadores mais utilizados por Álvaro Pacheco (emblemática boina) na última edição, 7 permanecem. A mais recente saída foi a do avançado Cassiano para a Arábia Saudita, movimento acautelado com a negociação do montenegrino Milutin Osmajic.
    Além da potencial troca na frente de ataque, Diego Rosa (médio defensivo emprestado pelo Manchester City) é dos reforços aquele que com maior facilidade deve entrar no onze. Jogadores como Samu, Alex Méndez ou Nuno Moreira (sentimos que está a um clique de se tornar destaque semanal deste Vizela) continuam todos, surpreendendo sobretudo a continuidade do mágico Kiko Bondoso, um artista que merecia ter dado o salto para um Gil Vicente, Vitória ou mesmo Braga. O 10 natural de Moimenta da Beira segue no emblema que representa desde 2019 e o Vizela agradece, pedindo-se ao extremo direito uma produção superior aos 6 golos e 4 assistências de 21-22.

Treinador: Álvaro Pacheco
Onze-Base (4-3-3): Pedro Silva; Koffi, Ivanildo Fernandes, Bruno Wilson, Kiki Afonso; Diego Rosa, Samu, A. Méndez; Kiko Bondoso, Nuno Moreira, Osmajic

Atenção a: Kiko Bondoso, Diego Rosa, Alex Méndez, Nuno Moreira, Koffi

 RIO AVE (16)
    Presença constante na 1.ª Liga entre 2008 e 2021, o Rio Ave não caiu numa espiral negativa e reagiu imediatamente à descida de patamar: os vilacondenses foram campeões da Liga 2 com 70 pontos, deixando ainda excelentes indicações na Taça de Portugal, sobrevivendo até aos quartos-de-final após tombar equipas da Bwin como o Boavista e o BSAD.
    Luís Freire é um dos treinadores que merece mais atenção nesta Liga, sendo particularmente importante os adeptos em Vila do Conde compreenderem que, a não ser que assinem 2 ou 3 super-reforços até ao fim de Agosto, este Rio Ave que há poucos anos flutuava entre o 5.º e o 7.º lugares, neste momento e com as actuais condições terá como objectivo primordial não descer, realizando uma campanha o mais tranquila possível.
    O Estádio dos Arcos pedirá a Yakubu Aziz (a sua qualidade a explorar a profundidade pode fazer estragos) que replique os golos que coleccionou no segundo escalão ao serviço de Rio Ave e Estoril, e além do regresso à primeira fila do inolvidável sentido de humor de Ukra, a promoção do Rio Ave permitirá aos adeptos voltarem a apaixonar-se por Guga Rodrigues, MVP da Liga 2.
    Jhonatan deve continuar a merecer a confiança, com Miguel Nóbrega e Patrick William, Freire passará a ter 4 boas opções para duas posições, e embora João Ferreira (jogou no Rio Ave em tenra idade) seja um activo cotado, gostaríamos de ver Costinha a manter a pole position a lateral direito.
    Vitor Gomes é sinónimo de experiência, e a sua história mescla-se com a do clube; Joca, um tecnicista de baixo centro de gravidade, está finalmente pronto para este patamar competitivo, e com 1 ou 2 extremos capazes de fazer a diferença rapidamente passaríamos este Rio Ave para uns lugares acima. 

Treinador: Luís Freire
Onze-Base (4-3-3): Jhonatan; Costinha, Aderllan Santos, R. Pantalon, Pedro Amaral; Vítor Gomes, Guga, Joca; Zé Manuel, André Pereira, Yakubu Aziz

Atenção a: Guga, Yakubu Aziz, Costinha, Renato Pantalon, Joca

 AROUCA (17)

    Na nossa antevisão da temporada passada apontámos o então recém-promovido Arouca ao último lugar. O clube de Aveiro acabou em 15.º, a dois pontos do antepenúltimo Moreirense, tendo para isso contribuído bastante a firmeza de não deixar cair Armando Evangelista quando seria fácil tê-lo feito. Ora, 12 meses depois, voltamos a condenar o Arouca à descida. Apenas e só pela avaliação do seu plantel. Nada impede os arouquenses, o clube da família Pinho, de voltarem a ser overachievers.
    As saídas de Thales (4 épocas no clube), Leandro Silva e Victor Braga terão o seu peso, mas nenhuma perda se compara à transferência de André Silva para o Vit. Guimarães. O avançado foi o abono de família, decisivo na segunda volta e autor de alguns golaços, parecendo faltar no elenco actual alguém capaz de brilhar com a mesma intensidade.
    Evangelista poderá manter o esqueleto do seu 4-3-3 e a defesa, com João Basso como comandante, é um dos pontos fortes da equipa. Vitinho é novidade no meio-campo, bem como o ex-Celtic Ismaila Soro, e na frente Bukia e Arsénio são algo irregulares, mas Antony e o palestiniano Dabbagh são boa matéria-prima para o treinador. Confessamos que não conhecemos o ponta de lança espanhol Rafa Mújica, mas o ex-Las Palmas tem boa escola e, depois de Mario González e Fran Navarro, faz sentido que os clubes portugueses pesquem avançados nas divisões secundárias espanholas.

Treinador: Armando Evangelista
Onze-Base (4-3-3): de Arruabarrena; Tiago Esgaio, João Basso, Galovic, M. Quaresma; Vitinho (Busquets), David Simão, Alan Ruiz; Bukia, Antony (Arsénio), Dabbagh

Atenção a: André Bukia, João Basso, Antony, Tiago Esgaio, David Simão


 DESP. CHAVES (18)
    O Desportivo de Chaves foi a última equipa a carimbar o bilhete para esta edição da Liga Bwin. Os flavienses fizeram 3.º lugar na Liga 2 SABSEG, garantindo a subida no playoff de promoção/ despromoção contra o Moreirense. Em boa verdade, a equipa treinada por Vítor Campelos é aquela que tem menos obrigações de permanecer neste escalão.
    De uma forma geral, a base de 21-22 continua lá, fazendo falta nomeadamente Luís Rocha (o 5.º mais utilizado na época passada reforçou o Moreirense) e Wellington (oportunidade no Qatar). Claro que a saída mais custosa será a do fabuloso defesa central Alexsandro. O gigante brasileiro tinha condições para ser um dos melhores centrais desta Liga Bwin, mas Paulo Fonseca não quis esperar e recrutou-o por 2 milhões de euros para o Lille.
    Constituir uma nova dupla de centrais (Steven Vitória e Nélson Monte parecem partir na frente) é um dos desafios, servindo o arranque de campeonato para perceber se o esloveno Frelih, emprestado pelo Gil Vicente, rouba a baliza a Paulo Vítor. João Correia e Sandro Cruz serão garantia de pilhas Duracell e muitas tentativas de superioridade numérica nos corredores, e João Teixeira (camisola 10) é o capitão e maestro da equipa, hoje com 28 anos e prestes a iniciar a quinta época no clube, ele que já estava no Chaves quando o clube desceu em 18-19. À frente parece-nos haver ainda margem para reforços, quiçá por empréstimo, mas gostamos de João Batxi.
    As expectativas não são altas, pelo que uma escapatória à descida seria um tremendo feito. 

Treinador: Vítor Campelos
Onze-Base (4-3-3): Paulo Vítor; João Correia, Steven Vitória, Nélson Monte, Sandro Cruz (Bruno Langa); Kevin Pina, Obiora (João Mendes), João Teixeira; Batxi, Juninho, Patrick

Atenção a: João Teixeira, João Batxi, Sandro Cruz, João Correia, Kevin Pina

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