Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

30 de maio de 2014

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Portugal)

    Chegámos ao fim da rubrica «Os Nosso 23» e acabamos em grande. Que Selecção - entre 10 escolhidas - poderia culminar melhor esta nossa rubrica que a nossa Lusa?
    Tivemos um apuramento atribulado - como é hábito - e acabámos por perder a entrada directa no Campeonato do Mundo para a Rússia por 2 pontos. Vacilámos sobretudo nos encontros contra Israel e contra a Irlanda do Norte, em território luso, em que a vitória era imperial. Fomos obrigados a ir a Play-Off e acabámos por ter um duelo Ronaldo-Ibrahimovic, que acabou por o ser literalmente nas duas partidas (já que no agregado de 4-2, foram 4 de Ronaldo e 2 de Zlatan).
    Seguiu-se o sorteio e poderia ter sido menos complicado, é verdade. Ainda assim, temos capacidade suficiente para superar a melhor selecção africana (Gana), de ultrapassar uma selecção em crescendo (EUA) e até de surpreender a poderosa Alemanha como aconteceu no Euro 2000, numa vitória épica de 3-0 com 3 golos de Sérgio Conceição.
    A nossa lista de convocados é algo diferente da de Paulo Bento. Defendemos a integração de alguns jogadores que já têm merecido a chamada à Selecção, mas que não estão a ter oportunidade por causa dos tão falados "lugares cativos". Se jogador "X" não é chamado porque não possui experiência, nunca será chamado certamente. Alguns destes jogadores já deveriam ter sido chamados para os encontros particulares, mas a insistência em alguns jogadores sem sentido actualmente têm tapado os seus caminhos para a Selecção. Assim sendo, que nem uns justiceiros, aqui ficam os nossos 23 guerreiros que levaríamos para o Brasil:


A Convocatória


    Para a baliza simplesmente não levámos Eduardo. Fazendo uma das piores épocas de sempre, Eduardo - embora mereça todo o nosso respeito - não merece estar nos 23. Apesar de ser para 3º guarda-redes e de se tratar mais de premiar um jogador, Ricardo - guarda-redes da Académica - merece muito mais a chamada pela esplêndida temporada que fez ao serviço dos estudantes que culminou numa transferência para o Porto. Beto que tanto ajudou o Sevilha na Liga Europa até à final - onde esteve uns passos à frente de Oblak (literalmente) - é o justo guarda-redes suplente e Rui Patrício - que fez uma época consistente, mas não deslumbrante - agarra a titularidade com naturalidade.


    No que toca ao sector defensivo, concordamos com Paulo Bento em levar apenas 7 defesas, levando um lateral polivalente. Na impossibilidade de levar Sílvio pela grave e infeliz lesão que contraiu, também apostamos em levar André Almeida, já que cobre tanto o lado direito, como o lado esquerdo e até pode jogar no miolo. Um defesa com características mais defensivas e com uma inerente polivalência fazem assim com que Cédric fique na nossa lista de contenção. Titulares indiscutíveis temos João Pereira - época consistente no Valência - e Fábio Coentrão que conquistou mais minutos na segunda metade do campeonato e exibindo-se a grande nível na fase final da época.
    Quanto aos centrais, 3 tinham de estar no Brasil sem quaisquer dúvidas e só apenas 2 foram chamados por Paulo Bento. Pepe é o comandante defensivo onde espalhou a sua qualidade no Real Madrid com uma entrega total ao jogo deixando tudo em cada lance que disputava. Bruno Alves teve uma época consistente nos turcos do Fenerbahçe e acaba por formar uma boa dupla com Pepe na Selecção. Depois temos José Fonte. O central português esteve em grande no Southampton e - juntamente com Lovren - formou a 6ª defesa menos batida da Premier League. Nuclear no sector defensivo dos Saints e poderosíssimo no jogo aéreo, Fonte ainda ajudou a sua equipa com 3 golos. A sua chamada era importante e mais que justa, face à escassez de qualidade defensiva em Portugal. A nossa última escolha não foi assim tão fácil. Optámos por levar Neto, pelo bom fim de época que protagonizou no Zenit e por já possuir algum traquejo internacional. Ainda assim, Paulo Oliveira, recentemente adquirido pelo Sporting, seria um jogador em que também confiaríamos. Boa época do central ex-vimaranense a mostrar todo o seu valor ao longo da época, despertando a cobiça de alguns clubes, mas com o Sporting a antecipar-se - e muito bem - a todos eles.


    Chegando ao miolo, decidimos levar 8 médios sendo que alguns são polivalentes e podem jogar ou a extremo ou até fazer de avançado móvel. Neste último caso fazemos referência a Danny. O jogador do Zenit - mesmo com algumas paragens por lesão - foi um dos melhores jogadores do clube russo e um dos melhores jogadores portugueses da actualidade. A sua não chamada à Selecção prende-se - muito provavelmente - com factores pessoais,  mas para nós é extremamente importante a sua presença nos 23. Rafa é outra das nossas apostas - tal como foi de Paulo Bento - para incutir sangue novo à Selecção Nacional e é uma chamada merecida por tudo o que fez no SC Braga melhorando a sua qualidade de jogo. Teve uma lesão perto do fim da temporada que evitou que acabasse a época em grande, mas ainda assim merece a chamada por se tratar de um grande jogador e por ser polivalente. João Moutinho, apesar de não se ter destacado assim tanto no Mónaco, é um dos médios mais completos do mundo e será importantíssimo em todos os jogos disputados pela selecção das quinas. Raúl Meireles - o viking português - é um jogador que já não caminha para novo e muito provavelmente fará o seu último mundial. Apesar de não estar na forma de outros anos, Raúl é sempre um jogador importante na Selecção. A sua inteligência e astúcia em campo são uma mais-valia e o facto de ser experiente na Selecção pode ser importante. Não optando por levar Miguel Veloso ao país irmão, confiamos o sector mais recuado do miolo a William Carvalho e Rúben Amorim. O jogador do Sporting foi o melhor jogador português da Liga Zon Sagres. Dada a sua juventude, é incrível a serenidade que apresenta numa das posições mais difíceis em campo. Boa visão de jogo - pensando sempre muito rápido - e a isto tudo soma ainda uma grande disponibilidade física e uma grande dimensão também ela física - importante quer na pressão aos adversários, quer na disputa de bolas aéreas. Por outro lado temos Rúben. Que apesar não ter o físico de William, este ano foi um jogador muito importante no futebol do Benfica. O número 6 dos encarnados mostrou uma visão de jogo do outro mundo e uma técnica excelente para quem joga em terrenos mais recuados. A sua disponibilidade em jogar a lateral e em qualquer posição do meio campo são uma mais-valia no jogo luso. Por fim, levaríamos dois jogadores extremamente injustiçados com esta não chamada de Paulo Bento - Adrien e Tiago. O médio do Sporting foi crucial no meio campo do Sporting onde demonstrou toda a sua qualidade em campo nos jogos dos leões, principalmente na recta final da Liga. O facto de não ter sido chamado é algo incompreensível já que até poderia ser um jogador a lutar pela titularidade. E Tiago é outro jogador que também poderia estar a lutar pela titularidade. O médio do Atlético renunciou à Selecção, mas este ano deixou bem claro que as razões do seu abandono já não se encontravam na Federação. Assim sendo, o seu regresso estava pendente por uma conversa entre Paulo Bento e o próprio. Mas como tem vindo dado a entender durante todos estes anos, as relações humanas não são o forte do seleccionador português e quem sofre com isso é a nossa selecção que perde assim a hipótese de acrescentar maior qualidade ao plantel. Tiago foi importantíssimo na época brilhante do Atlético de Madrid ao ser uma voz de comando no balneário e a mostrar toda a sua classe no drible e nos passes. Perde-se assim inteligência em campo e qualidade técnica. Na nossa lista de contenção ficou André Gomes.


    Por fim, chegando aos avançados, temos o melhor jogador do mundo. Cristiano Ronaldo está a fazer uma época fantástica com a conquista da Liga dos Campeões e com a vitória da Bola de Ouro. Cristiano - como ser insaciável que é - parte lançado para a conquista do Campeonato do Mundo. Neste momento está bem à frente de Leonel Messi na corrida para ganhar a próxima Bola de Ouro, mas se o argentino vence a copa, as contas complicam-se um pouco... Também concordamos com Paulo Bento na chamada de Nani. O jogador do Manchester United não deixou de ser o segundo melhor jogador português e - tal como Bento referiu - se Quaresma conseguiu subir de forma em dois meses no Porto, porque é que o mesmo não se pode suceder com Nani? O ainda red devil corre por fora no que toca à titularidade, mas poderia ganhá-la com naturalidade no decorrer da prova. Candeias, o melhor assistente da Liga Zon Sagres, justifica a nossa confiança. Rápido, grande técnica e uma entrega ao jogo apaixonante são elementos que nos despertam a atenção e que fazem prevalecer sobre a má época de Varela e sobre a dúvida que ainda persiste em nós do que Bebé é capaz de fazer em competições de alto nível. Infelizmente não sabemos se Bruma seria um elemento chave nesta Selecção. A sua lesão que o afastou desde bem cedo da competição esta época, impediu o jogador de mostrar o que vale e de provar que merecia ir ao Brasil.
    Chegando finalmente aos ponta-de-lança, não temos nem Postiga, nem Hugo Almeida. Temos Edinho e Éder. Éder teve uma época complicada derivado a lesões e só conseguiu voltar a jogar a bom nível no fim da mesma. Mas o que mostrou foi suficiente bom para ultrapassar as qualidades - que só Paulo consegue ver - de Almeida e Postiga. Podem pensar que somos uns verdadeiros "babacas" por levar Edinho ao Mundial. Mas a verdade é que não somos mais loucos que Paulo Bento. Hugo Almeida fez 13 golos em 31 jogos pelo Besiktas, 3º classificado da Liga Turca. Pois bem... Edinho transferiu-se no mercado de inverno para o Kayseri Erciyesspor - 15º classificado Turco - e fez 11 golos (quase tantos como Almeida) em apenas 15 jogos. Com a falta gritante de qualidade ofensiva no que toca ao ponta-de-lança, Edinho com os seus números impressionantes (embora num campeonato menos competitivo), é a nossa escolha em detrimento de Nélson Oliveira que protagonizou uma época irregular ao serviço do Rennes e fica assim na nossa lista de contenção.

O Onze

    No que toca ao nosso onze inicial, nada é mais simples. A baliza é guardada por Rui Patrício e pelo quarteto defensivo de Paulo Bento: alas compostas por João Pereira e Fábio Coentrão e o centro da defesa por Pepe e Bruno Alves.
    A trinco a titularidade é garantida para William Carvalho que será o porto-seguro do miolo. À sua frente colocaríamos Adrien ou Tiago - dependendo dos jogos em questão - e Moutinho como construtor de jogo avançado. 
    O nosso tridente ofensivo é composto pelo capitão Cristiano Ronaldo que será a peça mais importante desta equipa, por Danny ou Candeias - numa luta saudável pelo lado direito do ataque, sendo que Nani correria por fora nesta luta -  e por Éder. O avançado bracarense seria a nossa principal referência ofensiva devido à sua técnica, velocidade, remate fácil e altura. 

    Chegamos então ao fim desta rubrica que tanto gozo nos deu fazer e brevemente iremos passar a pente fino todos os grupos do Mundial 2014. Fiquem atentos às novidades!

28 de maio de 2014

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Inglaterra)

    Depois de termos dado um saltinho à América do Sul voltamos à Europa para não mais sair dela. A penúltima selecção escolhida por nós é a que - para nós - reúne um dos melhores grupos de jogadores a nível qualitativo. A Inglaterra mostrou na qualificação ter um ataque demolidor ficando apenas atrás da Alemanha e da Holanda em número de golos marcados. Travou uma batalha complicada no apuramento com a Ucrânia, mas não perdeu nenhum embate cedendo apenas 8 pontos em 4 empates. 
    O conjunto das Terras de Sua Majestade está integrado no grupo D - o denominado grupo da morte. Vai ter que se apresentar na plenitude das suas capacidades para abalroar a concorrência. Terá que ser mais forte que Suarez e companhia e que os astutos italianos e ainda não vacilar perante a Costa Rica - que certamente quererá estragar a festa a um tubarão para sair com orgulho da prova, já que corre por fora. No total, são 5 as nossas diferenças perante a lista de Roy Hodgson. Na nossa opinião damos mais justiça à convocatória inglesa, embora contrariamente a outros seleccionadores possamos dizer que Hodgson premiou o factor rendimento ao longo da época, para além de beneficiar do facto de ter indo introduzindo alguns elementos (arriscando merecidamente em alguns jogadores bastante jovens) ao longo da qualificação. Aqui ficam os nossos 23:


A Convocatória


    Na baliza surge logo a primeira alteração. Para Hodgson, Ruddy do Norwich City ficou em contenção preferindo levar consigo Foster do West Brom. Ruddy foi um dos melhores guardiões ingleses na Premier League, mesmo com a descida de divisão do clube inglês e por isso não poderíamos deixá-lo de fora. Contudo, seria o nosso terceiro guardião já que a baliza está entregue a Joe Hart. Apesar de não ter tido uma época brilhante como outras, é dono e senhor do seu lugar. Forster do Celtic é a nossa segunda escolha. Muito constante nas suas exibições e bastante seguro.


    No sector defensivo as mudanças são um pouco mais. No lado esquerdo é impossível haverem dúvidas. Baines e Shaw foram esta época os dois melhores laterais esquerdos da Premier League e até mesmo dos melhores do mundo. No fundo, não queremos mal à Selecção Inglesa. Por essa mesma questão, não levaríamos Glen Johnson ao Brasil. Um jogador que prejudicou imenso o seu clube nas últimas partidas e que se revelou um dos piores jogadores do Liverpool no final das contas. Fica assim na nossa lista de contenção com Curtis Davies, combativo central do Hull. Com a baixa de Kyle Walker (seria o nosso titular) por lesão e considerando que Micah Richards teve um ano nulo, somos obrigados a recorrer a Phil Jones como alternativa ao lateral direito titular (já realizou alguns jogos no Manchester United nessa posição, cumprindo o seu dever) que seria Joel Ward. É como que um premiar pelas suas belas exibições no Crystal Palace deste jogador polivalente, que alternou entre lateral direito, esquerdo e médio centro.
    No centro da defesa, Cahill será o jogador mais importante. Será o pilar desta equipa em termos defensivos como o foi no Chelsea. Fortíssimo no jogo aéreo, no posicionamento e na marcação. Jagielka estará ao seu lado depois de mais uma boa época ao serviço dos Toffees. Por fim, dois jogadores que Roy Hodgson preferiu deixar quer de fora do Mundial, quer da lista de contenção. Caulker merecia a chamada à Selecção Inglesa por tudo o que fez pelo Cardiff. Foi um verdadeiro monstro a nível defensivo e fez tudo o que podia fazer ao seu alcance para segurar os galeses. O último jogador para a defesa é Shawcross, apesar de não ter feito uma época tão destacante como nos tem habituado, é um jogador competente em todos os jogos que entra.


    O meio campo inglês emana qualidade por todos os lados. Mais uma vez quisemos deixar uma mensagem forte e assim deixamos Frank Lampard de fora do Mundial. Já não é o mesmo jogador de épocas anteriores e apesar de poder ser importante por ser um dos veteranos, a sua coexistência com Steven Gerrard no centro do terreno sempre se revelou infelizmente impossível a nível táctico, e estaria a tapar a entrada de um jogador mais capaz. Nomeadamente Gareth Barry, que foi um dos jogadores importantes neste Everton actual. A ser um verdadeiro apaziguador no jogo dos Toffees e a ser muito útil no meio campo. Steven Gerrard é a estrela da equipa. O verdadeiro capitão desta Selecção, que mostrou este ano ao serviço do Liverpool estar numa forma brilhante, é o elemento chave do conjunto de Roy Hodgson. Perfeito a incentivar a equipa e a serenar quando necessário, para além de um exímio marcador de bolas paradas. Wilshere e Henderson são outros dois jogadores com temporadas esplêndidas ao serviço dos seus clubes. Wilshere apresentou-se numa forma incrível ao transportar o jogo dos Gunners sendo apenas parado por uma lesão. Henderson, do Liverpool, conseguiu ter uma época de afirmação no clube onde foi um brilhante recuperador de bolas e fulcral - por vezes - no último passe. Como jogador vagabundo não poderíamos ter outro que não Adam Lallana. O médio do Southampton levará ao Brasil toda a magia que tem nos pés para transportar todas as assistências e golos que fez na Premier League para o Campeonato do Mundo. Será um dos melhores jogadores da Selecção, caso seja titular como merece (pode acontecer Hodgson colocar Wilshere e Henderson à frente de Gerrard, e aí Sterling e Lallana disputariam um lugar na ala) e terá certamente o valor do seu passe inflacionado após o Mundial. Por isso mesmo, seria inteligente Liverpool, Manchester United, Tottenham ou outros candidatos garantirem-no antes da competição. Na lista de contenção deixamos mais um jogador que viu o seu clube descer de divisão, mas que foi extremamente importante no mesmo - Sidwell.
    Com a impossibilidade de levar Walcott e Townsend por motivo de lesão, não tivemos assim tantas escolhas como queríamos para extremos. Para dar profundidade a este ataque é inevitável levar um dos melhores extremos da Premier League. Aos 19 anos, Raheem Sterling fará o seu primeiro Mundial após na presente temporada ter explodido no Liverpool. Para incutir alguma velocidade e técnica, levamos ainda Chamberlain. Não teve uma época fantástica muito devido às lesões, mas quando esteve em acção foi exemplar, para além de poder ter a sua utilidade como interior. Milner será um jogador útil quer na asa, quer no miolo do terreno. É um todo-o-terreno e a sua força e raça poderão ser importantes em alguns jogos. Por fim, um dos jogadores revelação desta época - Ross Barkley. O jovem jogador inglês mostrou um pouco daquilo que é capaz de fazer e desde já merece tanto a nossa confiança, como a de Roy Hodgson. Sabemos que é capaz de muito mais, mas o que mostrou esta época foi notável. Explosivo e com remate fácil, Barkley poderá ser usado como trunfo em algumas partidas. Assim sendo, Adam Johnson e Puncheon ficaram de fora.


    Por fim, no ataque ficámos com as escolhas um pouco reduzidas. Tendo nós preferido levar mais um defesa, Welbeck fica de fora das nossas contas. A verdade é que mesmo que não levássemos um 8º defesa, o avançado do United não teria toda a nossa confiança no ataque. Com a impossibilidade de levar aquele que foi um dos melhores avançados ingleses - Jay Rodriguez - optámos pelos 3 avançados que Roy Hodgson leva ao Brasil para além do abordado Welbeck. Rooney será o avançado móvel e crucial nos resultados dos ingleses. Tem no Brasil a sua última hipótese de deixar a sua marca num Mundial jogando no auge das suas características, ele que nunca marcou 1 golo num Mundial. Por isso mesmo queríamos ver Rooney na frente, porque tendo Wayne como elemento mais avançado sabemos automaticamente que a equipa pressionará a partir da frente, e Rooney merece que a equipa também jogue para ele, sacrificando-se menos do que muitas vezes o obrigam, estando próximo da baliza para marcar golos. Sturridge tanto pode jogar no lugar de Rooney, como numa das asas. Em qualquer lugar que jogue, será importantíssimo ao espalhar o pânico com as suas mudanças de velocidade e o seu faro de golo. Por fim, um jogador mais posicional. Um pinheiro que tanto pode fazer golos como servir os companheiros através do jogo aéreo - Ricky Lambert. Lambert que tem a curiosidade de ter marcado todos os 34 penalties que teve nos últimos anos ao serviço do Southampton. Tanto ele como Baines (nos últimos 4 anos teve 100% de eficácia da marca dos 10 metros) poderiam ser úteis para a Inglaterra deitar por terra o fantasma das grandes penalidades.

O Onze

    No que toca ao nosso onze ideal, este não deverá ser muito diferente ao do técnico inglês. Joe Hart será o nº1 e será o nosso guarda-redes.
    No sector defensivo, apenas Ward é tido como a nossa aposta pessoal, sendo que os restantes três deverão ser os escolhidos de Roy Hodgson: Jagielka e Cahill no centro da defesa e Baines a dar profundidade na esquerda.
    O meio campo é muito forte. Apostamos em Gerrard como elemento mais recuado e em Wilshere ou Henderson como recuperadores de bola e distribuidores de jogo, dependendo dos jogos em questão. Wilshere é melhor jogador, mas Henderson fez uma época superior e estará mais rotinado e confiante. Numa posição mais ofensiva, Adam Lallana teria toda a liberdade para fazer o que quisesse com o esférico. Um jogador vagabundo como anteriormente dissemos (aquele impacto que Fábregas tinha na Espanha de 2008 com Aragonés) e que será crucial nos momentos de desequilíbrio ofensivos. Cria espaços, explora os espaços, dribla, surge entre linhas e é cáustico na forma como surge em triangulações junto aos flancos.
    No ataque, apostamos na dupla dos Reds Sturridge e Sterling para desequilibrar e em Rooney para ser o finalizador nato que também sabe combinar com o seu meio-campo, vindo buscar jogo. Um avançado completo, portanto.

Terminamos assim mais uma rubrica d'Os Nossos 23 e terminamos a nossa jornada no próximo dia 30 com a Selecção Portuguesa que promete algumas surpresas da nossa parte. Estejam atentos!

26 de maio de 2014

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Argentina)

    Estamos a chegar ao fim da rubrica «Os Nossos 23» e desta feita, a nossa antepenúltima selecção é uma das favoritas a erguer o troféu a 13 de Julho. A selecção albiceleste dominou o apuramento via CONMEBOL e dominou a concorrência sul-americana, num grupo onde o rival Brasil não prestou contas por ser anfitrião da Copa. Com 30 pontos em 16 jogos (9 vitórias, 5 empates e 2 derrotas, frente a Uruguai e Venezuela). Com Sabella no comando, Lionel Messi aproximou o seu rendimento do demonstrado na Catalunha, e a tríade ofensiva da Argentina alcançou bons números: Messi marcou 10 golos em 14 jogos, Higuaín 9 golos em 11 jogos e Agüero chegou aos 5 em 8 jogos. Só Suárez marcou mais do que Messi e Higuaín.
    No Mundial 2014 a Argentina teve um sorteio favorável. Terá que enfrentar Bósnia, Nigéria e Irão e o 1.º lugar é uma obrigação. Relativamente aos convocados, Sabella reduziu as suas escolhas neste momento a 26 jogadores (até 2 de Junho anunciará os 23 finais) e em alguns casos as nossas opções diferem das do seleccionador argentino. Tanto em alguns elementos que vão garantidamente ficar de fora deste Mundial como em alguns casos jogadores que achamos justo que sejam titulares (e provavelmente não o serão).
    São então estes os nossos 23 daquela que é porventura a selecção com a frente de ataque mais temível:

A Convocatória

    Em 3 guarda-redes, dois dos nossos diferem de Sabella. Sergio Romero foi o titular argentino durante a qualificação e Sabella confiar-lhe-á a baliza, mas para nós - embora surja entre os 3 eleitos - não seria a 1.ª escolha, mediante o facto de ter ficado a ver Subasic defender as redes do Mónaco. Assim sendo, Willy Caballero, guardião do Málaga e pouco valorizado, deveria no nosso entender ser o número 1 argentino. Aos 32 anos está no apogeu do seu futebol, apresenta reflexos invejáveis e esteve inclusive perto de tirar o título ao Atlético Madrid ao exibir-se de forma extraordinária no empate 1-1 da 37.ª jornada. Por fim, Speroni é o nosso terceiro guarda-redes. Não é um jogador incrível mas é muito competente e foi um dos embaixadores da incrível época do Crystal Palace com Tony Pulis na Barclays Premier League. Sabella levará Andújar e Orion, sendo que o primeiro figura na nossa lista de contenção.



    A nível defensivo, esta Argentina de 2014 apresenta maior solidez do que outrora. Comecemos pelo defesa argentino que se apresentou em melhor plano em 2013/ 14: Ezequiel Garay. O central do Benfica teve uma época indescritível, formando uma dupla perfeita com Luisão, à qual juntou vários golos. Está no auge da sua carreira e dificilmente ficará na Luz, subindo a sua cotação certamente durante este Mundial. Tudo indica que os laterais de Sabella serão os mesmos que os nossos: Zabaleta na direita e Rojo na esquerda. O lateral do City tem evoluído nas 2 últimas temporadas e hoje é um jogador maduro, dinâmico e que confere grande profundidade, cruzando bem. Rojo, central do Sporting mas capaz de jogar também a lateral esquerdo, realizou uma boa temporada e pode ajudar ao equilíbrio da albiceleste. Também para as laterais optámos por Gonzalo Rodríguez (capaz de jogar a central e lateral, fez grande época na Fiorentina a nível interno e europeu) e o jovem Gino Peruzzi, do Catania. 
    No centro da defesa, para além do indiscutível Garay, considerámos pertinente chamar Mascherano, Musacchio e Federico Fernández. Sabella certamente utilizará Fernández ou Demichelis ao lado de Garay, sendo Mascherano o homem mais recuado do meio-campo. No entanto, se Mascherano é central no Barça e consegue apresentar competência, com Garay ao lado sentir-se-ia ainda mais cómodo. Fernández era um dos centrais que tinha que constar (Campagnaro não nos encanta), ficando a última vaga a cargo de Musacchio. O central do Villarreal subiu de produção e ganhou o lugar, deixando Fazio apenas "à porta". 


    No meio-campo o ADN argentino começa a fazer-se sentir. Rumo ao sucesso da Selecção das Pampas, é necessário fazer coexistir jogadores criativos, geniais, tecnicistas de outra dimensão com jogadores operários, de sacrifício. Felizmente para Sabella, há 2 jogadores neste momento que combinam estes dois parâmetros. Falemos primeiro de Ángel Di María. O antigo extremo do Benfica, actual médio-interior do Real Madrid, chega ao Mundial como o argentino em melhor momento de forma. Di María é um dos melhores do mundo na sua posição e transformou-se (mental e tacticamente) com a chegada de Bale a Madrid. Muito do que a nossa Argentina, e também a de Sabella, conseguirá depende da sua capacidade de surgir entre linhas, de transportar jogo, apresentando alta rotação e intensidade até ao último segundo. Claro está que Di María é agora um jogador de equipa mas continua a saber driblar como ninguém (veja-se o trabalho no golo de Bale na final da Luz). Depois, Enzo Pérez. Estamos em crer que Enzo ficará nos 23 de Sabella mas dificilmente será titular - uma estupidez do seleccionador porque as características de Enzo, próximo de Di María e funcionando exactamente como no Benfica, poderiam muito bem elevar a Argentina ao estatuto de favorita nº 1. 
    O meio-campo precisa de operários, jogadores com músculo e capacidade de pressionar e soltar os génios, e para isso há Biglia e Banega. Embora Banega não se limite a esta descrição. Apostámos ainda no talento de caras bem conhecidas dos portugueses - Gaitán, Salvio e Iturbe - para os flancos, sendo Gaitán o mais híbrido. Gaitán tinha que constar nos 23 de Sabella pelo espectacular ano, podendo inclusive ser um jogador importante para fazer saltar do banco em alguns jogos. Iturbe explodiu esta temporada e a sua irreverência, tal como a de Salvio, davam outras soluções ao seleccionador. Por fim, Javier Pastore mereceu também a nossa confiança. Falta-lhe ainda alguma regularidade. Na contenção deixámos o colchonero Sosa e o jovem Lucas Romero (perfil semelhante a Enzo, embora um embrião, bem longe a nível tecnico-táctico).


    Na frente, Sabella teve a preocupação de estruturar uma equipa onde Messi se sinta bem e onde as suas capacidades sejam potenciadas - uma equipa feita à volta do craque do Barcelona, permitindo que este apareça tanto em zona de construção como a finalizar. Tanto connosco como com Sabella, a frente de ataque terá uma dinâmica e mobilidade ímpares. Se com Sabella, Higuaín será a referência, connosco o avançado do Nápoles não surge. Nunca fomos seus fãs e deixámo-lo na contenção. O tridente ofensivo ficaria sim entregue a 2 elementos que levarão a Argentina às suas costas (Messi e Agüero, que juntamente com Di María serão no Mundial real os 3 jogadores com maior impacto no estilo de jogo), juntando a eles Lavezzi. Neste trio, Lavezzi é o jogador mais orientado para estar no flanco, existindo total permuta e jogo posicional entre Messi e Agüero. Ambos sabem surgir entre linhas, destruir defesas, abordar o espaço nos momentos certos. O último homem da nossa Argentina é Carlos Tévez - um craque que não conta para Sabella mas que seria um luxo de ter no banco. O apache é um guerreiro, um jogador que não é justo deixar fora de um Mundial.
    A fechar a lista de contenção, para além de Higuaín (que provavelmente acabará por marcar vários golos no Mundial), também Icardi e Ocampos, jogadores mais jovens, poderão ser opções em fases finais futuras.

O Onze

    Relativamente ao nosso onze inicial, a baliza deixámos a cargo de Willy Caballero pelas razões supra-mencionadas. A defesa, composta por 4 elementos, é composta por Pablo Zabaleta e Marcos Rojo nas laterais, ficando no coração da área Garay e Mascherano ao seu lado. Como dissemos, Sabella deverá optar por Fernández ou Demichelis ao lado do central benfiquista.
    O meio-campo começa na posição do nosso 6. Não um trinco puro mas um médio defensivo, capaz de soltar a equipa toda no processo ofensivo. Para esse lugar as opções seriam duas: Banega ou Biglia. Assim sendo, Enzo Pérez e Di María seriam os nossos médios interiores. Dois dos argentinos que realizaram um 2013/ 14 de maior qualidade e que funcionariam em perfeita sintonia. Di María, naturalmente, mais solto e próximo do trio da frente.
    Aí, e porque connosco não há Higuaín, os 3 craques eleitos para a titularidade só poderiam ser Messi, Agüero e Lavezzi. A equipa alimenta Messi, alimenta Agüero e Lavezzi é o complemento perfeito, num funcionamento diferente da Argentina de Sabella, com Gonzalo Higuaín.

    Quarta-feira há mais 23 para conhecerem. A nona selecção é uma daquelas que não guarda boas memórias dos portugueses no passado recente. Uma selecção de um campeonato que acompanhamos bem de perto, também aqui no Barba Por Fazer, e com um universo de jogadores incrível. Ainda assim, não são normalmente favoritos e pecam muitas vezes em vários capítulos do seu futebol.

25 de maio de 2014

Real Madrid conquista a 10.ª Champions em final épica na Luz


 Real Madrid 4 - 1 Atlético Madrid  (Sergio Ramos 90+3', Bale 110', Marcelo 118', Cristiano Ronaldo (g.p.) 120'; Godín 36')

    Foi a melhor forma possível de fechar a temporada desportiva de clubes na Europa. Os adeptos dos rivais de Madrid encheram a capital espanhola e os seus jogadores escreveram uma das mais bonitas e emocionantes finais europeias dos últimos anos. No Estádio da Luz (moldura perfeita para tão grandiosa final) o jogo teve de tudo mas no final sorriu o vencedor mais justo.
    Após longos noticiários com os avanços e recuos das lesões de vários craques, Ronaldo, Benzema e Diego Costa foram a jogo, enquanto que Pepe e Arda Turan viram-se obrigados a ver de fora. Ancelotti arriscou no pouco rotinado Khedira para jogar ao lado de Modric, enquanto que Simeone lançou o 4-4-2 que se esperava. O jogo começou mau, com equipas nervosas, muitas faltas e pouco que se aproveitasse. E foram 9 os minutos que Diego Costa durou em campo. O avançado do Atlético não estava mesmo em condições de jogar e não aguentou, sendo substituído por Adrián. Ou alguém não avaliou bem Diego Costa ou então foi apenas estupidez porque qualquer jogador merengue terá ficado mais confiante ao ver o craque do Atlético abandonar o jogo aos 9'. Pé ante pé o Real foi crescendo, mas sempre com Di María endiabrado a driblar meio mundo. O argentino arrancou uma falta de Gabi - na qual o árbitro deveria ter dado a lei da vantagem porque Coentrão ficava em excelente posição de cruzar - e minutos depois foi "ceifado" por Raúl García num amarelo a aproximar-se do vermelho. Nesse lance, em transição, Di María estava em vias de colocar um dos seus colegas na cara do golo. O ascendente do Real Madrid manteve-se e aos 32' Gareth Bale, após oferta infantil de Tiago, desperdiçou um golo feito. A rapidez e inteligência táctica de Ronaldo criou uma auto-estrada para Bale mas o galês com a baliza à sua mercê rematou ao lado. Quando o relógio marcava 36 minutos aconteceu então o primeiro golo do jogo. Na recarga de um canto de Gabi, Iker Casillas teve uma "travadinha" e decidiu sair-se de forma disparatada. Conclusão: golo de Diego Godín para gáudio dos adeptos do Atleti e um frango de Casillas para a memória de muita gente. O intervalo chegava minutos depois com um sabor agridoce para um adepto de futebol. A alma do Atlético estava hoje a atravessar alguns momentos de agressividade superior ao recomendável e o Real Madrid via-se a perder mediante um erro absurdo do seu guarda-redes e capitão.

    O Real entrou bem na segunda parte e para isso contribuiu, como não podia deixar de ser, Di María. A jogar no estádio que o fez jogador, o argentino voltou a desenhar um lance de génio num slalom entre os defesas adversários, parado apenas de forma ilegal por Miranda. No livre, Ronaldo rematou bem mas o gigante e elástico Courtois defendeu. O pressing do Real foi-se intensificando gradualmente e Ancelotti arriscou (e bem) ao fazer uma dupla substituição: saíram Khedira e Coentrão, entraram Isco e Marcelo. Até ao minuto 70 o Atlético conseguiu controlar as acções do Real, mesmo tendo menos bola, obrigando o Real a abusar de um jogo muito directo e a tentar servir a nulidade Benzema (bem anulado pelos incríveis centrais do Atlético). A cada minuto que passava via-se um Real Madrid a demonstrar uma alma enorme, a querer ganhar o jogo de uma forma nunca antes vista no seu passado recente, e Gareth Bale voltou a ter mais do que uma oportunidade para empatar. Primeiro rematou ao lado num lance trabalhado pelo colectivo à entrada da área e depois, num lance tipicamente seu, recebeu de CR7 e desatou a correr pelo flanco direito, finalizando mal. Nos minutos finais o Real Madrid foi encostando o desgastado Atlético e no tempo de compensação a justiça chegou - Modric cruzou com perfeição um canto e Sergio Ramos subiu às alturas para cabecear com garra, batendo finalmente Courtois, e atirando o jogo para um mais do que justo prolongamento. A final estava épica no Estádio da Luz, e todos os adeptos espalhados pelo mundo mereciam mais 30 minutos de futebol. E mais do que todos nós, os jogadores do Real Madrid.


    No prolongamento, o Atlético controlou o possível ímpeto inicial do Real Madrid. Os jogadores de Simeone voltaram a ter mais bola nos primeiros instantes e no decorrer dos primeiros 15 minutos Gabi - o jogador do Atlético para o qual hoje valia a pena olhar com e sem bola - viu finalmente um cartão amarelo que já há muito o aguardava. A 2.ª parte do prolongamento viria a ser... diferente. O Real funcionava ao ritmo de Modric mas aos 110 o protagonista do golo da reviravolta foi o mesmo de todo o jogo: Di María. O argentino, numa zona do campo onde brilhou pelo Benfica, desenvencilhou-se de forma incrível de 3 jogadores, rematou para grande defesa de Courtois mas Gareth Bale fez o 2-1 na recarga perante uma baliza deserta.
    Casillas ainda voltou a assustar logo de seguida numa nova saída, possuído por Roberto, mas aos 118' foi colocado um ponto final no jogo. Ronaldo deu a bola a Marcelo e o lateral esquerdo brasileiro foi correndo e aproveitando o espaço concedido pela defesa do Atlético, até que rematou forte para o 3-1. Courtois pareceu ligeiramente mal batido, mas a principal falha foi naturalmente toda a abordagem da defesa que colocou o belga como presa fácil do forte remate de Marcelo. A "Décima" Champions já era do Real mas não terminou sem um golo do melhor jogador do mundo. Cristiano Ronaldo foi derrubado na grande área aos 120 minutos e converteu sem problemas o penalty que ditou o 4-1 final e o seu 17.º golo (que número astronómico!) nesta edição da liga milionária. O futebol é assim, incrível e fértil em emoções. Hoje venceu quem mereceu, num jogo de enorme intensidade, completo a todos os níveis, com falhas, lances de génio, reviravolta e curiosamente com um Real Madrid a superiorizar-se ao Atlético naquilo que é a grande força da equipa de Simeone: a alma.

    Haveria muito a dizer por isso tentaremos ser breves. Nos treinadores, hoje Ancelotti venceu Simeone. Faltou alguma classe ao técnico argentino no prolongamento (o melhor treinador de 2013/ 14 não merecia fechar a época em total desnorte e mau perder) e Ancelotti consegue na sua 1.ª época aquilo que Mourinho nunca conseguiu: dar a tão desejada 10.ª Champions aos adeptos do Real Madrid. Há mérito natural do italiano por ser tradicionalmente um treinador "resultadista" (chega, vê e vence), que contou com um plantel de milhões evidentemente, mas soube montar a equipa e melhorar/mudar jogadores como Di María e Modric. O argentino e o croata foram mesmo 2 dos melhores do Real hoje, como em toda a época. Modric fez tudo o que fez bem, e Di María foi mesmo o melhor em campo ao desequilibrar a balança com vários lances de génio. No Real, Casillas foi o pior, a entrada de Marcelo foi importante e Sergio Ramos voltou a estar incrível. Bisou em Munique e marcou aquele que foi talvez o golo mais festejado da final. O central espanhol, tal como Di María e Modric terminam a época num nível assombroso e são jogadores para acompanhar no Mundial. Na frente, Ronaldo conseguiu 1 golo e 1 assistência e é justo que um jogador da sua dimensão tenha finalmente mais do que apenas uma Champions no palmarés. Agora descansa Ronaldo, porque em breve queremos-te a fazer um Mundial como nunca antes. E esperemos que a 2.ª Bola de Ouro consecutiva esteja a caminho. No Atlético hoje houve alguma agressividade excessiva (Koke, Raúl García e Gabi abusaram nas entradas) e não foi certamente por Miranda e Godín (quase a ser herói outra vez) que os colchoneros perderam. Gabi esteve em todo o lado, com qualidade, e Tiago também esteve bem. Podemos ainda falar de Gareth Bale. O galês foi para Madrid para isto! Na sua 1.ª época foi extraordinário o número de golos e assistências que marcou (bastante superior a Neymar, por exemplo), é um jogador respeitável e que respeita e admira Ronaldo, e que logo na primeira época consegue vencer a Champions. O miúdo Bale sonhou em jogar no Real, e o miúdo Bale veio anos mais tarde a ser decisiva numa das mais importantes finais europeias do clube.
    Destaque final para a boa organização da final em Lisboa. Toda a organização primou pela excelência, desde as infra-estruturas pré-jogo no Terreiro do Paço ao incrível estádio da Luz. Uma palavra para o Benfica que nestes 2 dias ganha, quieto, qualquer coisa como 3,3 Milhões de euros: 2 Milhões pela cedência do estádio, 1 Milhão por Di María ganhar a Champions, acrescentando-se ainda uma modesta quantia fruto do negócio David Luiz. A verdade é que, desde que saíram da Luz, David Luiz, Ramires, Coentrão e Di María já foram campeões europeus portanto... alguma coisa o clube encarnado há-de andar a fazer bem.

    Isto é a Champions League. Isto foi uma noite de futebol. E agora, que venha o Mundial!

Barba Por Fazer do Jogo: Ángel Di María (Real Madrid)
Outros Destaques: Sergio Ramos, Marcelo, Modric, Bale, Ronaldo; Miranda, Godín, Gabi

24 de maio de 2014

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Itália)

Em dia de final da Liga dos Campeões, la squadra azzurra n'Os Nossos 23. Com Prandelli a selecção transalpina chegou à final do Euro 2012 (goleada na final sem nó nem piedade pela Espanha, mas depois do show Balotelli contra a Alemanha nas meias) e na Taça das Confederações voltou a deixar boa imagem vacilando novamente frente à Espanha, mas caindo apenas no desempate por grandes penalidades. 
    O último Mundial, na África do Sul, é de má memória tendo na altura a Itália ficado em último lugar de um grupo no qual seguiram em frente Paraguai e Eslováquia. No apuramento para este Mundial, a Itália ficou no 1.º posto, fruto de 6 vitórias e 4 empates num grupo interessante com Dinamarca, República Checa, Bulgária e Arménia. O desafio no Brasil será o "grupo da morte". Um Grupo D com Inglaterra, Uruguai e Costa Rica a fazerem companhia a esta Itália. Certamente um dos grupos de desfecho mais imprevisível, onde qualquer ponto que a Costa Rica consiga fazer pode fazer mossa, e com 3 selecções "pesadas" e todas elas com identidades bem diferentes.
    Os nossos 23 italianos têm algumas diferenças relativas aos eleitos por Prandelli (ainda não se sabem concretamente os 23 mas os pré-convocados já deixaram de fora alguns jogadores), sendo a Itália provavelmente a selecção com maior nº de avançados a fazer um 2013/ 14 impressionante. Eis os escolhidos pelo Barba Por Fazer:

A Convocatória

    Entre os postes, uma lenda. Gianluigi Buffon é um daqueles guarda-redes incontornáveis do futebol actual. Já passou o período em que era sem dúvidas o melhor do mundo na sua posição mas ainda assim é o capitão italiano e um homem para o qual o impossível nunca existiu. Ainda recentemente na Luz, no Benfica-Juventus, no momento em que a bola saiu da cabeça de Garay parecia um golo 100% certo. Buffon não conseguiu evitar, mas ainda assustou durante 1 segundo os benfiquistas graças a uma estirada que parecia impensável. Para fazerem companhia a Buffon, escolhemos Sirigu e De Sanctis. Sirigu foi um dos 2 guardiões menos batidos da Ligue 1 (o nigeriano Enyeama, do Lille, também sofreu só 16 golos em 38 jogos e apresentou-se individualmente a um nível superior) e é uma garantia de segurança para a equipa de Ibrahimovic. Para o último lugar os pretendentes eram vários mas optámos pelo guarda-redes da Roma, Morgan De Sanctis. Aos 37 anos foi essencial para o excelente campeonato da Roma e só Buffon acabou a época com menos golos sofridos: 23 contra 25. Para os mais esquecidos recordamos que à 10.ª jornada a Roma tinha apenas 1 golo sofrido, com De Sanctis a ter naturalmente o seu mérito. Na contenção deixámos o jovem de 17 anos, Scuffet, embora tanto ele como Mattia Perin (o 3.º de Prandelli) fossem boas opções e são ambos sérios candidatos a herdar as luvas de Buffon.


    Rumo à compreensão das nossas escolhas, podemos desde já adiantar que o nosso modelo táctico para esta Itália seria o 5-3-2 (na realidade, Prandelli poderá oscilar entre o 5-3-2, o 4-5-1 e o 4-4-2). Actualmente o trio de centrais da Juventus tem sempre presença assegurada. Chiellini, Bonucci e Barzagli conhecem-se de trás para a frente e a comunicação com Buffon está mais do que afinada. Depois, há Daniele De Rossi e sim, para o Barba Por Fazer, De Rossi é central em exclusivo. Um jogador que admiramos por tudo o que dá em campo e pela sua enorme (e cada vez mais rara) fidelidade à Roma. Prandelli já o usou a central, sabemos que De Rossi perderia algo mas a possibilidade de olhar/ ler o jogo de frente durante a maioria do tempo é positiva considerando as suas características e o seu momento enquanto jogador. Sendo um sistema com 3 centrais optámos ainda por convocar Astori, num lugar que poderia ser de Ogbonna se este tivesse tido mais minutos. Para laterais, Abate não nos deslumbra, a vida de Giaccherini no Sunderland não correu tão bem como esperávamos e por isso há 2 lugares para 3 jogadores: De Sciglio, Maggio e Balzaretti. Mattia De Sciglio, o "futuro Maldini" (alcunha naturalmente exagerada) é capaz de jogar nos 2 flancos e tem uma margem de evolução brutal. Connosco seria titular indiscutível, deixando a lateral vaga para Maggio ou Balzaretti. O lateral do Nápoles é um jogador que sempre apreciámos e o jogador da Roma, embora tenha perdido espaço com o decorrer da época, merece também o nosso voto de confiança. Rômulo, do Hellas Verona, surge na contenção juntamente com o já referido Ogbonna.


    No meio-campo, como em qualquer grande Selecção, as opções são várias e muito boas. Entre os nossos 8 centro-campistas, tudo indica que Prandelli levará ao Brasil 6 deles e dois não vão garantidamente. O Sr. "tenho pena do Benfica" Andrea Pirlo é o cérebro de Itália. Aos 35 anos está num momento invejável, sabendo sempre onde tem que estar e fazendo uso da sua exímia qualidade de passe. É um dos jogadores com mais classe hoje em dia (fora de campo não a teve com o clube da Luz) e cada vez mais um especialista em livres directos. Depois, há Verratti, Thiago Motta e Candreva. O duo do PSG era obrigatório constar pela grande temporada que realizaram no clube parisiense. Verratti, juntamente com Florenzi (de quem falaremos a seguir) é o médio mais promissor do futebol italiano e talvez seja ligeiramente incompatível com Pirlo. Será, garantidamente, o seu sucessor. Thiago Motta fez uma grande época, é um jogador maduro e é um dos melhores jogadores a marcar cantos dos que que pisam os maiores palcos. Candreva é um utilitário, tipicamente italiano, e uma boa arma para introduzir consoante o que o jogo ditar, sendo capaz de se moldar às necessidades do mesmo. 
    Marchisio e Montolivo surgem equacionados para a posição mais adiantada do nosso meio-campo. Ambos são jogadores de grande técnica, com grande qualidade de passe, embora prefiramos - atendendo à época que realizaram - Montolivo. O jogador do AC Milan teria inclusive a tarefa de guerrear pela titularidade com a nossa jovem promessa (que Prandelli deixou de fora), Alessandro Florenzi. Aos 23 anos é um jogador que poderia ser peça-chave nesta Itália, tem técnica para dar e vender, surge em zonas de finalização e remata bem, é um romano guerreiro, tendo participado em 37 jogos no campeonato, ainda que muitas vezes utilizado como suplente decisivo. Por fim, a lenda viva Francesco Totti merecia a chamada para este Mundial. Com 37 anos inspirou os seus colegas no ressuscitar da Roma e cremos que não rejeitaria ser chamado, podendo inclusive fazer muita diferença em alguns jogos. Chamemos-lhe, o "impacto Forlán".
    Na lista de contenção deixámos assim Aquilani (grande época na Fiorentina) e Zaza, um dos bons valores que emergiram no Sassuolo.


    Na zona mais adiantada do terreno, houve muitos (muitos mesmo!) avançados em forma esta época. Ciro Immobile foi o melhor marcador da Serie A com 22 golos, ao serviço do Torino, e ficámos rendidos ao seu rendimento esta temporada. Um avançado inteligente, muito "italiano" nas suas movimentações, um finalizador nato. Perante a necessidade de convocarmos apenas 4 elementos, procurámos jogadores conciliáveis e atender de facto ao que alcançaram em 13/ 14. Mattia Destro tem muito a seu favor: entre os avançados italianos foi aquele que apresentou um maior índice de eficácia, de remate e de concretização de oportunidades. Os candidatos para estes 4 lugares eram, de facto, muitos. Não surgem, nem na lista de contenção, talentosos elementos como Insigne e El Shaarawy (2 craques que esta temporada estiveram por vários motivos a anos-luz do seu melhor nível), experientes finalizadores como Luca Toni ou Di Natale, e ainda Paloschi, Gilardino e Cassano. 
    As restantes 2 vagas foram destinadas a Mario Balotelli e Giuseppe Rossi. O avançado do Milan, embora tenha cumprido uma época muito abaixo do que pode realmente dar, é um wildcard que vale o risco. Na Itália sacrifica-se normalmente mais e tem qualidade individual para resolver um jogo sozinho (Alemanha 1-2 Itália, Euro 2012, na memória de todos). Giuseppe Rossi sofreu uma lesão no decorrer da época e talvez só por isso não tenha sido o melhor marcador em Itália. É um dos melhores finalizadores transalpinos, "cheira" o golo com ninguém e, ainda para mais considerando que ao voltar da lesão, voltou a marcar, mereceu o nosso voto. À porta dos 23 ficaram dois grandes nomes da Serie A esta época: Berardi e Cerci. Relativamente a Berardi, o facto de ter 19 anos tirou-nos alguma pressão dos ombros por deixá-lo de fora. Com tanto avançado em forma, Berardi pode esperar mais dois anos e caso mantenha o nível desta época (noutro clube, certamente) pode ser um dos maiores destaques no Euro 2016. Já Alessio Cerci fez uma temporada extraordinária mas acabámos por preferir jogadores com um perfil ligeiramente diferente.

O Onze

    Perante o que já referimos, o onze inicial é uma consequência lógica. Buffon é capitão e fonte de segurança e confiança para toda a defesa, tendo o seu lugar incontestável na baliza de Itália. A defesa, com 3 centrais e dois alas, ficaria por nós entregue a apenas dois elementos do trio da Juventus - Chiellini e Bonucci - sendo De Rossi a preencher o lugar de Barzagli. Entre Maggio e Balzaretti optámos por dar a titularidade a Maggio, até por ter jogado mais, ficando De Sciglio (que connosco seria sempre titular, restando só saber-se o lado) no lado esquerdo.
    O meio-campo, entregue a 3 homens, seria o cérebro de todas as operações da squadra azzurra. Os 2 primeiros elementos seriam a garantia de equilíbrio e qualidade a ocupar os espaços, permitindo também à equipa jogar em transição e colocar a bola em profundidade nos espaços: Thiago Motta e Andrea Pirlo. Dois senhores cuja idade poderia fazer com que Verratti entrasse várias vezes no decorrer do jogo. A posição mais adiantada seria disputada entre Florenzi (a nossa aposta pessoal) e Montolivo. Candreva acabaria por ser um jogador importante para sair do banco, enquanto Totti seria fonte de inspiração para a equipa, pondo em sentido os adversários e fazendo valer a magia dos seus pés. Aquilo que Rui Costa foi no Euro 2004 para Portugal, aquilo que Forlán poderá ser este Mundial para o Uruguai (em 2010, quando foi o melhor da competição, estava "no ponto"), era isso que queríamos ao chamar Totti.
    A nossa dupla de avançados seria o irreverente Balotelli e o prolífico Immobile (jogador que claramente vai mudar de ares este defeso), sendo que tendo Rossi e Destro, um "dia não" de Super Mario teria substitutos prontos a entrar a qualquer momento.

    O regresso da rubrica do Mundial 2014 "Os Nossos 23" será já nesta segunda-feira. Cada vez mais perto de chegar à 10.ª selecção, a nossa oitava equipa conta com uma frente ofensiva verdadeiramente temível e reúne vários rostos - actuais e não só - da liga portuguesa.

22 de maio de 2014

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Espanha)

A nossa 6.ª Selecção é o carrasco lusitano da moda (em 2010 e 2012 fomos eliminados por nuestros hermanos) e, mediante o facto de ter conquistado o Mundial 2010 e ter ganho tanto o Euro 2008 como o Euro 2012... a Espanha tem que ser encarada como favorita à conquista do troféu. Não a única, mas certamente uma entre o lote restrito de 2/ 3 candidatos.
    Para esta medalhada Espanha pode ser complicado encontrar a mesma motivação para ganhar, mas Del Bosque continua a ter peças para reciclar a ambição e a qualidade dos seus 23, fase final após fase final. Na fase de apuramento a Espanha ficou num grupo onde estava inserida também a França, alcançando o 1.º lugar com 6 vitórias e 2 empates em oito jogos disputados. Desiludiu a nível ofensivo (marcou apenas 14 golos, enquanto com apenas mais 2 jogos Inglaterra, Alemanha, Holanda e Bósnia marcaram 30 ou mais), mas pela positiva sofreu apenas 3 golos. Neste Mundial está no Grupo B, com a companhia da Holanda, Chile e Austrália. Na nossa convocatória vimo-nos privados de 2 jogadores de enorme qualidade, tal como Del Bosque, mas a qualidade nesta Espanha é tanta que qualquer baixa parece ter menos peso. Os nossos 23 vão-se garantidamente afastar em algumas coisas dos do experiente seleccionador, por sermos mais revolucionários e não tão conservadores relativamente ao grupo sagrado que ele criou ao longo destes anos. Ponto prévio: a nossa Espanha não joga à rabia, joga à bola.

A Convocatória

    Começando pela baliza, os deuses estiveram com Iker Casillas. O capitão espanhol, fundamental na conquista dos 3 últimos grandes troféus, começou a época a ver Diego López jogar no seu clube e Valdés parecia destinado finalmente a ganhar a baliza hispânica. No entanto, Valdés lesionou-se (uma baixa muito significativa no Barça porque Pinto é todo ele anedótico) e Diego López também, voltando Casillas aos grandes palcos e grandes momentos, com grande qualidade. É um dos melhores do mundo na sua posição. Para o acompanhar optámos por David De Gea, um dos melhores elementos na triste época do Manchester United (foi aliás nomeado internamente no clube, o jogador do ano) e Reina, o "Paulo Lopes" do grupo. Um jogador que, como já se viu, é importante no balneário espanhol. A nível da lista de contenção, Adrián seria o nosso escolhido pela sua época interessante na baliza do West Ham.


    Na defesa, inicia-se em certa medida o nosso carácter disruptivo. Enquanto que no Euro 2012 os laterais espanhóis foram Arbeloa e Jordi Alba, esta temporada nem um nem outro estiveram entre os 2 melhores laterais do seu país. Foram eles Azpilicueta e Carvajal. O lateral do Chelsea brilhou e evoluiu imenso sob o comando de Mourinho, adaptado ao lado esquerdo. Enorme segurança, combatividade, profundidade e algum envolvimento nos processos ofensivos. A grande época do merengue Carvajal não surpreendeu quem já o acompanhava no Leverkusen, onde já era um dos melhores laterais da Bundesliga. Incansável, sempre em alta rotação e a saber "meter o pé" é difícil dizer mal de Carvajal. Ainda assim, convocámos para além deles Jordi Alba e Alberto Moreno. Este exercício parte do pressuposto que Azpilicueta é originalmente lateral direito. Alba fez um Euro 2012 incrível e, embora venha de lesão, o lateral do Barcelona tinha que constar entre as nossas opções. Já Alberto Moreno foi um dos heróis da boa temporada do Sevilha e tem uma margem de progressão que o fará dar o salto muito rapidamente, provavelmente até neste Verão.
    A nível de centrais, aí sim Del Bosque será diferente. Garantidamente. Optámos apenas por 3, sendo que 1 deles divide a sua vida entre o núcleo da defesa e o meio-campo defensivo. Sergio Ramos e Piqué são a dupla intocável do seleccionador e, embora ambos cometam alguns erros nos seus clubes, estamos em crer que pelo menos Ramos fará um bom Mundial. Javi Martínez para nós conta apenas como central e, como verão lá abaixo no 11 inicial, ele não traz boas notícias para Piqué. Na contenção deixámos o jovem central Iñigo Martínez e o lateral do Atlético Juanfran. Aymeric Laporte deverá ser opção em 2016, e não gostamos de Albiol.


    Uma das tarefas mais difíceis e ingratas nos convocados das 10 selecções que seleccionámos foi eleger o meio-campo espanhol. Desde logo quisemos deixar uma mensagem forte: aqui não há Xavi. O médio do Barcelona já deixou o seu apogeu, mesmo no Euro 2012 fez apenas um jogo realmente bom (a final, curiosamente) e esta época a sua queda progressiva impactou o rendimento do Barça. Como disse e bem Luís Freitas Lobo recentemente "não se trata de nenhum jogador a tirar o lugar a Xavi, apenas o tempo". Busquets tem lugar cativo no onze. Inicialmente era um jogador que desprezávamos mas, embora a nível de empatia continuemos a não gostar dele, compreendemos a crucial importância (posicionamento, leitura de jogo, execução rápida etc.) que ele tem na Espanha. Para as restantes 4 posições do meio-campo há muito talento. Thiago Alcântara teria lugar garantido, mas é a outra baixa significativa, por lesão. Assim sendo, Koke (um dos médios mais completos do Mundo e um dos melhores este ano), Fábregas (connosco pisa terrenos "arsenalistas"), Iniesta (provavelmente o melhor jogador espanhol) e David Silva eram as escolhas prioritárias. Juntos estes 4 craques representaram esta época 47 assistências a nível interno (Iniesta conseguiu apenas 7 passes para golo, mas na Liga BBVA Fábregas e Koke tiveram ambos 13 assistências apenas batidos pelas incríveis 17 de Di María; na Premier League Silva somou 12 assistências, embora apenas 9 delas tenham sido últimos passes propriamente ditos).
    Depois, abdicámos de Xavi como já dissemos, de 2 grandes jogadores de Simeone (Gabi e Raúl García) com um sabor amargo na boca, e não conseguimos deixar de fora Juan Mata e Isco. Mata terminou a época em grande e, tanto ele como Isco, encaixam no perfil que pretendíamos para os lugares no meio-campo ofensivo, quer no centro quer à esquerda. A fechar o meio-campo escolhemos Ander Herrera para o lugar que estava destinado a Thiago. Um jogador com algumas características em comum, relativamente subvalorizado e que está já preparado para outras andanças. Talvez o colega dele no Athletic, Iturraspe, fizesse mais sentido considerando a necessidade de um médio mais recuado, mas fomos all in com Ander. Recordamos que ficam de fora, mesmo assim, nomes como Cazorla, Xabi Alonso (Del Bosque não o deve deixar de fora), Mario Suárez ou Borja Valero.


    No ataque surge uma grande questão: será que Diego Costa é capaz de render numa equipa que funcione em posse e ataque organizado e não em transições rápidas (como o Atlético)? Acreditamos que Diego Costa pode conseguir, tendo para isso que mudar algumas coisas no seu jogo, e caso Del Bosque lhe dê a titularidade (pode optar por colocar Fábregas ou Silva a falso 9 nos primeiros jogos) permitirá que ele nos responda. No entanto, embora ele tenha na velocidade um dos seus predicados e se dê muito aos duelos físicos com os centrais (precisa disso, chega a parecer), a sua técnica e a forma como trabalha bem com os médios deixam antever algo bom. Claro está que não há a considerar a dúbia condição física de Diego Costa. Está em risco para a final para a Champions e veremos, caso o Atlético arrisque colocá-lo em campo, se não hipoteca um lugar no Mundial. Oxalá que não porque já vários craques falharão a competição.
    Para além dele, para homens mais adiantados, convocámos Negredo e Rodrigo. La Fera teve um final de época para esquecer mas entre chamá-lo a ele ou a Llorente, consideramos que Negredo é mais completo e tem melhor rendimento na Selecção até hoje. Já Rodrigo, embora fosse complicado ter minutos nesta Espanha, seria um prémio pelo bom ano no Benfica, resultando melhor o seu impacto no jogo caso fosse utilizado nas costas de Costa/Negredo, a rodar sobre si e desequilibrar. Mas precisamente por isso, com a quantidade de médios que há, teria vida difícil. Colocá-lo numa asa, pedindo-lhe em certa medida o mesmo que pediríamos aos 2 elementos seguintes também não seria de descurar. Por fim, a encerrar o lote de 23, dois jogadores bastante subvalorizados (sobretudo o 2.º) cujo rácio de oportunidades convertidas é muito bom: Pedro Rodríguez e Callejón. Pedro é dos melhores finalizadores do mundo. Não marca grandes golos, mas em 1 para 1 ele põe a bola lá dentro; Callejón marcava praticamente sempre que jogava no Real Madrid e conseguiu uma excelente época no Nápoles jogando com regularidade. Dois jogadores para os flancos, mas para interpretarem o jogo de forma bem diferente da pedida aos nossos 2 titulares (verão abaixo quais são). Jesús Navas ficou à porta da convocatória, e talvez viéssemos a considerar Jesé se não se lesionasse. Entre Soldado, Torres e Villa não calça ninguém connosco - com Del Bosque é possível que Torres vá -, e temos pena que Michu, Deulofeu e Adrián López não tenham tido épocas mais felizes.

O Onze

    Em termos do nosso 11 inicial, face ao que acima opinámos compreenderão algumas das nossas opções. Iker Casillas, capitão espanhol, tem a baliza por sua conta. Embora conscientes do valor de Jordi Alba, preferimos confiar as laterais a 2 dos melhores laterais (em cada lado) neste final de temporada, Azpilicueta e Carvajal. Não quer dizer que, com o evoluir da competição Alba não "ganhasse" o lado esquerdo, atirando Azpilicueta para lateral direito (possivelmente a dupla pela qual Del Bosque optará). A má temporada de Piqué - mesmo antes de se lesionar - é por nós castigada dando a titularidade a Sergio Ramos e Javi Martínez. Para nós, aliás, Guardiola deveria utilizar Martínez como central no seu Bayern.
    No meio-campo, tudo começa em Busquets, o elemento mais próximo dos centrais. Perto de si, se houvesse Thiago o lugar seria disputado entre ele e Fábregas. Como o médio do Bayern não estará disponível, queremos que Cesc seja o novo Xavi da Espanha. Tem sido um desperdício a carreira de Fábregas desde que está na Catalunha, utilizado tanto em Camp Nou como na Selecção em terrenos muito adiantados, junto ao avançado ou sendo mesmo ele o chamado hoje em dia "falso 9". Para nós, alguém tem que ressuscitar o Fábregas do Arsenal. Aquele jogador pelo qual o jogo passa muito mais, que se vê na necessidade de jogar em alta rotação, constantemente a ter que tomar decisões. Nas 3 posições mais adiantadas do meio-campo, três craques: Koke do lado direito, Iniesta do lado esquerdo e Silva no apoio ao homem mais adiantado. As trocas posicionais - característica rica da Espanha - seriam férteis sobretudo nas movimentações de Silva e Iniesta, considerando ainda que os nossos homens mais abertos (Koke e Iniesta) seriam propriamente mais médios do que extremos. Por fim, seria peça-chave desta Selecção o avançado - Diego Costa - cujas dúvidas já deixámos lá em cima, embora confiemos que será capaz de fazer um update no seu jogo. Do Penafiel e do Braga até La Roja.

    A nossa sétima Selecção chega daqui a 2 dias, mantendo o espaçamento habitual entre publicações nestas nossas 10 edições de "Os Nossos 23". Podemos dizer que são historicamente matreiros, por vezes cínicos no seu jogo. Têm tido bons resultados com o seu seleccionador nos últimos 2 anos, esta época tiveram talvez um maior número de avançados inspirados do que qualquer outra selecção e digamos também que um desses avançados tem alcunha de um herói da Nintendo.

20 de maio de 2014

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Alemanha)

    E de vizinho em vizinho chegamos à Alemanha. Os germânicos foram imperdoáveis na fase de qualificação para o Mundial e somaram mesmo 9 vitórias em 10 jogos, vacilando apenas em casa contra a Suécia num jogo épico que acabou 4-4. Foram o melhor ataque da Fase de Qualificação com 38 golos e prometem fazer estragos no Brasil. São uma das selecções favoritas para vencer a prova e - infelizmente - calharam no grupo de Portugal, no qual constam também o Gana e os Estados Unidos. Joachim Löw anunciou uma lista de 27 jogadores que pouco dista da nossa lista de 23. Apesar de acharmos que Löw dispensará os mais novos, nós preferimos mantê-los no plantel em detrimento de outros com o tão falado "lugar cativo" apenas por serem experientes na equipa. Deixar craques de fora - mesmo nos jogos de qualificação e amigáveis - por não terem experiência, não faz sentido. Se nunca forem chamados, aí é que nunca ganharão experiência, certamente. Aqui fica a nossa lista de 23:


A Convocatória


    Na baliza - se não se confirmar a gravidade da lesão - temos Neuer. A par de Courtois é o melhor guarda-redes do mundo e é indiscutível a sua chamada. Ter Stegen - o mais recente reforço do Barcelona - é a nossa segunda escolha. Unindo a juventude e um grande talento, o guardião do Borussia Mönchengladbach é o nosso segundo escolhido até para ir tomando o gosto às grandes provas, mas não conta para o seleccionador alemão. Por último damos o lugar a um veterano que merece - por tudo o que fez estes anos pelo clube - constar na lista de 23 - Weidenfeller. O alemão do Dortmund esteve em grande sobretudo na Champions e merece ser o 3º escolhido pelo Barba Por Fazer. Leno, outro que também não entra nas contas do técnico, é o nosso escolhido para a lista de contenção.


    Na defesa surge uma surpresa da nossa parte. Desde já adiantamos que não levaríamos ao mundial Boateng. Não é um jogador em quem confiaríamos para o centro da defesa. Assim sendo, os escolhidos seriam: Mertesacker, pela excelente época que fez com o emblema dos Gunners ao peito tendo sido um dos melhores na sua posição da Premier League; Hummels e Höwedes pela importância que tiveram no centro da defesa dos seus respectivos clubes ao longo da época; E Ginter, um jogador que apesar de muito novo (20 anos) tem um futuro brilhante pela frente e por as suas qualidades se fazerem notar num clube como o Friburgo. Foi um dos factores determinantes para escolhermos Ginter em detrimento de Durm que - tal como Boateng - apresenta-se na nossa lista de contenção. Outro factor foi a polivalência de Ginter que pode jogar como médio defensivo.
    Nas alas pouco há para contrariar o técnico alemão. Ainda assim, conseguimos contrariá-lo na chamada de Jansen - que apesar da má época do Hamburgo esteve exemplar conseguindo assim ser chamado à selecção nos jogos de qualificação - em detrimento de Mustafi que apesar de bom jogador e bastante promissor, não tem lugar entre os centrais. Lahm é o patrão da defesa, Schmelzer dono e senhor do lado esquerdo e Grosskreutz é a alternativa ao capitão sendo que a sua polivalência também pode ajudar no ataque.


    Na zona intermédia do terreno apenas temos um nome que não consta na larga lista de Löw - Holtby. Achamos que o jogador do Tottenham emprestado ao Fulham na última metade do campeonato, fez para estar nos 23 convocados. E a verdade é que não há nenhum jogador com as características de Holtby no plantel. Em jogos mais ofensivos, Holtby pode desempenhar a função de médio centro e ser um todo-o-terreno que Kroos, Schweinsteiger e Bender não conseguem ser. Já os restantes, não têm as características defensivas necessárias. Os últimos 3 jogadores mencionados também contam nas nossas contas sendo que Kroos e Schweinsteiger seriam pontos chave no nosso onze, no miolo. Bender é um médio que tem evoluído ao longo do tempo e merece sem dúvida ser chamado. Khedira deixamos em contenção por não sabermos as verdadeiras condições do médio. Preferimos levar um a 100% do que um jogador a recuperar de lesão.
    Özil e Götze são os dois médios ofensivos que escolhemos porque - de facto - são dos melhores médios ofensivos a nível mundial na actualidade. Reus, Draxler e Schürrle são as asas desta selecção germânica sendo que o próprio Götze pode descair um pouco para uma das alas. Rolfes fica então na nossa lista de contenção, assim como Khedira. Gündogan seria um elemento chave nesta selecção, mas a sua grave lesão impede-o de ir ao Brasil. 


    Os artilheiros de serviço serão meio que adaptados, pois nenhum deles é um ponta-de-lança fixo. Müller é um "jogador-vagabundo". Consegue fazer todas as posições atacantes com uma competência exemplar e a sua aptidão em marcar golos não varia de posição para posição, mostrando-se um jogador bastante constante no seu alto nível exibicional. Lukas Podolski tem características diferentes e não tem um desempenho tão bom quando joga como única referência atacante. Ainda assim, achamos que o avançado do Arsenal seria importante nesta equipa. O nº23 é Kevin Volland. O avançado do Hoffenheim somou 12 golos na presente temporada e tem estado em grande destaque na Bundesliga sendo assim um dos nossos escolhidos com Kruse e Gómez a serem os preteridos e a ficarem em contenção.

O Onze



    Quanto ao onze ideal da formação alemã é muito simples. Neuer será o nº1 caso esteja apto para o Mundial. Lahm e Schmelzer serão os laterais de serviço enquanto que Mertesacker e Hummels tomariam conta da zona central.
    No meio campo optámos por não ter um trinco e alinhar com Schweinsteiger e Kroos à frente da defesa. O espírito de sacrifício de ambos, as qualidades defensivas e criatividade atacante fazem com que estas sejam as nossas escolhas. À frente de ambos Özil será o maestro. O jogador do Arsenal seria importantíssimo nas transições ofensivas podendo trocar algumas vezes com Götze que colocámos na esquerda. O jogador campeão pelo Bayern já tem jogado nesta posição e a verdade é que não sabe jogar mal. Reus é um jogador que pode jogar em qualquer posição atrás do avançado. Foi o melhor jogador alemão - para nós - de 2013/14 e é o maior desequilibrador da equipa. O jogo passará muito pelos seus pés aquando das transições para o ataque.
    Como referência atacante temos Müller. Um jogador extremamente inteligente que sabe como jogar em equipa. Sabe ser altruísta e por vezes arriscar nos momentos oportunos. Um jogador esforçado que apesar de ser o jogador mais avançado, também sabe jogar para a equipa melhorando o seu jogo.




Chegámos ao fim de mais uma rubrica "Os Nossos 23" onde daqui a dois dias apresentaremos os nossos 23 de uma selecção que tem estado no topo mundialmente. Apresentamos muito sangue novo ao contrário do seu seleccionador. Fiquem atentos!