Liga Portugal Betclic - "Vamos ver", disse Ruben Amorim em tom de desafio no Marquês de Pombal em Maio de 2024, antes de um mic drop levar ao êxtase um mar verde, mais crente que nunca em provar errados aqueles que tomavam o bicampeonato como uma impossibilidade. O Sporting conseguiu mesmo sagrar-se bicampeão, 73 anos depois, mas só teve Amorim durante 11 jornadas. O agora treinador do Manchester United abandonou o projeto a meio da viagem, deixando a equipa 100% vitoriosa no campeonato e em 2º lugar na fase de liga da Champions. Primeiro com João Pereira (durou 4 jornadas depois de Varandas ter profetizado que em 4-5 anos estaria num grande europeu) e depois com Rui Borges, os leões experimentaram a lei de Murphy - sem a liderança de Coates (Hjulmand revelou-se fantástico herdeiro), sem Amorim e com Hugo Viana a seguir a sua vida para o outro emblema de Manchester, foram incontáveis as lesões que atormentaram Alvalade, chegando Borges a ter que recorrer a Felicíssimo e Alexandre Brito para formarem, em diferentes momentos, dupla de meio-campo com Debast, porque Hjulmand, Morita, Pote, Bragança e João Simões estavam todos lesionados. A mais mediática das lesões, a fadiga muscular de Viktor Gyökeres, chegou a dar vida aos rivais, mas no final este foi mesmo o bicampeonato do sueco, de longe o jogador com maior impacto individual por cá nos últimos anos.
Como só pode ganhar um, a renovação do título do Sporting significou temporadas para esquecer de Benfica e FC Porto. Os azuis e brancos acusaram as várias mudanças (presidente e treinador) e viram-se obrigados a operar alterações in media res: o argentino Martín Anselmi (39 anos e ex-Cruz Azul) substituiu Vítor Bruno, trazendo consigo a assimilação de um novo esquema tático, e o clube procurou manter-se competitivo mesmo depois de perder em Janeiro dois dos seus melhores jogadores, Nico González e Galeno. Pela positiva, o nascimento de um predestinado chamado Rodrigo Mora e a demonstração de bons contactos no futebol espanhol via Zubizarreta, fundamental no recrutamento de Samu. Na Luz, Lage não demorou muito a receber a equipa do pré-condenado Roger Schmidt. Os encarnados acertaram em vários reforços (Pavlidis e Carreras principalmente, mas também Aktürkoglu, e as afinações em Janeiro deram outra dimensão à equipa) mas vacilaram na Hora H quando podiam completar a remontada. E até a Taça de Portugal escapou por entre os dedos. Com apenas 1 campeonato ganho nos últimos 6, parece clara a necessidade de um novo ciclo, cujo início pode ser adiado até Outubro.
Santa Clara, Estoril, Casa Pia e Nacional da Madeira foram as 4 únicas equipas a manter o mesmo treinador toda a época, contribuindo essa estabilidade para os bons trabalhos respetivamente de Vasco Matos, Ian Cathro, João Pereira e Tiago Margarido. O Boavista e o Farense disseram adeus ao escalão máximo do futebol nacional, ocupando Tondela e Alverca as suas vagas em 25/ 26.
No filme da época, a força da natureza Gyökeres é protagonista. O sueco apontou 39 golos e decidiu muitos jogos sozinho, tendo a sua permanência (em condições normais, um jogador deste nível já teria jogado esta temporada num dos principais emblemas do futebol europeu) funcionado como um trunfo de luxo e podido ser percecionada como uma espécie de "batota" por parte dos adversários. Além da brutal qualidade do 9 leonino, guardaremos entre outras coisas aquele ziguezague de Pavlidis, a leitura de jogo de Hjulmand, Aursnes e Tiago Silva, a atitude de Otamendi, os primeiros passos como sénior de Rodrigo Mora, Carreras a arrancar pela esquerda e Trincão a fletir a partir da direita.
Acompanhem-nos então neste balanço final, que analisa em detalhe as 18 equipas da Liga portuguesa, procurando determinar o que correu bem, o que correu mal, quem se destacou e quem desiludiu:
SPORTING (1) 73 anos depois, Bicampeão. O campeonato foi emocionante e disputado até à última jornada mas o favoritismo leonino prevaleceu.
É muito difícil falar desta Liga e não começar por Ruben Amorim: o hoje treinador do Manchester United (ganhou 16 jogos pelo Sporting em 18, e ganhou 16 jogos pelo United em 42) abandonou Alvalade, deixando o plantel apático e a duvidar de si mesmo. Até Amorim sair, os leões ganharam todos os 11 jogos da Liga, sofrendo apenas 5 golos e marcando uma média de 3,5 golos por jogo. Na Champions, o coroar de anos de trabalho: 5 de Novembro, Sporting 4-1 Manchester City.
Ser o treinador a seguir a Ruben Amorim perspetivava-se missão quase impossível, ficando o sucessor praticamente impossibilitado de fazer melhor, com um fantasma sempre presente, e estando obrigado a dar sequência à quase-perfeição não deixando escapar o tão bem encaminhado bis. João Pereira foi apresentado com a convicção de Varandas de que em 4 ou 5 anos estaria num grande europeu. Porém, JP perdeu com o Santa Clara e Moreirense (todas as derrotas dos leões neste campeonato aconteceram com ele), venceu marginalmente o Boavista e, após empate a zero em Barcelos, Varandas não perdeu tempo e acertou a sua rescisão, depositando renovada fé em Rui Borges, que se viria a estrear logo diante do Benfica (1-0).
Rui Borges não deslumbrou, nunca deslumbrou, mas foi efetivamente superior a Lage nos 2 embates do campeonato. O ex-Vitória beneficiou do simples exercício mental da comparação ser feita no imediato com João Pereira e não com Amorim, mas falhou na maioria dos jogos na gestão das segundas partes. Num verdadeiro case study de Lei de Murphy, Borges viu-se privado de contar com 5 opções para o meio-campo em simultâneo, mas o clube foi guardando a sua margem, progressivamente menor, enchendo o balão de confiança do rival da Luz.
Com Hjulmand a comandar as tropas e Rui Silva a partir de Janeiro a serenar uma baliza na qual Kovacevic se revelou erro de casting, o clube leonino não perdeu qualquer jogo entre as jornadas 14 e 34 e o universo verde e branco só terá começado a fazer contas à vida quando a equipa empatou de forma consecutiva com Porto, Arouca e AFS (jornadas 21, 22 e 23) e naquela fase em que a condição muscular e a sobrecarga de minutos de Gyökeres teve que ser gerida.
Além da liderança do ocasionalmente errático Diomande no centro da defesa, da excelente reta final de Eduardo Quaresma, da boa adaptação de Debast a médio e da vitamina H(arder), importa destacar os primeiros passos do prodígio Geovany Quenda (Rui Borges geriu mal o jogador, que vinha num rendimento espetacular com Amorim), a brutal presença criativa de Pedro Gonçalves até se lesionar e a reconfiguração de Trincão, jogador que ajuda a mascarar a ausência de Pote.
Mas que ninguém se engane, este Sporting é bicampeão porque tem Hjulmand e Gyökeres. O médio e capitão, o melhor do campeonato na sua posição, voltou a mostrar que é doutro campeonato com a sua mentalidade de campeão e ímpar leitura tática. Quanto a Gyökeres, outra vez MVP, o avançado sueco foi uma espécie de "batota" tal o seu impacto, nível estratosférico e capacidade de decidir sozinho. Sai (tem que sair, merece) como um dos grandes jogadores da História do futebol português, com 39 golos (2 pókers, 3 hat-tricks e 5 bis).
Sem Amorim e sem Viana, o novo desafio está identificado: vencer sem Viktor.
Destaques: Viktor Gyökeres, Morten Hjulmand, Francisco Trincão, Ousmane Diomande, Eduardo Quaresma

BENFICA (2)
Como dói perder tudo, no fim. O Benfica de Rui Costa acumulou erros de gestão do primeiro ao último dia da prova mas, mesmo assim, quase podia ter ganho o campeonato e a Taça de Portugal. "Quase" é a palavra-chave.
Para os lados da Luz, todo e qualquer adepto sabia que o germânico Roger Schmidt tinha os dias contados em Portugal. Mas foram precisas 4 jornadas e 5 pontos perdidos para os encarnados mudarem de treinador, sendo pioneiros em algo que também o Sporting (duas vezes) e o Porto acabariam por fazer. Bruno Lage assumiu a equipa e as águias estiveram saudáveis, instalando-se a crise apenas na transição de 2024 para 2025 quando, num espaço de quatro jornadas, o Benfica perdeu com Sporting (estreia de Rui Borges), Braga e Casa Pia.
Este foi um campeonato de renovada incompetência do Benfica, com Lage a emergir como ventríloquo da Direção e a ser igual a si próprio: fantástico enquanto a narrativa estava contra si, sem nada a perder e a correr atrás do prejuízo em busca de deslizes do adversário; tenebroso mal os papéis se inverteram podendo o Benfica depender de si próprio - primeiro fracasso num empate caseiro com o Arouca, segundo momento ao ser incapaz de sair por cima no "jogo do século" diante do seu público.
Ainda (e eternamente) com saudades de João Neves, "oferecido" ao PSG por 60 milhões, o Benfica fez um razoável percurso na Champions. Na fase de liga venceu apenas 1 dos 4 jogos caseiros, ultrapassou o Mónaco apesar de demonstrar menos futebol do que a equipa francesa, e caiu sem mácula diante do favorito Barcelona (contra quem já proporcionara uma espetacular 4-5) podendo apenas lamentar o desaproveitamento da superioridade numérica (Cubarsí expulso aos 21 minutos) na primeira mão.
O Benfica foi o segundo melhor ataque, foi a segunda melhor defesa, e em 4 jogos com o Sporting não venceu nenhum no tempo regulamentar (sorriu apenas nas grandes penalidades, conquistando a Allianz Cup). Viu o plantel melhorado em Janeiro com as aquisições de Dahl, Belotti, Manu Silva e Bruma, tendo tido o azar de perder Manu (surreal azar do ex-Vitória e de Bah, ambos com roturas de ligamentos no espaço de 3 minutos contra o Moreirense) no mesmo dia que determinou que Tomás Araújo abandonaria o centro da defesa para "safar" a lateral-direita.
A equipa foi melhor, mais equilibrada e menos afunilada sem Di María, o tempo que Renato Sanches esteve lesionado não surpreendeu ninguém, destacando-se pela positiva o capitão e líder espiritual Otamendi, o Most Improved Player do Ano Álvaro Carreras, e um avançado grego que na mesma temporada fez um hat-trick ao Barcelona e outro em casa do Porto. Vangelis Pavlidis resolveu o dossier Avançado, brilhando individualmente (lance de génio no empate com o Sporting) e melhorando todos à sua volta.
Um novo ciclo aproxima-se, pensamos. Mas as perguntas que deveriam ser antecipadas para agora, só serão respondidas em Outubro.
Destaques: Vangelis Pavlidis, Álvaro Carreras, Nicolás Otamendi, Fredrik Aursnes, Tomás Araújo
FC PORTO (3)
Este Porto não foi Porto. E essa será certamente um dos argumentos dos críticos de André Villas-Boas e acérrimos defensores de Pinto da Costa e Sérgio Conceição.
Se o campeonato anterior ficou marcado na Invicta pelo dia 27 de Abril (data em que os sócios escolheram AVB), a temporada de 2024/ 25 teve o seu dia mais triste a 15 de Fevereiro, dia do falecimento de Jorge Nuno Pinto da Costa. Respeitemos a sua memória, tendo chorado pelo 42 anos presidente do FC Porto quem ele queria que por ele chorasse, e ficado em silêncio quem ele queria que tivesse ficado em silêncio.
No primeiro ano completo de AVB, Vítor Bruno revelou-se aposta falhada. A emocionante reviravolta na Supertaça (de estar a perder 0-3 para ganhar 4-3) contra o Sporting foi o auge numa temporada em que o Dragão se apresentou irreconhecível, com futebol pobre e uma confusão de ideias. Vítor Bruno orientou a equipa em 18 das 34 jornadas, e foi com ele que os azuis e brancos somaram 40 dos 71 pontos. Foi também com VB que Samu marcou 13 dos seus 19 golos na Liga. Mas depois de "atropelo" na Luz (4-1) e de duas derrotas consecutivas diante de Nacional e Gil Vicente, a continuidade do antigo adjunto de Conceição era difícil de justificar.
AVB escolheu o argentino Martín Anselmi (39 anos e ex-Cruz Azul, com bom trabalho no equatoriano Independiente del Valle) e com essa decisão determinou uma segunda volta de muita experimentação e assimilação de ideias novas, podendo-se comparar muitas das dores de crescimento do FC Porto com as que o Manchester United viveu em Inglaterra com Ruben Amorim.
Numa temporada para esquecer, com duas derrotas por 4-1 diante do eterno rival Benfica e 7 derrotas na Liga, não é fácil ver o copo meio cheio. Mas podemos tentar: objetivamente, este Porto arrasado pela crítica fez apenas menos 1 ponto do que o último FC Porto de Sérgio Conceição, e a capacidade de garantir jogadores como Samu Aghehowa, Fábio Vieira ou Gabri Veiga (25/ 26) mostra que os dragões têm a rede de contactos certa para acelerar o seu renascimento.
Não deve ser esquecido que Nico González e Galeno saíram em Janeiro, num campeonato em que Nehuén Pérez foi flop, Francisco Moura passou a dezena de assistências e somos da opinião que Samu, apesar de ser um diamante e um hábil goleador, tem que dar muito mais à equipa. No meio de tanta desgraça, houve Rodrigo Mora. O miúdo de 18 anos ofereceu o pódio aos dragões com as suas exibições na segunda volta (não temos memória de um jogador marcar tantos golos que poderiam ser candidatos a Golo do Ano), com qualidade técnica para dar e vender, a mentalidade certa para singrar e um 1,68m que ainda faz dele mais um predestinado mais gigante. Fica para explodir em 25/ 26 ou segue para o campeão europeu PSG?
Destaques: Rodrigo Mora, Samu Aghehowa, Francisco Moura, Diogo Costa, Fábio Vieira
BRAGA (4) A época do Sporting de Braga não foi brilhante (menos 2 pontos somados em comparação com 23/ 24, menos 12 pontos em comparação com 22/ 23) mas o facto do FC Porto ter estado tão frágil deixou o Braga
vivo na luta pelo pódio até perto do fim. Logicamente, a mesma equação pode ser desconstruída de outra maneira - o Braga não foi capaz de se superiorizar em relação ao pior Porto de que há memória.
O capítulo I da temporada foi escrito com Daniel Sousa, mas o divórcio aconteceu rapidamente, terminando em polémica e "sacos de plástico pretos, destinados a depósito de lixo doméstico". Com Carvalhal (terceira vez no clube), o Braga foi 25º na Liga Europa, falhando o acesso ao Top-24 e consequentemente à fase a eliminar mediante a sua diferença de golos. Em termos internos, aceitar negociar Bruma para a Luz em Janeiro não fez sentido.
Vitoriosos na Luz e em casa diante do FC Porto (livre direto de Ricardo Horta), os arsenalistas não conseguiram que El Ouazzani e Roberto Fernández substituíssem os golos de Banza, e ficarão a lamentar a lesão do jovem Roger (craque em potência) quando este começava a embalar e a carregar a equipa na fase ofensiva. O checo Lukás Hornícek será um dos guarda-redes que entra em 25/ 26 com melhor cotação e maiores expectativas, agarrando a oportunidade no pós-Matheus (no clube desde 2014), período que também significou os primeiros passos para Chissumba ou Afonso Patrão.
Segue-se o reinado de Carlos Vicens, adjunto de Pep Guardiola desde 2021, e integrado no universo da formação do Manchester City desde 2017.
Destaques: Ricardo Horta, Lukás Hornícek, João Moutinho, Roger, Uros Racic
SANTA CLARA (5)
Histórico. Após conquistar a II Liga, impressionando à data o bom registo defensivo dos açorianos, o Santa Clara foi subindo e subindo e passou diretamente do segundo escalão para o 5º lugar da Liga Portugal. Sob o comando do bastante subvalorizado Vasco Matos, a equipa-sensação desta edição bateu o recorde de pontos do clube neste patamar - 57 pts, quando antes era 46 - conseguindo bilhete para a próxima Liga Conferência, e muito contribuindo para todas estas conquistas a excelente e rigorosa prestação defensiva. O Santa Clara sofreu 32 golos (quinta melhor defesa), não ficando muito longe dos números de Braga e Porto (ambos 30), Benfica (28) e Sporting (27).
A segunda melhor equipa com 3 centrais neste campeonato foi a única (!) que derrotou o Sporting em Alvalade. Com um bom guarda-redes (Gabriel Batista) e a defesa muito bem trabalhada (MT foi quem mais valorizou mas todos estiveram num nível alto), o Santa Clara colheu os frutos de bons períodos de Gabriel Silva, Vinícius Lopes e Ricardinho, mas Vasco Matos reconhecerá que a equipa marcou poucos golos (36). Na tentativa de combater essa lacuna já foi assegurado o australiano Anthony Carter, ex-Alverca e melhor marcador da II Liga.
A coexistência de Liga e competições europeias, caso o Santa Clara consiga integrar a fase de liga da Conference, representará um indiscutível desafio, mas a composição de um plantel com mais soluções e a permanência de Matos permitem sonhar.
Destaques: Gabriel Silva, MT, Gabriel Batista, Vinícius, Sidney Lima
VIT. GUIMARÃES (6)
Clube alérgico à estabilidade, o Vitória voltou a colecionar treinadores e a lamentar-se, no fim, dos objetivos falhados. Na cidade-berço, a temporada arrancou em grande com Rui Borges: é verdade que aquele que viria a ser o treinador campeão pelo Sporting até deixou (jornada 15) o clube de Guimarães precisamente em sexto, mas o 2º lugar na Liga Conferência, invicto e apenas atrás do Chelsea, foi um feito notável, sem esquecer as 7 clean sheets consecutivas nos primeiros sete jogos oficiais da época.
A mudança de Borges para Alvalade fez António Miguel Cardoso virar-se para Daniel Sousa. Mas o treinador, que durara 4 jogos no rival Braga, durou 3 em Guimarães. Misterioso trajeto do ex-Arouca e Gil Vicente, que acabou despedido pelos 2 rivais apesar de sofrer apenas uma derrota em 7 jogos. À jornada 18, Luís Freire assumiu as rédeas. E o trabalho, ignorando a escorregadela final que permitiu o Santa Clara assaltar o quinto lugar, foi positivo.
Eliminados pelo Bétis de Isco e Antony na Liga Conferência, os vimaranenses proporcionaram um épico 4-4 com o Sporting e, localmente, podem-se gabar de não ter sofrido qualquer golo do Braga em 180 minutos, vencendo fora.
Tiago Silva foi sempre o epicentro e cérebro da equipa, Borevkovic ficou certamente feliz com a chegada de Filipe Relvas, Telmo Arcanjo mostrou que consegue fazer na Liga Portugal o que já fizera pelo Tondela um patamar abaixo, João Mendes marcou os seus golos (quase sempre de belo efeito) e Gustavo Silva (7 golos em menos de 900 minutos é uma marca bem interessante) pode tornar-se um caso sério se for capaz de contribuir de forma continuada.
Como não podia deixar de ser, depois de 3 treinadores distintos nesta campanha, já está confirmado que Freire não continuará. Esperamos que seja dado tempo a Luís Pinto (Tondela), treinador que pode muito bem ser um dos destaques de 25/ 26.
Destaques: Tiago Silva, Toni Borevkovic, Telmo Arcanjo, Gustavo Silva, João Mendes
FAMALICÃO (7)
Após três épocas consecutivas em oitavo, o Famalicão conseguiu finalmente desbloquear o nível seguinte e ficou em 7º.
Não é novidade para ninguém que o Famalicão tem, ano após ano, alguns dos jogadores mais promissores do nosso futebol, mostrando ser o ambiente adequado para um jogador provar que está apto para justificar uma transferência para um dos 3 grandes ou para um dos rivais do Minho - esta foi a casa de Pote, Ugarte, Banza, Ivan Jaime ou Francisco Moura (4 jogos esta época antes de se mudar para o Dragão).
Famalicão foi o princípio do fim para Roger Schmidt (o 2-0 na jornada inaugural foi um lembrete de quão incompetente fora a gestão encarnada) e, na transição de Armando Evangelista para Hugo Oliveira, é provável que o clube tenha ficado a ganhar. Na sua primeira experiência como técnico principal, o outrora treinador de guarda-redes do Benfica e das equipas de Marco Silva mostrou ser um bom comunicador e um interessante pensador.
No futebol jogado, é sensato pensar-se que Zlobin poderia ter sido o Guarda-Redes do Ano se não se tivesse lesionado com gravidade num rim, e ficámos encantados com a técnica pura de Óscar Aranda e com a objetividade de Sorriso. de Haas mandou na defesa, Rodrigo Pinheiro mostrou que está cada vez mais jogador e Gustavo Sá teve, aos 20 anos, a braçadeira de capitão em algumas ocasiões.
Destaques: Óscar Aranda, Sorriso, Gustavo Sá, Ivan Zlobin, Justin de Haas
ESTORIL (8)
Independentemente do lugar em que termine (melhor classificação desde que o clube regressou ao primeiro escalão em 2021), o Estoril tem sido, de forma continuada, a plataforma para vários craques darem outra cor e perfume ao futebol português. Nos últimos anos, jogadores como Tiago Santos, Mateus Fernandes, Rodrigo Gomes e Tiago Gouveia brilharam no Mágico. E esta temporada permitiu juntar mais nomes a essa lista.
Quando o clube anunciou o escocês Ian Cathro, ficámos desconfiados. Curiosamente, foi num ano em que Nuno Espírito Santo esteve em grande na Premier League que o seu outrora adjunto mostrou por cá a sua valia e capacidade para atuar a solo. O homem de Dundee foi, indiscutivelmente, o rei das conferências de imprensa do campeonato pós-Amorim, sempre com bom humor e o calão lusitano na ponta da língua.
Em campo, assistimos à melhor versão de João Carvalho e o marroquino nascido em França, Yanis Begraoui, revelou-se um "achado". Autor de 11 golos, acreditamos que tenha mercado, mas caso por milagre continue na Amoreira, arriscamos que consiga ficar perto dos 20 golos no próximo campeonato.
O clube está no bom caminho, e tudo correu bem, pedindo-se apenas mais magia e energia de Guitane nesta sua segunda passagem pelo emblema canarinho.
Destaques: João Carvalho, Yanis Begraoui, Wagner Pina, Zanocelo, Felix Bacher
CASA PIA (9) Entre os 10 primeiros, o Casa Pia foi a única equipa além do Top-4 a repetir com exatidão a sua classificação final de 23/ 24. No entanto, este Casa Pia foi bem mais entusiasmante de acompanhar do que o anterior. E somou, desde logo, 7 pontos mais.
Os gansos, que venceram o Sporting de Braga nas duas voltas, e deixaram o Benfica KO (3-1) na visita das águias a Rio Maior, fizeram muito com pouco, algo que por cá é normalmente sintoma de bom treinador. Ao 33 anos, João Pereira (sim, houve um bom João Pereira nesta Liga) estreou-se em grande como técnico de I Liga e, sem ter sido um dos treinadores admitidos pela FPF no curso UEFA Pro, provou de forma empírica que mesmo sem "certificação" é melhor do que quase todos os seus pares. Recordamos que antes do Casa Pia, o jovem treinador já brilhara no Alverca, clube que entretanto voltou a ser bem-sucedido com Vasco Botelho da Costa, uma sequência que deixa no ar que Custódio (treinador do recém-promovido Alverca em 25/ 26) também pode ser interessante aposta.
Neste Casa Pia, além de um dos melhores treinadores da Liga, esteve o melhor guarda-redes desta edição. Patrick Sequeira foi o guardião que mais nos impressionou, deixando atacantes de mãos na cabeça e acumulando, julgamos, interessados em garanti-lo. Foi o adeus de Lelo, um incansável trabalho de Cassiano na frente, tudo isto sem esquecer os elementos que deixaram o barco a meio da viagem - Nuno Moreira, um dos destaques na primeira volta, rumou ao Vasco da Gama, Telasco Segovia foi ter com Messi ao Inter Miami, e Beni, jogador importante no equilíbrio da equipa, fez as malas para Guimarães quando Manu Silva se transferiu para o Benfica.
Destaques: Patrick Sequeira, Cassiano, Leonardo Lelo, Gaizka Larrazabal, Nuno Moreira
MOREIRENSE (10)
Depois do 6º lugar com Rui Borges na temporada passada, os cónegos ficaram mais fracos mas podem estar orgulhosos. Não são todas as equipas que, nos 2 anos a seguir a garantir a promoção, conseguem instalar-se no Top-10 nacional. De resto, com o fundo norte-americano Black Knight (dono do Bournemouth) como acionista maioritário da SAD e um treinador extraordinariamente promissor como Vasco Botelho da Costa (Alverca, Leiria e Estoril Sub-23) assegurado, tudo aponta para que Moreira de Cónegos tenha sérios motivos para sorrir na próxima edição.
O Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas foi o único estádio em que o campeão Sporting perdeu (2-1) esta época fora de portas, o que não choca uma vez que apenas Sporting, Benfica e Porto tiveram menos derrotas caseiras do que o Moreirense, e foi após um 1-1 na receção ao Benfica que o clube da Luz despediu Roger Schmidt à quarta jornada.
A época fez-se com Peixoto e Bacci, dois técnicos competentes, e teve no criativo Alanzinho o seu principal destaque. À beira de completar 36 anos, Marcelo voltou a formar com Maracás uma das melhores parcerias de centrais na Liga, e os reforços de Janeiro, Yan Maranhão e Cédric Teguia, melhoraram efetivamente o conjunto de Guimarães.
Destaques: Alan, Bernardo Martins, Rúben Ismael, Marcelo, Luís Asué
RIO AVE (11) A equipa mais grega da I Liga despediu-se esta temporada de Luís Freire (saiu ao fim de 10 jornadas neste que era o seu 4º ano em Vila do Conde) mas também já sabe que Petit não vai continuar.
Com Alexandrina Cruz como presidente e Evangelos Marinakis (Olympiacos e Nottingham Forest) como proprietário, o Rio Ave realizou um campeonato tão confortável que, com a margem de erro que conquistou, pôde inclusive dar-se "ao luxo" de perder 7 jogos nas últimas 12 jornadas, e mesmo assim ser décimo primeiro.
Semi-finalista da Taça de Portugal (perdeu com o Sporting), o Rio Ave foi substancialmente melhor em casa (26 pts) do que fora (12) e viu iniciada a sua helenização - Vrousai, Ntoi, Kostoulas (irmão do Kostoulas craque que assinou pelo Brighton), Bakoulas e Patiras foram reforços.
Individualmente, o guardião polaco Miszta voltou a deixar excelentes indicações, o internacional costa-riquenho Brandon Aguilera fartou-se de demonstrar qualidade com o seu pé esquerdo, e tudo leva a crer que o turco Demir Tiknaz (fantástico centrocampista emprestado pelo Besiktas) brilhe ao mais alto nível, seja qual for a sua próxima paragem. Naturalmente, falar do Rio Ave 24/ 25 é falar de Clayton Silva: o portentoso (mede 1,84m mas a forma como joga fá-lo parecer mais alto) avançado brasileiro, já com passagem no Casa Pia, chegou aos 14 golos no campeonato, garantindo assim a sempre interessante distinção de melhor marcador extra-grandes. Está no momento certo para dar um merecido salto.
Destaques: Clayton, Demir Tiknaz, Brandon Aguilera, Marious Vrousai, Cezary Miszta
AROUCA (12) Tendo sido quinto em 22/ 23 (boa temporada de Arruabarrena, Basso e Dabbagh) e sétimo em 23/ 24 (extraordinária dupla Mujica e Cristo), a fasquia estava muito alta. Mas depois de perder os seus dois atacantes para o Al-Sadd, do Catar, era expectável que o Arouca caísse.
Com Vasco Seabra definitivamente melhor do que o uruguaio Gonzalo García, aposta exótica falhada, o clube de Aveiro tirou pontos às águias na Luz (aquele 2-2, com momento questionável entre Jason e Otamendi) e aos leões (igualmente 2-2) em Alvalade.
Mantendo constante o recorte técnico de Jason Remeseiro e Taichi Fukui, a época do Arouca teve Tiago Esgaio novamente em bom plano à direita, e permitiu o amadurecimento de Chico Lamba (muito potencial) e de Henrique Araújo que, sem ter sido um brilhante goleador, aproveitou melhor este empréstimo do que os anteriores.
É certo que o Arouca caiu 7 lugares na tabela no espaço de dois anos, mas a continuidade de Vasco Seabra no projeto, uma maior taxa de acerto num par de reforços para o ataque e a possibilidade de voltar a acolher excendentários dos grandes podem ditar nova escalada na classificação em 25/ 26.
Destaques: Jason, Tiago Esgaio, Chico Lamba, Taichi Fukui, Morlaye Sylla
GIL VICENTE (13)
Sem correr perigo de descer nem conseguir ambicionar ser europeu, o galo de Barcelos integrou um conjunto de 5 equipas (Moreirense, Rio Ave, Arouca e Nacional as restantes) que viveram um ano tranquilo. O Gil, no entanto, não fiz equivaler no banco de suplentes a segurança que apresentou na tabela. O caminho começou torto, com Tozé Marreco a abandonar o barco em vésperas da primeira jornada, e além de dois jogos entregues a técnicos interinos, foram Bruno Pinheiro (jornada 2 à 22) e César Peixoto (24 até ao fim) a comandar a equipa.
Equipa que tratou quase sempre bem a bola, tentando disputar o jogo pelo jogo em qualquer campo, o Gil deixou-se encantar pelos hat-tricks do nipónico Kanya Fujimoto frente ao AFS e de Pablo, filho de Pena, frente ao Boavista, mas foi o talentoso e vertiginoso Félix Correia quem deixou evidente a sua capacidade para atuar numa equipa Top-5. O ex-Juventus, formado no Sporting, apontou 10 golos e foi muitas vezes a "estrelinha" cintilante capaz de despertar os galos.
Vitorioso frente ao Porto (3-1) e capaz de levar o Sporting aos descontos num dos jogos mais importantes do campeonato (jornada 32, decidida por Eduardo Quaresma aos 90+3), o 13º classificado demonstrou também boa prospeção - perdeu Mory Gbane para o futebol francês, mas recrutou Mutombo, Mohamed Bamba e Jonathan Buatu (primeiros passos dados em 23/ 24 por este último), contribuindo todos para melhorar substancialmente a equipa.
Destaques: Félix Correia, Kanya Fujimoto, Santi García, Jonathan Buatu, Mohamed Bamba
NACIONAL (14)
Um bom trabalho de Tiago Margarido, o único treinador da segunda metade da tabela que se manteve no cargo durante toda a competição. Um "feito", de resto, apenas repetido por 3 equipas (Santa Clara, Estoril e Casa Pia) do Top-9.
Vindos do segundo escalão e trazendo consigo o permanente risco do clima na Choupana obrigar ao adiamento de algum jogo, os insulares mostraram fibra e ótimos instintos de Tiago Margarido (36 anos), conseguindo mostrar qualidade mesmo depois de perder o pack Gustavo Silva + Chuchu Ramírez para o Vitória, uma dupla que valera 35 golos em 23/ 24.
Sem conseguir encontrar um avançado com aproximada veia goleadora (Isaac acumulou bons detalhes mas faltou-lhe consistência), o Nacional da Madeira acabou por confiar numa defesa muito aguerrida e num meio-campo equilibrado. Zé Vitor e Ulisses formaram boa dupla, o emprestado Gustavo Garcia deixou claro que está pronto para voos mais altos, Soumaré fartou-se de recuperar bolas e a dupla Luís Esteves (já anunciado como reforço do Gil Vicente) e Daniel Penha criou a globalidade do desenho ofensivo alvinegro.
A vitória por 2-0 contra o FC Porto, num jogo iniciado a 3 de Janeiro e concluído 9 dias depois, terá sido o ponto alto da época.
Destaques: Gustavo Garcia, Zé Vitor, Luís Esteves, Djibril Soumaré, Lucas França
ESTRELA DA AMADORA (15)
Quase todos os anos há uma equipa assim, que escapa marginalmente ao temor das contas da descida, não por mérito próprio mas com gratidão pelo nível inferior apresentado pelos adversários. O Estrela da Amadora foi o pior ataque do campeonato (24 golos, tal como o Boavista) mas valeu-se de uma prestação defensiva uns furos acima - o 10º classificado Moreirense sofreu o mesmo número de golos, o 12º (Rio Ave) e o 8º (Estoril) sofreram mais.
A época começou com Filipe Martins, que transitava do Casa Pia, sendo por isso um técnico acostumado a trabalhar equipas com 3 centrais (o plantel do Estrela estava delineado para isso), mas ao sétimo jogo do campeonato já estava José Faria a comandar os tricolores.
Sem grandes destaques individuais, esta foi uma temporada que começou com Nani, entretanto retirado e com um bizarro episódio a envolver a camisola de um adepto pelo meio, e em que o clube se viu desfalcado em Janeiro de dois defesas (Danilo Veiga e Tiago Gabriel), ambos transferidos para o Lecce, clube que já adquirira Kialonda Gaspar uns meses antes.
Kikas e Rodrigo Pinho marcaram uns golos, Chico Banza agitou alguns jogos na segunda volta, e entre os postes quando se antecipava que Francisco Meixedo poderia agarrar a oportunidade, foi o igualmente ex-dragão João Costa quem tomou conta da baliza.
Destaques: Kikas, Rodrigo Pinho, João Costa
AFS (16) Há uma primeira vez para tudo. Na antevisão desta edição falámos sobre o AVS (apontámos a equipa ao 17º lugar) mas muitos meses depois, e após mutação nominal, quem desce é... o AFS.
Não será descabido considerar a equipa da Vila das Aves a pior deste campeonato. Os 27 pontos e diferença de golos de 35 negativos (25 marcados e 60 sofridos, fechando a prova como pior defesa de todas) ditariam a descida se os critérios cá fossem outros, mas uma vez que continuamos a privilegiar o confronto direto, a vantagem nos jogos frente ao Farense foi suficiente para garantir presença no Play-Off.
No confronto com o Vizela (vitória em casa por 3-0, que praticamente sentenciou a eliminatória, e empate a dois golos fora), o AFS conseguiu inverter a tendência. Nas 4 épocas anteriores, o 3º da Segunda Liga tinha batido sempre o antepenúltimo da Primeira.
José Mota acabou por cumprir nos 4 jogos em que assumiu a equipa, sucedendo a Daniel Ramos, Rui Ferreira e Vítor Campelos. Individualmente, todo o plantel deixou bastante a desejar. Zé Luís e Nenê (41 anos) marcaram uns golos, Mercado, Akinsola e Vasco Lopes entusiasmaram em algumas ações, e Ochoa não fez a diferença.
A edição de 25/ 26 teria ficado mais forte com o ingresso do Vizela, mas há que dar mérito ao AVS/AFS, que disse presente na Hora H.
Destaques: John Mercado, Zé Luís, Cristian Devenish
FARENSE (17)
Um ano depois da descida do Portimonense, também o Farense fracassou, deixando o Sul de Portugal sem representação na Liga Portugal em 25/ 26.
Para os mais esquecidos, recordamos que o Farense foi 10º classificado na temporada anterior, uma posição com enormíssima responsabilidade de Ricardo Velho. Com os dados que temos hoje, é provável que os leões de Faro tenham deixado passar o melhor timing para negociar Velho - a intransigência em pedir um valor muito alto pode ter hipotecado o salto merecido para o guarda-redes português, e esses milhões teriam permitido outro reforço do plantel.
Ricardo Velho repetiu exibições de encher o olho (particularmente inspirado no Dragão, com 10 defesas) mas até terminou a época lesionado e fora de combate, dando lugar a Kaique. Poveda, Tomané e Bermejo não conseguiram substituir os golos de Bruno Duarte, Belloumi e Mattheus. E entre a vigência de José Mota (despedido ao fim de 6 derrotas nas 6 primeiras jornadas) e Tozé Marreco, o fator em comum foi mesmo o excelente rendimento de Cláudio Falcão, ora a central numa linha de 5 ora no meio-campo.
Ficou-nos na retina um golaço de Miguel Menino e as arrancadas de Poloni. O clube desce à Liga Meu Super, mas Ricardo Velho há-de finalmente calçar as suas luvas noutras paragens.
Destaques: Cláudio Falcão, Ricardo Velho, Derick Poloni, Miguel Menino
BOAVISTA (18)
A Pantera caiu. A viver no limite e a desafiar os impossíveis (inesquecível o colossal peso nos ombros de Miguel Reisinho na grande penalidade aos 90+10 que segurou o clube na I Liga na última jornada de 23/ 24) há bastante tempo, com salários em atraso e embargos de transferências, o Boavista não resistiu desta vez e abraçou o destino teimosamente adiado.
Pelo 2º ano consecutivo, os axadrezados contaram com 4 treinadores diferentes (Bacci, interino Couto, Vidigal e Baxter), importando destacar sobretudo as 20 jornadas sob o comando técnico de Cristiano Bacci. Com o italiano, o clube do Bessa permaneceu em último mas mostrou competitividade ao mascarar a falta de qualidade individual com um plano de jogo simples e consciente após boa autoavaliação - com muito menos argumentos, o Boavista não se deixou afundar (chegou a fazer suar o Sporting de João Pereira, em Alvalade, num 3-2) nessa fase, mantendo no horizonte Farense, Estrela e AFS.
Ironicamente, foi após Bacci deixar o clube por mútuo acordo, derrotado pela frustrante gestão do plantel e pela global falta de condições, que Fary conseguiu atacar o mercado. Lito Vidigal recebeu 9 reforços "fora de horas", sem contrato e com nome (Kurzawa, van Ginkel ou Steven Vitória, por exemplo), contribuindo mais Fogning, o gigante russo Lystsov e, mais do que qualquer outro, o guardião checo Vaclík (que jogão na Luz!).
As vitórias fora contra Rio Ave, Farense e AFS, nas jornadas 28, 30 e 32, ainda deixaram no ar a hipótese de novo milagre ao cair do pano. Mas a boa energia do septuagenário Stuart Baxter (2 vitórias em 5 partidas) não foi suficiente para contrariar a força da gravidade, que há muito atraía para as divisões secundárias um clube histórico mas em terrível situação de tesouraria.
Destaques: Tomas Vaclík, Joel Silva, Miguel Reisinho