Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

24 de junho de 2025

Balanço Final - Liga Portugal Betclic 24/ 25

  Liga Portugal Betclic - "Vamos ver", disse Ruben Amorim em tom de desafio no Marquês de Pombal em Maio de 2024, antes de um mic drop levar ao êxtase um mar verde, mais crente que nunca em provar errados aqueles que tomavam o bicampeonato como uma impossibilidade.
    O Sporting conseguiu mesmo sagrar-se bicampeão, 73 anos depois, mas só teve Amorim durante 11 jornadas. O agora treinador do Manchester United abandonou o projeto a meio da viagem, deixando a equipa 100% vitoriosa no campeonato e em 2º lugar na fase de liga da Champions. Primeiro com João Pereira (durou 4 jornadas depois de Varandas ter profetizado que em 4-5 anos estaria num grande europeu) e depois com Rui Borges, os leões experimentaram a lei de Murphy - sem a liderança de Coates (Hjulmand revelou-se fantástico herdeiro), sem Amorim e com Hugo Viana a seguir a sua vida para o outro emblema de Manchester, foram incontáveis as lesões que atormentaram Alvalade, chegando Borges a ter que recorrer a Felicíssimo e Alexandre Brito para formarem, em diferentes momentos, dupla de meio-campo com Debast, porque Hjulmand, Morita, Pote, Bragança e João Simões estavam todos lesionados. A mais mediática das lesões, a fadiga muscular de Viktor Gyökeres, chegou a dar vida aos rivais, mas no final este foi mesmo o bicampeonato do sueco, de longe o jogador com maior impacto individual por cá nos últimos anos.

    Como só pode ganhar um, a renovação do título do Sporting significou temporadas para esquecer de Benfica e FC Porto. Os azuis e brancos acusaram as várias mudanças (presidente e treinador) e viram-se obrigados a operar alterações in media res: o argentino Martín Anselmi (39 anos e ex-Cruz Azul) substituiu Vítor Bruno, trazendo consigo a assimilação de um novo esquema tático, e o clube procurou manter-se competitivo mesmo depois de perder em Janeiro dois dos seus melhores jogadores, Nico González e Galeno. Pela positiva, o nascimento de um predestinado chamado Rodrigo Mora e a demonstração de bons contactos no futebol espanhol via Zubizarreta, fundamental no recrutamento de Samu. Na Luz, Lage não demorou muito a receber a equipa do pré-condenado Roger Schmidt. Os encarnados acertaram em vários reforços (Pavlidis e Carreras principalmente, mas também Aktürkoglu, e as afinações em Janeiro deram outra dimensão à equipa) mas vacilaram na Hora H quando podiam completar a remontada. E até a Taça de Portugal escapou por entre os dedos. Com apenas 1 campeonato ganho nos últimos 6, parece clara a necessidade de um novo ciclo, cujo início pode ser adiado até Outubro.

    Santa Clara, Estoril, Casa Pia e Nacional da Madeira foram as 4 únicas equipas a manter o mesmo treinador toda a época, contribuindo essa estabilidade para os bons trabalhos respetivamente de Vasco Matos, Ian Cathro, João Pereira e Tiago Margarido. O Boavista e o Farense disseram adeus ao escalão máximo do futebol nacional, ocupando Tondela e Alverca as suas vagas em 25/ 26.

    No filme da época, a força da natureza Gyökeres é protagonista. O sueco apontou 39 golos e decidiu muitos jogos sozinho, tendo a sua permanência (em condições normais, um jogador deste nível já teria jogado esta temporada num dos principais emblemas do futebol europeu) funcionado como um trunfo de luxo e podido ser percecionada como uma espécie de "batota" por parte dos adversários. Além da brutal qualidade do 9 leonino, guardaremos entre outras coisas aquele ziguezague de Pavlidis, a leitura de jogo de Hjulmand, Aursnes e Tiago Silva, a atitude de Otamendi, os primeiros passos como sénior de Rodrigo Mora, Carreras a arrancar pela esquerda e Trincão a fletir a partir da direita.

    Acompanhem-nos então neste balanço final, que analisa em detalhe as 18 equipas da Liga portuguesa, procurando determinar o que correu bem, o que correu mal, quem se destacou e quem desiludiu:


 SPORTING (1)

    73 anos depois, Bicampeão. O campeonato foi emocionante e disputado até à última jornada mas o favoritismo leonino prevaleceu.
    É muito difícil falar desta Liga e não começar por Ruben Amorim: o hoje treinador do Manchester United (ganhou 16 jogos pelo Sporting em 18, e ganhou 16 jogos pelo United em 42) abandonou Alvalade, deixando o plantel apático e a duvidar de si mesmo. Até Amorim sair, os leões ganharam todos os 11 jogos da Liga, sofrendo apenas 5 golos e marcando uma média de 3,5 golos por jogo. Na Champions, o coroar de anos de trabalho: 5 de Novembro, Sporting 4-1 Manchester City.
    Ser o treinador a seguir a Ruben Amorim perspetivava-se missão quase impossível, ficando o sucessor praticamente impossibilitado de fazer melhor, com um fantasma sempre presente, e estando obrigado a dar sequência à quase-perfeição não deixando escapar o tão bem encaminhado bis. João Pereira foi apresentado com a convicção de Varandas de que em 4 ou 5 anos estaria num grande europeu. Porém, JP perdeu com o Santa Clara e Moreirense (todas as derrotas dos leões neste campeonato aconteceram com ele), venceu marginalmente o Boavista e, após empate a zero em Barcelos, Varandas não perdeu tempo e acertou a sua rescisão, depositando renovada fé em Rui Borges, que se viria a estrear logo diante do Benfica (1-0).
    Rui Borges não deslumbrou, nunca deslumbrou, mas foi efetivamente superior a Lage nos 2 embates do campeonato. O ex-Vitória beneficiou do simples exercício mental da comparação ser feita no imediato com João Pereira e não com Amorim, mas falhou na maioria dos jogos na gestão das segundas partes. Num verdadeiro case study de Lei de Murphy, Borges viu-se privado de contar com 5 opções para o meio-campo em simultâneo, mas o clube foi guardando a sua margem, progressivamente menor, enchendo o balão de confiança do rival da Luz.
    Com Hjulmand a comandar as tropas e Rui Silva a partir de Janeiro a serenar uma baliza na qual Kovacevic se revelou erro de casting, o clube leonino não perdeu qualquer jogo entre as jornadas 14 e 34 e o universo verde e branco só terá começado a fazer contas à vida quando a equipa empatou de forma consecutiva com Porto, Arouca e AFS (jornadas 21, 22 e 23) e naquela fase em que a condição muscular e a sobrecarga de minutos de Gyökeres teve que ser gerida.
    Além da liderança do ocasionalmente errático Diomande no centro da defesa, da excelente reta final de Eduardo Quaresma, da boa adaptação de Debast a médio e da vitamina H(arder), importa destacar os primeiros passos do prodígio Geovany Quenda (Rui Borges geriu mal o jogador, que vinha num rendimento espetacular com Amorim), a brutal presença criativa de Pedro Gonçalves até se lesionar e a reconfiguração de Trincão, jogador que ajuda a mascarar a ausência de Pote.
    Mas que ninguém se engane, este Sporting é bicampeão porque tem Hjulmand e Gyökeres. O médio e capitão, o melhor do campeonato na sua posição, voltou a mostrar que é doutro campeonato com a sua mentalidade de campeão e ímpar leitura tática. Quanto a Gyökeres, outra vez MVP, o avançado sueco foi uma espécie de "batota" tal o seu impacto, nível estratosférico e capacidade de decidir sozinho. Sai (tem que sair, merece) como um dos grandes jogadores da História do futebol português, com 39 golos (2 pókers, 3 hat-tricks e 5 bis).
    Sem Amorim e sem Viana, o novo desafio está identificado: vencer sem Viktor.

Destaques: Viktor Gyökeres, Morten Hjulmand, Francisco Trincão, Ousmane Diomande, Eduardo Quaresma

 BENFICA (2)

    Como dói perder tudo, no fim. O Benfica de Rui Costa acumulou erros de gestão do primeiro ao último dia da prova mas, mesmo assim, quase podia ter ganho o campeonato e a Taça de Portugal. "Quase" é a palavra-chave.
    Para os lados da Luz, todo e qualquer adepto sabia que o germânico Roger Schmidt tinha os dias contados em Portugal. Mas foram precisas 4 jornadas e 5 pontos perdidos para os encarnados mudarem de treinador, sendo pioneiros em algo que também o Sporting (duas vezes) e o Porto acabariam por fazer. Bruno Lage assumiu a equipa e as águias estiveram saudáveis, instalando-se a crise apenas na transição de 2024 para 2025 quando, num espaço de quatro jornadas, o Benfica perdeu com Sporting (estreia de Rui Borges), Braga e Casa Pia.
    Este foi um campeonato de renovada incompetência do Benfica, com Lage a emergir como ventríloquo da Direção e a ser igual a si próprio: fantástico enquanto a narrativa estava contra si, sem nada a perder e a correr atrás do prejuízo em busca de deslizes do adversário; tenebroso mal os papéis se inverteram podendo o Benfica depender de si próprio - primeiro fracasso num empate caseiro com o Arouca, segundo momento ao ser incapaz de sair por cima no "jogo do século" diante do seu público.
    Ainda (e eternamente) com saudades de João Neves, "oferecido" ao PSG por 60 milhões, o Benfica fez um razoável percurso na Champions. Na fase de liga venceu apenas 1 dos 4 jogos caseiros, ultrapassou o Mónaco apesar de demonstrar menos futebol do que a equipa francesa, e caiu sem mácula diante do favorito Barcelona (contra quem já proporcionara uma espetacular 4-5) podendo apenas lamentar o desaproveitamento da superioridade numérica (Cubarsí expulso aos 21 minutos) na primeira mão.
    O Benfica foi o segundo melhor ataque, foi a segunda melhor defesa, e em 4 jogos com o Sporting não venceu nenhum no tempo regulamentar (sorriu apenas nas grandes penalidades, conquistando a Allianz Cup). Viu o plantel melhorado em Janeiro com as aquisições de Dahl, Belotti, Manu Silva e Bruma, tendo tido o azar de perder Manu (surreal azar do ex-Vitória e de Bah, ambos com roturas de ligamentos no espaço de 3 minutos contra o Moreirense) no mesmo dia que determinou que Tomás Araújo abandonaria o centro da defesa para "safar" a lateral-direita.
    A equipa foi melhor, mais equilibrada e menos afunilada sem Di María, o tempo que Renato Sanches esteve lesionado não surpreendeu ninguém, destacando-se pela positiva o capitão e líder espiritual Otamendi, o Most Improved Player do Ano Álvaro Carreras, e um avançado grego que na mesma temporada fez um hat-trick ao Barcelona e outro em casa do Porto. Vangelis Pavlidis resolveu o dossier Avançado, brilhando individualmente (lance de génio no empate com o Sporting) e melhorando todos à sua volta.
    Um novo ciclo aproxima-se, pensamos. Mas as perguntas que deveriam ser antecipadas para agora, só serão respondidas em Outubro.

Destaques: Vangelis Pavlidis, Álvaro Carreras, Nicolás Otamendi, Fredrik Aursnes, Tomás Araújo

 FC PORTO (3)

    Este Porto não foi Porto. E essa será certamente um dos argumentos dos críticos de André Villas-Boas e acérrimos defensores de Pinto da Costa e Sérgio Conceição.
    Se o campeonato anterior ficou marcado na Invicta pelo dia 27 de Abril (data em que os sócios escolheram AVB), a temporada de 2024/ 25 teve o seu dia mais triste a 15 de Fevereiro, dia do falecimento de Jorge Nuno Pinto da Costa. Respeitemos a sua memória, tendo chorado pelo 42 anos presidente do FC Porto quem ele queria que por ele chorasse, e ficado em silêncio quem ele queria que tivesse ficado em silêncio.
    No primeiro ano completo de AVB, Vítor Bruno revelou-se aposta falhada. A emocionante reviravolta na Supertaça (de estar a perder 0-3 para ganhar 4-3) contra o Sporting foi o auge numa temporada em que o Dragão se apresentou irreconhecível, com futebol pobre e uma confusão de ideias. Vítor Bruno orientou a equipa em 18 das 34 jornadas, e foi com ele que os azuis e brancos somaram 40 dos 71 pontos. Foi também com VB que Samu marcou 13 dos seus 19 golos na Liga. Mas depois de "atropelo" na Luz (4-1) e de duas derrotas consecutivas diante de Nacional e Gil Vicente, a continuidade do antigo adjunto de Conceição era difícil de justificar.
    AVB escolheu o argentino Martín Anselmi (39 anos e ex-Cruz Azul, com bom trabalho no equatoriano Independiente del Valle) e com essa decisão determinou uma segunda volta de muita experimentação e assimilação de ideias novas, podendo-se comparar muitas das dores de crescimento do FC Porto com as que o Manchester United viveu em Inglaterra com Ruben Amorim.
    Numa temporada para esquecer, com duas derrotas por 4-1 diante do eterno rival Benfica e 7 derrotas na Liga, não é fácil ver o copo meio cheio. Mas podemos tentar: objetivamente, este Porto arrasado pela crítica fez apenas menos 1 ponto do que o último FC Porto de Sérgio Conceição, e a capacidade de garantir jogadores como Samu Aghehowa, Fábio Vieira ou Gabri Veiga (25/ 26) mostra que os dragões têm a rede de contactos certa para acelerar o seu renascimento.
    Não deve ser esquecido que Nico González e Galeno saíram em Janeiro, num campeonato em que Nehuén Pérez foi flop, Francisco Moura passou a dezena de assistências e somos da opinião que Samu, apesar de ser um diamante e um hábil goleador, tem que dar muito mais à equipa. No meio de tanta desgraça, houve Rodrigo Mora. O miúdo de 18 anos ofereceu o pódio aos dragões com as suas exibições na segunda volta (não temos memória de um jogador marcar tantos golos que poderiam ser candidatos a Golo do Ano), com qualidade técnica para dar e vender, a mentalidade certa para singrar e um 1,68m que ainda faz dele mais um predestinado mais gigante. Fica para explodir em 25/ 26 ou segue para o campeão europeu PSG?

Destaques: Rodrigo Mora, Samu Aghehowa, Francisco Moura, Diogo Costa, Fábio Vieira

 BRAGA (4)

     A época do Sporting de Braga não foi brilhante (menos 2 pontos somados em comparação com 23/ 24, menos 12 pontos em comparação com 22/ 23) mas o facto do FC Porto ter estado tão frágil deixou o Braga vivo na luta pelo pódio até perto do fim. Logicamente, a mesma equação pode ser desconstruída de outra maneira - o Braga não foi capaz de se superiorizar em relação ao pior Porto de que há memória.
    O capítulo I da temporada foi escrito com Daniel Sousa, mas o divórcio aconteceu rapidamente, terminando em polémica e "sacos de plástico pretos, destinados a depósito de lixo doméstico". Com Carvalhal (terceira vez no clube), o Braga foi 25º na Liga Europa, falhando o acesso ao Top-24 e consequentemente à fase a eliminar mediante a sua diferença de golos. Em termos internos, aceitar negociar Bruma para a Luz em Janeiro não fez sentido.
    Vitoriosos na Luz e em casa diante do FC Porto (livre direto de Ricardo Horta), os arsenalistas não conseguiram que El Ouazzani e Roberto Fernández substituíssem os golos de Banza, e ficarão a lamentar a lesão do jovem Roger (craque em potência) quando este começava a embalar e a carregar a equipa na fase ofensiva. O checo Lukás Hornícek será um dos guarda-redes que entra em 25/ 26 com melhor cotação e maiores expectativas, agarrando a oportunidade no pós-Matheus (no clube desde 2014), período que também significou os primeiros passos para Chissumba ou Afonso Patrão.
    Segue-se o reinado de Carlos Vicens, adjunto de Pep Guardiola desde 2021, e integrado no universo da formação do Manchester City desde 2017.

Destaques: Ricardo Horta, Lukás Hornícek, João Moutinho, Roger, Uros Racic

 SANTA CLARA (5)

    Histórico. Após conquistar a II Liga, impressionando à data o bom registo defensivo dos açorianos, o Santa Clara foi subindo e subindo e passou diretamente do segundo escalão para o 5º lugar da Liga Portugal. Sob o comando do bastante subvalorizado Vasco Matos, a equipa-sensação desta edição bateu o recorde de pontos do clube neste patamar - 57 pts, quando antes era 46 - conseguindo bilhete para a próxima Liga Conferência, e muito contribuindo para todas estas conquistas a excelente e rigorosa prestação defensiva. O Santa Clara sofreu 32 golos (quinta melhor defesa), não ficando muito longe dos números de Braga e Porto (ambos 30), Benfica (28) e Sporting (27).
    A segunda melhor equipa com 3 centrais neste campeonato foi a única (!) que derrotou o Sporting em Alvalade. Com um bom guarda-redes (Gabriel Batista) e a defesa muito bem trabalhada (MT foi quem mais valorizou mas todos estiveram num nível alto), o Santa Clara colheu os frutos de bons períodos de Gabriel Silva, Vinícius Lopes e Ricardinho, mas Vasco Matos reconhecerá que a equipa marcou poucos golos (36). Na tentativa de combater essa lacuna já foi assegurado o australiano Anthony Carter, ex-Alverca e melhor marcador da II Liga.
    A coexistência de Liga e competições europeias, caso o Santa Clara consiga integrar a fase de liga da Conference, representará um indiscutível desafio, mas a composição de um plantel com mais soluções e a permanência de Matos permitem sonhar.

Destaques: Gabriel Silva, MT, Gabriel Batista, Vinícius, Sidney Lima


 VIT. GUIMARÃES (6)

    Clube alérgico à estabilidade, o Vitória voltou a colecionar treinadores e a lamentar-se, no fim, dos objetivos falhados. Na cidade-berço, a temporada arrancou em grande com Rui Borges: é verdade que aquele que viria a ser o treinador campeão pelo Sporting até deixou (jornada 15) o clube de Guimarães precisamente em sexto, mas o 2º lugar na Liga Conferência, invicto e apenas atrás do Chelsea, foi um feito notável, sem esquecer as 7 clean sheets consecutivas nos primeiros sete jogos oficiais da época.
    A mudança de Borges para Alvalade fez António Miguel Cardoso virar-se para Daniel Sousa. Mas o treinador, que durara 4 jogos no rival Braga, durou 3 em Guimarães. Misterioso trajeto do ex-Arouca e Gil Vicente, que acabou despedido pelos 2 rivais apesar de sofrer apenas uma derrota em 7 jogos. À jornada 18, Luís Freire assumiu as rédeas. E o trabalho, ignorando a escorregadela final que permitiu o Santa Clara assaltar o quinto lugar, foi positivo.
    Eliminados pelo Bétis de Isco e Antony na Liga Conferência, os vimaranenses proporcionaram um épico 4-4 com o Sporting e, localmente, podem-se gabar de não ter sofrido qualquer golo do Braga em 180 minutos, vencendo fora.
    Tiago Silva foi sempre o epicentro e cérebro da equipa, Borevkovic ficou certamente feliz com a chegada de Filipe Relvas, Telmo Arcanjo mostrou que consegue fazer na Liga Portugal o que já fizera pelo Tondela um patamar abaixo, João Mendes marcou os seus golos (quase sempre de belo efeito) e Gustavo Silva (7 golos em menos de 900 minutos é uma marca bem interessante) pode tornar-se um caso sério se for capaz de contribuir de forma continuada.
    Como não podia deixar de ser, depois de 3 treinadores distintos nesta campanha, já está confirmado que Freire não continuará. Esperamos que seja dado tempo a Luís Pinto (Tondela), treinador que pode muito bem ser um dos destaques de 25/ 26.

Destaques: Tiago Silva, Toni Borevkovic, Telmo Arcanjo, Gustavo Silva, João Mendes

 FAMALICÃO (7)

    Após três épocas consecutivas em oitavo, o Famalicão conseguiu finalmente desbloquear o nível seguinte e ficou em 7º.
    Não é novidade para ninguém que o Famalicão tem, ano após ano, alguns dos jogadores mais promissores do nosso futebol, mostrando ser o ambiente adequado para um jogador provar que está apto para justificar uma transferência para um dos 3 grandes ou para um dos rivais do Minho - esta foi a casa de Pote, Ugarte, Banza, Ivan Jaime ou Francisco Moura (4 jogos esta época antes de se mudar para o Dragão).
    Famalicão foi o princípio do fim para Roger Schmidt (o 2-0 na jornada inaugural foi um lembrete de quão incompetente fora a gestão encarnada) e, na transição de Armando Evangelista para Hugo Oliveira, é provável que o clube tenha ficado a ganhar. Na sua primeira experiência como técnico principal, o outrora treinador de guarda-redes do Benfica e das equipas de Marco Silva mostrou ser um bom comunicador e um interessante pensador.
    No futebol jogado, é sensato pensar-se que Zlobin poderia ter sido o Guarda-Redes do Ano se não se tivesse lesionado com gravidade num rim, e ficámos encantados com a técnica pura de Óscar Aranda e com a objetividade de Sorriso. de Haas mandou na defesa, Rodrigo Pinheiro mostrou que está cada vez mais jogador e Gustavo Sá teve, aos 20 anos, a braçadeira de capitão em algumas ocasiões.

Destaques: Óscar Aranda, Sorriso, Gustavo Sá, Ivan Zlobin, Justin de Haas

 ESTORIL (8)

    Independentemente do lugar em que termine (melhor classificação desde que o clube regressou ao primeiro escalão em 2021), o Estoril tem sido, de forma continuada, a plataforma para vários craques darem outra cor e perfume ao futebol português. Nos últimos anos, jogadores como Tiago Santos, Mateus Fernandes, Rodrigo Gomes e Tiago Gouveia brilharam no Mágico. E esta temporada permitiu juntar mais nomes a essa lista.
    Quando o clube anunciou o escocês Ian Cathro, ficámos desconfiados. Curiosamente, foi num ano em que Nuno Espírito Santo esteve em grande na Premier League que o seu outrora adjunto mostrou por cá a sua valia e capacidade para atuar a solo. O homem de Dundee foi, indiscutivelmente, o rei das conferências de imprensa do campeonato pós-Amorim, sempre com bom humor e o calão lusitano na ponta da língua.
    Em campo, assistimos à melhor versão de João Carvalho e o marroquino nascido em França, Yanis Begraoui, revelou-se um "achado". Autor de 11 golos, acreditamos que tenha mercado, mas caso por milagre continue na Amoreira, arriscamos que consiga ficar perto dos 20 golos no próximo campeonato.
    O clube está no bom caminho, e tudo correu bem, pedindo-se apenas mais magia e energia de Guitane nesta sua segunda passagem pelo emblema canarinho.

Destaques: João Carvalho, Yanis Begraoui, Wagner Pina, Zanocelo, Felix Bacher

 CASA PIA (9)
    Entre os 10 primeiros, o Casa Pia foi a única equipa além do Top-4 a repetir com exatidão a sua classificação final de 23/ 24. No entanto, este Casa Pia foi bem mais entusiasmante de acompanhar do que o anterior. E somou, desde logo, 7 pontos mais.
    Os gansos, que venceram o Sporting de Braga nas duas voltas, e deixaram o Benfica KO (3-1) na visita das águias a Rio Maior, fizeram muito com pouco, algo que por cá é normalmente sintoma de bom treinador. Ao 33 anos, João Pereira (sim, houve um bom João Pereira nesta Liga) estreou-se em grande como técnico de I Liga e, sem ter sido um dos treinadores admitidos pela FPF no curso UEFA Pro, provou de forma empírica que mesmo sem "certificação" é melhor do que quase todos os seus pares. Recordamos que antes do Casa Pia, o jovem treinador já brilhara no Alverca, clube que entretanto voltou a ser bem-sucedido com Vasco Botelho da Costa, uma sequência que deixa no ar que Custódio (treinador do recém-promovido Alverca em 25/ 26) também pode ser interessante aposta.
    Neste Casa Pia, além de um dos melhores treinadores da Liga, esteve o melhor guarda-redes desta edição. Patrick Sequeira foi o guardião que mais nos impressionou, deixando atacantes de mãos na cabeça e acumulando, julgamos, interessados em garanti-lo. Foi o adeus de Lelo, um incansável trabalho de Cassiano na frente, tudo isto sem esquecer os elementos que deixaram o barco a meio da viagem - Nuno Moreira, um dos destaques na primeira volta, rumou ao Vasco da Gama, Telasco Segovia foi ter com Messi ao Inter Miami, e Beni, jogador importante no equilíbrio da equipa, fez as malas para Guimarães quando Manu Silva se transferiu para o Benfica. 

Destaques: Patrick Sequeira, Cassiano, Leonardo Lelo, Gaizka Larrazabal, Nuno Moreira

 MOREIRENSE (10)

    Depois do 6º lugar com Rui Borges na temporada passada, os cónegos ficaram mais fracos mas podem estar orgulhosos. Não são todas as equipas que, nos 2 anos a seguir a garantir a promoção, conseguem instalar-se no Top-10 nacional. De resto, com o fundo norte-americano Black Knight (dono do Bournemouth) como acionista maioritário da SAD e um treinador extraordinariamente promissor como Vasco Botelho da Costa (Alverca, Leiria e Estoril Sub-23) assegurado, tudo aponta para que Moreira de Cónegos tenha sérios motivos para sorrir na próxima edição.
    O Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas foi o único estádio em que o campeão Sporting perdeu (2-1) esta época fora de portas, o que não choca uma vez que apenas Sporting, Benfica e Porto tiveram menos derrotas caseiras do que o Moreirense, e foi após um 1-1 na receção ao Benfica que o clube da Luz despediu Roger Schmidt à quarta jornada.
    A época fez-se com Peixoto e Bacci, dois técnicos competentes, e teve no criativo Alanzinho o seu principal destaque. À beira de completar 36 anos, Marcelo voltou a formar com Maracás uma das melhores parcerias de centrais na Liga, e os reforços de Janeiro, Yan Maranhão e Cédric Teguia, melhoraram efetivamente o conjunto de Guimarães.

Destaques: Alan, Bernardo Martins, Rúben Ismael, Marcelo, Luís Asué

 RIO AVE (11)
    A equipa mais grega da I Liga despediu-se esta temporada de Luís Freire (saiu ao fim de 10 jornadas neste que era o seu 4º ano em Vila do Conde) mas também já sabe que Petit não vai continuar.
    Com Alexandrina Cruz como presidente e Evangelos Marinakis (Olympiacos e Nottingham Forest) como proprietário, o Rio Ave realizou um campeonato tão confortável que, com a margem de erro que conquistou, pôde inclusive dar-se "ao luxo" de perder 7 jogos nas últimas 12 jornadas, e mesmo assim ser décimo primeiro.
    Semi-finalista da Taça de Portugal (perdeu com o Sporting), o Rio Ave foi substancialmente melhor em casa (26 pts) do que fora (12) e viu iniciada a sua helenização - Vrousai, Ntoi, Kostoulas (irmão do Kostoulas craque que assinou pelo Brighton), Bakoulas e Patiras foram reforços.
    Individualmente, o guardião polaco Miszta voltou a deixar excelentes indicações, o internacional costa-riquenho Brandon Aguilera fartou-se de demonstrar qualidade com o seu pé esquerdo, e tudo leva a crer que o turco Demir Tiknaz (fantástico centrocampista emprestado pelo Besiktas) brilhe ao mais alto nível, seja qual for a sua próxima paragem. Naturalmente, falar do Rio Ave 24/ 25 é falar de Clayton Silva: o portentoso (mede 1,84m mas a forma como joga fá-lo parecer mais alto) avançado brasileiro, já com passagem no Casa Pia, chegou aos 14 golos no campeonato, garantindo assim a sempre interessante distinção de melhor marcador extra-grandes. Está no momento certo para dar um merecido salto.

Destaques: Clayton, Demir Tiknaz, Brandon Aguilera, Marious Vrousai, Cezary Miszta

 AROUCA (12)
    Tendo sido quinto em 22/ 23 (boa temporada de Arruabarrena, Basso e Dabbagh) e sétimo em 23/ 24 (extraordinária dupla Mujica e Cristo), a fasquia estava muito alta. Mas depois de perder os seus dois atacantes para o Al-Sadd, do Catar, era expectável que o Arouca caísse.
    Com Vasco Seabra definitivamente melhor do que o uruguaio Gonzalo García, aposta exótica falhada, o clube de Aveiro tirou pontos às águias na Luz (aquele 2-2, com momento questionável entre Jason e Otamendi) e aos leões (igualmente 2-2) em Alvalade.
    Mantendo constante o recorte técnico de Jason Remeseiro e Taichi Fukui, a época do Arouca teve Tiago Esgaio novamente em bom plano à direita, e permitiu o amadurecimento de Chico Lamba (muito potencial) e de Henrique Araújo que, sem ter sido um brilhante goleador, aproveitou melhor este empréstimo do que os anteriores.
    É certo que o Arouca caiu 7 lugares na tabela no espaço de dois anos, mas a continuidade de Vasco Seabra no projeto, uma maior taxa de acerto num par de reforços para o ataque e a possibilidade de voltar a acolher excendentários dos grandes podem ditar nova escalada na classificação em 25/ 26.

Destaques: Jason, Tiago Esgaio, Chico Lamba, Taichi Fukui, Morlaye Sylla

 GIL VICENTE (13)

    Sem correr perigo de descer nem conseguir ambicionar ser europeu, o galo de Barcelos integrou um conjunto de 5 equipas (Moreirense, Rio Ave, Arouca e Nacional as restantes) que viveram um ano tranquilo. O Gil, no entanto, não fiz equivaler no banco de suplentes a segurança que apresentou na tabela. O caminho começou torto, com Tozé Marreco a abandonar o barco em vésperas da primeira jornada, e além de dois jogos entregues a técnicos interinos, foram Bruno Pinheiro (jornada 2 à 22) e César Peixoto (24 até ao fim) a comandar a equipa.
    Equipa que tratou quase sempre bem a bola, tentando disputar o jogo pelo jogo em qualquer campo, o Gil deixou-se encantar pelos hat-tricks do nipónico Kanya Fujimoto frente ao AFS e de Pablo, filho de Pena, frente ao Boavista, mas foi o talentoso e vertiginoso Félix Correia quem deixou evidente a sua capacidade para atuar numa equipa Top-5. O ex-Juventus, formado no Sporting, apontou 10 golos e foi muitas vezes a "estrelinha" cintilante capaz de despertar os galos.
    Vitorioso frente ao Porto (3-1) e capaz de levar o Sporting aos descontos num dos jogos mais importantes do campeonato (jornada 32, decidida por Eduardo Quaresma aos 90+3), o 13º classificado demonstrou também boa prospeção - perdeu Mory Gbane para o futebol francês, mas recrutou Mutombo, Mohamed Bamba e Jonathan Buatu (primeiros passos dados em 23/ 24 por este último), contribuindo todos para melhorar substancialmente a equipa.

Destaques: Félix Correia, Kanya Fujimoto, Santi García, Jonathan Buatu, Mohamed Bamba

 NACIONAL (14)

    Um bom trabalho de Tiago Margarido, o único treinador da segunda metade da tabela que se manteve no cargo durante toda a competição. Um "feito", de resto, apenas repetido por 3 equipas (Santa Clara, Estoril e Casa Pia) do Top-9.
    Vindos do segundo escalão e trazendo consigo o permanente risco do clima na Choupana obrigar ao adiamento de algum jogo, os insulares mostraram fibra e ótimos instintos de Tiago Margarido (36 anos), conseguindo mostrar qualidade mesmo depois de perder o pack Gustavo Silva + Chuchu Ramírez para o Vitória, uma dupla que valera 35 golos em 23/ 24.
    Sem conseguir encontrar um avançado com aproximada veia goleadora (Isaac acumulou bons detalhes mas faltou-lhe consistência), o Nacional da Madeira acabou por confiar numa defesa muito aguerrida e num meio-campo equilibrado. Zé Vitor e Ulisses formaram boa dupla, o emprestado Gustavo Garcia deixou claro que está pronto para voos mais altos, Soumaré fartou-se de recuperar bolas e a dupla Luís Esteves (já anunciado como reforço do Gil Vicente) e Daniel Penha criou a globalidade do desenho ofensivo alvinegro.
    A vitória por 2-0 contra o FC Porto, num jogo iniciado a 3 de Janeiro e concluído 9 dias depois, terá sido o ponto alto da época.

Destaques: Gustavo Garcia, Zé Vitor, Luís Esteves, Djibril Soumaré, Lucas França

 ESTRELA DA AMADORA (15)

    Quase todos os anos há uma equipa assim, que escapa marginalmente ao temor das contas da descida, não por mérito próprio mas com gratidão pelo nível inferior apresentado pelos adversários. O Estrela da Amadora foi o pior ataque do campeonato (24 golos, tal como o Boavista) mas valeu-se de uma prestação defensiva uns furos acima - o 10º classificado Moreirense sofreu o mesmo número de golos, o 12º (Rio Ave) e o 8º (Estoril) sofreram mais.
    A época começou com Filipe Martins, que transitava do Casa Pia, sendo por isso um técnico acostumado a trabalhar equipas com 3 centrais (o plantel do Estrela estava delineado para isso), mas ao sétimo jogo do campeonato já estava José Faria a comandar os tricolores.
    Sem grandes destaques individuais, esta foi uma temporada que começou com Nani, entretanto retirado e com um bizarro episódio a envolver a camisola de um adepto pelo meio, e em que o clube se viu desfalcado em Janeiro de dois defesas (Danilo Veiga e Tiago Gabriel), ambos transferidos para o Lecce, clube que já adquirira Kialonda Gaspar uns meses antes.
    Kikas e Rodrigo Pinho marcaram uns golos, Chico Banza agitou alguns jogos na segunda volta, e entre os postes quando se antecipava que Francisco Meixedo poderia agarrar a oportunidade, foi o igualmente ex-dragão João Costa quem tomou conta da baliza.

Destaques: Kikas, Rodrigo Pinho, João Costa

 AFS (16)

    Há uma primeira vez para tudo. Na antevisão desta edição falámos sobre o AVS (apontámos a equipa ao 17º lugar) mas muitos meses depois, e após mutação nominal, quem desce é... o AFS.
    Não será descabido considerar a equipa da Vila das Aves a pior deste campeonato. Os 27 pontos e diferença de golos de 35 negativos (25 marcados e 60 sofridos, fechando a prova como pior defesa de todas) ditariam a descida se os critérios cá fossem outros, mas uma vez que continuamos a privilegiar o confronto direto, a vantagem nos jogos frente ao Farense foi suficiente para garantir presença no Play-Off.
    No confronto com o Vizela (vitória em casa por 3-0, que praticamente sentenciou a eliminatória, e empate a dois golos fora), o AFS conseguiu inverter a tendência. Nas 4 épocas anteriores, o 3º da Segunda Liga tinha batido sempre o antepenúltimo da Primeira.
    José Mota acabou por cumprir nos 4 jogos em que assumiu a equipa, sucedendo a Daniel Ramos, Rui Ferreira e Vítor Campelos. Individualmente, todo o plantel deixou bastante a desejar. Zé Luís e Nenê (41 anos) marcaram uns golos, Mercado, Akinsola e Vasco Lopes entusiasmaram em algumas ações, e Ochoa não fez a diferença.
    A edição de 25/ 26 teria ficado mais forte com o ingresso do Vizela, mas há que dar mérito ao AVS/AFS, que disse presente na Hora H.

Destaques: John Mercado, Zé Luís, Cristian Devenish

 FARENSE (17)

    Um ano depois da descida do Portimonense, também o Farense fracassou, deixando o Sul de Portugal sem representação na Liga Portugal em 25/ 26.
    Para os mais esquecidos, recordamos que o Farense foi 10º classificado na temporada anterior, uma posição com enormíssima responsabilidade de Ricardo Velho. Com os dados que temos hoje, é provável que os leões de Faro tenham deixado passar o melhor timing para negociar Velho - a intransigência em pedir um valor muito alto pode ter hipotecado o salto merecido para o guarda-redes português, e esses milhões teriam permitido outro reforço do plantel.
    Ricardo Velho repetiu exibições de encher o olho (particularmente inspirado no Dragão, com 10 defesas) mas até terminou a época lesionado e fora de combate, dando lugar a Kaique. Poveda, Tomané e Bermejo não conseguiram substituir os golos de Bruno Duarte, Belloumi e Mattheus. E entre a vigência de José Mota (despedido ao fim de 6 derrotas nas 6 primeiras jornadas) e Tozé Marreco, o fator em comum foi mesmo o excelente rendimento de Cláudio Falcão, ora a central numa linha de 5 ora no meio-campo.
    Ficou-nos na retina um golaço de Miguel Menino e as arrancadas de Poloni. O clube desce à Liga Meu Super, mas Ricardo Velho há-de finalmente calçar as suas luvas noutras paragens.

Destaques: Cláudio Falcão, Ricardo Velho, Derick Poloni, Miguel Menino

 BOAVISTA (18)

    A Pantera caiu. A viver no limite e a desafiar os impossíveis (inesquecível o colossal peso nos ombros de Miguel Reisinho na grande penalidade aos 90+10 que segurou o clube na I Liga na última jornada de 23/ 24) há bastante tempo, com salários em atraso e embargos de transferências, o Boavista não resistiu desta vez e abraçou o destino teimosamente adiado.
    Pelo 2º ano consecutivo, os axadrezados contaram com 4 treinadores diferentes (Bacci, interino Couto, Vidigal e Baxter), importando destacar sobretudo as 20 jornadas sob o comando técnico de Cristiano Bacci. Com o italiano, o clube do Bessa permaneceu em último mas mostrou competitividade ao mascarar a falta de qualidade individual com um plano de jogo simples e consciente após boa autoavaliação - com muito menos argumentos, o Boavista não se deixou afundar (chegou a fazer suar o Sporting de João Pereira, em Alvalade, num 3-2) nessa fase, mantendo no horizonte Farense, Estrela e AFS.
    Ironicamente, foi após Bacci deixar o clube por mútuo acordo, derrotado pela frustrante gestão do plantel e pela global falta de condições, que Fary conseguiu atacar o mercado. Lito Vidigal recebeu 9 reforços "fora de horas", sem contrato e com nome (Kurzawa, van Ginkel ou Steven Vitória, por exemplo), contribuindo mais Fogning, o gigante russo Lystsov e, mais do que qualquer outro, o guardião checo Vaclík (que jogão na Luz!).
    As vitórias fora contra Rio Ave, Farense e AFS, nas jornadas 28, 30 e 32, ainda deixaram no ar a hipótese de novo milagre ao cair do pano. Mas a boa energia do septuagenário Stuart Baxter (2 vitórias em 5 partidas) não foi suficiente para contrariar a força da gravidade, que há muito atraía para as divisões secundárias um clube histórico mas em terrível situação de tesouraria.  

Destaques: Tomas Vaclík, Joel Silva, Miguel Reisinho


17 de junho de 2025

Balanço Final - Premier League 24/ 25

  Premier League - Canta-se nas bancadas de Anfield You'll Never Walk Alone, mas foi praticamente sozinho que o campeão Liverpool caminhou neste campeonato, ficando desde cedo clara a sua supremacia e a sua recusa em deslizar ou baixar a fasquia. Depois de 9 anos de Klopp, os reds viram o mais low profile Arne Slot estrear-se logo a ganhar: o neerlandês espremeu o plantel, sem reforços, e compôs uma equipa que soube colocar o espaço e o tempo sistematicamente a seu favor. O sistema permitiu que Mohamed Salah (época individual histórica do melhor extremo direito da Premier) não tivesse quase que defender, Trent Alexander-Arnold (vamos ter saudades de o ver no seu clube do coração) viu-se muito menos exposto e Ryan Gravenberch tornou-se um jogador diferente ao operar numa função nova.
    O Liverpool sagrou-se campeão a 27 de Abril, e o Arsenal foi segundo mas nunca esteve perto de ser mais do que isso. Apesar da fantástica eliminatória europeia contra o Real Madrid, os gunners vêem-se numa fase em que a paciência dos adeptos, para com Arteta e a falta de troféus, começa a fazer-se ouvir. Com imensos empates (14) e imensas lesões, a equipa do Norte de Londres percebeu que ainda está a um ou dois craques - reforços para o trio de ataque - de poder realmente sonhar. 
    Claro está que a desilusão da época, se excluirmos os 17º e 15º lugares dos finalistas da Liga Europa, Tottenham e Manchester United, foi o até então tetracampeão Manchester City. Num ano difícil a nível pessoal para Pep Guardiola, o técnico espanhol mostrou que também ele é humano. Pep não conseguiu dar a volta ao texto, com o (oficialmente) melhor do mundo e quase imbatível Rodri a desfalcar a equipa durante grande percentagem da campanha, e o plantel a acusar por fim o desgaste, físico e mental, acumulado. Foden passou de MVP para uma sombra sem chama, e não surpreende a renovação dos quadros com Marmoush, Khusanov, Ait-Nouri, Reijnders e Cherki a reforçarem uma equipa que perdeu Kevin De Bruyne, talvez o melhor médio da História da Premier League e um dos nossos jogadores favoritos desta geração.

    Chelsea e Newcastle foram as restantes equipas a garantir bilhete de acesso à próxima Liga dos Campeões, sem esquecer o improvável Tottenham (vencedor da Liga Europa mas primeiro emblema na tabela acima dos 3 despromovidos), e também à Europa irão o Aston Villa (favorito na praia de Unai Emery, a Liga Europa?) e o Nottingham Forest (Liga Conferência), a equipa-sensação, brilhantemente orientada pelo português Nuno Espírito Santo.
    O Crystal Palace venceu a FA Cup, o Newcastle conquistou a Taça da Liga, o Bournemouth apresentou uma das propostas de jogo mais entusiasmantes, e o Brentford de Thomas Frank teve na dupla inseparável Mbeumo e Wissa uma grande fatia do seu sucesso.
    Southampton, Leicester e Ipswich regressam ao Championship, confirmando que está cada vez mais difícil uma equipa do 2º escalão sobreviver neste patamar, e na próxima edição teremos Leeds United e Burnley, equipas a que já estamos habituados, mas também o Sunderland, regressado oito anos depois.

    O difícil primeiro ano de Ruben Amorim em Inglaterra teve, no geral, impressionante estabilidade a nível de treinadores - 13 equipas mantiveram o mesmo técnico toda a época, acabando doze delas nos 12 primeiros lugares, juntando-se Postecoglou, que só foi despedido depois de rematar o seu capítulo em Londres com um troféu, coisa rara para os lados dos spurs.

    Acompanhem-nos então numa análise à época das 20 equipas da Premier League, sistematizando ideias-chave, o que correu bem, o que correu mal, quem brilhou e quem desiludiu:



 LIVERPOOL (1)

    Campeões. Num ano em a generalidade dos analistas previam luta a dois entre City e Arsenal, o Liverpool não deu quaisquer hipóteses à concorrência e instalou-se no topo da Premier League, sem se preocupar em olhar pelo retrovisor.
    Após 9 anos de Klopp, o impacto de Arne Slot foi instantâneo, com o neerlandês a ter o gigantesco mérito de aproveitar princípios assimilados, não contrariando a natureza da turma de Anfield, afinando apenas alguns detalhes - os laterais expuseram-se menos, o meio-campo controlou melhor os ritmos (Mac Allister fá-lo como poucos) e um super-craque como Mo Salah foi basicamente dispensado de tarefas defensivas, ficando liberto para marcar e assistir mais do que todos os outros.
    Sem reforços (ok, houve Chiesa emprestado), Slot "inventou" Gravenberch como médio defensivo e, apesar do clube ter perdido Trent Alexander-Arnold (no clube desde os 6 aninhos de idade) para o Real Madrid, as renovações de contrato dos figurões Salah e van Dijk devem ser celebradas. Afinal, em 25/ 26 há um título para defender.
    Campeão em finais de Abril, o Liverpool conseguiu estar entre as jornadas 5 e 30 sem qualquer derrota, não conseguindo bater apenas Arsenal, Fulham e Forest.
    Podíamos falar nos compatriotas do treinador, o capitão van Dijk e o Most Improved Gravenberch, podíamos falar da alternância entre Díaz e Gakpo, podíamos falar do acerto de Mac Allister e da perfeição que é Szoboszlai, mas temos mesmo que falar de Mohamed Salah: o extremo marcou 29 golos e fez 18 assistências, com uma regularidade brutal em nível alto, encantando a sua mutação para jogador mais criador para os colegas. Egoísta em certos momentos como sempre, mas cada vez mais a levantar a cabeça e a descobrir companheiros com trivelas de levantar Anfield. O melhor extremo direito da História da Premier é um craque, e este campeonato é dele.

Destaques: Mohamed Salah, Virgil van Dijk, Ryan Gravenberch, Alexis Mac Allister, Luis Díaz

 ARSENAL (2)

   Parece estranho que os adeptos do Arsenal encarem uma temporada em que ficaram em 2º e em que eliminaram o Real Madrid da Liga dos Campeões como frustrante, mas talvez seja um sintoma ou reflexo da evolução do grau de exigência autoimposto.
    Mikel Arteta leva 6 temporadas completas como técnico dos gunners e, sem conquistar qualquer troféu, coisa que Tottenham, Newcastle ou Crystal Palace conseguiram este ano, a paciência com o espanhol começa a esgotar-se. O espanhol não merece que se instale essa dúvida, mas é importante que não escolha viver numa realidade paralela (defendeu que o Arsenal foi a melhor equipa na eliminatória europeia com o PSG quando definitivamente aconteceu o contrário), toldado pelo seu característico mau perder, e que de uma vez por todas o clube contrate um ou dois jogadores que sejam garantias de golos, seja um verdadeiro ponta de lança (Gyökeres ou Sesko?) e/ ou um extremo goleador.
    Num ano que teve como auge aqueles 2 livres diretos de Declan Rice, os londrinos ficarão a lamentar as lesões de Saka e Gabriel Magalhães, e podem-se gabar da reputação de especialistas na cobrança de cantos, uma marca com o contributo do francês Nicolas Jover.
    Raya defendeu mais, Odegaard contribuiu menos do que se exige, Merino mascarou-se de avançado e os miúdos Nwaneri e Lewis-Skelly (segue-se o juvenil Max Dowman?) mostraram que o futuro é promissor.
    O Arsenal não aproveitou o impensável deslize do City, deixando-se ultrapassar pelo Liverpool. Mas podem contar com os gunners na luta pelo título em 2025/ 26, depois de nesta edição - terminaram a 10 pontos de distância - nunca terem conseguido fazer os reds duvidarem de si próprios.

Destaques: Gabriel, Declan Rice, Bukayo Saka, David Raya, Jurriën Timber

 MANCHESTER CITY (3)

   
Afinal, Pep Guardiola é mortal. Tetracampeão e com 12 primeiros lugares até então nas suas 15 temporadas como treinador, o melhor técnico da atualidade viveu nesta edição a primeira verdadeira crise da sua carreira: o City, acostumado a testar os impossíveis através de longas sequências de vitórias, chegou a registar 5 derrotas consecutivas e 7 jogos sem conseguir vencer.
    Até fechar o campeonato com números que fogem ao enraizado ADN vencedor dos cityzens - 44 golos sofridos, 9 derrotas e apenas 72 golos marcados - o clube azul celeste esgotou os super-poderes e o plantel, diminuído fisicamente e incapaz de reconhecer a tempo que um novo ciclo era necessário, foi ao tapete.
    O quase divórcio de Guardiola (aplicável à sua vida pessoal e à sua relação com o clube) e as vendas ao longo de anos de alguns jovens da academia (Cole Palmer, Morgan Rogers, Romeo Lavia, Liam Delap ou James Trafford) que hoje dariam muito jeito foram detalhes numa temporada profundamente ligada ao dia 22 de Setembro de 2024. No 2-2 diante do Arsenal (a rivalidade com os gunners está a "aquecer" de ano para ano), Haaland pediu humildade a Arteta, mas o mais importante tinha acontecido ao minuto 21, quando o praticamente imbatível Rodri (Bola de Ouro) sofreu uma rutura do ligamento cruzado.
    Logicamente, a ausência de Rodri não explica tudo (a pior versão do City aconteceu quando nem sequer houve Kovacic para o colmatar) importando abordar a abismal quebra de rendimento de Phil Foden, o défice físico de Kyle Walker e Bernardo, e quão complicado foi muitas vezes ter Gündogan em campo - um grande treinador em potência cujas pernas já não operam ao mesmo ritmo do cérebro.
    Incapaz de marcar golos ao campeão Liverpool ou de vencer o rival United, o City guarda desta edição a consistência de Gvardiol e o excelente reforço de Janeiro, Omar Marmoush, que mal chegou à Premier continuou a exibir-se com a qualidade que o fez brilhar em Frankfurt, na Bundesliga.
    Guardiola terá aprendido algumas lições - deve inventar menos, Ruben e Gvardiol podem estabilizar como dupla de centrais no futuro, vender Álvarez e não ter no plantel "outro Rodri" teve dispendiosa fatura, e além de Marmoush, a revolução está já em marcha com Cherki, Reijnders ou Aït-Nouri oficializados.
    Como nota de rodapé, a emocionante despedida de Kevin De Bruyne. O belga de 33 anos viu o seu trajeto em Manchester chegar ao fim de 10 anos. Já visto por aqueles lados como um membro da família, KDB deixa Inglaterra com 119 assistências, apenas atrás de Ryan Giggs (162). Mas De Bruyne disputou 288 partidas (0,41 assistências por jogo), enquanto que Giggs teve direito a 632 (0,26). A Premier League fica mais pobre, mas o Hall of Fame espera-o. Se o melhor médio criativo da História da competição não tivesse lugar nesse panteão, ninguém da sua geração teria...

Destaques: Josko Gvardiol, Omar Marmoush, Erling Haaland, Mateo Kovacic

 CHELSEA (4)

    O vício de contratar jovens jogadores (principalmente, extremos e guarda-redes) e a amargura de constatar a desvalorização de Pochettino ou Conor Gallagher afastaram-nos deste Chelsea de Todd Boehly, mas foi impossível não voltarmos a colocar os olhos em Stamford Bridge sendo esse o relvado onde é mais fácil ver Cole Palmer espalhar magia hoje em dia.
    Num ano de aprendizagem para o jovem e errático Chelsea - positivo trabalho de Enzo Maresca, fechadas as contas -, coroado com a conquista da Liga Conferência (4-1 diante do Bétis), os blues consolidaram ideias, amadureceram dinâmicas e revelaram fibra na reta final, vencendo jogos difíceis contra Liverpool, Fulham e Forest, essenciais para dar o salto para a Liga dos Campeões, a competição com que todos os jovens jogadores do clube sonham quando assinam contratos de 7 ou 8 temporadas.
    Moisés Caicedo foi o jogador do ano dos blues e Cole Palmer (o seu póker ao Brighton foi eleito a melhor prestação individual nesta Premier League) foi o único jogador capaz de ombrear com Salah na primeira volta, caindo bastante de rendimento a partir de Janeiro. Mas as posições de guarda-redes e ponta de lança continuam, ano após ano, a não ficar resolvidas.
    Resolvendo a posição nº 1 (Petrovic, que esteve emprestado ao Estrasburgo, merecia uma oportunidade) e o 9 (Liam Delap foi contratado, mas não afastamos a hipótese de ainda ser contratado um ponta de lança mais sonante), o Chelsea parece reunir os ingredientes para continuar a crescer - mal podemos esperar para ver Cole Palmer e Estêvão na mesma equipa - e tentar a curto-prazo intrometer-se, a sério, na luta pelo título.

Destaques: Cole Palmer, Moisés Caicedo, Marc Cucurella, Enzo Fernández, Levi Colwill

 NEWCASTLE (5)

    70 anos depois, o Newcastle venceu finalmente um grande troféu. Na 4ª temporada de Eddie Howe como treinador dos magpies, a equipa do Norte de Inglaterra ganhou em toda a linha: bateu na final da Taça da Liga o favorito Liverpool (2-1, com golos de Dan Burn e Isak) e garantiu o regresso à Liga dos Campeões, onde tinha marcado presença em 23/ 24, vendo-se esta época ausente de qualquer competição europeia.
    A possibilidade de poder descansar a meio da semana - um fator que Liverpool, Arsenal, City, Chelsea e Villa não tiveram - contribuiu para manter a equipa mais intensa e com maior disponibilidade física, e com muito menos lesões do que na temporada transata. Além disso, importa precisar uma decisão de Howe que mudou todo o percurso dos magpies: Tonali e Bruno Guimarães trocaram de posição/ função, e o rendimento do Newcastle veio por ali acima.
    Alérgico a empates (apenas 6, sendo que só o Tottenham empatou menos vezes) e com um número de derrotas (12) algo elevado para um 5º classificado, o St. James' Park deliciou-se com a evolução dos laterais Livramento e Lewis Hall, viu Jacob Murphy atingir um patamar de rendimento impensável e vénias merecem ser feitas ao sueco Alexander Isak (21 golos), o Avançado do Ano no futebol inglês.
    Para o futuro acreditamos que estejam reservados bons momentos, sendo difícil os grandes tubarões "roubarem" Isak tendo o Newcastle bilhete para a Liga dos Campeões, e entusiasmando ver nomes como João Pedro e Elanga na lista de desejos de Howe.

Destaques: Alexander Isak, Sandro Tonali, Bruno Guimarães, Jacob Murphy, Dan Burn

 ASTON VILLA (6)


    Sexto lugar soa a pouco se tivermos em consideração que o Aston Villa vinha de um Top-4, mas os adeptos do clube de Birmingham podem estar contentes com a competitividade apresentada esta temporada: os villans chegaram aos quartos-de-final da Liga dos Campeões (assustaram o PSG na segunda mão), resistiram até às meias-finais da FA Cup (perderam com o Palace, que viria a erguer o troféu) e só falharam o 5
º lugar, que daria Champions de novo, porque na última jornada, em Old Trafford, tiveram que jogar 45 minutos com 10 depois da expulsão de Emi Martínez, num jogo que contou ainda com uma decisão polémica da equipa de arbitragem.
    Porventura destinado a vencer a próxima Liga Europa, a competição favorita de Unai Emery, o Aston Villa só perdeu pontos (6) nas duas idas a Manchester entre as 10 jornadas finais, cativando sobretudo através das deambulações a quebrar linhas de Morgan Rogers e do controlo exercido por Tielemans no centro do campo. Lamentamos que o colombiano Jhon Durán tenha abandonado o barco rumo ao Al-Nassr a meio da viagem; e tudo indica que esta terá sido a despedida de Emiliano Martínez, e quem sabe de Ollie Watkins.
    Entre os emprestados de luxo (Asensio e Rashford) a ficar algum em definitivo, será apenas o espanhol. Mas podem esperar renovada capacidade de atrair ótimos jogadores. Com Unai Emery, o Aston Villa tem tudo para continuar instalado, e convicto, nos lugares cimeiros.

Destaques: Youri Tielemans, Morgan Rogers, Ollie Watkins, Boubacar Kamara, Jhon Durán

 NOTTINGHAM FOREST (7)


    A equipa-sensação desta Premier League.
    Talvez o mal estivesse em nós ao acharmos que o Nottingham Forest iria lutar pela manutenção esta época, mas garantidamente nem os próprios adeptos acreditavam que o Forest fecharia esta campanha em 7
º (dá qualificação para a Liga Conferência, que esta época foi ganha pelo representante inglês) com esse sétimo lugar a parecer no fim uma espécie de desilusão, dado o tempo significativo que a equipa esteve em "lugar de Champions".
    O sempre controverso e algo infantil Marinakis chegou a protestar em pleno relvado com Nuno Espírito Santo, um dos 2 grandes treinadores desta temporada, mas apesar da overperformance de esmagadora maioria dos jogadores, não é descabido pensar que muitos continuarão no clube. Sels (GR do ano), Aina, Milenkovic (reforço do ano) e Chris Wood (20 golos) são jogadores fundamentais e que muito dificilmente sairão, o mesmo não podendo dizer-se de Gibbs-White, Elanga, Murillo e quem sabe Elliot Anderson.
    Equipa sólida e unida, com gosto em defender bem e em contra-atacar em poucos toques, o Forest ganhou várias vezes por 1-0, e chegou a estar numa sequência de 9 jogos sem derrotas em casa.
    É difícil prever como vai o balneário reagir à sobrecarga de ter um jogo europeu (à quinta-feira) a meio da semana, algo que obrigará a ter um plantel com mais soluções, mas cá estaremos para seguir atentos o próximo trabalho de NES.

Destaques: Chris Wood, Morgan Gibbs-White, Matz Sels, Nikola Milenkovic, Murillo

 BRIGHTON (8)

    Na primeira temporada em Inglaterra, o benjamim Fabian Hürzeler (32 anos) fez pior do que De Zerbi na sua estreia (6º lugar) mas melhor do que De Zerbi 2.0 (11º posto). A época do Albion terminou em altas mas foi uma constante flutuação de momentos de forma, demorando a consolidar um onze, consequência natural e orgânica das muitas caras novas no plantel.
    Os seagulls venceram o Liverpool, o Manchester City, o Newcastle e o Chelsea, provando ser capazes de discutir o jogo com qualquer adversário, mas também levaram 7 (!) do Forest e 4 de Cole Palmer.
    Embora tenha 77 golos na Premier League ao longo da sua carreira, esta foi a primeira vez que Danny Welbeck chegou à dezena de golos numa edição. João Pedro (próxima paragem Newcastle?) e Mitoma brilharam mas sem consistência, jogadores como O'Riley, Gruda e Wieffer demoraram a entrar no ritmo inglês, destacando-se pois o omnipresente Baleba e o amadurecer dos neerlandeses van Hecke e Verbruggen.
    Falhadas as competições europeias por uma posição, o Brighton continuará focado na Premier. E com Hürzeler com um ano de estudos e vários jogadores devidamente adaptados, aos quais se acrescentarão mais umas quantas jovens promessas (Kostoulas já está) que o Brighton desencanta sempre, espera-se tão bom ou melhor em 2025/ 26. 

Destaques: Carlos Baleba, Jan Paul van Hecke, Danny Welbeck, João Pedro, Bart Verbruggen

 BOURNEMOUTH (9)
    Entre todas as equipas desta Premier League 24/ 25, é bem possível que o Bournemouth tenha sido a equipa que mais nos entusiasmou. Brilhantemente orientados por Andoni Iraola (treinador destinado a chegar ao topo), os cherries não exerceram o controlo dos ritmos como o Liverpool nem superaram as expectativas ao nível do Forest, mas temos dificuldade em eleger uma equipa que tenha colocado em campo doses maiores de energia a pressionar e velocidade a castigar os adversários.
    Tal como aconteceu com o Nottingham Forest, um ótimo sintoma do bom trabalho desenvolvido em todos os parâmetros é a super-valorização de quase todos (ou mesmo todos, quiçá) os elementos do 11 inicial. O sereno gigante Huijsen foi um "achado" e já se tornou reforço do Real Madrid, o incansável lateral Kerkez está em vias de se tornar jogador do Liverpool, o PSG está interessado no discreto mas irrepreensível patrão Zabarnyi, e não será de admirar que surjam também propostas por craques como Semenyo e Kluivert.
    Apenas menos rematador do que Liverpool, City e Chelsea, o Bournemouth guardará desta época, pela positiva, um atropelo (3 golos sem resposta) em Old Trafford, um vendaval ofensivo (4-1) no sempre difícil reduto do Newcastle, um 5-0 ao sensacional Forest e vitórias pela margem mínima contra City (em casa) e Arsenal (fora). Pela negativa, é natural que os adeptos fiquem órfãos de 5 ou 6 elementos do 11 inicial, perspetivando-se assim um quase partir do zero em 25/ 26, importando pois que Iraola se mantenha como o pensador do projeto.

Destaques: Milos Kerkez, Antoine Semenyo, Justin Kluivert, Dean Huijsen, Illia Zabarnyi

 BRENTFORD (10)

    Naquela que agora sabemos que foi a última temporada do dinamarquês Thomas Frank (no clube desde 2016 e como técnico principal desde 2018), o Brentford reergueu-se após um perigoso 16º lugar no campeonato anterior. A transferência para a Arábia Saudita de Ivan Toney, peça-chave na dinâmica de jogo dos bees - cujo desmame já se tinha iniciado em 23/ 24 durante o período de vários meses em que Toney esteve suspenso - gerava grande expectativa para o futebol praticado pelos londrinos. O brasileiro Igor Thiago foi o alvo identificado no mercado para "fazer de Toney" mas uma lesão no menisco deixou-o KO praticamente para toda a época.
    Sem Toney e sem o seu projetado sucessor, a equipa confiou na dupla maravilha de sempre - Bryan Mbeumo e Yoane Wissa. O extremo direito camaronês chegou aos 20 golos, foi um dos melhores jogadores desta Premier e teve apenas o "azar" do MVP do campeonato atuar na sua posição, e Wissa (é possível um avançado com menos de 1,80m causar o pânico na Premier) teve igualmente a época mais produtiva da sua carreira chegando aos 19 golos.
    Com os seus 66 golos a distribuírem-se equitativamente (33 vezes 2) entre as duas voltas, é de notar a forma como o Brentford, a turma mais forte no jogo aéreo entre estas 20, evoluiu de equipa que sofria muito mas marcava ainda mais em casa (Brentford 5-3 Wolves, Brentford 4-3 Ipswich, Brentford 3-2 Bournemouth) para uma equipa mais coesa e capaz de conquistar pontos fora de portas. Flekken fartou-se de defender, Damsgaard foi o criativo e jogadores como Schade e Kayode deixaram sinais de que podem aparecer em bom plano na próxima época. Mas sem Frank, sem Flekken e certamente sem Mbeumo também, muita coisa vai mudar neste clube.

Destaques: Bryan Mbeumo, Yoan Wissa, Mark Flekken, Mikkel Damsgaard, Kevin Schade

 FULHAM (11)
    

    Uma vez mais, Marco Silva e o Fulham fizeram muito com pouco. A 11ª posição não faz justiça a uma temporada em que os cottagers podiam até ter sido Top-8.
    Depois de perder Mitrovic e João Palhinha em anos consecutivos, o Fulham mostrou em campo que um coletivo forte e bem trabalhado é capaz de suprir toda e qualquer carência. O Craven Cottage pode gabar-se das exibições dos seus jogadores diante do campeão Liverpool - 2-2 em Anfield e vitória por 3-2 em casa - e a diferença de golos nula (54 marcados, 54 sofridos) acaba por espelhar bem o percurso.
    No seu 4º ano no clube, contrariando o outrora lugar comum que saltava do barco à primeira chance, Marco Silva estará grato aos golos de Raúl Jiménez e ao jogador total em se tornou o sempre talentoso Alex Iwobi, agora muito mais influente e sempre "ligado". Em todo o caso, se houve jogador do Fulham que nos impressionou em 2024/ 25 foi Antonee Robinson. O lateral esquerdo norte-americano, capitão de equipa, revelou-se intransponível para os melhores extremos do campeonato, somou 10 assistências e só mesmo os seus quase 28 anos podem evitar que dê o salto para um grande clube europeu.

Destaques: Antonee Robinson, Alex Iwobi, Raúl Jiménez, Bernd Leno

 CRYSTAL PALACE (12)

    Histórico! O Crystal Palace conquistou esta temporada o primeiro (!) troféu em toda a sua História, batendo o Manchester City na final da FA Cup.
    Com uma taça no museu e qualificação europeia (Liga Europa) no bolso, o Palace foi feliz no capítulo II de Oliver Glasner no clube. E o desfecho em gáudio não surpreendeu quem acompanhou o evoluir dos eagles ao longo da época. Capaz de empatar ao longo das 38 jornadas com equipas como o Liverpool, o Arsenal e o Manchester City, o Palace subiu um degrau nas suas prestações a partir do momento em que contou com Adam Wharton a 100%, deliciando-se os adeptos com a locomotiva colombiana Daniel Muñoz e festejando os golos do possante Mateta, a verticalidade de Sarr e a magia e futebol puro de Eberechi Eze.
    O clube que há pouco tempo vendeu Olise ao Bayern deve continuar vendedor no mercado que se aproxima. Mas o austríaco Glasner é o homem certo no lugar certo e a ideia de jogo clara (3-4-3 com muita energia nos corredores e um ponta de lança a trabalhar os apoios para os criativos que orbitam em torno dele) leva a crer que a prospeção permitirá ao clube de Londres substituir quem perder com elementos de perfil aproximado e de impacto imediato.

Destaques: Daniel Muñoz, Eberechi Eze, Jean-Philippe Mateta, Ismaila Sarr, Dean Henderson

 EVERTON (13)

   O termo a meio caminho da terceira época de Sean Dyche no Everton significou o reatar feliz de um amor antigo e de longa data. À jornada 20, o escocês David Moyes (treinador dos toffees entre 2002 e 2013) aceitou regressar a "casa" e, com mérito próprio e demérito alheio, a equipa de Liverpool passou de 16º a 3 pontos da zona vermelha para um mais tranquilo 13º a 23 pontos do Leicester.
    Com 44 golos sofridos (registo igual ao Manchester City, e apenas batido por Arsenal, Liverpool e Chelsea), Goodison Park voltou a confiar na fiabilidade de elementos como Pickford e Tarkowski e foi abaixo quando, na jornada 15, precisamente Tarkowski evitou a derrota caseira frente ao eterno rival e futuro campeão Liverpool com um golo aos 90+8 no sempre emocionante derby de Merseyside.
    O plantel foi muitíssimo bem "espremido" e a falta de golos (4º ataque menos concretizador, apenas acima dos 3 que desceram) será um fator a corrigir num futuro próximo. O nosso bem conhecido Beto (ex-Portimonense) apontou 8, e o jogador mais entusiasmante da equipa, o irrequieto driblador Iliman Ndiaye, marcou 9.

Destaques: Jordan Pickford, James Tarkowski, Iliman Ndiaye, Vitaliy Myolenko

 WEST HAM (14)

    Quando no Verão passado os hammers anunciaram vários reforços (Kilman, Todibo, Summerville e Fullkrug, entre outros) as expectativas ficaram elevadas, mas antecipava-se desde logo um desafio - esculpir e encontrar uma equipa com uma série de jogadores novos a chegarem ao mesmo tempo.
    Lopetegui falhou (durou 8 meses) e Graham Potter não fez muito melhor. Objetivamente, até fez pior: dos 43 pontos somados, 23 deles foram sob o comando do espanhol.
    Os londrinos saíram semi-ilesos mediante o foco total da crítica especializada nas épocas horrorosas de Manchester United e Tottenham, e mediante o nível baixíssimo das 3 equipas promovidas e novamente despromovidas, mas é ajustado considerar este West Ham a equipa mais aborrecida desta edição. Com Summerville (tinha sido o MVP do Championship pelo Leeds) a ser um flop, Paquetá atormentado pelo suposto castigo eternamente adiado e Kudus a render (5 golos e 3 assistências) muito abaixo do que a sua qualidade permite, safou-se o capitão Jarrod Bowen. Na sua sexta época, o inglês de 28 anos marcou 13 golos e fez 8 assistências, acabando em grande e saindo incólume, algo que também se poderá dizer de Wan-Bissaka.
    Graham Potter deve continuar, mas muita coisa tem que mudar para os lados do Estádio Olímpico de Londres...

Destaques: Jarrod Bowen, Aaron Wan-Bissaka, Tomás Soucek

 MANCHESTER UNITED (15)

    Jamais pensámos há um ano atrás, quando descrevemos o 8º lugar como vergonhoso, que um ano mais tarde aqui estaríamos a falar de um 15º lugar. O Manchester United bateu no fundo mas depois da tempestade e do desastre completo, The good days are coming. Ruben Amorim acredita e nós acreditamos.
    Para aqui chegarmos, e quase houve estranhíssima qualificação para a Champions (bastava o United ter batido o Tottenham na final da Liga Europa), tivemos um par de detalhes idênticos às realidades de Benfica e Porto respetivamente. Tal como o Benfica com Schmidt, o United cometeu um erro de julgamento ao permitir que Erik ten Hag iniciasse esta época. A saída do neerlandês era uma questão de tempo e o seu sucessor (Ruben Amorim), de ideias convictas e filosofia teimosa, tal como Anselmi no Porto, acabou por ver-se obrigado a utilizar esta época como uma prolongada pré-época, um sôfrego casting.
    Confortáveis nos jogos em que o adversário tinha a iniciativa e o favoritismo (vitória em casa do rival City com golo aos 88' e 90', empate a 2 golos em Anfield, 1-1 na receção ao Arsenal e 0-0 na receção ao City), os red devils tiveram sempre em Bruno Fernandes o seu jogador mais esclarecido e preponderante e em Amad Diallo o seu virtuoso desequilibrador nos instantes finais (ponto alto da época do jovem costa-marfinense aquele hat-trick ao Southampton com golos aos 82', 90' e 90+4').
    Além de constatar que precisa de mudar de guarda-redes (Onana "mata" a moral da equipa em demasiados momentos) e de avançado (Hojlund, que em teoria encaixa na perfeição na ideia de Amorim, desperdiçou todas as oportunidades e não cresceu, e não compreendemos a razão de Chido Obi-Martin não ter tido mais minutos), Amorim deu guia de marcha a Garnacho, já cativou Matheus Cunha, deseja Mbeumo, e deve fixar Bruno Fernandes como um dos dois médios centro e Amad como ala e não extremo. Zirkzee, sem grandes números mas com um manancial técnico ímpar, tem que permanecer no plantel.
    Na próxima época, Old Trafford vai avaliar sem desculpas Ruben Amorim, espera-se com um plantel bem mais à sua imagem. Depois da tempestade virá, oxalá, a bonança, e não o Championship.

Destaques: Bruno Fernandes, Amad Diallo, Noussair Mazraoui, Leny Yoro

 WOLVES (16)

    No Molineux, os lobos tiveram uma época bastante recheada: Gary O'Neil foi despedido quando os wolves estavam efetivamente em perigo de descer, Vítor Pereira emergiu como salvador assim que algum clube inglês lhe deu a oportunidade que há tanto aguardava, 2 jogadores apresentaram-se num patamar qualitativo tão alto... que Manchester United e Manchester City não perderam tempo em recrutá-los.
    Sinal de que, em Inglaterra, quem embala consegue embalar para o bem e para o mal, o Wolves, sem significativas alterações no plantel, não venceu qualquer jogo nas primeiras 10 jornadas (Agosto, Setembro e Outubro), mas deu por si, de cara lavada e confiança renovada, a vencer em 6 jornadas consecutivas, algures entre Março e Abril.
    Com um 3-4-2-1 bem assimilado, o Wolves teve quase sempre em Matheus Cunha o seu jogador mais iluminado. O craque brasileiro foi um portento de qualidade técnica (talvez fosse preciso recuar a Luis Suárez para encontrar na Premier um jogador capaz de marcar os 2 golos com que Cunha derrotou, fora, o Fulham), contribuindo com 15 golos e assumindo sempre as rédeas do jogo, com o esférico a ser-lhe passado inúmeras vezes ao longo do desenvolvimento de cada jogada. Lamentavelmente, a excelente época do anunciado reforço do Manchester United ficou manchada por 2 casos de indisciplina, não podendo dar o seu contributo em dois períodos distintos, suspenso.
    Além do génio temperamental, também Aït-Nouri (pode evoluir muito com Pep Guardiola no City) marcou pontos.
    Será interessante ver o comportamento dos wolves na próxima temporada, com Vítor Pereira ao comando desde o Dia 1. E aguardamos com curiosidade os investimentos que serão feitos ao canalizar os mais de 100 milhões recebidos com Cunha e Aït-Nouri.

Destaques: Matheus Cunha, Rayan Aït-Nouri, Jorgen Strand Larsen, Nélson Semedo, João Gomes

 TOTTENHAM (17)

    Vencedor da Liga Europa 2024/ 25. O Tottenham conquistou um troféu depois de 17 anos em branco, mas a absolutamente bizarra campanha dos spurs fê-los acabar num horrendo 17º lugar (de 08-09 para cá tinha estado sempre no Top-8, estabilizando-se mesmo no Top-4 entre 2016 e 2019).
    Daniel Levy conseguiu de forma indireta um bilhete para a próxima Liga dos Campeões, mas não hesitou na hora de despedir Ange Postecoglou (0 vitórias nas últimas 7 jornadas), o australiano que ao longo da época foi perdendo a paciência e o sentido de humor, mas cumpriu a sua continuada promessa ("ganho sempre um título no meu segundo ano nos clubes"). Segue-se Thomas Frank, fantástico treinador que procurará fazer diferente de Postecoglou, Pochettino 2.0, Mourinho ou Conte.
    É difícil compreender como é que uma equipa com 64 golos marcados (oitavo melhor ataque) termina um lugar acima da zona de descida. Brennan Johnson foi o melhor marcador da equipa, sem ser brilhante, Solanke não correspondeu ao brutal investimento (64 milhões de euros) e Son Heung-Min esteve irreconhecível. A lesão de Vicario fez com que mais 3 guarda-redes calçassem as luvas (Forster, Austin e Kinsky), van de Ven e Romero voltaram a mostrar que são dos melhores centrais no campeonato, mas infelizmente o clube poucas vezes contou com a dupla apta fisicamente, e os miúdos Bergvall e Archie Gray deixaram claro que o futuro é deles.
    A adaptação de Kulusevski a terrenos mais centrais, com mais responsabilidade e maior carga de trabalhos, foi uma das mais entusiasmantes novidades da primeira volta. O sueco foi mesmo, nos primeiros meses, um dos melhores jogadores da Premier, mas caiu a pique em 2025.
    Fazer pior na próxima edição é quase impossível. Thomas Frank recebe uma equipa capaz de vencer fora os clubes de Manchester por 4-0 e 3-0, mas também herda uma equipa que deixou o Brighton virar um 0-2 para 3-2, e que sofreu autênticos "banhos de bola" de Liverpool (6-3 e 5-1) e Chelsea (a derrota caseira de 3-4 foi simpática face às incidências do jogo).

Destaques: Dejan Kulusevski, Cristián Romero, Micky van de Ven, Lucas Bergvall, Brennan Johnson

 LEICESTER CITY (18)

    No começo da época, a ameaça de penalização de pontos por incumprimento do fair-play financeiro pairava sobre o King Power Stadium. Os foxes acabaram por evitar a punição, mas nem essa benesse fez escapar o campeão inglês de 2015/ 16 ao mesmo destino de há duas temporadas atrás, a despromoção.
    Verdade seja dita, o Leicester esteve toda a época num nível fraco, e nas proximidades de Southampton e Ispwich, nunca chegando a equacionar-se um cenário de verdadeiro perigo para o Wolves (na segunda volta) ou mesmo para as desilusões Tottenham, Manchester United e West Ham.
    Na última vez que o lendário Jamie Vardy (500 jogos pelo clube) vestiu a camisola dos foxes, o adeus do elétrico e sempre provocador avançado inglês fez-se com o seu golo 200 e com um estádio inteiro a aplaudi-lo de pé.
    Duas vitórias nas últimas 4 jornadas, diante precisamente dos companheiros de viagem Southampton e Ispwich, ajudaram a superar a barreira dos 20 pontos, numa temporada em que o dinamarquês Mads Hermansen demonstrou qualidade entre os postes, e em que aqui e ali houve bons apontamentos dos criativos El Khannouss e Buonanotte.

Destaques: Jamie Vardy, Mads Hermansen, Bilal El Khannouss

 IPSWICH TOWN (19)

    Pela segunda época consecutiva, as 3 equipas promovidas descem imediatamente, vincando o diferencial de qualidade entre Premier e Championship. Previmos sempre que Southampton e Leicester cairiam, mas pensámos que o Ipswich seria capaz de lutar muito mais.
    Os tractor boys chegaram a temer perder o técnico Kieran McKenna para Chelsea ou Manchester United no Verão passado, e o recrutamento (reuniram alguns dos melhores talentos do Championship como Delap, Jack Clarke ou Philogene) levava-nos a crer no projeto. Estávamos errados.
    Capaz de vencer em casa o Chelsea e fora Tottenham ou Bournemouth, o Ipswich nunca foi capaz de estabilizar e, com uma defesa bastante mais fraca do que o seu ataque, deixou escapar pontos nos últimos minutos em vários jogos.
    A baliza foi sempre um problema, atenuado ligeiramente com a contratação de Alex Palmer, Leif Davis passou de 18 assistências no Championship para apenas duas neste nível, Enciso deu alguma alegria ao futebol apresentado desde Janeiro, e McKenna viu a sua cotação como treinador regredir substancialmente. No meio de tudo isto, Liam Delap foi a boa notícia. O poderoso avançado de 22 anos carregou como pôde a equipa, apontou 12 golos (curioso uma vez que no Championship, ao serviço do Hull, marcara apenas 8) e despertou o interesse de vários emblemas, com o Chelsea a convencê-lo em definitivo.
    A época foi má mas, se McKenna e os melhores ativos continuarem, há razões para confiar num bom rendimento no Championship 25-26. 

Destaques: Liam Delap, Omari Hutchinson, Julio Enciso

 SOUTHAMPTON (20)

    Na época do Southampton, o maior feito foi mesmo escapar ao rótulo e registo de pior equipa da História da Premier League. Os 11 pontos do Derby County (2007/ 08) estiveram durante muito tempo em risco, mas os saints acabaram por conseguir chegar aos 12 pts, curiosamente com o ponto final obtido num surpreendente 0-0 na receção ao Manchester City.
    Depois de ficar em 4º e subir ao escalão máximo do futebol inglês por via do Play-Off, o Southampton voltou a demonstrar que é, nesta fase, um clube ioiô, porventura condenado a conviver algumas épocas, à imagem do que aconteceu recentemente com Leicester, Burnley, Norwich ou Leeds, com a realidade de que é demasiado forte para a concorrência no Championship e demasiado fraco para os oponentes consolidados na Premier.
    O futebol de posse de Russell Martin não vingou, o croata Ivan Juric foi uma aposta estranha, numa época com apenas duas vitórias em 38 jogos, uma vergonha imposta a Everton e Ipswich. Evitando tornar-se vítima de goleadas humilhantes (apenas em 3 jogos os saints sofreram mais do que 4 golos), o Southampton guardou pouquíssimas boas memórias desta edição - na sua primeira experiência no estrangeiro, o português Mateus Fernandes pareceu estar sempre acima dos colegas; Aaron Ramsdale somou 188 defesas e merece que algum clube o resgate; e o jovem esquerdino Tyler Dibling (19 anos), de meia curta e diagonais plenas de intenção, deve proporcionar leilão entre ingleses para garantir os seus serviços.

Destaques: Mateus Fernandes, Tyler Dibling, Aaron Ramsdale