
O Liverpool sagrou-se campeão a 27 de Abril, e o Arsenal foi segundo mas nunca esteve perto de ser mais do que isso. Apesar da fantástica eliminatória europeia contra o Real Madrid, os gunners vêem-se numa fase em que a paciência dos adeptos, para com Arteta e a falta de troféus, começa a fazer-se ouvir. Com imensos empates (14) e imensas lesões, a equipa do Norte de Londres percebeu que ainda está a um ou dois craques - reforços para o trio de ataque - de poder realmente sonhar.
Claro está que a desilusão da época, se excluirmos os 17º e 15º lugares dos finalistas da Liga Europa, Tottenham e Manchester United, foi o até então tetracampeão Manchester City. Num ano difícil a nível pessoal para Pep Guardiola, o técnico espanhol mostrou que também ele é humano. Pep não conseguiu dar a volta ao texto, com o (oficialmente) melhor do mundo e quase imbatível Rodri a desfalcar a equipa durante grande percentagem da campanha, e o plantel a acusar por fim o desgaste, físico e mental, acumulado. Foden passou de MVP para uma sombra sem chama, e não surpreende a renovação dos quadros com Marmoush, Khusanov, Ait-Nouri, Reijnders e Cherki a reforçarem uma equipa que perdeu Kevin De Bruyne, talvez o melhor médio da História da Premier League e um dos nossos jogadores favoritos desta geração.
Chelsea e Newcastle foram as restantes equipas a garantir bilhete de acesso à próxima Liga dos Campeões, sem esquecer o improvável Tottenham (vencedor da Liga Europa mas primeiro emblema na tabela acima dos 3 despromovidos), e também à Europa irão o Aston Villa (favorito na praia de Unai Emery, a Liga Europa?) e o Nottingham Forest (Liga Conferência), a equipa-sensação, brilhantemente orientada pelo português Nuno Espírito Santo.
O Crystal Palace venceu a FA Cup, o Newcastle conquistou a Taça da Liga, o Bournemouth apresentou uma das propostas de jogo mais entusiasmantes, e o Brentford de Thomas Frank teve na dupla inseparável Mbeumo e Wissa uma grande fatia do seu sucesso.
Southampton, Leicester e Ipswich regressam ao Championship, confirmando que está cada vez mais difícil uma equipa do 2º escalão sobreviver neste patamar, e na próxima edição teremos Leeds United e Burnley, equipas a que já estamos habituados, mas também o Sunderland, regressado oito anos depois.
O difícil primeiro ano de Ruben Amorim em Inglaterra teve, no geral, impressionante estabilidade a nível de treinadores - 13 equipas mantiveram o mesmo técnico toda a época, acabando doze delas nos 12 primeiros lugares, juntando-se Postecoglou, que só foi despedido depois de rematar o seu capítulo em Londres com um troféu, coisa rara para os lados dos spurs.
Acompanhem-nos então numa análise à época das 20 equipas da Premier League, sistematizando ideias-chave, o que correu bem, o que correu mal, quem brilhou e quem desiludiu:
Campeões. Num ano em a generalidade dos analistas previam luta a dois entre City e Arsenal, o Liverpool não deu quaisquer hipóteses à concorrência e instalou-se no topo da Premier League, sem se preocupar em olhar pelo retrovisor.
Após 9 anos de Klopp, o impacto de Arne Slot foi instantâneo, com o neerlandês a ter o gigantesco mérito de aproveitar princípios assimilados, não contrariando a natureza da turma de Anfield, afinando apenas alguns detalhes - os laterais expuseram-se menos, o meio-campo controlou melhor os ritmos (Mac Allister fá-lo como poucos) e um super-craque como Mo Salah foi basicamente dispensado de tarefas defensivas, ficando liberto para marcar e assistir mais do que todos os outros.
Sem reforços (ok, houve Chiesa emprestado), Slot "inventou" Gravenberch como médio defensivo e, apesar do clube ter perdido Trent Alexander-Arnold (no clube desde os 6 aninhos de idade) para o Real Madrid, as renovações de contrato dos figurões Salah e van Dijk devem ser celebradas. Afinal, em 25/ 26 há um título para defender.
Campeão em finais de Abril, o Liverpool conseguiu estar entre as jornadas 5 e 30 sem qualquer derrota, não conseguindo bater apenas Arsenal, Fulham e Forest.
Podíamos falar nos compatriotas do treinador, o capitão van Dijk e o Most Improved Gravenberch, podíamos falar da alternância entre Díaz e Gakpo, podíamos falar do acerto de Mac Allister e da perfeição que é Szoboszlai, mas temos mesmo que falar de Mohamed Salah: o extremo marcou 29 golos e fez 18 assistências, com uma regularidade brutal em nível alto, encantando a sua mutação para jogador mais criador para os colegas. Egoísta em certos momentos como sempre, mas cada vez mais a levantar a cabeça e a descobrir companheiros com trivelas de levantar Anfield. O melhor extremo direito da História da Premier é um craque, e este campeonato é dele.
Destaques: Mohamed Salah, Virgil van Dijk, Ryan Gravenberch, Alexis Mac Allister, Luis Díaz

Parece estranho que os adeptos do Arsenal encarem uma temporada em que ficaram em 2º e em que eliminaram o Real Madrid da Liga dos Campeões como frustrante, mas talvez seja um sintoma ou reflexo da evolução do grau de exigência autoimposto.
Mikel Arteta leva 6 temporadas completas como técnico dos gunners e, sem conquistar qualquer troféu, coisa que Tottenham, Newcastle ou Crystal Palace conseguiram este ano, a paciência com o espanhol começa a esgotar-se. O espanhol não merece que se instale essa dúvida, mas é importante que não escolha viver numa realidade paralela (defendeu que o Arsenal foi a melhor equipa na eliminatória europeia com o PSG quando definitivamente aconteceu o contrário), toldado pelo seu característico mau perder, e que de uma vez por todas o clube contrate um ou dois jogadores que sejam garantias de golos, seja um verdadeiro ponta de lança (Gyökeres ou Sesko?) e/ ou um extremo goleador.
Num ano que teve como auge aqueles 2 livres diretos de Declan Rice, os londrinos ficarão a lamentar as lesões de Saka e Gabriel Magalhães, e podem-se gabar da reputação de especialistas na cobrança de cantos, uma marca com o contributo do francês Nicolas Jover.
Raya defendeu mais, Odegaard contribuiu menos do que se exige, Merino mascarou-se de avançado e os miúdos Nwaneri e Lewis-Skelly (segue-se o juvenil Max Dowman?) mostraram que o futuro é promissor.
O Arsenal não aproveitou o impensável deslize do City, deixando-se ultrapassar pelo Liverpool. Mas podem contar com os gunners na luta pelo título em 2025/ 26, depois de nesta edição - terminaram a 10 pontos de distância - nunca terem conseguido fazer os reds duvidarem de si próprios.
Destaques: Gabriel, Declan Rice, Bukayo Saka, David Raya, Jurriën Timber

Afinal, Pep Guardiola é mortal. Tetracampeão e com 12 primeiros lugares até então nas suas 15 temporadas como treinador, o melhor técnico da atualidade viveu nesta edição a primeira verdadeira crise da sua carreira: o City, acostumado a testar os impossíveis através de longas sequências de vitórias, chegou a registar 5 derrotas consecutivas e 7 jogos sem conseguir vencer.
Até fechar o campeonato com números que fogem ao enraizado ADN vencedor dos cityzens - 44 golos sofridos, 9 derrotas e apenas 72 golos marcados - o clube azul celeste esgotou os super-poderes e o plantel, diminuído fisicamente e incapaz de reconhecer a tempo que um novo ciclo era necessário, foi ao tapete.
O quase divórcio de Guardiola (aplicável à sua vida pessoal e à sua relação com o clube) e as vendas ao longo de anos de alguns jovens da academia (Cole Palmer, Morgan Rogers, Romeo Lavia, Liam Delap ou James Trafford) que hoje dariam muito jeito foram detalhes numa temporada profundamente ligada ao dia 22 de Setembro de 2024. No 2-2 diante do Arsenal (a rivalidade com os gunners está a "aquecer" de ano para ano), Haaland pediu humildade a Arteta, mas o mais importante tinha acontecido ao minuto 21, quando o praticamente imbatível Rodri (Bola de Ouro) sofreu uma rutura do ligamento cruzado.
Logicamente, a ausência de Rodri não explica tudo (a pior versão do City aconteceu quando nem sequer houve Kovacic para o colmatar) importando abordar a abismal quebra de rendimento de Phil Foden, o défice físico de Kyle Walker e Bernardo, e quão complicado foi muitas vezes ter Gündogan em campo - um grande treinador em potência cujas pernas já não operam ao mesmo ritmo do cérebro.
Incapaz de marcar golos ao campeão Liverpool ou de vencer o rival United, o City guarda desta edição a consistência de Gvardiol e o excelente reforço de Janeiro, Omar Marmoush, que mal chegou à Premier continuou a exibir-se com a qualidade que o fez brilhar em Frankfurt, na Bundesliga.
Guardiola terá aprendido algumas lições - deve inventar menos, Ruben e Gvardiol podem estabilizar como dupla de centrais no futuro, vender Álvarez e não ter no plantel "outro Rodri" teve dispendiosa fatura, e além de Marmoush, a revolução está já em marcha com Cherki, Reijnders ou Aït-Nouri oficializados.
Como nota de rodapé, a emocionante despedida de Kevin De Bruyne. O belga de 33 anos viu o seu trajeto em Manchester chegar ao fim de 10 anos. Já visto por aqueles lados como um membro da família, KDB deixa Inglaterra com 119 assistências, apenas atrás de Ryan Giggs (162). Mas De Bruyne disputou 288 partidas (0,41 assistências por jogo), enquanto que Giggs teve direito a 632 (0,26). A Premier League fica mais pobre, mas o Hall of Fame espera-o. Se o melhor médio criativo da História da competição não tivesse lugar nesse panteão, ninguém da sua geração teria...
Destaques: Josko Gvardiol, Omar Marmoush, Erling Haaland, Mateo Kovacic

O vício de contratar jovens jogadores (principalmente, extremos e guarda-redes) e a amargura de constatar a desvalorização de Pochettino ou Conor Gallagher afastaram-nos deste Chelsea de Todd Boehly, mas foi impossível não voltarmos a colocar os olhos em Stamford Bridge sendo esse o relvado onde é mais fácil ver Cole Palmer espalhar magia hoje em dia.
Num ano de aprendizagem para o jovem e errático Chelsea - positivo trabalho de Enzo Maresca, fechadas as contas -, coroado com a conquista da Liga Conferência (4-1 diante do Bétis), os blues consolidaram ideias, amadureceram dinâmicas e revelaram fibra na reta final, vencendo jogos difíceis contra Liverpool, Fulham e Forest, essenciais para dar o salto para a Liga dos Campeões, a competição com que todos os jovens jogadores do clube sonham quando assinam contratos de 7 ou 8 temporadas.
Moisés Caicedo foi o jogador do ano dos blues e Cole Palmer (o seu póker ao Brighton foi eleito a melhor prestação individual nesta Premier League) foi o único jogador capaz de ombrear com Salah na primeira volta, caindo bastante de rendimento a partir de Janeiro. Mas as posições de guarda-redes e ponta de lança continuam, ano após ano, a não ficar resolvidas.
Resolvendo a posição nº 1 (Petrovic, que esteve emprestado ao Estrasburgo, merecia uma oportunidade) e o 9 (Liam Delap foi contratado, mas não afastamos a hipótese de ainda ser contratado um ponta de lança mais sonante), o Chelsea parece reunir os ingredientes para continuar a crescer - mal podemos esperar para ver Cole Palmer e Estêvão na mesma equipa - e tentar a curto-prazo intrometer-se, a sério, na luta pelo título.
Destaques: Cole Palmer, Moisés Caicedo, Marc Cucurella, Enzo Fernández, Levi Colwill

70 anos depois, o Newcastle venceu finalmente um grande troféu. Na 4ª temporada de Eddie Howe como treinador dos magpies, a equipa do Norte de Inglaterra ganhou em toda a linha: bateu na final da Taça da Liga o favorito Liverpool (2-1, com golos de Dan Burn e Isak) e garantiu o regresso à Liga dos Campeões, onde tinha marcado presença em 23/ 24, vendo-se esta época ausente de qualquer competição europeia.
A possibilidade de poder descansar a meio da semana - um fator que Liverpool, Arsenal, City, Chelsea e Villa não tiveram - contribuiu para manter a equipa mais intensa e com maior disponibilidade física, e com muito menos lesões do que na temporada transata. Além disso, importa precisar uma decisão de Howe que mudou todo o percurso dos magpies: Tonali e Bruno Guimarães trocaram de posição/ função, e o rendimento do Newcastle veio por ali acima.
Alérgico a empates (apenas 6, sendo que só o Tottenham empatou menos vezes) e com um número de derrotas (12) algo elevado para um 5º classificado, o St. James' Park deliciou-se com a evolução dos laterais Livramento e Lewis Hall, viu Jacob Murphy atingir um patamar de rendimento impensável e vénias merecem ser feitas ao sueco Alexander Isak (21 golos), o Avançado do Ano no futebol inglês.
Para o futuro acreditamos que estejam reservados bons momentos, sendo difícil os grandes tubarões "roubarem" Isak tendo o Newcastle bilhete para a Liga dos Campeões, e entusiasmando ver nomes como João Pedro e Elanga na lista de desejos de Howe.
Destaques: Alexander Isak, Sandro Tonali, Bruno Guimarães, Jacob Murphy, Dan Burn

Sexto lugar soa a pouco se tivermos em consideração que o Aston Villa vinha de um Top-4, mas os adeptos do clube de Birmingham podem estar contentes com a competitividade apresentada esta temporada: os villans chegaram aos quartos-de-final da Liga dos Campeões (assustaram o PSG na segunda mão), resistiram até às meias-finais da FA Cup (perderam com o Palace, que viria a erguer o troféu) e só falharam o 5º lugar, que daria Champions de novo, porque na última jornada, em Old Trafford, tiveram que jogar 45 minutos com 10 depois da expulsão de Emi Martínez, num jogo que contou ainda com uma decisão polémica da equipa de arbitragem.
Porventura destinado a vencer a próxima Liga Europa, a competição favorita de Unai Emery, o Aston Villa só perdeu pontos (6) nas duas idas a Manchester entre as 10 jornadas finais, cativando sobretudo através das deambulações a quebrar linhas de Morgan Rogers e do controlo exercido por Tielemans no centro do campo. Lamentamos que o colombiano Jhon Durán tenha abandonado o barco rumo ao Al-Nassr a meio da viagem; e tudo indica que esta terá sido a despedida de Emiliano Martínez, e quem sabe de Ollie Watkins.
Entre os emprestados de luxo (Asensio e Rashford) a ficar algum em definitivo, será apenas o espanhol. Mas podem esperar renovada capacidade de atrair ótimos jogadores. Com Unai Emery, o Aston Villa tem tudo para continuar instalado, e convicto, nos lugares cimeiros.
Destaques: Youri Tielemans, Morgan Rogers, Ollie Watkins, Boubacar Kamara, Jhon Durán

A equipa-sensação desta Premier League.
Talvez o mal estivesse em nós ao acharmos que o Nottingham Forest iria lutar pela manutenção esta época, mas garantidamente nem os próprios adeptos acreditavam que o Forest fecharia esta campanha em 7º (dá qualificação para a Liga Conferência, que esta época foi ganha pelo representante inglês) com esse sétimo lugar a parecer no fim uma espécie de desilusão, dado o tempo significativo que a equipa esteve em "lugar de Champions".
Talvez o mal estivesse em nós ao acharmos que o Nottingham Forest iria lutar pela manutenção esta época, mas garantidamente nem os próprios adeptos acreditavam que o Forest fecharia esta campanha em 7º (dá qualificação para a Liga Conferência, que esta época foi ganha pelo representante inglês) com esse sétimo lugar a parecer no fim uma espécie de desilusão, dado o tempo significativo que a equipa esteve em "lugar de Champions".
O sempre controverso e algo infantil Marinakis chegou a protestar em pleno relvado com Nuno Espírito Santo, um dos 2 grandes treinadores desta temporada, mas apesar da overperformance de esmagadora maioria dos jogadores, não é descabido pensar que muitos continuarão no clube. Sels (GR do ano), Aina, Milenkovic (reforço do ano) e Chris Wood (20 golos) são jogadores fundamentais e que muito dificilmente sairão, o mesmo não podendo dizer-se de Gibbs-White, Elanga, Murillo e quem sabe Elliot Anderson.
Equipa sólida e unida, com gosto em defender bem e em contra-atacar em poucos toques, o Forest ganhou várias vezes por 1-0, e chegou a estar numa sequência de 9 jogos sem derrotas em casa.
É difícil prever como vai o balneário reagir à sobrecarga de ter um jogo europeu (à quinta-feira) a meio da semana, algo que obrigará a ter um plantel com mais soluções, mas cá estaremos para seguir atentos o próximo trabalho de NES.
Destaques: Chris Wood, Morgan Gibbs-White, Matz Sels, Nikola Milenkovic, Murillo

Na primeira temporada em Inglaterra, o benjamim Fabian Hürzeler (32 anos) fez pior do que De Zerbi na sua estreia (6º lugar) mas melhor do que De Zerbi 2.0 (11º posto). A época do Albion terminou em altas mas foi uma constante flutuação de momentos de forma, demorando a consolidar um onze, consequência natural e orgânica das muitas caras novas no plantel.
Os seagulls venceram o Liverpool, o Manchester City, o Newcastle e o Chelsea, provando ser capazes de discutir o jogo com qualquer adversário, mas também levaram 7 (!) do Forest e 4 de Cole Palmer.
Embora tenha 77 golos na Premier League ao longo da sua carreira, esta foi a primeira vez que Danny Welbeck chegou à dezena de golos numa edição. João Pedro (próxima paragem Newcastle?) e Mitoma brilharam mas sem consistência, jogadores como O'Riley, Gruda e Wieffer demoraram a entrar no ritmo inglês, destacando-se pois o omnipresente Baleba e o amadurecer dos neerlandeses van Hecke e Verbruggen.
Falhadas as competições europeias por uma posição, o Brighton continuará focado na Premier. E com Hürzeler com um ano de estudos e vários jogadores devidamente adaptados, aos quais se acrescentarão mais umas quantas jovens promessas (Kostoulas já está) que o Brighton desencanta sempre, espera-se tão bom ou melhor em 2025/ 26.
Destaques: Carlos Baleba, Jan Paul van Hecke, Danny Welbeck, João Pedro, Bart Verbruggen

Entre todas as equipas desta Premier League 24/ 25, é bem possível que o Bournemouth tenha sido a equipa que mais nos entusiasmou. Brilhantemente orientados por Andoni Iraola (treinador destinado a chegar ao topo), os cherries não exerceram o controlo dos ritmos como o Liverpool nem superaram as expectativas ao nível do Forest, mas temos dificuldade em eleger uma equipa que tenha colocado em campo doses maiores de energia a pressionar e velocidade a castigar os adversários.
Tal como aconteceu com o Nottingham Forest, um ótimo sintoma do bom trabalho desenvolvido em todos os parâmetros é a super-valorização de quase todos (ou mesmo todos, quiçá) os elementos do 11 inicial. O sereno gigante Huijsen foi um "achado" e já se tornou reforço do Real Madrid, o incansável lateral Kerkez está em vias de se tornar jogador do Liverpool, o PSG está interessado no discreto mas irrepreensível patrão Zabarnyi, e não será de admirar que surjam também propostas por craques como Semenyo e Kluivert.
Apenas menos rematador do que Liverpool, City e Chelsea, o Bournemouth guardará desta época, pela positiva, um atropelo (3 golos sem resposta) em Old Trafford, um vendaval ofensivo (4-1) no sempre difícil reduto do Newcastle, um 5-0 ao sensacional Forest e vitórias pela margem mínima contra City (em casa) e Arsenal (fora). Pela negativa, é natural que os adeptos fiquem órfãos de 5 ou 6 elementos do 11 inicial, perspetivando-se assim um quase partir do zero em 25/ 26, importando pois que Iraola se mantenha como o pensador do projeto.
Destaques: Milos Kerkez, Antoine Semenyo, Justin Kluivert, Dean Huijsen, Illia Zabarnyi

Naquela que agora sabemos que foi a última temporada do dinamarquês Thomas Frank (no clube desde 2016 e como técnico principal desde 2018), o Brentford reergueu-se após um perigoso 16º lugar no campeonato anterior. A transferência para a Arábia Saudita de Ivan Toney, peça-chave na dinâmica de jogo dos bees - cujo desmame já se tinha iniciado em 23/ 24 durante o período de vários meses em que Toney esteve suspenso - gerava grande expectativa para o futebol praticado pelos londrinos. O brasileiro Igor Thiago foi o alvo identificado no mercado para "fazer de Toney" mas uma lesão no menisco deixou-o KO praticamente para toda a época.
Sem Toney e sem o seu projetado sucessor, a equipa confiou na dupla maravilha de sempre - Bryan Mbeumo e Yoane Wissa. O extremo direito camaronês chegou aos 20 golos, foi um dos melhores jogadores desta Premier e teve apenas o "azar" do MVP do campeonato atuar na sua posição, e Wissa (é possível um avançado com menos de 1,80m causar o pânico na Premier) teve igualmente a época mais produtiva da sua carreira chegando aos 19 golos.
Com os seus 66 golos a distribuírem-se equitativamente (33 vezes 2) entre as duas voltas, é de notar a forma como o Brentford, a turma mais forte no jogo aéreo entre estas 20, evoluiu de equipa que sofria muito mas marcava ainda mais em casa (Brentford 5-3 Wolves, Brentford 4-3 Ipswich, Brentford 3-2 Bournemouth) para uma equipa mais coesa e capaz de conquistar pontos fora de portas. Flekken fartou-se de defender, Damsgaard foi o criativo e jogadores como Schade e Kayode deixaram sinais de que podem aparecer em bom plano na próxima época. Mas sem Frank, sem Flekken e certamente sem Mbeumo também, muita coisa vai mudar neste clube.
Destaques: Bryan Mbeumo, Yoan Wissa, Mark Flekken, Mikkel Damsgaard, Kevin Schade

Uma vez mais, Marco Silva e o Fulham fizeram muito com pouco. A 11ª posição não faz justiça a uma temporada em que os cottagers podiam até ter sido Top-8.
Depois de perder Mitrovic e João Palhinha em anos consecutivos, o Fulham mostrou em campo que um coletivo forte e bem trabalhado é capaz de suprir toda e qualquer carência. O Craven Cottage pode gabar-se das exibições dos seus jogadores diante do campeão Liverpool - 2-2 em Anfield e vitória por 3-2 em casa - e a diferença de golos nula (54 marcados, 54 sofridos) acaba por espelhar bem o percurso.
No seu 4º ano no clube, contrariando o outrora lugar comum que saltava do barco à primeira chance, Marco Silva estará grato aos golos de Raúl Jiménez e ao jogador total em se tornou o sempre talentoso Alex Iwobi, agora muito mais influente e sempre "ligado". Em todo o caso, se houve jogador do Fulham que nos impressionou em 2024/ 25 foi Antonee Robinson. O lateral esquerdo norte-americano, capitão de equipa, revelou-se intransponível para os melhores extremos do campeonato, somou 10 assistências e só mesmo os seus quase 28 anos podem evitar que dê o salto para um grande clube europeu.
Destaques: Antonee Robinson, Alex Iwobi, Raúl Jiménez, Bernd Leno

Histórico! O Crystal Palace conquistou esta temporada o primeiro (!) troféu em toda a sua História, batendo o Manchester City na final da FA Cup.
Com uma taça no museu e qualificação europeia (Liga Europa) no bolso, o Palace foi feliz no capítulo II de Oliver Glasner no clube. E o desfecho em gáudio não surpreendeu quem acompanhou o evoluir dos eagles ao longo da época. Capaz de empatar ao longo das 38 jornadas com equipas como o Liverpool, o Arsenal e o Manchester City, o Palace subiu um degrau nas suas prestações a partir do momento em que contou com Adam Wharton a 100%, deliciando-se os adeptos com a locomotiva colombiana Daniel Muñoz e festejando os golos do possante Mateta, a verticalidade de Sarr e a magia e futebol puro de Eberechi Eze.
O clube que há pouco tempo vendeu Olise ao Bayern deve continuar vendedor no mercado que se aproxima. Mas o austríaco Glasner é o homem certo no lugar certo e a ideia de jogo clara (3-4-3 com muita energia nos corredores e um ponta de lança a trabalhar os apoios para os criativos que orbitam em torno dele) leva a crer que a prospeção permitirá ao clube de Londres substituir quem perder com elementos de perfil aproximado e de impacto imediato.
Destaques: Daniel Muñoz, Eberechi Eze, Jean-Philippe Mateta, Ismaila Sarr, Dean Henderson

O termo a meio caminho da terceira época de Sean Dyche no Everton significou o reatar feliz de um amor antigo e de longa data. À jornada 20, o escocês David Moyes (treinador dos toffees entre 2002 e 2013) aceitou regressar a "casa" e, com mérito próprio e demérito alheio, a equipa de Liverpool passou de 16º a 3 pontos da zona vermelha para um mais tranquilo 13º a 23 pontos do Leicester.
Com 44 golos sofridos (registo igual ao Manchester City, e apenas batido por Arsenal, Liverpool e Chelsea), Goodison Park voltou a confiar na fiabilidade de elementos como Pickford e Tarkowski e foi abaixo quando, na jornada 15, precisamente Tarkowski evitou a derrota caseira frente ao eterno rival e futuro campeão Liverpool com um golo aos 90+8 no sempre emocionante derby de Merseyside.
O plantel foi muitíssimo bem "espremido" e a falta de golos (4º ataque menos concretizador, apenas acima dos 3 que desceram) será um fator a corrigir num futuro próximo. O nosso bem conhecido Beto (ex-Portimonense) apontou 8, e o jogador mais entusiasmante da equipa, o irrequieto driblador Iliman Ndiaye, marcou 9.
Destaques: Jordan Pickford, James Tarkowski, Iliman Ndiaye, Vitaliy Myolenko

Quando no Verão passado os hammers anunciaram vários reforços (Kilman, Todibo, Summerville e Fullkrug, entre outros) as expectativas ficaram elevadas, mas antecipava-se desde logo um desafio - esculpir e encontrar uma equipa com uma série de jogadores novos a chegarem ao mesmo tempo.
Lopetegui falhou (durou 8 meses) e Graham Potter não fez muito melhor. Objetivamente, até fez pior: dos 43 pontos somados, 23 deles foram sob o comando do espanhol.
Os londrinos saíram semi-ilesos mediante o foco total da crítica especializada nas épocas horrorosas de Manchester United e Tottenham, e mediante o nível baixíssimo das 3 equipas promovidas e novamente despromovidas, mas é ajustado considerar este West Ham a equipa mais aborrecida desta edição. Com Summerville (tinha sido o MVP do Championship pelo Leeds) a ser um flop, Paquetá atormentado pelo suposto castigo eternamente adiado e Kudus a render (5 golos e 3 assistências) muito abaixo do que a sua qualidade permite, safou-se o capitão Jarrod Bowen. Na sua sexta época, o inglês de 28 anos marcou 13 golos e fez 8 assistências, acabando em grande e saindo incólume, algo que também se poderá dizer de Wan-Bissaka.
Graham Potter deve continuar, mas muita coisa tem que mudar para os lados do Estádio Olímpico de Londres...
Destaques: Jarrod Bowen, Aaron Wan-Bissaka, Tomás Soucek

Jamais pensámos há um ano atrás, quando descrevemos o 8º lugar como vergonhoso, que um ano mais tarde aqui estaríamos a falar de um 15º lugar. O Manchester United bateu no fundo mas depois da tempestade e do desastre completo, The good days are coming. Ruben Amorim acredita e nós acreditamos.
Para aqui chegarmos, e quase houve estranhíssima qualificação para a Champions (bastava o United ter batido o Tottenham na final da Liga Europa), tivemos um par de detalhes idênticos às realidades de Benfica e Porto respetivamente. Tal como o Benfica com Schmidt, o United cometeu um erro de julgamento ao permitir que Erik ten Hag iniciasse esta época. A saída do neerlandês era uma questão de tempo e o seu sucessor (Ruben Amorim), de ideias convictas e filosofia teimosa, tal como Anselmi no Porto, acabou por ver-se obrigado a utilizar esta época como uma prolongada pré-época, um sôfrego casting.
Confortáveis nos jogos em que o adversário tinha a iniciativa e o favoritismo (vitória em casa do rival City com golo aos 88' e 90', empate a 2 golos em Anfield, 1-1 na receção ao Arsenal e 0-0 na receção ao City), os red devils tiveram sempre em Bruno Fernandes o seu jogador mais esclarecido e preponderante e em Amad Diallo o seu virtuoso desequilibrador nos instantes finais (ponto alto da época do jovem costa-marfinense aquele hat-trick ao Southampton com golos aos 82', 90' e 90+4').
Além de constatar que precisa de mudar de guarda-redes (Onana "mata" a moral da equipa em demasiados momentos) e de avançado (Hojlund, que em teoria encaixa na perfeição na ideia de Amorim, desperdiçou todas as oportunidades e não cresceu, e não compreendemos a razão de Chido Obi-Martin não ter tido mais minutos), Amorim deu guia de marcha a Garnacho, já cativou Matheus Cunha, deseja Mbeumo, e deve fixar Bruno Fernandes como um dos dois médios centro e Amad como ala e não extremo. Zirkzee, sem grandes números mas com um manancial técnico ímpar, tem que permanecer no plantel.
Na próxima época, Old Trafford vai avaliar sem desculpas Ruben Amorim, espera-se com um plantel bem mais à sua imagem. Depois da tempestade virá, oxalá, a bonança, e não o Championship.
Destaques: Bruno Fernandes, Amad Diallo, Noussair Mazraoui, Leny Yoro

No Molineux, os lobos tiveram uma época bastante recheada: Gary O'Neil foi despedido quando os wolves estavam efetivamente em perigo de descer, Vítor Pereira emergiu como salvador assim que algum clube inglês lhe deu a oportunidade que há tanto aguardava, 2 jogadores apresentaram-se num patamar qualitativo tão alto... que Manchester United e Manchester City não perderam tempo em recrutá-los.
Sinal de que, em Inglaterra, quem embala consegue embalar para o bem e para o mal, o Wolves, sem significativas alterações no plantel, não venceu qualquer jogo nas primeiras 10 jornadas (Agosto, Setembro e Outubro), mas deu por si, de cara lavada e confiança renovada, a vencer em 6 jornadas consecutivas, algures entre Março e Abril.
Com um 3-4-2-1 bem assimilado, o Wolves teve quase sempre em Matheus Cunha o seu jogador mais iluminado. O craque brasileiro foi um portento de qualidade técnica (talvez fosse preciso recuar a Luis Suárez para encontrar na Premier um jogador capaz de marcar os 2 golos com que Cunha derrotou, fora, o Fulham), contribuindo com 15 golos e assumindo sempre as rédeas do jogo, com o esférico a ser-lhe passado inúmeras vezes ao longo do desenvolvimento de cada jogada. Lamentavelmente, a excelente época do anunciado reforço do Manchester United ficou manchada por 2 casos de indisciplina, não podendo dar o seu contributo em dois períodos distintos, suspenso.
Além do génio temperamental, também Aït-Nouri (pode evoluir muito com Pep Guardiola no City) marcou pontos.
Será interessante ver o comportamento dos wolves na próxima temporada, com Vítor Pereira ao comando desde o Dia 1. E aguardamos com curiosidade os investimentos que serão feitos ao canalizar os mais de 100 milhões recebidos com Cunha e Aït-Nouri.
Destaques: Matheus Cunha, Rayan Aït-Nouri, Jorgen Strand Larsen, Nélson Semedo, João Gomes

Vencedor da Liga Europa 2024/ 25. O Tottenham conquistou um troféu depois de 17 anos em branco, mas a absolutamente bizarra campanha dos spurs fê-los acabar num horrendo 17º lugar (de 08-09 para cá tinha estado sempre no Top-8, estabilizando-se mesmo no Top-4 entre 2016 e 2019).
Daniel Levy conseguiu de forma indireta um bilhete para a próxima Liga dos Campeões, mas não hesitou na hora de despedir Ange Postecoglou (0 vitórias nas últimas 7 jornadas), o australiano que ao longo da época foi perdendo a paciência e o sentido de humor, mas cumpriu a sua continuada promessa ("ganho sempre um título no meu segundo ano nos clubes"). Segue-se Thomas Frank, fantástico treinador que procurará fazer diferente de Postecoglou, Pochettino 2.0, Mourinho ou Conte.
É difícil compreender como é que uma equipa com 64 golos marcados (oitavo melhor ataque) termina um lugar acima da zona de descida. Brennan Johnson foi o melhor marcador da equipa, sem ser brilhante, Solanke não correspondeu ao brutal investimento (64 milhões de euros) e Son Heung-Min esteve irreconhecível. A lesão de Vicario fez com que mais 3 guarda-redes calçassem as luvas (Forster, Austin e Kinsky), van de Ven e Romero voltaram a mostrar que são dos melhores centrais no campeonato, mas infelizmente o clube poucas vezes contou com a dupla apta fisicamente, e os miúdos Bergvall e Archie Gray deixaram claro que o futuro é deles.
A adaptação de Kulusevski a terrenos mais centrais, com mais responsabilidade e maior carga de trabalhos, foi uma das mais entusiasmantes novidades da primeira volta. O sueco foi mesmo, nos primeiros meses, um dos melhores jogadores da Premier, mas caiu a pique em 2025.
Fazer pior na próxima edição é quase impossível. Thomas Frank recebe uma equipa capaz de vencer fora os clubes de Manchester por 4-0 e 3-0, mas também herda uma equipa que deixou o Brighton virar um 0-2 para 3-2, e que sofreu autênticos "banhos de bola" de Liverpool (6-3 e 5-1) e Chelsea (a derrota caseira de 3-4 foi simpática face às incidências do jogo).
Destaques: Dejan Kulusevski, Cristián Romero, Micky van de Ven, Lucas Bergvall, Brennan Johnson

No começo da época, a ameaça de penalização de pontos por incumprimento do fair-play financeiro pairava sobre o King Power Stadium. Os foxes acabaram por evitar a punição, mas nem essa benesse fez escapar o campeão inglês de 2015/ 16 ao mesmo destino de há duas temporadas atrás, a despromoção.
Último dos 3 clubes relegados a confirmar a sua sentença, o Leicester esteve toda a época num nível fraco, e nas proximidades de Southampton e Ispwich, nunca chegando a equacionar-se um cenário de verdadeiro perigo para o Wolves (na segunda volta) ou mesmo para as desilusões Tottenham, Manchester United e West Ham.
Na última vez que o lendário Jamie Vardy (500 jogos pelo clube) vestiu a camisola dos foxes, o adeus do elétrico e sempre provocador avançado inglês fez-se com o seu golo 200 e com um estádio inteiro a aplaudi-lo de pé.
Duas vitórias nas últimas 4 jornadas, diante precisamente dos companheiros de viagem Southampton e Ispwich, ajudaram a superar a barreira dos 20 pontos, numa temporada em que o dinamarquês Mads Hermansen demonstrou qualidade entre os postes, e em que aqui e ali houve bons apontamentos dos criativos El Khannouss e Buonanotte.
Destaques: Jamie Vardy, Mads Hermansen, Bilal El Khannouss

Pela segunda época consecutiva, as 3 equipas promovidas descem imediatamente, vincando o diferencial de qualidade entre Premier e Championship. Previmos sempre que Southampton e Leicester cairiam, mas pensámos que o Ipswich seria capaz de lutar muito mais.
Os tractor boys chegaram a temer perder o técnico Kieran McKenna para Chelsea ou Manchester United no Verão passado, e o recrutamento (reuniram alguns dos melhores talentos do Championship como Delap, Jack Clarke ou Philogene) levava-nos a crer no projeto. Estávamos errados.
Capaz de vencer em casa o Chelsea e fora Tottenham ou Bournemouth, o Ipswich nunca foi capaz de estabilizar e, com uma defesa bastante mais fraca do que o seu ataque, deixou escapar pontos nos últimos minutos em vários jogos.
A baliza foi sempre um problema, atenuado ligeiramente com a contratação de Alex Palmer, Leif Davis passou de 18 assistências no Championship para apenas duas neste nível, Enciso deu alguma alegria ao futebol apresentado desde Janeiro, e McKenna viu a sua cotação como treinador regredir substancialmente. No meio de tudo isto, Liam Delap foi a boa notícia. O poderoso avançado de 22 anos carregou como pôde a equipa, apontou 12 golos (curioso uma vez que no Championship, ao serviço do Hull, marcara apenas 8) e despertou o interesse de vários emblemas, com o Chelsea a convencê-lo em definitivo.
A época foi má mas, se McKenna e os melhores ativos continuarem, há razões para confiar num bom rendimento no Championship 25-26.
Destaques: Liam Delap, Omari Hutchinson, Julio Enciso

Na época do Southampton, o maior feito foi mesmo escapar ao rótulo e registo de pior equipa da História da Premier League. Os 11 pontos do Derby County (2007/ 08) estiveram durante muito tempo em risco, mas os saints acabaram por conseguir chegar aos 12 pts, curiosamente com o ponto final obtido num surpreendente 0-0 na receção ao Manchester City.
Depois de ficar em 4º e subir ao escalão máximo do futebol inglês por via do Play-Off, o Southampton voltou a demonstrar que é, nesta fase, um clube ioiô, porventura condenado a conviver algumas épocas, à imagem do que aconteceu recentemente com Leicester, Burnley, Norwich ou Leeds, com a realidade de que é demasiado forte para a concorrência no Championship e demasiado fraco para os oponentes consolidados na Premier.
O futebol de posse de Russell Martin não vingou, o croata Ivan Juric foi uma aposta estranha, numa época com apenas duas vitórias em 38 jogos, uma vergonha imposta a Everton e Ipswich. Evitando tornar-se vítima de goleadas humilhantes (apenas em 3 jogos os saints sofreram mais do que 4 golos), o Southampton guardou pouquíssimas boas memórias desta edição - na sua primeira experiência no estrangeiro, o português Mateus Fernandes pareceu estar sempre acima dos colegas; Aaron Ramsdale somou 188 defesas e merece que algum clube o resgate; e o jovem esquerdino Tyler Dibling (19 anos), de meia curta e diagonais plenas de intenção, deve proporcionar leilão entre ingleses para garantir os seus serviços.
Destaques: Mateus Fernandes, Tyler Dibling, Aaron Ramsdale