Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

30 de março de 2017

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 30

Já passou. Os compromissos internacionais (apuramento para o Mundial 2018 e amigáveis) já lá vão, e regressamos por isso ao mundo dos clubes. Bem, não regressamos todos porque, como habitualmente, a janela FIFA fez várias vítimas - Seamus Coleman (arrepiante lesão no Irlanda-País de Gales) ou Lallana são exemplos desta "tradição" que atormenta qualquer jogador de Fantasy e, mais do que isso, qualquer adepto de Futebol.
    Este Sábado chega Abril e no mês em que se festeja a Páscoa festejam-se 30 dias de bom futebol: na Premier há vários embates de peso (Arsenal-City, Chelsea-City, United-Chelsea, City-United, Tottenham-Arsenal), juntando-se a isso os quartos-de-final da Champions e outros Clássicos por essa Europa fora; o Benfica-Porto por cá logo no 1º dia do mês, mesmo dia em que se disputa o Mónaco-PSG. E na La Liga haverá Real-Atlético e Real-Barça. Enfim, é muita coisa, e o mês começa logo à grande em Inglaterra com 3 jornadas disputadas no intervalo dos primeiros 10 dias do mês.
    A lesão de Seamus Coleman (6 meses de paragem), 2.º defesa mais pontuado esta temporada com 133 pontos, é a prova de que quando chegam os jogos das Selecções o melhor é mesmo congelar as transferências e agir só em vésperas do campeonato voltar.
    É num Merseyside Derby que começa esta jornada 30, com Liverpool e Everton a não poderem contar precisamente com os já mencionados Lallana e Coleman, juntando-se Funes Mori a essa lista. Verdade seja dita, talvez seja o melhor para os toffees, uma vez que os derbies de Liverpool costumam ser "quentinhos" e o argentino não prima pelo auto-controlo. A ronda principia com qualidade e fecha de igual forma - o Arsenal (desceu ao 6.º lugar com 4 derrotas nos últimos 5 jogos) recebe o Manchester City, num jogo em que Alexis Sánchez pode tornar-se o primeiro jogador esta época a cruzar a barreira dos 200 pontos no Fantasy. Pelo meio, há vários jogos equilibrados, com o Tottenham a ter um teste interessante no terreno do Burnley, e o Swansea-Middlesbrough a revelar-se determinante nas contas da manutenção.
    Viajando até à ronda anterior, ninguém pontuou mais do que Craig Dawson (o defesa do WBA totalizou 17 pontos, depois de um bis contra o Arsenal). Lukaku deu sequência ao seu momento incrível (9 golos nos últimos 6 jogos) e com desempenhos mais tímidos estiveram Vardy, Afobe, Lingard, Ward-Prowse, Lanzini ou os guardiões Heaton e Pickford.
    Importa fazer ainda um ponto de situação relativamente às Double gameweeks ou jornadas duplas. Já se conhecem os jogos da jornada 34 (dupla para Manchester United, Crystal Palace e Middlesbrough, deixando o West Brom em branco), faltando ainda saber como se irão distribuir vários jogos - teoricamente devem "cair" na jornada 37, embora ainda haja depois um Southampton-Arsenal para encaixar algures.
(Podem-se juntar à Liga Barba Por Fazer: Código - 2518758-588128)


As nossas apostas para a 30.ª jornada são:

Dusan Tadic - Southampton - 7.0
    Aos 28 anos, o sérvio Dusan Tadic é um jogador maduro, conhecedor do jogo, da Premier League (esta é a sua 3.ª época em Inglaterra) e um dos principais criativos em solo inglês quando lhe é dada liberdade para ser o cérebro vagabundo da equipa.
    A chegada do italiano Gabbiadini ajudou a puxar por Tadic, que apresenta 1 golo e 3 assistências nos encontros mais recentes pelos saints, destacando-se ainda ao serviço da Sérvia - com 7 assistências é o líder da qualificação europeia nesse capítulo, tendo marcado também 4 golos que fazem dele a figura do seu país rumo ao Mundial 2018.
    Ora, com Gabbiadini de fora depois de sair lesionado do Tottenham-Southampton, Tadic e Redmond surgem imediatamente como as melhores opções ofensivas da equipa de Puel. O extremo inglês é mais barato, mas Tadic tem praticamente os mesmos pontos do britânico, tendo jogado bastantes minutos a menos.
    A necessidade de olharmos para o Southampton é simples. Faltam 9 jornadas de Premier League, mas os saints ainda têm 11 jogos para disputar. Ou seja, duas double gameweeks. Gabbiadini (não deve demorar muito a regressar), Tadic, Redmond e Bertrand são jogadores que têm que ser equacionados numa fase em que as contratações têm que ter presente o potencial de jogos a dobrar a médio-prazo.


David Luiz - Chelsea - 6.3
    Uma das velhas máximas do Futebol diz que, normalmente, não se é feliz duas vezes na mesma casa. Há vários exemplos de jogadores que, passados vários anos, regressam ao seu antigo clube mas não conseguem estar ao mesmo nível. O Chelsea é um caso curioso... porque faz regressar e brilhar jogadores que não foram particularmente felizes na sua 1.ª passagem pelo clube.
    Matic assumiu-se como figura dos blues depois de anos antes ser desaproveitado e incluído na transferência de David Luiz para Stamford Bridge. E esta época, depois de criticado e pouco consensual na sua primeira estadia em Londres, Conte fez regressar o central brasileiro tornando-o no melhor defesa central em Inglaterra esta época.
    Com menos pontos do que Alonso, Cahill e Azpilicueta, embora tenha sensivelmente 400 minutos a menos do que os dois últimos, o 30 do Chelsea é hoje o jogador perfeito para líbero do esquema de 3 centrais de Conte. Contido, é o que menos se aventura no processo ofensivo, valendo-lhe (qual Bonucci) a qualidade técnica para arriscar sim em passes que queimam linhas.
    A recta final do Chelsea, determinado em garantir o título o mais cedo possível, é relativamente acessível, embora ainda tenha que receber o City e deslocar-se a Old Trafford e Goodison Park. Ocasionalmente senhor de livres directos, e tendo ainda uma double gameweek (falta calendarizar o Chelsea-Watford) no caminho, David Luiz pode ser um bom diferencial. Uma coisa é certa: têm que ter um defesa do Chelsea nas vossas equipas.


Riyad Mahrez - Leicester City - 8.9
    Em 2015/ 16 foram 240 pontos. O argelino, Jogador do Ano da Premier League para a PFA, baixou substancialmente de rendimento - em consonância com o colectivo - focando-se sobretudo em carregar a sua equipa na Champions (a fase de grupos foi Mahrez+10).
    A 6 pontos da linha de água, os foxes estão agora imparáveis com Shakespeare e pretendem escrever o melhor desfecho possível para a peça desta temporada.
    O clube fará all-in nas duas mãos diante do Atlético Madrid, mas na Premier tem agora duas jornadas consecutivas em casa (Stoke e Sunderland) com as quais pode garantir maior tranquilidade e a continuidade da viagem no tempo que nos tem feito reviver os bons desempenhos de Mahrez e Vardy.
    O ponta de lança inglês ressuscitou, e o argelino marcou nos 2 últimos jogos da Premier League. É carote, mas dificilmente já se terão esquecido daquilo que Riyad Mahrez é capaz de fazer quando a equipa está bem.


Troy Deeney - Watford - 6.9
    Numa altura em que Kane está lesionado (conseguirá encurtar a recuperação e voltar na jornada 33?), Ibrahimovic suspenso por mais 1 jogo e Gabbiadini em dúvida, apostar no avançado certo pode fazer toda a diferença nesta recta final.
    Lukaku é um dos poucos jogadores obrigatórios nesta fase, e Diego Costa ainda merece o estatuto de avançado nº 2 dada a sua regularidade a marcar. Sem, no entanto, conseguir pontuações altas.
    Depois há Vardy, Agüero (julgamos que rapidamente voltará a ser obrigatório nas próximas semanas), Llorente, Carroll, Negredo, Benteke ou Defoe. E Troy Deeney. Embora seja questionável se por agora o melhor é arriscar num avançado menos regular ou privilegiar um 3-5-2, é indiscutível que Deeney merece entrar nas contas. O ponta de lança do Watford tem 3 jogos em casa nos próximos 4 (Sunderland, West Brom e Swansea) e tem também a seu favor o facto de contabilizar 5 golos nas últimas 7 partidas.
    Num Watford que já não tem Ighalo, e no qual elementos como Niang, Okaka ou Success jogam bastante de olhos postos no posicionamento do capitão, Deeney marca grandes penalidades e pode ser uma alternativa bastante interessante para o posto de avançado nº 3.


Antonio Valencia - Manchester United - 5.9
    Diz a lógica que é recomendável ter jogadores do United de Mourinho nestas jornadas finais. Mas será mesmo assim?
    Actualmente em 5.º lugar, mas com 2 jogos a menos do que o quarto classificado (Liverpool), o Manchester United vive um bom momento e tem a seu claro favor o facto de jogar a dobrar na jornada 34, tendo ainda outra jornada (resta saber qual) em que acontecerá o mesmo.
    Numa defesa que já mexeu bastante esta temporada, De Gea e Valencia surgem rapidamente como as duas melhores escolhas. O equatoriano oferece bastante profundidade, marcou ou assistiu em 3 dos últimos 4 jogos dos red devils, e só por uma ocasião no espaço das últimas 8 jornadas se ficou pelos 2 pontos (a sequência que leva é 5-5-2-6-11-5-6-8).
    Com hipóteses de somar duas clean sheets no intervalo das próximas 3 jornadas, temos apenas algumas dúvidas que ter Valencia (ou um elemento defensivo do Manchester United) faça sentido nas double gameweeks - na jornada 34 o clube defronta Burnley e Manchester City, ambos fora, e caso o jogo em atraso com o Southampton seja colocado na jornada 37 essa jornada terá Tottenham e Southampton, ambos fora. O potencial de clean sheets nas jornadas duplas é, por isso, questionável.



Outras Opções:
- Guarda-Redes: Esperamos golos dos dois lados nos 2 jogos grandes (Liverpool-Everton e Arsenal-City), pelo que Kasper Schmeichel (4.9) é provavelmente a melhor opção. O dinamarquês vive um momento de extrema confiança, e o Stoke é bastante irregular embora coeso na sua organização sem bola. Para os mais corajosos, confiar em Tom Heaton (5.1) na recepção ao Tottenham é também uma opção, ou não fosse o guarda-redes do Burnley o guardião com mais pontos ao fim de 29 jornadas.
    De Gea e Courtois são outras opções, numa jornada em que Gomes, Forster ou Fabianski parecem apetecíveis em teoria, mas poderão não o ser na prática.

- Defesas: Na defesa, já mencionámos Antonio Valencia, um dos potenciais substitutos de Coleman. Outro é Ryan Bertrand (5.5). O lateral esquerdo do Southampton é um dos melhores da Premier League na sua posição, envolve-se e muito no ataque dos saints (que recebem Bournemouth e Crystal Palace nas duas próximas jornadas) e tem 4 assistências nos últimos 5 jogos.
    No Liverpool-Everton só deverá destacar-se algum defesa se por acaso houver um penalty (e resta saber se continua a ser Baines a marcá-los, ou o candidato a Bota de Prata Romelu Lukaku), Kyle Walker é uma opção a considerar na visita ao Burnley, e parecem-nos boas opções Christian Fuchs (5.2) e Alfie Mawson (4.6), mesmo tendo em conta que o Middlesbrough tem novo técnico, Jonathan Woodgate.

- Médios: Para começar, Gylfi Sigurdsson (7.8) em casa contra um dos 2 últimos classificados parece-nos inclusive matéria para capitão.
    Depois, sem Lallana em campo, maior importância terão Sadio Mané (9.7) e Philippe Coutinho (8.2), este último bastante motivado depois do seu Brasil já estar qualificado para o Mundial, num derby que promete emoções fortes e futebol de qualidade.
    Dele Alli (8.9) está em forma, Tadic e Mahrez já foram esmiuçados acima, Juan Mata (7.3) é o médio do United no qual mais confiamos e, desde que jogue, Eden Hazard (10.2) pode ser uma dor-de-cabeça para o Crystal Palace. Já Joshua King visita o Southampton, mas o seu momento de forma tem que ser tido em conta.
    No grande Arsenal-Manchester City, acreditamos que Alexis Sánchez (11.6) consiga fazer algo, cruzando a barreira dos 200 pontos, mas no seu todo encaramos o City como favorito para o jogo, alicerçado na produção dos seus médios ofensivos (KDB, Silva, Sané, etc.).

- Avançados: Os números de Romelu Lukaku (10.5) falam por si, e nem mesmo numa deslocação a Anfield, contra um Liverpool que vive deste tipo de jogos, se pode ignorar o belga. Lukaku tem 9 nos últimos 6 jogos, marcou também pela Bélgica entretanto, e a defesa do Liverpool não é propriamente de fiar.
    Jamie Vardy (9.8) parece estar de volta, Deeney tem bom calendário, Diego Costa (10.7) costuma dar-se bem contra defesas duros que o "apertem" bastante como deverá ser o caso do Crystal Palace, e depois há Llorente, Negredo ou Carroll.
    Sem Gabbiadini, Shane Long (6.1) pode ser uma boa opção para o curto-prazo, e Kun Agüero (12.7) tem mais uma oportunidade de mostrar que quando chegar a jornada 32 pode voltar a ser um dos elementos obrigatórios em qualquer plantel.




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11 (3-4-3): Schmeichel; Valencia, D. Luiz, Bertrand; Mahrez, Mané, Tadic, Sigurdsson; Vardy, Lukaku, Diego Costa

Atenção a (Clássico; Diferencial):
Liverpool v Everton  - Romelu Lukaku; Philippe Coutinho
Burnley v Tottenham - Dele Alli; Son Heung-Min
Chelsea v Crystal Palace - Diego Costa; David Luiz
Hull City v West Ham - Oumar Niasse; Andy Carroll
Leicester City v Stoke  - Jamie Vardy; Riyad Mahrez
Manchester United v West Brom - Antonio Valencia; Marcus Rashford
Watford v Sunderland - Troy Deeney; Tom Cleverley
Southampton v Bournemouth - Dusan Tadic; Ryan Bertrand
Swansea v Middlesbrough  - Gylfi Sigurdsson; Fernando Llorente
Arsenal v Manchester City - Kun Agüero; Kevin De Bruyne

25 de março de 2017

Made in Alcochete: Os Próximos Talentos do Sporting

Primeiro águias, depois dragões, e esta análise especulativa termina com aquela que era até há poucos anos a melhor Academia de Formação em Portugal e uma referência mundial.
    O clube que lançou Figo, Cristiano Ronaldo, Quaresma e Nani, entre tantos outros nomes que aqui se poderiam acrescentar, passou de medalha de ouro a medalha de bronze na gestação de novos craques. Verdade seja dita, isso só se confirmará no decorrer dos próximos 5 anos (quando Benfica e Porto puderem abastecer a equipa principal com matéria-prima de qualidade ano após ano), mas não deixam de ser sintomas do futuro o domínio que o Benfica tem nas convocatórias para os vários escalões das Selecções jovens de Portugal, e a necessidade que o Sporting tem tido de apostar na prospecção de júniores trabalhados noutros clubes (ex: Pedro Marques, formado no Belenenses, ou Edu Pinheiro, que cresceu no Paços). 
    Antes de prosseguirmos, uma explicação. Cingimos estes artigos às camadas de formação dos 3 grandes, mas é importante que seja feito o elogio ao trabalho doutros clubes, focados em garantir a sua auto-sustentabilidade: Braga (também aqui se vê a vontade do clube em tornar-se o 4.º grande), Vit. Guimarães e Rio Ave têm desenvolvido um bom trabalho, juntando-se Paços Ferreira e a Sul clubes como o Belenenses e o Vit. Setúbal que, infelizmente, perdem muitas vezes os seus melhores valores para os grandes).
    Muitos dirão que Jorge Jesus não é o treinador certo para um clube tão habituado a polir os diamantes da casa, mas o problema pode estar acima do técnico português. Desde que Bruno de Carvalho é presidente (não se enganem, a "aposta na formação" foi um chavão apenas utilizado para ganhar votos na campanha) o clube verde-e-branco já contratou mais de 70 jogadores e, tão focado em ganhar já, no presente, fica evidente a menor aposta na Academia de Alcochete quando jovens pérolas como Moreto Cassamá e Romário Baró foram para o Dragão, destacando-se ainda a má gestão de elementos que poderiam ter dado muito ao clube como Bruma e Eric Dier.
    
    Ainda assim, é indiscutível que herdando jogadores da casa feitos como Rui Patrício, William e Adrien (e não esqueçamos quanto cresceu João Mário com JJ), Jesus fez explodir Gelson Martins (conseguirá Jesus fazer de Gelson Dala o seu próximo Gelson?) e potenciou o assinalável crescimento de Rúben Semedo. Palhinha e Podence parecem ser do agrado do treinador leonino, ao contrário de Geraldes (muito maior talento puro, mas já lá vamos) ou Iuri.
    Abaixo apresentamos 9 casos que podem ser sinónimo de sucesso, dois deles bastante mais maduros do que os restantes. Não se devem ignorar nomes como Bernardo Sousa, Tiago Gouveia, Tiago Rodrigues, Pedro Ferreira, Pedro Empis, Tiago Djaló e Miguel Luís, não sabendo nós o que acontecerá a Rafael Barbosa ou Bruno Paz, e acreditando que os números de Ronaldo Tavares se poderão esfumar quando o seu poderio físico for "igualado", perfilando-se no entanto como um elemento capaz de dar ao jogo o que Dost dá. Quanto a Bubacar Djaló, ainda lhe falta mostrar muito para justificar o sufixo "novo Pogba".
  • Francisco Geraldes: com apenas 4 minutos disputados (contra o Tondela, a 11 de Março, no jogo do póker de Bas Dost) pela equipa principal, faz muita confusão o tratamento que a Direcção/ equipa técnica têm dado a um dos criativos e cérebros mais entusiasmantes do futebol português.
        Depois de meia época excelente no Moreirense, tornando-se rapidamente em conjunto com Cauê um dos jogadores mais influentes da equipa de Moreira de Cónegos, o Sporting decidiu resgatá-lo em conjunto com Podence (não surge nesta lista por já estar a começar a ter minutos a sério). Travar a evolução de "Chico" Geraldes quando este estava a jogar fim-de-semana fim, fim-de-semana sim só fazia sentido para fazer dele, no mínimo, uma 1.ª alternativa a um titular. A história mostrou-nos algo diferente: sem que Jesus confie nele para "fazer de Adrien", acabou mais vezes ao serviço da equipa B, acabando desaproveitado na II Liga quando tem qualidade para ser já titular deste Sporting.
        Temos esperança, para o bem do Sporting e do futuro do jogador, que a teimosia de Jesus tenha fim. Com uma qualidade técnica, um QI futebolístico e uma noção 360º do jogo como poucos da sua idade, Francisco Geraldes tem tudo para começar a entrar na equipa do Sporting neste final da época, tornando-se opção regular em 2017-18. Seja a 8, seja como interior num dos flancos, ou num meio-campo de 3 homens.
  • Iuri Medeiros: Não se enquadra muito no perfil de jogadores que temos abordado um atleta já com 22 anos e que fará 23 em Julho. Mas, caramba, o que mais precisa Iuri Medeiros de fazer para fazer parte do plantel do Sporting?!
        Emprestado ao Arouca em 2014-15, Iuri tornou-se a figura da equipa. Em 2015-16, ele e Rafael Martins carregaram o Moreirense. Esta época, novo empréstimo, tornando-se já o principal abono de família do Boavista. Iuri Medeiros tem aproveitado sempre para crescer, juntando a isso números muito positivos (18 golos e 21 assistências em menos de duas épocas e meia). É importante que o Sporting segure Gelson Martins para a próxima temporada, mas é justo que o clube olhe para Iuri como o plano B a extremo direito. O rapaz merece e pode suprir uma lacuna dos leões - cobra cada vez melhor os livres directos.
  • Pedro Marques: este é dos que vai dar mesmo gosto quando começar a aparecer... Pode-se dizer que a vida de Pedro Marques, nessa altura ainda ao serviço do Belenenses, mudou quando fez um hat-trick contra o Benfica. O talento para marcar às águias é uma das particularidades do 54 dos leões, que já esta época voltou a marcar por 3 vezes aos júniores encarnados.
        Aos 18 anos, o jovem avançado do Sporting promete ser um caso sério, com uma veia goleadora indiscutível, a aptidão para marcar golos de belo efeito, e juntando a tudo isto um compromisso, um índice de trabalho e uma fome de sucesso em campo que nos levam a crer que a sua ascensão pode ser rápida.
        Já com minutos pela equipa B (8 jogos, 3 golos), integra com Zé Gomes e Rui Pedro o trio de avançados que os 3 grandes podem trabalhar nos próximos anos, e a obsessão de Jesus pelo seu 4-4-2 pode ajudar Pedro Marques, jogador que parece ter as características certas para jogar como 2.º avançado neste Sporting, um pouco ao jeito do que Diogo Jota poderia fazer se tivesse rumado a Alvalade em vez de viajar para a Invicta.
  • Diogo Brás: Com 17 anos, feitos já neste mês de Março, Diogo Brás é um prodígio que o Sporting descobriu bem cedo no Chaves, e que já chegou a fazer uma perninha pelo Real Madrid.
        Depois de marcar os seus primeiros anos de leão ao peito com o seu cabelo comprido, qual De Franceschi, tem sido particularmente interessante acompanhar a evolução de um jogador que promete encantar nas diagonais a partir do corredor esquerdo. Com muito golo nas chuteiras e um extraordinário reportório de recursos, pode ser mais um dos grandes extremos forjados em Alcochete, ele que já é por esta altura agenciado por Jorge Mendes. Parece destinado aos maiores palcos e a grandes momentos.
  • Daniel Bragança: João Palhinha já está a evoluir ao lado de William, Pedro Ferreira é um valor ao qual estaremos atentos, Bubacar Djaló tem a fama (exagerada?) no estrangeiro, mas se nos perguntarem qual é o médio defensivo leonino que mais nos entusiasma a resposta é simples: Daniel Bragança.
        Com 17 anos, um belo pé esquerdo, boa meia distância e perfil de capitão, o tempo ajudará a dizer se vai ser um 6 do género Rúben Neves, Pedro Rodrigues, ou mesmo um médio centro que progrida e "queime" linhas. Certo é que Daniel Bragança, longe para já de conseguir ser um limpa-pára-brisas estilo William (Palhinha tem muito mais esse perfil), tem potencial para ter uma influência na construção superior ao 14 leonino, ganhando pontos com a qualidade com que se incorpora no ataque da equipa. 
  • Matheus Pereira: O luso-brasileiro natural de Belo Horizonte é um caso clássico de um jogador ao qual não tem sido dado o patamar competitivo certo na altura apropriada. Ultimamente utilizado por Jorge Jesus na procura de "refrescar" o ataque, garantindo maior criatividade, isto depois de ter sido lançado às feras no baptismo de Soares (Porto 2-1 Sporting), é possível supor que Matheus poderia já estar a jogar na I Liga com outra rotação se tivesse sido esta temporada emprestado. Mais, quando o Sporting resgatou os dois Geraldes, Podence e Gauld, confiar Matheus Pereira a Vit. Setúbal ou Moreirense teria sido bom para todas as partes envolvidas.
        Os minutos que JJ tem dado a este português que sabe sambar podem querer dizer que o treinador pretende contar com ele em 2017-18. Senão, caso o clube o empreste na próxima época, 2016-17 vai ser difícil de explicar. PS.: esperemos que escolha representar Portugal.
  • Pedro Silva: o herdeiro legítimo de Rui Patrício só parece ter nesta fase um problema... Rui Patrício. Preparado para ser um dos próximos bons guarda-redes do futebol português, o guardião habitual do Sporting B precisa de continuar a evoluir e, tendo 20 anos, deve ver a sua situação a ser gerida de forma inteligente pelo clube. Rui Patrício tem 29 anos e a cada época que passa parece mais provável que faça toda a sua carreira no clube, e por isso o mais recomendável deverá ser o Sporting emprestar Pedro Silva em 2017-18, dando-lhe os estímulos certos para que a médio-prazo seja o nº 2 de Patrício. Júlio César também parecia intocável até Ederson ter uma oportunidade, por isso... no futebol nunca se sabe.

24 de março de 2017

Made in Olival: Os Próximos Talentos do Dragão

Há poucos dias deixámos aqui alguns palpites e observações sobre aqueles que nos parecem ser os jogadores mais promissores da incubadora Caixa de Futebol Campus, conjugando esse potencial com as suas chances de surgirem no plantel principal no espaço dos próximos 3 anos.
    Hoje, fazemos o mesmo para o Porto.
    Quem viu o último Europeu Sub-17 terá constatado uma fórmula evidente: a geração de 1999 tinha o Porto a defender, e o Benfica a atacar. Aquela estrutura defensiva, composta por 4 Diogos que encontrarão abaixo, é exemplo do bom trabalho desenvolvido no Olival. O Porto tem soluções para os próximos anos, com jogadores à Porto com muita qualidade e para quase todas as posições.
    A aposta em André Silva (aos 21 anos, 15 golos na Liga NOS e 4 golos nas suas 5 internacionalizações por Portugal) é o exemplo do caminho a seguir, com Rúben Neves (muito provável que tenha a sua primeira época como titular indiscutível em 2017-18, uma vez que acreditamos que será impossível segurar Danilo Pereira) a ser o próximo diamante polido por Nuno Espírito Santo, treinador que ao contar com um ataque com André Silva, Diogo Jota ou Óliver tem demonstrado confiar e saber trabalhar os jovens talentos.
    Comparativamente com o Benfica, não se verifica a mesma cascata de promessas, que chega a dar a sensação de que o clube encarnado poderá queimar alguns valores por ter miúdos a mais com talento; no Porto não há tantos jogadores que deixam água na boca, mas os que há, cuidado com eles.

    Rafa Soares tem aproveitado o empréstimo ao Rio Ave, Bruno Costa só não surge na lista abaixo porque não estamos tão certos que seja lançado logo no plantel A, correndo se calhar o risco de se perder em empréstimos, Fernando Fonseca e Raúl (contratado ao Paços, quando parecia ser o novo Diogo Jota da Mata Real) têm evoluído, temos bastante curiosidade para ver o que dá Leandro Campos, mas são os 9 abaixo que não deixam dúvidas:


  • Afonso Sousa: filho de Ricardo Sousa, neto de António Sousa. O futebol corre-lhe no sangue. Nascido em 2000 (sim, tem ainda 16 anos), o jovem médio-centro/ médio ofensivo que os dragões estão a cozinhar tem o suficiente para ser o herdeiro de Óliver Torres. Chega como garantia do seu potencial?
        Num Porto cuja tendência poderá ser realizar um bom encaixe com André Silva e promover Rui Pedro ao estatuto de avançado nº 2 da hierarquia, mas privilegiando um 4-3-3 com apenas Soares na frente, o espaço para médios como Afonso Sousa e Moreto Cassamá deve voltar a aparecer. Com apenas 16 anos, é improvável que dê os primeiros passos rapidamente, devendo primeiro passar pela equipa B, mas o rapaz que nasceu quando Ricardo Sousa estava ligado contratualmente ao Porto, é bom demais para ser deixado em gestação muito tempo. Critério na circulação, técnica de cabine telefónica e rapidez a pensar e executar são alguns dos pontos fortes de um jogador que sabe que no miolo ainda tem Rúben Neves, Rui Pires e Moreto Cassamá a reclamarem primeiro um lugar.

  • Moreto Cassamá: Ai o que o Sporting perdeu... Formado em Alvalade, tal como Romário Baró, foi um dos talentos verde-e-brancos que o Porto desviou nos últimos anos. No Porto desde 2013-14, Moreto Cassamá é um daqueles jogadores que entusiasma qualquer adepto. Mesmo os das equipas adversárias. Pequeno em estatura (1,65m) mas grande na classe com que desmarca os colegas, com que ginga para fora de zonas de pressão, acelerando e destruindo qualquer defesa.
        Aos 19 anos, o capitão dos júniores é demasiado bom para o patamar em que está, e se não chegar à primeira equipa em 2017-18, chegará em 2018-19. Tem futebol dos pés à cabeça, interpreta os vários momentos do jogo com uma maturidade e compostura acima da média, e recompensará o treinador que o soltar no Dragão.
  • Diogo Dalot: Rui Pedro já se estreou e já marcou pela equipa A mas, destes nove, Diogo Dalot parece reunir vários parâmetros para ser o primeiro a tornar-se aposta como titular no Porto. O lateral-direito, autêntica locomotiva, que impressiona pelo físico e por já parecer aos 18 anos um jogador com maturidade e pujança de um de 25, é um daqueles casos em que se podem saltar os empréstimos e reduzir o tempo de "praxe" e evolução nas equipas B.
        Diogo Dalot estava preparado, hoje, para começar a ser o lateral-direito titular do Porto. Problema? Maxi Pereira. E Layún, que também dá lá uma perninha de vez em quando por existir outro rapaz chamado Alex Telles. No entanto, e embora o Porto tenha bons laterais emprestados (Victor García para a direita, Rafa Soares para a esquerda, e Ricardo Pereira para ambos os corredores), é bastante provável que Dalot integre a mini-revolução que houver nas faixas laterais no arranque de 2017-18. Estrangeiros interessados em "roubar" Dalot antes de se chegar a estrear pelo Porto não faltarão, mas os dragões sabem o que têm em casa, e quão mais poderá valer daqui a 3/ 4 anos.
  • Diogo Costa: Rui Patrício é dono e senhor da baliza de Portugal, mas é importante que comecem a surgir potenciais sucessores. André Moreira, Joel Pereira, Bruno Varela e Miguel Silva terão uma palavra a dizer nesse aspecto, tal como João Virgínia, o jovem guarda-redes que o Arsenal retirou da Luz. No Sporting, Pedro Silva (interessante guarda-redes, também) só deverá ter espaço se alguma vez Patrício sair, e por fim resta-nos Diogo Costa.
        Sem ser incrivelmente alto para guarda-redes (aos 17 anos tem 1,86m), apresenta uma serenidade e elasticidade notáveis, tendo ainda muito para evoluir tecnicamente mas demonstrando já o mais importante para singrar - uma boa cabeça. Com Iker Casillas a caminhar para a reforma, a pergunta que se impõe é: será o barbudo José Sá ou o menino Diogo Costa o próximo nº 1?
  • Rui Pedro: Extraordinário goleador nas camadas de formação em Portugal, Rui Pedro teve aquela estreia de sonho no Porto 1-0 Braga. Entrou aos 75 minutos, e no tempo de compensação deu três pontos com uma finalização de classe.
        Golos, golos e mais golos é o que se pode esperar do sucessor de André Silva no Porto. Sempre de olhos postos na baliza, embora tenha talvez menor qualidade técnica do que o actual camisola 10 dos azuis e brancos, tem maior instinto goleador. Ao contrário do rival José Gomes, parece preparado para actuar já no escalão principal (o que é natural, já que é 1 ano mais velho) e beneficiará de ter o seu espaço já em 2017-18, sem andar a "rodar" como Gonçalo Paciência, jogador de menor potencial do que André Silva ou Rui Pedro.
  • Diogo Queirós: futuro capitão? Na Selecção campeã da Europa Sub-17, Diogo Costa tinha a baliza a si entregue, surgindo Diogo Dalot a lateral-direito. No centro da defesa, Diogo Queirós e Diogo Leite. Quatro Diogos, todos do Porto.
        Aos 18 anos, é difícil antecipar quando terá oportunidade. Na próxima temporada deve passar a ser titular no Porto B, e a actual dupla Felipe-Marcano dá cartas, embora Felipe seja um jogador cada vez com mais mercado. Num clube com grande tradição de centrais (Ricardo Carvalho, Pepe, Bruno Alves, Jorge Costa, Aloísio, Fernando Couto) seria incrível verificar-se uma aposta num central muito jovem, mas a História diz-nos que o Porto gosta de centrais da casa. Entre Diogo Queirós e Diogo Leite, é difícil antecipar qual vai ter mais sucesso.
  • Rui Pires: Alternando já entre os júniores e o Porto B, Rui Pires tem crescido muito na transição de escalão, adaptando-se às exigências tácticas e ajustando o perfil competitivo. É claramente um jogador com ADN Porto, que pode surgir como alternativa a Rúben Neves caso este se afirme como titularíssimo se Danilo sair.
        O bom planeamento das escolas de Formação vê-se, dependendo das "fornadas" e da prospecção feita, na capacidade de alimentar posição a posição sempre com qualidade o plantel principal. Se possível, colmatando possíveis carências que o clube saiba vir a ter em breve. Casillas está quase a retirar-se? Há José Sá e Diogo Costa. Maxi Pereira está a perder fulgor? Diogo Dalot está aí. E embora haja um goleador (Rui Pedro) e Bruno Costa como extremo mais convincente, é na zona nevrálgica do meio-campo que o Porto tem o seu futuro garantido. Se quiser.
  • Diogo Leite: Um dos motivos para na dupla de Diogos (Queirós e Leite) ser tão difícil de desvendar qual terá maior sucesso ou sucesso primeiro é precisamente o facto de jogarem juntos. Queirós e Leite disfarçam as falhas um do outro, e têm evoluído juntos.
        A braçadeira de capitão e o cabelo louro talvez ajudem Diogo Queirós a puxar para si os holofotes, mas Diogo Leite, o seu complemento perfeito e silencioso que assinou recentemente o seu primeiro contrato profissional pelo Porto, não perde em quase nada. A lógica diz que Queirós se afirmará primeiro, também pela voz que é na formação portista, mas não nos surpreenderá se Diogo Leite (mais alto, com 1,88m) tiver um treinador - NES ou outro - que o faça disparar para um patamar inesperado.
  • Romário Baró: outrora considerado o Pogba de Alcochete (estatuto que agora pertence a Bubacar Djaló), Romário Baró junta-se a Moreto Cassamá como outra das pérolas africanas que o Porto retirou ao Sporting.
        De futuro menos certo do que Afonso Sousa e Cassamá, é aos 17 anos um médio que ainda se espera poder vir a ser tudo aquilo que se antecipava há dois, três anos atrás. Deste grupo, é aquele que pode demorar mais tempo a chegar à equipa principal; mas se chegar, e dado o futuro promissor do sector no Porto, deverá ser sinal que pode pegar de estaca.

21 de março de 2017

Made in Seixal: Os Próximos Talentos da Luz

João António Antunes Carvalho. O médio emprestado pelo Benfica ao Vit. Setúbal marcou no empate (1-1) no Dragão, e num instante tornou-se herói de muitos benfiquistas. Mesmo sem nunca ter (ainda) representado a equipa principal dos encarnados.
    Desconhecido para alguns, marcou presença na nossa rubrica '100 Jogadores que podem marcar 2017' (Link), uma teimosia que mantivemos depois de já o ter destacado na edição de 2016, e integrou também o nosso esboço da versão 16/ 17 do plantel das águias (Link), quando lançámos a nova época dos 3 grandes.
    Numa altura em que a formação do Seixal já é internacionalmente reconhecida, estando o Benfica presente nas meias-finais da Youth League (competição na qual atingiu a final há poucos anos, perdendo para o Barcelona), faz sentido analisar o viveiro de talentos e perceber quem são os jogadores que a curto, médio-prazo podem aparecer no plantel principal, tornando-se sucessores de Renato Sanches e Gonçalo Guedes, e evitando-se novos casos como Bernardo Silva.

    Procurámos identificar os 9 maiores talentos que tenham condições para integrar o plantel principal do tricampeão nacional no espaço dos próximos 3 anos. O contexto e as necessidades pontuais do clube poderão levar a que certos elementos saltem etapas e uns sejam chamados mais cedo ou mais tarde do que o esperado - consoante as saídas e lesões das várias posições na equipa A.
    Estes são aqueles que, para nós, não enganam. Não colocámos Kalaica por não ser "da casa", jogadores como Filipe Soares, Rúben Dias, Buta, Heriberto, Gonçalo Rodrigues, Pedro Álvaro e Miguel Nóbrega por não serem certezas tão absolutas (ou jogam em posições "bloqueadas" por outros, ou tratam-se de casos em que um empréstimo e a resposta/ aproveitamento do mesmo será chave no crescimento), e pequenos projectos como Úmaro Embaló, Nuno Cunha e Tiago Dantas por ainda serem muito novinhos.


  • João Carvalho: o rapaz que quer ser como Aimar. Se há variável que no futebol, como na vida, tem um peso inequívoco, é o tempo. O maestro que o Benfica emprestou ao Vit. Setúbal, depois de muitos minutos nas pernas pelo Benfica B, não evoluiu como seria expectável na transição júnior para sénior (dar o desafio/ patamar certo no momento certo é decisivo na Formação; veja-se Renato Sanches) mas com 20 anos ainda vai a tempo de tudo.
        Elegante, inteligente e virtuoso do ponto de vista técnico, João Carvalho é daqueles jogadores que sabe ler o jogo e fazer jogar os colegas. Sempre se distinguiu pela visão de jogo e pela criatividade, inventando decisões melhores do que aquela que parece ser a melhor opção para quem assiste na bancada; o que lhe falta em físico e na capacidade de choque, compensa em inteligência e antecipação. Sem nunca se esconder do jogo, será fundamental que cresça nos próximos anos alheio ao síndrome Özil - urge que consiga ser um jogador regular, com intensidade e total compromisso com a equipa.
        Terá garantidamente lugar na pré-época de 2017-18 e no actual 4-4-2 do Benfica parece pedir um reajuste, dele à equipa, e da equipa a ele. Um "10" de nascença, teria mais facilidade em actuar como 3.º médio se os encarnados só actuassem com um avançado; jogar descaído para um corredor pode ser uma alternativa interessante, parecendo nesta fase difícil vê-lo na posição de Pizzi, porque nem mesmo Pizzi tem o perfil mais indicado para a mesma.
  • José Gomes: o melhor marcador e melhor jogador do último Europeu Sub-17 já se estreou pela equipa principal, acumulando 21 minutos na Liga NOS, 8 na Champions e 90 na Taça de Portugal por força de várias lesões. Com apenas 17 anos, o avançado-prodígio que nas últimas temporadas ultrapassou sempre os 20 golos marcados por época de águia ao peito está a atravessar um período de adaptação ao mundo profissional e a doer do futebol, somando até ver apenas 5 golos pela equipa B.
        Jonas tem 32 anos, Mitroglou 29 e Raúl (25) parece-nos um jogador que no espaço dos próximos 2 anos deve ser vendido. Por isso, as oportunidades vão surgir para "Zé Gomes", que talvez já faça parte do trio de avançados do plantel A na próxima época. Não conseguiu ter o impacto precoce de foras-de-série como Mbappé, Ousmane Dembélé ou Rashford, mas com um faro de golo raro no futebol português, o craque nascido em Bissau é menino para marcar a próxima década.
  • Diogo Gonçalves: sem ter a fama interna com que cresceram Bernardo Silva, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, João Carvalho, Zé Gomes ou JP, Diogo Gonçalves é o exemplo perfeito de que o trabalho dá resultados. Sem ter os predicados de outros colegas, tem uma boa relação com o golo (calmo na hora de rematar, inventa pouco), é vertical e objectivo e por isso não é difícil prever que seja aposta de Rui Vitória na pré-época, lutando por uma vaga no lote de extremos. Com Cristiano Ronaldo como referência e ídolo, a regularidade que apresenta ao serviço do Benfica B leva a crer que poderá ter impacto imediato na Liga NOS. Resta saber se será pelo Benfica ou noutro clube, emprestado.
  • Pedro Rodrigues: dito da maneira mais simplista, há duas formas de interpretar uma posição 6. O trinco e o médio defensivo. No actual desenho táctico do Benfica, possível na Liga NOS mas de difícil replicação na Europa, Fejsa é um trinco, um tractor que varre tudo e asfixia os adversários, destacando-se sem bola. O actual esquema dos encarnados é, de resto, viável graças ao facto de existir um jogador como Fejsa. Agora pensem: enquanto que Fejsa está em campo para deixar a equipa jogar, Pedro Rodrigues é um médio defensivo (Weigl ou Busquets servem como referências do como estar e o que fazer em campo) que se torna o primeiro jogador a fazer a equipa jogar.
        Com poucas alternativas nas posições 6 e 8, e tendo um potencial muitíssimo superior ao valor actual de um jogador como Samaris, é difícil projectar um cenário em que Pêpê não seja figura do plantel 2017-18. No entanto, com enorme qualidade a ditar o batimento cardíaco da equipa e a cabeça levantada mais vezes a olhar para a frente do que para trás, ser-lhe-á muito mais fácil entrar na equipa se esta tiver uma estrutura de 3 médios, sendo um 6 mas não tendo perfil para fazer de Fejsa na ausência do sérvio.
  • Pedro Pereira: alguém tem dúvidas que Nélson Semedo abandonará a Luz no próximo mercado de transferências? Nós temos poucas. A iminente saída do camisola 50 já foi acautelada pelos dirigentes, com o regresso de Pedro Pereira, lateral-direito que saíra para a Sampdoria.
        Pedro Pereira não é Nélson Semedo, nem poderia ser. Enquanto que Buta é o elemento da formação mais parecido com o já internacional A português, Pedro Pereira é menos explosivo e tecnicista no último terço, mas mais competente do ponto de vista defensivo (fez-lhe bem passar pela Serie A). Com qualidade a cruzar, muita concentração e intensidade nos duelos físicos, é talvez o ponto de equilíbrio entre Semedo e André Almeida.
  • Florentino Luís: se Pedro Rodrigues "obriga" Rui Vitória a mudar algumas coisas, Florentino (17 anos) é um 6 capaz de evoluir sob a tutela do mentor Fejsa. Nascido em Angola, foi um dos melhores jogadores de Portugal no Euro Sub-17 e, dadas as suas características, tem tudo para ser cobiçado por clubes da Premier League rapidamente.
        A gestão dos médios defensivos e médios-centro será chave nos próximos anos da Luz. Samaris já não parece ter lugar neste Benfica considerando as "promoções" que bloqueia, e Pizzi, o melhor jogador do Benfica 2016-17, deveria regressar ao corredor direito, isto se não for transferido. Há ainda André Horta, e muitos jogadores que não tendo as características Fejsa e Enzo, chamemos-lhes assim, obrigarão o clube a alguma inovação táctica. Florentino depende de tudo isto, porque tem por exemplo Pedro Rodrigues à sua frente. Ao contrário de Pêpê, que decide como todo o jogo respira, Florentino é dos que nasceu para fazer os colegas respirar.
  • Gedson Fernandes: o verdadeiro e único 8 puro que o Benfica tem capaz de surgir a curto-prazo no plantel. O canivete suiço dos encarnados - joga em todas as posições do meio-campo, e chegou a actuar a lateral-direito há alguns meses - é talvez destes jogadores todos aquele que teria mais a ganhar e cuja carreira poderia desviar-se mais do expectável se for aposta cedo e não só aos 19, 20 anos.
        Como escrevemos acima, depende de toda uma conjuntura na gestão do miolo do terreno. Ficou célebre pelo golo do meio-campo marcado ao Besiktas na Youth League, mas o seu futuro deverá ficar marcado pela qualidade a transportar jogo, revelando boa capacidade de decisão e temporização.
  • João Félix: ah, há mais um João Carvalho. Formado no FC Porto e com passagem pelo Padroense, habitual satélite dos dragões, viajou para a Luz na época passada e tem tido uma ascensão meteórica, exibindo-se já ao serviço da equipa B embora tenha 17 anos feitos em Novembro passado.
        Com um perfil idêntico ao de João Carvalho - é também forte tecnicamente, inteligente a ocupar os espaços embora seja porventura melhor finalizador do que o médio 3 anos mais velho - a lógica diz que chegará ao plantel principal quando João Carvalho for vendido. Demasiada futurologia, até porque são compatíveis. Veremos como será. 
  • João 'JP' Filipe: altamente cotado ao longo da formação, João Filipe é o wildcard deste conjunto de 9 promessas. O miúdo que se entende às mil maravilhas com Zé Gomes abrandou um pouco a sua evolução, mas se corresponder às expectativas iniciais poderá ser um dos grandes extremos do futebol português. Tem tudo o que Portugal gosta de ver no flanco: é rápido, desconcertante e com uma qualidade no drible que, em dia sim, chega para castigar adversário atrás de adversário.
        Dêem-lhe tempo e saibam dar-lhe os desafios e os conselhos certos. Depois, como relativamente a todos os outros, só depende dele.


A Chicotada Psicológica compensa no Futebol Português?

Muito se despedem treinadores em Portugal. Mas faz sentido? As equipas salvam-se de descer por mudarem de treinador? Alcança-se a Europa e foge-se à banalidade por arriscar e acreditar num novo homem do leme?
    Verdade seja dita, estas contas só deviam ser feitas em Maio, quando a Liga NOS acabar. No entanto, e depois de Arouca e Nacional dizerem adeus aos segundos treinadores que tiveram esta época, e pouco tempo depois do Moreirense despedir Augusto Inácio depois deste ter dado ao clube o seu 1.º troféu da História (Taça da Liga), contratando Petit para o seu lugar, parece-nos indicado investigar e analisar o comportamento dos 18 clubes em Portugal e as consequências que daí advêm.
    É uma velha ideia que ainda faz sentido no Futebol - quando é preciso escolher um culpado, quando se exige uma cabeça, é mais fácil apontar o dedo e substituir uma pessoa do que 11 ou 25. Em Portugal as "chicotadas psicológicas" são frequentes e a estabilidade é coisa rara. É muito difícil para os clubes pequenos e médios terem um projecto. Porquê? Muito simples. Nuns casos não é dado tempo a alguém de impor as suas ideias e edificar uma equipa à sua imagem, noutros porque treinadores que tenham sucesso rapidamente dão o salto (José Mourinho, Jorge Jesus, Marco Silva, Leonardo Jardim, Paulo Fonseca e André Villas-Boas são todos eles exemplo disso).

    Ao entrarmos na análise específica desta época, podemos primeiro comparar o nosso campeonato com a Premier League. Inglaterra, habitual oásis dos projectos com tempo, lenda alicerçada pela elevadíssima esperança média de vida de Sir Alex Ferguson ou Wenger, já não é o que era. Mesmo assim, em 20 equipas da Barclays Premier League, apenas 5 mudaram de treinador ao longo da temporada. Mais: todas as equipas do actual Top-14 têm o mesmo técnico com que iniciaram 2016/ 17, surgindo então como excepções o campeão em título Leicester, o Crystal Palace, o Hull que foi buscar Marco Silva, o Swansea e há poucos dias o Middlesbrough.
    Em Inglaterra, 5 em 20 mudaram de treinador. Em Portugal, só 5 das nossas 18 equipas não mudaram de treinador durante o mesmo período.


    Reafirmamos que, para retirar as melhores conclusões, seria mais adequado fazer este exercício depois do apito final da jornada 34. No entanto, a 8 jornadas do fim, já é possível perceber muita coisa e tentar responder à nossa pergunta.

  • Benfica, Porto, Sporting, Vit. Guimarães e Vit. Setúbal são as únicas equipas que não mudaram de treinador. Compreensível no caso dos 3 grandes, com Benfica e Porto em acesa luta pelo título e tendo sido Jorge Jesus uma das ferramentas e bandeiras da campanha de Bruno de Carvalho. Pedro Martins acordou o clube da cidade-berço, deixando os vimaranenses a lutar com o grande rival do Minho pelo 4.º lugar, e o bom trabalho de Couceiro no Sado reflecte-se não só nos jogos contra os grandes como na estabilidade do clube, longe das calculadoras e podendo respirar seguro, com a manutenção muito bem encaminhada.
    E os outros?

  •  O Braga despediu José Peseiro depois da jornada 13. Quando Peseiro, treinador do qual não somos fãs, abandonou o clube o Braga estava em 4.º lugar - tal como agora - mas estava a apenas 1 ponto do 3.º classificado (Sporting), classificação que se alterou logo na jornada seguinte quando o clube, orientado pelo interino Abel, venceu em Alvalade por 1-0.
        Ora, com Jorge Simão (ex-Chaves) a qualidade da equipa piorou e sucedem-se resultados pouco abonatórios (entre Fevereiro e Março, 4 empates, duas derrotas e duas vitórias). Faria melhor José Peseiro? Provavelmente sim. Mas parece-nos um duplo erro de casting de António Salvador, presidente habituado a contar com grandes treinadores (Jorge Jesus, Leonardo Jardim, Paulo Fonseca, Jesualdo Ferreira). 

  • Desp. Chaves e Arouca mudaram de treinador sem terem culpa. O Chaves viu Jorge Simão rumar a Braga, e Lito Vidigal abraçou um novo desafio em Israel a meio da época. As respostas do clube-sensação desta época e do clube-sensação da época passada foram bem diferentes.
        O Chaves demonstrou visão e planeamento - apostou em Ricardo Soares, ex-Vizela, e "descobriu" provavelmente um dos próximos bons treinadores do futebol português. A equipa deve terminar a Liga entre o 7.º e o 11.º lugares, mas tem um projecto sólido e o treinador certo para que o clube cresça com bom futebol. Há males que vêm por bem. Já o Arouca, revelou não ter um plano B preparado e apostou no desgastado Manuel Machado. Resultado: 5 derrotas em 5 jogos, rescisão acertada e o 3.º treinador da época a ser anunciado em breve.

  • Petit e Pepa andam a brincar às escondidas. O outrora médio defensivo iniciou a época no Tondela, depois de salvar o clube milagrosamente na recta final de 2015-16, assumindo agora o legado de Augusto Inácio no Moreirense. Pepa teve pior sorte: começou em Moreira de Cónegos, e está agora no "lanterna vermelha", o Tondela.
        Quando Petit saiu do Tondela (jornada 16), o clube era último. Com Pepa não melhorou. E seria difícil, mediante o plantel. Relativamente ao Moreirense, a Direcção teima em mudar mas pouco muda - quando Pepa foi despedido (jornada 10) o clube era 16.º, e Augusto Inácio - depois de conquistar de forma inédita a Taça da Liga, perdendo depois Geraldes e Podence - deixa o clube exactamente na mesma posição.

  • Custa olhar para o estado actual do Nacional da Madeira. Habituado a outras andanças, tudo aponta para que, depois de em 2014-15 o União da Madeira ter descido, 2016-17 possa ter apenas o Marítimo como único clube da região autónoma no primeiro escalão. O futebol pobre é a consequência da incapacidade ou relutância em pensar "fora da caixa" - quase parece que o Nacional se auto-condenou a alternar apenas entre 2 treinadores, Manuel Machado ou Jokanovic. O 3.º técnico da época (situação similar a Arouca, Moreirense e Estoril) será anunciado rapidamente e terá que ser um tiro certeiro caso o clube queira sobreviver. Fala-se em João de Deus... à partida existiam melhores opções.

  • Para além dos já referidos Nacional, Arouca e Moreirense, o Estoril é a outra equipa que também vai no 3.º treinador esta época. E é o melhor exemplo de que deve ser dado tempo, porque mexer (mal) pode borrar a pintura. Fabiano Soares, depois do voto de confiança dado na época passada, foi despedido na jornada 13. O clube da Linha era 11.º classificado. Depois veio o espanhol Pedro Carmona que em 11 jogos conseguiu 8 derrotas. Cabe agora a Pedro Emanuel (2 jogos, 2 empates) manter o clube, que nunca deveria ter abdicado de Fabiano Soares, afastado da zona de despromoção.

  • Se Braga, Estoril, Moreirense, Arouca e Nacional são exemplos negativos, o Paços Ferreira um elemento neutro, e os números ajudam também o ex-Belenenses Júlio Velazquez (deixou o clube em 8.º, a equipa do Restelo está agora 2 lugares abaixo, mas Quim Machado parece ser a pessoa certa), há claramente quem tenha beneficiado com a mudança.
        O Chaves não é para aqui chamado, uma vez que se tratou de uma reacção e não de uma acção, mas Rio Ave, Boavista, e sobretudo Marítimo e Feirense voltariam certamente a fazer tudo como fizeram.
         O Marítimo apercebeu-se cedo que PC Gusmão não era o técnico certo. À jornada 5, o clube estava em 17.º. Hoje é 6.º classificado, e está na luta pela Europa. Um extreme makeover com muito mérito de Daniel Ramos. A escalada do Feirense não foi tão significativa mas foi igualmente notável - José Mota abandonou o clube na jornada 14, deixando-o um lugar acima da zona de descida. A Direcção confiou em Nuno Manta Santos e o homem da casa está a provar ser a escolha mais-do-que-certa - com um dos plantéis mais frágeis da Liga NOS, o Feirense é 11.º com apenas menos 3 pontos do que o 7.º, e pode-se considerar seguro.
        Já Boavista e Rio Ave passaram de Erwin Sánchez e Nuno Capucho para Miguel Leal e Luís Castro e os novos treinadores dotaram as equipas de maior personalidade, competência, com a classificação a aproximar-se certamente dos objectivos internamente definidos.

    Concluindo, cada caso é um caso. Alguns clubes pioraram ao mexer, mas outros souberam identificar cedo o problema e a melhor solução para o contornar. Há clubes que deveriam ter mexido mais cedo e de outra forma (Nacional), há clubes que deveriam ter ficado quietos (Estoril) e outros que provaram que a vantagem competitiva se cria quando se tem sempre um plano B na manga. Mérito para o Chaves, o grande destaque de 2016-17. 



16 de março de 2017

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 29

Estamos de volta. Depois da jornada mais pequena do Fantasy inglês (somente 4 jogos), depois do Leicester se apurar para os quartos da Champions e o Manchester City ficar pelo caminho, caindo aos pés do fantástico Mónaco de Leonardo Jardim, depois de Karanka ser despedido e de Harry Kane se lesionar na FA Cup. Depois de tudo isto, temos a jornada 29, a última antes da paragem para os compromissos das Selecções.
    A lesão do britânico Harry Kane, que se começava a destacar como O Avançado obrigatório até final da época, será abordada abaixo, com todas as suas ramificações e consequências. De resto, as double gameweeks devem ser anunciadas em breve e mal sejam conhecidos os momentos em que várias equipas irão entrar em campo a dobrar (jornadas 37 e 34, provavelmente) será necessário ponderarem cirurgicamente que gestão de plantel irão fazer no conjunto das próximas jornadas, para usufruir da melhor forma do Bench Boost na jornada mais "gorda" da época. Para já, ir colocando jogadores como Diego Costa, Alexis Sánchez ou Gabbiadini, que têm jogos para ser repostos mais tarde, certamente só faz bem.
    Olhando para esta jornada, é inevitável esperar muito do Manchester City-Liverpool. Os citizens saíram da Europa (pela primeira vez na carreira, Guardiola caiu antes das meias-finais na Champions) e o Liverpool adora jogos grandes. Veja-se a facilidade com que derrotou recentemente Tottenham e Arsenal, perdendo com Hull e Leicester, e revelando muitas dificuldades para vencer o Burnley em casa. Aguardamos com curiosidade a resposta do City ao desaire europeu, numa fase em que terá na Premier a seguinte sequência: Liverpool (casa), Arsenal (fora) e Chelsea (fora). Noutros jogos, o Arsenal pode ter vida bem difícil no terreno do WBA, o United visita uma equipa que não marca muitos mas também sofre poucos, embora tenha despedido o seu técnico (Karanka); e, para além de vários embates importantíssimos nas contas da manutenção, será interessante verificar se o Hull consegue travar o excelente 2017 do Everton, e ver como se desenrasca o Tottenham sem Kane.
    Na jornada passada, com uma pontuação média baixíssima (19 pontos), o que não surpreende dada a quantidade de utilizadores que não mexem nas suas equipas e perante o facto de só o Everton ter conseguido clean sheet, o grande destaque foi o norueguês Joshua King, com 18 pontos. Lukaku, o jogador que mais utilizadores escolheram como capitão somou 12 pontos, tantos como Niasse; e de resto, Mirallas, Randolph, Barkley, Emre Can, Schneiderlin e Mawson estiveram bem.
(Podem-se juntar à Liga Barba Por Fazer: Código - 2518758-588128)


As nossas apostas para a 29.ª jornada são:

Diego Costa - Chelsea - 10.6
    Numa altura em que Romelu Lukaku é o jogador que mais utilizadores têm (43.5%), a lesão de Harry Kane obrigou a virar atenções para Diego Costa. O avançado de Antonio Conte tem um calendário positivo a curto-prazo - Stoke (fora), Crystal Palace (casa) e Manchester City (casa), tudo equipas às quais marcou na primeira volta.
    Ora, Agüero seria a alternativa, mas é impossível ignorar que Kun marcou apenas 1 golo nas últimas 7 jornadas, fartando-se inclusive de desperdiçar oportunidades a meio da semana contra o Mónaco. Juntando a isso o calendário bem exigente do City, torna-se fácil ou pelo menos mais intuitivo e seguro optar por Costa.
    Sem ter os grandes desempenhos com pontuações acima de 10 pontos que muitas vezes Kane, Lukaku e Agüero conseguem, Diego Costa tem a seu favor a regularidade. Esta época nunca esteve mais de 3 jornadas sem marcar, e marcou nas últimas duas. Só por uma vez bisou, só por 3 ocasiões perfez mais do que 10 pontos (sempre 12), mas os números globais traduzem bem a importância de um dos principais candidatos a MVP da época - 17 golos marcados, apenas atrás de Kane e Lukaku, 22 pontos de Bónus (perde para Kane, Defoe, Ibra e Lukaku nos avançados), mas se analisarmos a média de pontos p/ jogo, totaliza 6,1. Os destaques nesse capítulo são os reforços de inverno Gabbiadini (8,3) e Gabriel Jesus (6,5) com muito menos jogos, e o lesionado Kane (6,9).
    Com Kane lesionado, Ibrahimovic castigado e Agüero a desiludir nos últimos tempos, o hispano-brasileiro torna-se obrigatório em conjunto com Lukaku. E se Agüero retomar a sua melhor forma, a jornada 32 é um bom momento para trocar Costa por ele. Até lá, não esperem muito mais do que 1 golo por jornada. Mas esperem 1 golo por jornada.


Christian Eriksen - Tottenham - 8.6
    Se externamente, Diego Costa, Lukaku e Gabbiadini são os principais beneficiados com a lesão de Kane em termos de % de utilizadores, internamente é importante perceber de que modo a lesão de Hurricane afecta e impacta o rendimento de Eriksen, Alli e Son Heung-Min.
    Muito simples: Dele Alli é a opção mais segura. Eriksen e principalmente Son os diferenciais para quem precise de arriscar. É impossível reproduzir momentos da época e períodos de confiança dos jogadores, mas é relevante olhar para os jogos desta época em que os spurs não contaram com Kane lesionado (entre as jornadas 6 e 10), tendo presente que Pochettino deve voltar a privilegiar uma frente de ataque mais móvel com Son, Alli e Eriksen, deixando Vincent Janssen como plano B.
    Ora bem, nos 5 jogos entre Setembro e Outubro em que Kane não fez parte das contas, o Tottenham ganhou os 2 primeiros, empatando os três seguintes. A equipa esteve mais confortável quando teve espaço e possibilidade de ser vertical, e apresentou mais dificuldades contra equipas que jogaram recuadas, o que até ajuda à teoria de que Janssen podia ser sim um plano A.
    Nesses 5 jogos, Son marcou 2 golos e fez uma assistência; Dele Alli marcou 2 golos; e Eriksen somou apenas uma assistência. No entanto, acreditamos que desta vez seja diferente. A ausência do 10 dos spurs deve permitir a Eriksen rematar mais, assumindo mais o jogo, e deixando Alli mais vezes como referência ofensiva e jogador de último ataque das movimentações. Por isso, e com um apetecível calendário, Alli e Eriksen devem compensar. E pode ser que Kane volte mais cedo do que o expectável, a tempo de ainda ter uma double gameweek.


Seamus Coleman - Everton - 6.0
    Ainda há pouco tempo os defesas do Chelsea (Cahill, Alonso e Azpilicueta) pareciam inalcançáveis em termos de pontuação no Fantasy. Ainda há pouco Kyle Walker era, bem isolado da concorrência, o principal favorito para melhor lateral-direito da Premier League 16/ 17.
    Até que Coleman disparou. Com vontade e atrevimento de se aproximar da sua melhor época de sempre no Fantasy (180 pontos; quando tem actualmente 127 com 10 jogos pela frente), Coleman já o defesa com mais pontos a par de Gary Cahill, e o seu registo ofensivo não deve ficar por aqui - tem 4 golos e 4 assistências.
    O boom de Coleman ocorreu desde a jornada 16. Desde que marcou nessa ronda ao Arsenal, a sequência de pontos do irlandês é 8-1-6-1-6-12-15-5-4-7-12-1-6. Ou seja, nas últimas 13 jornadas, só em 3 aconteceu Coleman não ter clean sheet ou assistência ou golo, tendo por vezes a conjugação de dois destes elementos.
    Com isto, o número 27 do Everton é um dos jogadores obrigatórios neste momento, e um dos motivos de preocupação de Marco Silva nesta jornada. Talvez não seja jogador para perdurar até ao fim da época nas vossas equipas, mas pelo menos até à jornada 33 inclusive devem mantê-lo.


Robbie Brady - Burnley - 5.5
    Outro irlandês. O reforço de Inverno do Burnley, resgatado ao Norwich (Brady é claramente bom demais para o Championship) teve impacto imediato e nos 5 jogos que tem pelos clarets já leva 1 golo e duas assistências.
    O novo homem das bolas paradas descansou diante do Liverpool e também por isso deve ser titular em casa do Sunderland, num jogo que se espera "apertado" e que pode ser decidido nas alturas. Não estamos à espera que Brady ande a ganhar bolas de cabeça a Koné e O'Shea, mas estamos à espera que aquele que foi um dos destaques da Irlanda no Euro-2016 seja o principal fornecedor dos avançados e centrais, em jogo corrido e nas bolas paradas.
    Formado no Manchester United, depois de nascer para o futebol no St. Kevin's Boys, Brady é um excelente diferencial (naturalmente não faz muito sentido apostar nele quando Joshua King apresenta o rendimento que apresenta, e custa só 0.1 mais) e é um jogador que temos bastante curiosidade para acompanhar na próxima temporada.


Leroy Sané - Manchester City - 7.5
    Três golos e três assistências. Até ver, são estes os números do jovem alemão que Guardiola contratou ao Schalke 04 na sua época de estreia na Premier League. O miúdo que ainda deu esperança ao City no principado, antes de Bakayoko carimbar a passagem do Mónaco, é uma pérola, um diamante por lapidar que veremos crescer, crescer e crescer no Etihad nos próximos anos.
    Para já, está confiante, sente-se imparável e é um dos principais "abre-latas" da equipa a partir do corredor esquerdo (até gostamos mais de o ver na direita, mas compreende-se a utilização de Sterling nessa faixa).
    Acreditamos que alguns de vocês se recordarão do jogaço que Sané fez diante do Real Madrid, na Champions, em Março de 2015 quando ainda poucos o conheciam. E é essa ousadia e capacidade de partir para cima dos adversários, sem medo e com fome de fazer História que pode muito bem fazer a diferença nos próximos jogos do City contra Liverpool, Arsenal e Chelsea.
    Com De Bruyne, Sané, Gabriel Jesus e Sterling é indiscutível que Guardiola está bem servido para os próximos anos. Mas para que a equipa consiga estar num patamar competitivo ao nível do que o espanhol pretende, no Verão terão que chegar a Manchester novos defesas, um novo guarda-redes e quiçá um novo médio centro de topo.



Outras Opções:
- Guarda-Redes: O duelo entre Jordan Pickford (4.1) e Tom Heaton (5.1) promete. O destino do Sunderland-Burnley deve passar em grande parte pelas luvas dos dois guardiões ingleses. Se tiverem um deles, entreguem-lhe a baliza; se tiverem ambos, talvez Pickford seja a melhor escolha.
    Robles é hipótese, mas é preferível apostar nos defesas do Everton mediante o potencial ofensivo que representam; David De Gea (5.4) brilhou em Stamford Bridge para a Taça e enfrenta uma equipa órfã que tem o pior ataque em prova, e o Bournemouth-Swansea tanto pode ser um jogo com a ficha de jogo a mexer pouco como um verdadeiro festival de golos.

- Defesas: Na defesa, já mencionámos o imparável Coleman, e o colega Leighton Baines (5.7), se estiver em condições de jogar, é igualmente valioso. Foi certamente frustrante para muitos ver o Everton a amealhar uma clean sheet na última jornada, com Baines a sair ao intervalo.
    Antonio Valencia (5.7) é o defesa mais regular do Manchester United, e embora o Stoke tenha qualidade e possa dificultar a vida ao Chelsea, jogadores como Gary Cahill (6.5) e Marcos Alonso podem justificar o seu preço, isto depois dos blues estarem há 5 jornadas consecutivas sempre a sofrerem 1 golo por jogo.
    Jogadores como McAuley, Koscielny, Koné, Michael Keane e Mawson são outras hipóteses, bem como Kyle Walker (6.4). Será que o Tottenham vai conseguir anular Gabbiadini, o homem que marcou em todos os jogos de Premier League em que actuou até agora?!

- Médios: Com 187 pontos, os números de época de Alexis Sánchez (11.5) falam de forma suficientemente clara sobre a importância do chileno no Fantasy. Desde que a polémica (Alexis parece estar farto, e a renovação é um problema) não influencie o rendimento de Sánchez e a sua titularidade, rapidamente terá que ser o jogador que todas as equipas terão que ter na recta final da época com várias double gameweeks.
   Eden Hazard (10.2) é jogador para terem na vossa Watchlist e perceberem se vale o investimento a curto/ médio-prazo, e entre os médios do Tottenham, Dele Alli (8.7) ainda parte na frente, pela maior propensão para marcar. Depois, o Bournemouth-Swansea coloca frente-a-frente Joshua King (5.6) e Gylfi Sigurdsson (7.7). A dupla nórdica vive um momento tremendo - o norueguês marcou 7 golos nos últimos 5 jogos, e o islandês soma nada mais nada menos do que 7 jogos consecutivos a marcar e/ ou assistir.
    Wilfried Zaha (5.6) e Townsend serão fulcrais na recepção do Palace ao Watford, Barkley e Mirallas procurarão ajudar Lukaku, e no Manchester City-Liverpool, temos que invariavelmente pender para jogadores como Mané e Coutinho. Afinal, os reds de Klopp nos jogos grandes não perdoam.

- Avançados: Romelu Lukaku (10.3) é a melhor opção para capitão nesta jornada, em busca do 4.º jogo consecutivo a marcar. De Diego Costa já falámos, mas Jermain Defoe (7.7) é, aos 34 anos, menino para fazer a vida negra a Heaton e ao Burnley.
    Como irá o Leicester pós-Champions lidar com Andy Carroll é um ponto interessante, tal como o "factor Llorente" - se estiver recuperado, o espanhol pode ser peça-chave contra a defesa do Bournemouth. Estaremos atentos ao jogo de Agüero e a Rashford a substituir Ibrahimovic.


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11 (3-4-3): Pickford; Coleman, Cahill, Valencia; Alli, King, Sánchez, Sigurdsson; Lukaku, Defoe, Diego Costa

Atenção a (Clássico; Diferencial):
West Brom v Arsenal  - Alexis Sánchez; Chris Brunt
Crystal Palace v Watford - Wilfried Zaha; Andros Townsend
Everton v Hull City - Romelu Lukaku; Ross Barkley
Stoke v Chelsea - Diego Costa; Gary Cahill
Sunderland v Burnley  - Jermain Defoe; Adnan Januzaj
West Ham v Leicester City - Andy Carroll; Marc Albrighton
Bournemouth v Swansea - Joshua King; Alfie Mawson
Middlesbrough v Manchester United - Antonio Valencia; Marcus Rashford
Tottenham v Southampton  - Dele Alli; Son Heung-Min
Manchester City v Liverpool - Sadio Mané; Leroy Sané