Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

18 de setembro de 2020

Antevisão da Liga NOS 2020/ 21

 Liga NOS É num ambiente de incerteza e esperança que arranca a edição de 2020/ 21 da Liga portuguesa. Sem data à vista para o regresso dos adeptos às bancadas, e com fortes possibilidades do calendário sofrer progressivas afinações com jogos adiados pela Direcção-Geral de Saúde e jogadores com testes positivos, antevê-se um campeonato (ainda mais) imprevisível, em que terão o seu peso factores externos e inevitáveis como a evolução da pandemia de Covid-19 a nível nacional e mundial, mas também o profissionalismo dos atletas e a disciplina incutida pelos treinadores.
    No final de 2020/ 21, que oxalá aconteça mesmo a 19 de Maio não havendo paragens forçadas e confinamentos até lá, serão, ao contrário dos últimos anos, 3 os clubes a garantir presença na Champions: dois com acesso directo à fase de grupos, e o 3.º classificado a garantir presença nas rondas de qualificação. Acresce assim de importância a presença no pódio. Também no fundo da tabela a situação será diferente - descem duas equipas, mas o antepenúltimo (16.º classificado) terá que disputar um Play-Off com o 3.º da LigaPro.
    Em 20/ 21, Sérgio Conceição tenta garantir o 3.º título em 4 anos de FC Porto, e no Benfica há Novo Testamento com Jorge Jesus de regresso, acompanhado por um forte investimento. É com entusiasmo que iremos acompanhar a primeira época completa de Rúben Amorim ao comando do Sporting, bem como a nova vida de Carlos Carvalhal, hoje muito mais cotado, na sua cidade natal de Braga. A nível de treinadores, e se por exemplo na Premier League as 20 equipas mantiveram todos os seus técnicos na viragem de 19/ 20 para 20/ 21, por cá são 9 as equipas que têm novo homem do leme: Benfica, Sporting de Braga, Vit. Guimarães, Rio Ave, Boavista, Santa Clara, Tondela, Gil Vicente e Marítimo.
    Num defeso que só encerra dia 5 de Outubro, e que viveu obcecado durante demasiado tempo com a novela Cavani, o futebol português despediu-se de jogadores como Francisco Trincão, Fábio Silva, Vítor Ferreira, Acuña e Pêpê, mas viu o nível subir com o ingresso dos reforços encarnados Éverton Cebolinha, Vertonghen, Walldschmidt e Darwin Núñez, sem esquecer o regresso a Portugal de Nico Gaitán, Ricardo Quaresma e Javi García, e as interessantes transferências internas de Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Taremi, Zaidu ou Pepelu.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências e a todas as potenciais implicações da Covid-19, crentes que tudo correrá bem e que, em campo, poderemos ter um dos melhores campeonatos dos últimos anos em perspectiva:


 BENFICA (1)

   Por tudo, o Benfica está simplesmente obrigado a vencer a Liga 2020/ 21, uma edição que acreditamos que terá equipas "pequenas" mais fortes, capazes de fazer o ponto custar bem mais caro do que o habitual. Depois do desaire de 19/ 20, o desespero de Luís Filipe Vieira levou-o a invocar um Novo Testamento com Jorge Jesus (treinador português mais cotado na actualidade depois do seu impressionante trabalho no Flamengo), não se coibindo de gastar 80 milhões em reforços que entusiasmaram os adeptos. O Benfica quer "jogar o triplo" e "arrasar", mas arrasada ficou a nação benfiquista ao assistir à eliminação mais-do-que-precoce no acesso à Liga dos Campeões. No 1.º jogo oficial da equipa, os encarnados hipotecaram logo um dos objectivos traçados, sendo natural que até 5 de Outubro a derrota com o PAOK tenha como consequências o não-ingresso de alvos desejados e/ ou a venda de activos com mercado.
    Em ano de eleições presidenciais, o clube da Luz é aquele que enfrenta maior pressão, e o favoritismo fica reforçado se, em valores do Transfermarkt, constatarmos que o plantel das águias vale 383 milhões, mais 90 milhões do que o do Porto.
    Em busca do 38, Jesus recebeu 7 jogadores: Darwin Núñez, Éverton Cebolinha, Pedrinho, Luca Waldschmidt, Gilberto, Jan Vertonghen e Hélton Leite. Com a baliza muito bem entregue (Odysseas foi o melhor guarda-redes da Liga em 19/ 20), na defesa uma dupla Rúben Dias-Vertonghen entusiasmará qualquer adepto, sendo porém difícil perceber como é que o clube da Luz não procurou melhorar (a sério) a lateral-direita nem contratou até agora um bom 3.º central. Weigl, Taarabt (tem lacunas no comportamento sem bola, mais evidentes por ter Weigl perto de si e não Florentino, mas pode ter um papel importante a cumprir) e Florentino (se ficar) são tudo jogadores para triplicarem com JJ, embora de facto pareça faltar um 8 completo; e no ataque Everton e Darwin são os elementos dos quais esperamos mais. Num plantel de luxo para a nossa realidade, com vários jogadores muito abaixo do seu potencial neste momento, Pedrinho (está a surpreender), Rafa e Diogo Gonçalves (será ele um novo Coentrão de Jesus, mas à direita?) são nomes a ter em conta, sem esquecer que Pizzi (adivinhámos no nosso Facebook que com Jesus só teria hipóteses a segundo avançado) começará a época a titular, e Luca Waldschmidt pode partir a loiça toda quando totalmente ambientado.
    Relegados para a Liga Europa, obrigados a recuperar o 1.º posto, os encarnados deixaram cair a política made in Seixal (independentemente da idade, Florentino, Gonçalo Ramos e Nuno Tavares teriam connosco lugar neste Benfica) e podem mudar de presidente em 2020/ 21.

Treinador: Jorge Jesus
Onze-Base (4-4-2): Vlachodimos; A. Almeida, Rúben Dias, Vertonghen, Grimaldo; Rafa, Weigl, Taarabt, Everton Cebolinha; Pizzi, Darwin

Atenção a: Everton Cebolinha, Darwin Núñez, Luca Waldschmidt, Jan Vertonghen, Pedrinho

 PORTO (2)

    Normalmente, o campeão em título parte sempre como favorito, mas ninguém no seu perfeito juízo dirá que o Porto tem maior obrigação de vencer este campeonato do que o Benfica. Depois de oferecer aos adeptos o 2.º campeonato nas suas 3 épocas como treinador do clube, Sérgio Conceição terá motivação extra ao saber que o grande rival ressuscitou Jesus, dando-lhe em vez de incenso, ouro e mirra um conjunto de reforços avaliados em 80 milhões (mais 68,5 do que a actual folha de despesas dos dragões). Os 16 jogadores mais utilizados por Conceição em 19/ 20 continuam todos no Dragão, podendo-se contar portanto com a identidade já enraizada: futebol dominante a nível físico, com elevados níveis de intensidade e versatilidade táctica, fazendo uso da supremacia nas bolas paradas.
    Em nome do fair-play financeiro o Porto voltou a abdicar de uma aposta sustentada na formação, deixando Fábio Silva e Vítor Ferreira rumar por muitos milhões ao Wolves, e dando a sensação que Tomás Esteves também poderá ser transaccionado neste defeso. Entre os jogadores que formam o núcleo forte de Sérgio Conceição, uma eventual saída de Soares não deve beliscar em nada as ambições portistas, mas se o clube precisar de vender Corona (Jogador do Ano em 19/ 20) e/ ou Alex Telles, o caso muda substancialmente de figura.
    Olhando para os 5 reforços oficiais, quatro são elementos já perfeitamente identificados com a realidade da Liga NOS: Cláudio Ramos há muito merecia o salto embora reforce as dúvidas sobre que gestão tem o Porto pensada para Diogo Costa, Carraça é uma contratação algo bizarra, Zaidu um jogador com muito potencial e Mehdi Taremi (18 golos pelo Rio Ave na última edição) chega para ser titular. A todos estes deve-se juntar em breve Toni Martínez, que com o avançado iraniano e Evanilson (o ex-Fluminense é o retrato perfeito do tipo de excelentes contratações que o Porto fazia há uns anos atrás) ajudarão a renovar uma dupla de ataque onde nem mesmo Marega é garantido que continue.
    Em suma, o Porto ainda parece ter alguns dossiers para resolver durante as próximas semanas, mas joga a favor deste plantel a mentalidade forte comprovada e o favoritismo que será forçosamente atribuído ao Benfica de forma externa e pela generalidade da imprensa desportiva.
    PS.: veremos se em Janeiro não assina Givanildo Vieira de Sousa aka Hulk.

Treinador: Sérgio Conceição
Onze-Base (4-4-2): Marchesín; Corona, Mbemba, Pepe, Alex Telles; Otávio, Danilo, Uribe (Sérgio Oliveira), Luis Díaz; Marega, Taremi (Evanilson)

Atenção a: Jesús Corona, Alex Telles, Mehdi Taremi, Luis Díaz, Evanilson

 BRAGA (3)

     2020 está a ser um ano muito estranho, todos sabemos, e estranho também foi como o Sporting de Braga conseguiu terminar em 3.º lugar um campeonato durante o qual teve 4 (!) treinadores. António Salvador quer repetir a proeza, tendo recrutado Carlos Carvalhal, muito valorizado na sua passagem pelo Rio Ave, porque o 3.º lugar desta vez... pode dar Liga dos Campeões.
    Estávamos à espera que o Minho perdesse Paulinho e Ricardo Horta, mas até à data ambos continuam, percebendo-se quão homogéneo ou nivelado é o plantel do Braga (talvez o principal factor que nos faz pender para os bracarenses na escolha do 3.º classificado) ao verificar que Francisco Trincão e João Palhinha foram as únicas saídas de relevo, entrando Nico Gaitán, Iuri Medeiros, Al Musrati, Castro e Guilherme Schettine.
    É sabido que Nico Gaitán irá falhar o primeiro mês de competição, mas mesmo sem o perfume do argentino, Carvalhal tem garantia de golos com Paulinho (se sair, o Braga terá que ir ao mercado uma vez que Abel Ruiz e Schettine estão muito longe do nível do português) e garantia de cumplicidade e total sintonia com os irmãos criativos André e Ricardo Horta. É possível que Carvalhal corrija o Braga a meio da época, moldando as peças para actuar num 4-2-3-1 se determinados jogadores (extremos como Iuri Medeiros e Galeno) dificultarem no bom sentido as ideias do treinador. Mas na casa de partida este Sporting de Braga deve surgir em 3-4-3 com Esgaio e Sequeira com superlativa importância, embora o nosso instinto nos diga que o jovem Francisco Moura pode conquistar o corredor esquerdo; se Nanú (Marítimo) assinar, a luta pela ala direita vai aquecer.
    Carvalhal sabe o que faz, André Horta ganhou nova vida com o técnico natural da cidade de Braga, e para nós se Paulinho e Ricardo Horta não saírem, e se Nico Gaitán for capaz de apresentar 70% daquilo que sabe, será muito difícil este Braga não garantir o pódio.

Treinador: Carlos Carvalhal
Onze-Base (3-4-3): Matheus; Bruno Viana, Raúl Silva, David Carmo; Esgaio, Al Musrati, Fransérgio, Sequeira (Francisco Moura); Ricardo Horta, André Horta (Nico Gaitán), Paulinho

Atenção a: Ricardo Horta, Paulinho, André Horta, Nico Gaitán, Francisco Moura

 SPORTING (4)

    Os passos dados em Alvalade têm sido no caminho certo. Não faz sentido um clube que não é campeão desde 2002 considerar-se um candidato ao título, sendo importante que os adeptos leoninos percebam que é natural que a luta pelo 1.º lugar seja (uma vez mais) entre Porto e Benfica, mas assumindo-se como crucial neste novo Sporting - pensado a longo-prazo e a recuperar o seu ADN com aposta firme na formação - o terceiro lugar no final da época.
    Em boa verdade, gostámos muito do percurso de Rúben Amorim até agora, e é notório o apoio que Varandas deu ao jovem técnico português, contratando o clube jogadores à medida do 3-4-3 em que o 3.º treinador mais caro da História do futebol acredita. Podemos estar redondamente equivocados, mas a maior estabilidade que o Braga vive, conjugada com um plantel em que a diferença entre primeiras e segundas escolhas é menor, faz-nos optar pela equipa de Carlos Carvalhal no encerrar do pódio.
    Neste Sporting, que precisa de tempo e nunca o tem, Adán parece ter chegado para ser titular. Na defesa pós-Mathieu (que falta fará ao nosso futebol um verdadeiro Senhor), Eduardo Quaresma e Coates devem ter agora Feddal como companheiro de sector, precisando este 3-4-3 de um elevado rendimento do reforço Pedro Porro e do diamante Nuno Mendes (se rebentar como prevemos, pode valer um avultado encaixe no próximo Verão). Um meio-campo nuclear com João Palhinha (fica?) e Wendel é forte, embora Amorim goste bastante de Matheus Nunes, e no ataque não é certa a continuidade de Jovane (fantástico rendimento pós-paragem) mas ficando, este Sporting passará muito pelo que ele e Pedro Gonçalves (apostamos que será a grande figura dos leões em 20/ 21) fizerem em campo. Se Jovane sair, Nuno Santos terá via aberta para a titularidade, e é bom pensar que o Sporting poderá ter jogadores como Vietto, Plata e Daniel Bragança para lançar, parecendo-nos no entanto que este plantel poderá ficar excessivamente dependente dos golos de Sporar, não sendo o esloveno uma garantia indiscutível - como precisaria de ser neste sistema - de 25 golos/ época.

Treinador: Rúben Amorim
Onze-Base (3-4-3): Adán; E. Quaresma, Coates, Feddal; Pedro Porro, João Palhinha (Matheus Nunes), Wendel, Nuno Mendes; Pedro Gonçalves, Jovane (Nuno Santos), Sporar

Atenção a: Pedro Gonçalves, Jovane Cabral, Nuno Mendes, Nuno Santos, Daniel Bragança

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Há já vários anos que tínhamos o feeling que Tiago Mendes daria um bom treinador e, embora simpatizemos com Rúben Amorim, Carlos Carvalhal ou Luís Freire, a nível pessoal não há treinador à partida que atraia maior empatia da nossa parte do que o novo timoneiro do Vitória. Aos 39 anos, Tiago estreia-se como treinador principal num clube onde os adeptos são muitíssimo exigentes, reunindo porém os ingredientes certos para resultar: como jogador sempre revelou elevada compreensão do jogo, passou por diferentes países (Portugal, Inglaterra, Itália, França e Espanha) e testemunhou os métodos de Mourinho, Ranieri ou Simeone, encontrando no argentino o seu mais significativo tutor.
    Depois de descobrir Tapsoba (vendido ao Bayer Leverkusen por 18 milhões) e Marcus Edwards, o scouting do Vitória está em altas, e Trmal, Mumin, Bisseck, Mensah, Carls, Lyle Foster e Noah Holm mostrarão em campo se a prospecção continua a respirar saúde.
    Antes do arranque do campeonato, é com muito interesse que aguardamos os trajectos de Vit. Guimarães, Famalicão e Boavista, três equipas que vão dificultar e muito a vida ao suposto Top-4. Na cidade-berço, arriscamos que o checo Trmal roubará a baliza a Bruno Varela com o decorrer da temporada, não fazendo a mínima ideia que 2 centrais Tiago prefere entre Jorge Fernandes, Mumin, Suliman e Bisseck; à direita Sílvio é alternativa a Sacko e à esquerda os dois reforços (Carls e Mensah) oferecem coisas diferentes. O meio-campo perdeu Pêpê e João Carlos Teixeira mas manteve Mikel Agu, Poha e André André, importando ainda mencionar o acréscimo de Pepelu e a promoção do francês Nicolas Janvier.
    Só parece faltar um super goleador a este Vitória - há Bruno Duarte e os jovens valores Foster (ex-Mónaco) e Holm (ex-Leipzig) - que surge neste 5.º lugar muito por culpa do potencial associado a apresentar Marcus Edwards na direita e Ricardo Quaresma na esquerda. Sendo certo que Rochinha (boa pré-época) ajudará a gerir a condição física do craque de 36 anos, Quaresma tem o ego certo para render rodeado de miúdos maravilha, e sobre Marcus Edwards (melhor jogador fora do Top-4), agora com a camisola 7, se realmente ficar é indiscutivelmente o maior reforço deste Vitória de Tiago.

Treinador: Tiago Mendes
Onze-Base (4-3-3): Trmal (Bruno Varela); Sacko, Mumin (Suliman), Jorge Fernandes (Bisseck), Carls; Mikel, Pepelu (Poha), André André (Janvier); Marcus Edwards, Ricardo Quaresma (Rochinha), Foster (Bruno Duarte)

Atenção a: Marcus Edwards, Ricardo Quaresma, Mikel Agu, Rochinha, Pepelu

 FAMALICÃO (6)

    Para aqueles que acham que o Famalicão foi uma equipa-cometa, virando sensação da época em 19/ 20 mas caindo logo depois, é provável que estejam errados. O projecto de Miguel Ribeiro está bem sustentado e, com João Pedro Sousa (nunca pensássemos que continuasse após extraordinário trabalho) a prosseguir no clube, é natural que vejamos os famalicenses novamente envolvidos pela luta entre o 5.º e o 8.º classificados.
    Assusta um pouco pensar que Rafael Defendi, Nehuen Pérez, Roderick, Centelles, Pedro Gonçalves, Uros Racic, Fábio Martins, Diogo Gonçalves e Toni Martínez (?) saíram todos, mas já se sabia que assim aconteceria dada a política generalizada de empréstimos em 19/ 20 e mediante a super-valorização de jogadores como Pedro Gonçalves, reforço do Sporting.
    JP Sousa tem portanto um desafio idêntico - construir uma máquina de bom futebol, com muita juventude embora vários reforços sejam agora em definitivo do Famalicão, para evitar nova revolução em 21/ 22. Com um plantel com uma média de idades de 22,62, o treinador deve confiar a Zlobin a titularidade, e na defesa embora Patrick William e Riccieli sejam caras conhecidas é natural que Srdan Babic (1,95m) conquiste a titularidade. As laterais são para Dani Morer e Verdonk, prometendo o primeiro, formado em La Masia, tornar-se um dos melhores na sua posição em Portugal.
    A permanência de Gustavo Assunção é certamente um sonho para o treinador, e Guga terá que fazer pela vida com as chegadas de Joaquín Pereyra e Bruno Jordão. Uma certeza é a titularidade de Andrija Lukovic, sérvio de 25 anos que vai deixar uma marca neste campeonato. Uns metros à frente, Rúben Lameiras é um dos sobreviventes, com Jhonata Robert e Valenzuela a serem os projectos mais interessantes nos extremos e passando a ser Anderson Silva, saindo Toni Martínez, o principal responsável por fazer balançar as redes contrárias.

Treinador: João Pedro Sousa
Onze-Base (4-3-3): Zlobin; Dani Morer, Patrick William, Babic (Riccieli), Verdonk; Gustavo Assunção, Guga (Pereyra, Bruno Jordão), Lukovic; Rúben Lameiras, Valenzuela (J. Robert), Anderson Silva

Atenção a: Andrija Lukovic, Gustavo Assunção, Dani Morer, Fernando Valenzuela, Srdan Babic

 BOAVISTA (7)

    Este é o principal rebranding do futebol português em 2020/ 21. Com Gérard Lopez (dono do Lille, ex-presidente da Lotus) a orbitar o presente e futuro do emblema do Bessa, o clube que se sagrou campeão nacional em 2000/ 01 está em vias de viver dias felizes ou, no mínimo, dias diferentes.
    Petit, Miguel Leal, Lito Vidigal e Daniel Ramos treinaram todos o Boavista no espaço dos últimos 8 anos, contribuindo para o acentuar de um ADN defensivo, assertivo, com futebol musculado mas pouca fantasia. Aos 37 anos, Vasco Seabra - um dos treinadores da moda em Portugal depois de um óptimo trabalho no Mafra - regressa ao primeiro escalão muito mais treinador e com um plantel como nunca antes teve nas suas mãos.
    Possível equipa-sensação desta Liga, os axadrezados contrataram bem, deixando patente uma revolução a nível de identidade no futebol do clube e notando-se que este é o início de um projecto feito para durar. Passar de Hélton Leite para Léo Jardim é ficar igual ou melhor, e na defesa o quarteto titular deve representar uma mudança radical em 100%, com o norte-americano Cannon a aparentar levar vantagem sobre Nathan, Rami (sem Pamela Anderson) e Chidozie a serem as primeiras opções ao centro, com o jovem mexicano Jesús Gómez à espreita, e podendo Ricardo Mangas dar sequência ao seu interessante crescimento, devendo o lateral-esquerdo desempenhar um papel fundamental neste Boavista se a equipa técnica de Vasco Seabra "importar" a ideia de jogo do Mafra.
     No tabuleiro de xadrez, Javi García (deixou o Benfica e o futebol português em 2012) e Show devem tornar-se os primeiros nomes na ficha de jogo para Vasco Seabra, e entusiasmará qualquer adepto a coexistência de Sauer (pé esquerdo refinado, deixando de ser uma ilha solitária de criatividade), Nuno Santos e Angel Gomes. À sua frente, preparem-se, porque o hondurenho Jorge Benguché é homem para levar tudo à frente.

Treinador: Vasco Seabra
Onze-Base (4-3-3): Léo Jardim; Cannon (Nathan), Rami, Chidozie (Gómez), Ricardo Mangas; Javi García, Show (Seba Pérez), Nuno Santos; Sauer, Angel Gomes, Benguché

Atenção: Jorge Benguché, Angel Gomes, Léo Jardim, Nuno Santos, Ricardo Mangas

 RIO AVE (8)

    Com Carlos Carvalhal, o Rio Ave encantou a Europa, surgindo o nome dos vilacondenses lado a lado com vários "tubarões" europeus como Bayern Munique, Barcelona, PSG ou Juventus ao nível da progressão vertical - metros de progressão vertical conseguidos por uma equipa através de passes certos.
    Vila do Conde teve nos últimos anos apostas de sucesso indiscutível como Carvalhal, Luís Castro, Pedro Martins e Nuno Espírito Santo, mas também falhou ao escolher Capucho ou Daniel Ramos, sendo Miguel Cardoso e José Gomes dois casos à parte (resultaram no clube, mas não singraram depois como parecia ser expectável).
    Aos 43 anos, o outrora lateral-esquerdo Mário Silva, técnico que conduziu os Sub-19 do Porto à conquista da UEFA Youth League, tem neste Rio Ave a sua primeira grande oportunidade, não tendo grande representatividade a sua passagem pelo Almería. Mas por maior qualidade que o novo treinador possa ter, parece-nos evidente que este Rio Ave está mais fraco - perdeu peças-chave como Taremi, Nuno Santos e Al Musrati, sendo até ver Francisco Geraldes o reforço mais interessante.
    Ainda vivos na Liga Europa, os vilacondenses entram em 20/ 21 essencialmente com a mesma defesa (a novidade é apenas Ivo Pinto) e no meio-campo o erudito Geraldes procura reencontrar-se junto de Filipe Augusto, Diego Lopes, Jambor e Tarantini (faz 37 anos em Outubro). Na frente, mesmo que Lucas Piazón e Carlos Mané dêem o salto, o Rio Ave está dependente de muitos "ses". Surgirá forte se Gelson Dala e André Pereira jogarem melhor que nunca, se Ryotaro Meshino se revelar um novo Nakajima, ou se Bruno Moreira/ Ronan David se fartarem de marcar golos.
    Dada a boa gestão do Rio Ave, a lógica diz que até 5 de Outubro ainda devem chegar a Vila do Conde uns 2 ou 3 jogadores capazes de nos fazer reconsiderar a posição do Rio Ave na tabela, mas nesta altura parte atrás de Vit. Guimarães e Famalicão (e mesmo do Boavista) na luta pela Europa.

Treinador: Mário Silva
Onze-Base (4-3-3): Kieszek; Ivo Pinto, Borevkovic, Aderlan Santos, Matheus Reis; Filipe Augusto, Francisco Geraldes, Diego Lopes; Lucas Piazón (Ryotaro Meshino), Carlos Mané, Bruno Moreira (Ronan)

Atenção a: Francisco Geraldes, Carlos Mané, Borevkovic, Matheus Reis, Lucas Piazón

 MOREIRENSE (9)

    Quando se perde algum tempo a olhar para os números, constata-se que o Moreirense parte para a sétima temporada consecutiva na Liga NOS, tendo cimentado uma posição de conforto nos dois últimos anos: 6.º lugar com Chiquinho e Ivo Vieira em 18/ 19 e oitavo em 19/ 20. Apontar a equipa de Moreira de Cónegos ao nono lugar não é desacreditar o fantástico trabalho de Ricardo Soares ou achar que a equipa surgirá pior. Pelo contrário, sentimos que o Moreirense será uma equipa terrível para qualquer adversário, com futebol cativante. Mas há 8 equipas que têm claramente obrigação de ficar nos oito primeiros lugares.
    A equipa dos manos Soares (Alex é o complemento perfeito para com a sua maturidade continuar a fazer Filipe, o mais talentoso, queimar etapas e crescer de jogo para jogo) continuará a ter dois destaques superlativos nas duas pontas do campo - Mateus Pasinato, embora com aspectos a limar, é um dos melhores guarda-redes em Portugal, e se Fábio Abreu marcou 15 golos na época passada, 20 será a nova meta do ponta de lança de 27 anos. 
    A repetição quase integral do onze base que nos convenceu na segunda volta da última época e a merecida possibilidade de Ricardo Soares consolidar ideias tendo desta vez uma pré-época são bons indicadores num clube em que Ferraresi (emprestado pelo Manchester City) e Pedro Amador (ex-Braga) procurarão ser verdadeiros reforços, surgindo como nossa principal dúvida quem será o titular entre Felipe Pires, Yan e Lucas Rodrigues. 

Treinador: Ricardo Soares
Onze-Base (4-1-4-1): Mateus Pasinato; D'Alberto, Rosic, Ferraresi, Pedro Amador; Fábio Pacheco; Pedro Nuno, Alex Soares, Filipe Soares, Felipe Pires (Yan); Fábio Abreu

Atenção a: Fábio Abreu, Filipe Soares, Mateus Pasinato, Ferraresi, Pedro Nuno

 SANTA CLARA (10)

    Na transição de 2019/ 20 para 2020/ 21 um dos maiores mistérios no futebol português foi a não-valorização de Ivo Vieira e João Henriques, que deixaram respectivamente Vit. Guimarães e Santa Clara mas não foram "pescados" por nenhum clube português. O ex-Vitória rumou à Arábia Saudita, mas João Henriques - adivinha-se que não se terão aberto para ele as portas que esperava como um Rio Ave, Braga, Famalicão ou Vit. Guimarães - está sem clube, apresentando-se assim como um dos técnicos na pole position para assumir um dos clubes da Liga NOS que despeça primeiro em 2020/ 21.
    Com um 10.º e um 9.º lugares nas últimas duas épocas, temporadas de recordes para o emblema dos Açores, é muito difícil que o Santa Clara faça melhor com Daniel Ramos. Com a sua cotação menos luminosa do que há uns 2 ou 3 anos atrás, Daniel Ramos foi a escolha de uma direcção que não esqueceu a sua fugaz mas feliz passagem pelo comando técnico em 2016/ 17, quando Ramos venceu 7 dos 8 jogos (na Segunda Liga) em que orientou os açorianos, rumando depois ao Marítimo.
    Regra geral, quando é relativamente fácil prever qual será o 11 base de uma equipa do meio da tabela é bom sinal. E não há muito que enganar para Daniel Ramos - o guarda-redes Marco, especialista em defender grandes penalidades, é uma das figuras da equipa, Rafael Ramos é um lateral que apreciamos bastante, João Afonso e Fábio Cardoso formam uma boa dupla, embora seja difícil perceber como é que o ex-Benfica não foi contratado por ninguém, e sem a locomotiva Zaidu (reforço do Porto) será ou João Lucas ou Mansur a completar a defesa. Não há como pôr Anderson Carvalho, Rashid e Costinha no banco, e acreditamos que este Santa Clara surgirá tanto mais forte quanto maior for a capacidade de aparecer de Carlos Júnior e Lincoln. Entre eles, Thiago Santana ou Crysan.

Treinador: Daniel Ramos
Onze-Base (4-3-3): Marco; Rafael Ramos, João Afonso, Fábio Cardoso, João Lucas (Mansur); Anderson Carvalho, Costinha, Rashid; Lincoln, Carlos Jr., Crysan (Thiago Santana, Viera)

Atenção a: Carlos Júnior, Lincoln, Rashid, Fábio Cardoso, Rafael Ramos

 PAÇOS FERREIRA (11)

    O raciocínio que se aplica ao Moreirense aplica-se também a este Paços de Ferreira, outro exemplo de uma equipa que cresceu muito na 2.ª volta do último campeonato, edificando uma base que deixa antever boas sensações em 2020/ 21. Longe de ter a imprensa de outros treinadores com menos obra, Pepa tem trilhado um caminho bastante positivo. Na Mata Real, um mercado de Janeiro com afinações cirúrgicas e uma aposta total no futebol ofensivo chegaram para garantir uma suada manutenção quando várias rondas antes os castores pareciam condenados.
    Este ano, a manutenção é o objectivo mínimo mas há jogadores para mais do que isso. Nesta fase, apenas uma eventual saída do goleador Douglas Tanque (insubstituível) pode fazer mossa na estratégia de Pepa, entusiasmando pensar que o Paços se poderá dar ao "luxo" de ter no banco jogadores como Hélder Ferreira, Castanheira, Matchoi Djaló, Luiz Carlos, Martin Calderón ou Fernando Fonseca.
    Em relação à temporada anterior, uma das grandes diferenças faz-se logo sentir na baliza - Ricardo Ribeiro abandonou a Capital do Móvel e Jordi (ex-Vasco da Gama) deve ser o novo número 1. Na defesa, embora haja Marco Baixinho, o Paços fechou a época com a dupla Marcelo-Maracás, e se à direita promete haver disputa entre Jorge Silva e Fernando Fonseca, à esquerda Oleg é dono e senhor do lugar. Quem tem Diaby e Eustáquio tem pujança e classe, e de acordo com a gestão que Pepa fizer de Bruno Costa (o mais forte candidato a tentar fazer esquecer o capitão Pedrinho), logo veremos se este Paços assume mais um 4-3-3 ou um 4-2-3-1.
    Para alimentar Tanque, Pepa já tinha opções muito válidas como João Amaral, Hélder Ferreira e Castanheira, além claro está de Matchoi Djaló (17 anos), mas o empréstimo de Luther Singh passa a dotar o Paços de um jogador muito forte no drible e em situações de 1 para 1.

Treinador: Pepa
Onze-Base (4-3-3): Jordi; Jorge Silva, Marcelo, Maracás, Oleg Reabciuk; Diaby, Eustáquio, Bruno Costa; João Amaral (Matchoi Djaló), Luther Singh (Hélder Ferreira, Castanheira), Douglas Tanque

Atenção a: Douglas Tanque, Bruno Costa, Stephen Eustáquio, João Amaral, Jordi

 MARÍTIMO (12)

    O angolano José Carlos Fernandes Vidigal, mais conhecido como Lito Vidigal, é um resultadista. E é simultaneamente capaz de ser o melhor dos piores treinadores dos últimos anos no futebol português, ou então o pior dos melhores. A razão é simples: Lito cumpre sempre por onde passa, abandonando vários projectos em litígio mas deixando obra feita (Belenenses, Arouca, Boavista ou Vit. Setúbal são disso exemplo). Mas na melhor versão de todas as suas equipas fica sempre evidenciado o anti-jogo, a muralha defensiva de quem joga para o ponto, acumulando empates por 0-0 e 1-1 e vitórias custosas de 1-0. No Marítimo, Lito Vidigal encontrará uma equipa que nos tempos de Daniel Ramos era muito competente a nível defensivo e letal através de rápidas transições ofensivas.
    No papel, o casamento parece perfeito, bastando pensar nas garantias que um quarteto defensivo Nanú, Zainadine, René e Fábio China dão para Lito construir o seu futebol em cima dessa base. Embora o treinador de 51 anos prefira normalmente um 4-3-3 estanque e que arrisque pouco, é tentadora a possibilidade de conciliar Rodrigo Pinho (está no ponto para marcar uns 15 golos pela primeira vez na carreira) e Joel Tagueu. Se assim for, aos intocáveis Correa e Bambock deverão juntar-se na linha de meio-campo Edgar Costa e Rafik Guitane, emprestado pelo Rennes e uma das mais surpreendentes aquisições deste defeso em Portugal. Caso Lito não abdique do 4-3-3 ou caso a cabeça de Guitane não corresponda aos pés, é natural que elementos como Jean Cléber ou Pelágio tenham maior preponderância.
    É bastante provável que o Marítimo realize um campeonato muito certinho, havendo poucas equipas que se possam gabar de ter um trio de guarda-redes tão forte (não fazemos ideia quem será o titular entre Caio Secco, Amir e Charles), e sendo impossível não referir o peso que pode ter uma eventual saída de Nanú para o Braga, surgindo nesse cenário Cláudio Winck como seu sucessor.

Treinador: Lito Vidigal
Onze-Base (4-4-2): Caio Secco; Nanú (Cláudio Winck), Zainadine, René, Fábio China; Correa, Bambock, Rafik Guitane (Jean Cléber), Edgar Costa; Rodrigo Pinho, Joel Tagueu (Alipour)

Atenção a: Rodrigo Pinho, Nanú, Rafik Guitane, Zainadine, Correa

 PORTIMONENSE (13)

    A presença do Portimonense nesta Liga NOS 2020/ 21 deve-se ao incumprimento do Vit. Setúbal, desclassificado das competições profissionais em conjunto com o despromovido-em-toda-a-linha Desportivo das Aves. Esta será a 4.ª época consecutiva dos alvinegros na primeira divisão mas depois de um muito interessante 10.º lugar em 2016/ 17, a equipa tem sido um exemplo de desperdício de matéria-prima, num trajecto culminado num 17.º posto que, em condições normais, teria atirado a equipa de Paulo Sérgio para o segundo escalão.
    Das equipas do 10.º para baixo, o Portimonense é provavelmente quem tem jogadores mais tecnicistas, sendo certo que foi em parte um injusto castigo para Paulo Sérgio ter "descido" quando a equipa melhorou bastante com ele em relação ao que apresentara com Folha. Desta vez, além de manter Bruno Tabata (tem tudo para explodir esta temporada), Lucas Fernandes, Dener ou Aylton Boa Morte, o Portimonense reforçou-se ainda com vários jogadores do Aves, com destaque para o versátil Welinton Jr., importando dos japoneses do Urawa Reds o pacote conjunto Fabrício (falso 9) e Maurício (central).
    Posto isto, e agora sem Jackson Martínez preso por arames em campo, Paulo Sérgio tem alguns bons dilemas pela frente: quem tem Jadson (o capitão de equipa é possivelmente agora o pior central do plantel), Maurício, Willyan, Lucas Possignolo e Lucas Tagliapietra pode muito bem jogar com 3 centrais e sabe-se que será uma força nas bolas paradas ofensivas e defensivas, e se o meio-campo parece ser de Pedro Sá, Dener e Lucas Fernandes, já no ataque há em teoria 4 homens (Bruno Tabata, Boa Morte, Welinton Júnior e Fabrício) para apenas 3 lugares.
    Tudo o que seja uma classificação final abaixo deste 13.º lugar que prevemos será uma época falhada.

Treinador: Paulo Sérgio
Onze-Base (4-3-3): Gonda; Anzai, Maurício, Willyan (Jadson, Lucas), Hackman (Fali Candé); Pedro Sá, Dener, Lucas Fernandes; Bruno Tabata, Aylton Boa Morte (Welinton Júnior), Fabrício

Atenção a: Bruno Tabata. Fabrício, Lucas Fernandes, Aylton Boa Morte, Dener

 NACIONAL DA MADEIRA (14)

    Em busca da estabilidade que tem faltado (os insulares têm alternado entre descidas e subidas desde 2016), os adeptos do Nacional da Madeira podem respirar de alívio. Primeiro, é bem possível que a Direcção-Geral de Saúde adie mais jogos do que o nevoeiro da Choupana; e segundo, Luís Freire é um treinador especial. O mais jovem (34 anos) técnico em competição é um nome cada vez mais respeitado nos meandros do futebol português, e querido para os adeptos do Ericeirense, Pêro Pinheiro e Mafra. Em 8 épocas como treinador principal, Luís Freire conseguiu 6 subidas.
    Com um treinador apaixonado pela modalidade, o Nacional ("campeão" da LigaPro 19/ 20 ao ocupar a primeira posição quando a prova foi cancelada, sem retoma posterior, à jornada 24) aposta sobretudo na consolidação do grupo, com o acrescento dos reforços improváveis Koziello e Thill.
    Daniel Guimarães, Kalindi, Júlio César e Rui Correia transitam todos do ano passado, oferecendo garantias e significando na defesa boa comunicação e entendimento mútuo, causando alguma curiosidade a competição entre Witi e João Vigário pela lateral-esquerda. Ao meio, Freire tem Nuno Borges, Alhassan, o reforço tunisino Azouni, o novo camisola 10 Koziello, o veterano Rúben Micael e Thill, promessa do Luxemburgo, para 3 lugares; o trio da frente deve preservar o sempre fiável João Camacho, Brayan Riascos (o colombiano foi provavelmente o grande destaque individual do Nacional em 19/ 20) e o hondurenho Róchez, embora estejamos à espera que o ponta de lança Bobál comprove o bom scouting do clube nesta janela.

Treinador: Luís Freire
Onze-Base (4-3-3): Daniel Guimarães; Kalindi, Júlio César, Rui Correia, Witi (João Vigário); Nuno Borges (Alhassan), Koziello, Rúben Micael (Thill); Riascos, João Camacho, Bobál (Róchez)

Atenção a: Vincent Koziello, Brayan Riascos, Kalindi, Gergely Bobál, Rui Correia

 GIL VICENTE (15)

    Somos sinceros: Rui Almeida é o treinador que conhecemos pior entre os 18 desta edição. Com uma carreira como técnico principal toda ela feita em França, o técnico de 50 anos enfrenta a auspiciosa tarefa de suceder a Vítor Oliveira (lenda viva dos bancos portugueses, que depois de uma catadupa de subidas conseguiu colocar em 10.º uma equipa que acabara de subir dois escalões de uma vez por força da resolução do "Caso Mateus"). Julgamos que a equipa de Barcelos ficará abaixo da temporada passada, mas deve ser capaz de se salvar in extremis.
    Entre o 4-3-3 deixado por Vítor Oliveira e o 5-3-2 com que Rui Almeida esquematizou as suas recentes equipas, o Gil Vicente tem vários pontos de interrogação, embora seja mais fácil para os adversários preparem-se para este Gil, com vários jogadores da época passada, do que no arranque do campeonato anterior, quando Vítor Oliveira estava a reunir um conjunto de quase completos desconhecidos. Assim, Denis tem sido titularíssimo embora tenha agora Daniel Fuzato como ameaça, e na defesa deverá haver sempre espaço para Joel Pereira, Rodrigão (excelente final de época em 19/ 20), Rúben Fernandes e Henrique Gomes (Talocha chegou mas Henrique mostrou enorme segurança na última época), faltando perceber se Ygor Nogueira completa o trio de centrais ou se o Gil terá mais homens no meio-campo. No centro do jogo, é difícil imaginar uma versão desta equipa sem Claude Gonçalves e João Afonso, podendo com eles Leandrinho (muita qualidade técnica, perturbada por um histórico de recorrentes lesões) ter espaço para herdar o papel criativo de Rúben Ribeiro. Não sabemos o que vale o nipónico Fujimoto, mas sabemos que Lourency, Lino e Leautey terão que gladiar por uma ou duas vagas, surgindo agora o ex-Wolves Hanne e Miullen como concorrência de Hugo Vieira num ataque que sentirá claramente a falta de Sandro Lima.

Treinador: Rui Almeida
Onze-Base (5-3-2): Denis (Daniel Fuzato); Joel Pereira, Rodrigão, Rúben Fernandes, Y. Nogueira, Henrique Gomes; Claude Gonçalves, João Afonso, Leandrinho; Lourency (Leautey, Lino), Hugo Vieira (Miullen, Hanne)

Atenção a: Leandrinho, Henrique Gomes, Hugo Vieira, Lino, Rodrigão

 BELENENSES SAD (16)

    É a quarta lei de Newton, criada em exclusivo para o futebol português: Petit não vai ao fundo. Com um plantel frágil e inferior à temporada anterior (em que o Belenenses SAD fechou a época a apenas 2 pontos de distância do 17.º classificado), apontamos a equipa do antigo trinco do Benfica e Boavista ao 16.º lugar, acreditando que a terceira equipa de Lisboa poderá adiar para o Play-Off diante do 3.º da LigaPro a decisão da manutenção. Mas atenção, se Petit abandonar o barco no decorrer da competição, as odds para a descida crescerão.
    O nosso raciocínio é este: o Belenenses SAD tinha um plantel com evidentes lacunas em 19/ 20, espremido ao máximo por Petit, e ainda viu saírem Licá, André Santos, Show, Nuno Coelho e Marco Matias. Petit teria muito a ganhar em receber até 5 de Outubro alguns excedentários dos "grandes", mas com o plantel actual prevemos bastante sofrimento e enormes responsabilidades para Silvestre Varela, que voltará a ter que fazer a diferença em conjunto com o seu sobrinho, Nilton Varela (19 anos).
    O rendimento de André Moreira é sempre uma incógnita entre os postes, e caso Petit aposte no 3-4-3 e não regresse a um 4-3-3 o jovem valor Tomás Ribeiro e o subvalorizado Gonçalo Silva acabarão por formar a primeira linha com o internacional brasileiro Henrique, uma das novidades. À largura dada novamente por Tiago Esgaio e pelo Varela mais novo devem juntar-se ao centro na casa das máquinas os operários Phete e Bruno Ramires com o gigante, reforço proveniente do Feirense, a poder tornar-se peça-chave na solidez da equipa ao agregar tudo. Sem Licá mas com Silvestre Varela, o clube confia que Cassierra se solte e valha muitos golos, parecendo ser nesta altura Miguel Cardoso o mais forte candidato a completar o tridente ofensivo.

Treinador: Petit
Onze-Base (3-4-3): André Moreira; Tomás Ribeiro, Gonçalo Silva, Henrique; Tiago Esgaio, Phete, Bruno Ramires, Nilton Varela; Silvestre Varela, Miguel Cardoso (Robinho), Cassierra

Atenção a: Silvestre Varela, Nilton Varela, Cassierra, Bruno Ramires, Tomás Ribeiro

 FARENSE (17)

    Dezoito anos depois, o Farense está de volta ao primeiro escalão do futebol nacional. Em 2001/ 02, última vez que os leões de Faro estiveram entre os grandes, figuravam no plantel nomes como o mítico Hassan e um jovem de 20 anos chamado Bruno Alves. Com a crise e a instabilidade financeira no passado, carregado de nostalgia e 6 divisões depois, o Farense chega à Liga NOS num ano bem atípico, garantindo a sua promoção por estar em 2.º quando a LigaPro foi cancelada à 24.ª jornada.
    O objectivo da manutenção parece difícil de cumprir, mantendo o emblema algarvio Sérgio Vieira (treinador com percurso a solo iniciado no Brasil, tendo desiludido em Moreira de Cónegos mas mostrado serviço em duas ocasiões na II Liga com Famalicão e Farense) no comando técnico, e preservando ainda aquele que foi eleito o Melhor Jogador da LigaPro em 2019/ 20, o pequeno escocês Ryan Gauld (atenção àquela cláusula de rescisão de 4 milhões de euros), que aos 24 anos poderá finalmente mostrar-se na 1.ª Liga portuguesa, adivinhando-se que será ele a carregar a equipa.
    Com Rafael Defendi (ex-Famalicão) na baliza, nas laterais haverá competição de Bandarra e Fábio Nunes com os reforços Alex Pinto e Abner, outrora uma promessa do Real Madrid. Ao centro, César junta-se a Cássio. Ao longo de 20/ 21 iremos perceber em que jogos Sérgio Vieira privilegia o 4-3-3 e em quais vinca um 4-2-3-1 com duplo pivot bem marcado, sendo decisiva para esta dicotomia a função de Ryan Gauld, ora nas costas do avançado, ora descaído para a faixa. Com Cláudio Falcão a juntar-se aos homens da casa Fabrício (joga muito!), Jonatan Lucca e Filipe Melo, o Farense tem garantida a intensidade e combatividade necessárias, fundamentais para libertar não só Gauld mas também o reforço Mansilla (revelou boa técnica mas pouca assertividade no último terço na sua passagem por Setúbal) e o homem-golo de serviço, com a titularidade a 9 a ser disputada entre Stojilikovic e Pedro Henrique.

Treinador: Sérgio Vieira
Onze-Base (4-3-3): Rafael Defendi; Alex Pinto, César, Cássio Scheid, Fábio Nunes (Abner); Cláudio Falcão (Filipe Melo), Jonatan Lucca, Fabrício; Ryan Gauld, Mansilla, Pedro Henrique (Stojilikovic)

Atenção a: Ryan Gauld, Fabrício, Pedro Henrique, Rafael Defendi, Fábio Nunes

 TONDELA (18)

    Entre 18 equipas, o Tondela é o único clube da Liga NOS com um treinador que não fala português. O clube da Beira Alta já não tem Natxo González, mas continuará a ouvir-se castelhano no banco de suplentes com Pako Ayestarán (preparador físico do Benfica em 2008/ 09 quando Quique Flores orientava os encarnados) a ser o escolhido pela Direcção.
    Embora o Tondela se venha aguentando desde 2015, quando deu por terminada a sua progressiva escalada de divisões, olhamos para esta temporada com alguma desconfiança. Não será surpreendente se Pako Ayestarán for um dos primeiros treinadores demitidos desta edição, e tem inequívoco peso neste plantel a saída do guardião Cláudio Ramos, grande figura da equipa nos últimos anos, para o campeão nacional.
    Embora tenha cabido a Niasse a missão de substituir o guarda-redes com nome de apresentador televisivo nas derradeiras jornadas de 19/ 20, acreditamos que a baliza será de Pedro Trigueira. Na defesa, Bebeto e o argelino Khacef são as principais novidades; e no meio-campo, órfão do promissor Pepelu (rumou a Guimarães), terá que ser João Pedro a comandar com consistência elementos mais jovens como Jaquité, Jaume Grau e Pedro Augusto.
    Entre tantas coisas que nos deixam de pé atrás, a aquisição de Salvador Agra é a grande notícia pela positiva, prometendo o pequeno velocista virar referência num ataque em que urge que Rafael Barbosa tenha a sua época de afirmação e em que Rúben Fonseca (20 anos) pode tornar-se uma das revelações do campeonato, caso dê sequência aos seus desempenhos como júnior, encostando o croata Tomi.

Treinador: Pako Ayestarán
Onze-Base (4-3-3): Pedro Trigueira; Bebeto, Yohan Tavares, Ricardo Alves, Filipe Ferreira; Jaquité, João Pedro, Jaume Grau; Salvador Agra, Murillo (Rafael Barbosa), Rúben Fonseca (Tomi)

Atenção a: Salvador Agra, Rúben Fonseca, João Pedro, Pedro Trigueira, Rafael Barbosa



por Miguel Pontares e Tiago Moreira

11 de setembro de 2020

Antevisão da Premier League 2020/ 21

  Premier League - A 26 de Julho acabou a temporada de 2019/ 20, que coroou o Liverpool campeão 30 anos depois, e a 12 de Setembro inicia-se nova campanha, mais imprevisível e atípica que nunca.
    Futebol sem adeptos nas bancadas é um quadro incompleto, e entre os grandes campeonatos europeus não há moldura que fique mais irreconhecível do que a Premier League, com o ensurdecedor som do silêncio a substituir a paixão e o calor dos insubstituíveis e incondicionais fãs. Temos saudades de Anfield, temos saudades de Old Trafford, de Stamford Bridge, até do Turf Moor!
    A Premier League 2020/ 21 está sujeita a variáveis que não podemos prever, mas fazemos votos que decorra sem paragens da jornada 1 à 38, pois será isso sinal que o mundo não piorou. Num contexto de pandemia, máscaras e testes, a disciplina e o profissionalismo dos jogadores será testado ao limite, podendo sair a ganhar treinadores que tenham os seus jogadores controlados e totalmente focados em competir.
    Depois de amealhar 99 pontos, o Liverpool pretende revalidar o título, sendo preciso recuar ao período compreendido entre 1982 e 1984 para encontrar campeonatos ganhos pelos reds de forma consecutiva. O principal obstáculo será, julgamos, o Manchester City, permanecendo as equipas de Klopp e Guardiola um patamar acima de toda a concorrência.
    Chelsea (super-investimento, num defeso que poderá marcar esta década do clube), Manchester United (muita curiosidade para ver uma época completa de Bruno Fernandes em Inglaterra), Tottenham e Arsenal querem todos figurar no Top-4, e isto sem esquecer um Leicester que não tem medo de ninguém, um Wolves talhado para os jogos grandes, um Southampton que revela concretos sinais de crescimento e um Everton à medida de Ancelotti.
    Leeds United, com El Loco Bielsa, West Brom e Fulham foram as 3 equipas promovidas, e embora paire no ar uma certa sensação de frustração visto que chegou a parecer muito provável a Premier League 20-21 ter Lionel Messi, o universo de craques ganhou vários talentos que muito nos entusiasmam: Havertz, Werner, Ziyech, Thiago Silva, James Rodríguez, Allan, Ferrán Torres, van de Beek, Salisu, Rodrigo, Koch e Tsimikas são algumas das novidades em solo inglês, sem esquecer a promoção ao 1.º escalão de Kalvin Phillips, Diangana, Matheus Pereira, Ben White e Mitrovic, e as transferências internas de atletas como Chilwell, Doherty, Aké, Eze, Watkins, Lallana, Callum Wilson, Ryan Fraser, Doucouré ou Ramsdale.
    Com o mundo em constante adaptação, 2020/ 21 inclui ainda um pormenor interssante, que não se verificava em Inglaterra desde 2005/ 06: os 20 emblemas que vão disputar esta Premier League mantiveram o mesmo treinador da temporada passada (sim, aquela que acabou há menos de 2 meses) para esta.

    Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2020/ 21, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais, sendo certo que o mercado só fecha dia 5 de Outubro, o que pode mudar muita coisa:



Fantasy Premier League card updates for the 2020/21 season - FootballCoin.io LIVERPOOL (1)

    Campeões europeus em 2019, campeões ingleses (30 anos depois) em 2020. O Liverpool dominou em absoluto a última temporada, com uns incríveis 99 pontos (32 vitórias, 3 empates e 3 derrotas) e um modelo que ainda não parece esgotado. Mantendo a harmonia existente e protegendo os seus craques, os reds - que ainda podem acrescentar a este elenco Thiago Alcântara, que seria um super-reforço - continuam a reunir condições para reinar em Inglaterra, muito graças ao nível absurdo dos laterais Alexander-Arnold e Robertson, ao carácter altruísta e intenso do seu meio-campo, ao invisível mas decisivo Roberto Firmino e a dois craques de expressão mundial, Mané e Salah, no pico das suas carreiras aos 28 anos.

    Com o desafio de conquistar o bicampeonato - desde a introdução do formato Premier League em 1992 só Manchester United, Chelsea e Manchester City conseguiram ganhar por 2 vezes seguidas - os reds têm uma nova meta definida, e Klopp é exímio em fazer ligeiros ajustes na forma de jogar da equipa de acordo com os adversários, sabendo gerir o plantel e tendo, indiscutivelmente, o melhor quinteto (GR+4) defensivo do futebol inglês.
    Sonhamos com a entrada de Thiago nesta equipa, na qual voltamos a apostar, sem inventar, que Mané, Salah (com o seu cabelo aparado), Alexander-Arnold e van Dijk serão uma vez mais os principais destaques. Assumindo que Wijnaldum sai, pedir-se-ão coisas ligeiramente diferentes a Henderson, Fabinho será dono e senhor da posição 6, e num cenário sem Thiago Alcântara, terão que ser elementos como Naby Keita, Curtis Jones ou Oxlade-Chamberlain a assumir.
    Na decisão entre Liverpool e Manchester City, damos 51-49 a favor dos campeões em título.

Treinador: Jürgen Klopp
Onze-Base (4-3-3): Alisson; Alexander-Arnold, Gomez, van Dijk, Robertson; Fabinho, Henderson, Keita (C. Jones, Chamberlain); Salah, Mané, Firmino

Atenção a: Sadio Mané, Trent Alexander-Arnold, Mohamed Salah, Virgil van Dijk, Fabinho

FPL Must-haves: Experts look to Man City duo MANCHESTER CITY (2)

    Chegámos a pensar que iríamos escrever neste compartimento do City sobre Lionel Messi, mas ficou tudo adiado ou apenas gorado para sempre. Com Messi, a nossa previsão para a classificação final do City seria outra (1.º) e caso se confirme a transferência de Koulibaly, é inequívoco que Guardiola passará a ter uma defesa com outro estatuto e, por isso, maior obrigação de recuperar o título.
    Há poucas dúvidas que o Manchester City será o ataque mais concretizador da prova, e nesta fase ninguém se atreve a dizer que Kevin De Bruyne não é o melhor jogador em terras de Sua Majestade, mas será que a "fome" de recuperar o primeiro lugar é suficiente entre os citizens para não desperdiçar pontos em diversos campos e conseguir ultrapassar um campeão que em 19-20 contabilizou mais 18 pontos?!
    Em Manchester, Guardiola tem que inventar menos e, porque a sorte também conta num ou noutro aspecto, rezar para que haja menos lesões. Na primeira temporada pós-David Silva, exige-se que Bernardo ou Foden assumam a batuta do mago espanhol, continuando este City a ter em De Bruyne e Sterling os seus principais activos.
    A disputa pela titularidade entre Gabriel Jesus e Agüero, a gestão dos laterais com Cancelo a poder tirar Mendy ou Walker das escolhas iniciais, e o impacto de uma "pechincha" chamada Ferrán Torres serão temas esta época, sendo certo que se Pep passar de Otamendi, Stones e Laporte para Koulibaly, Aké e Laporte tão cedo não se pode queixar de problemas com os seus centrais, e isto já sem incluir o adaptado e imprescindível Fernandinho e Eric García nas contas.
    A distância deve passar de 18 pontos para tangencial, mas voltamos a apontar o melhor ataque do futebol inglês ao primeiro lugar dos últimos.

Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-3-3): Ederson; Walker (Cancelo), Fernandinho, Laporte, Mendy; Rodri, De Bruyne, Bernardo (Foden); Mahrez, Sterling, Agüero (Gabriel Jesus)

Atenção a: Kevin De Bruyne, Raheem Sterling, Phil Foden, Bernardo Silva, Gabriel Jesus

Chelsea news: Timo Werner and Kai Havertz prediction made in threat to  Liverpool | Football | Sport | Express.co.uk CHELSEA (3)

    223 milhões depois, Frank Lampard tem uma overdose de talento para gerir, não estando obrigado a ser campeão mas estando obrigado a encurtar distâncias para Liverpool e City, com futebol envolvente e um crescente entrosamento entre vários craques que, juntos, podem tornar-se símbolos durante esta nova década e nova dinastia do clube londrino.
    O defeso de 2020-21 do Chelsea poderá ser visto daqui a alguns anos como quase tão importante como o de 2004-05, quando Abramovich contratou para Mourinho nada mais nada menos do que Drogba, Ricardo Carvalho, Cech e Robben. Depois de terem estado proibidos de contratar, os blues tiraram a barriga de misérias garantindo Havertz (80 milhões), Werner (53), Ben Chilwell (50), Ziyech (40), juntando ainda as aquisições a custo zero do veterano Thiago Silva e do promissor Malang Sarr, falando-se ainda do guardião Édouard Mendy e do hammer Declan Rice como derradeiras peças no puzzle de Frank Lampard, treinador que já convenceu na vertente ofensiva mas que ainda precisa de prestar provas em relação à capacidade de esculpir uma equipa equilibrada e competente defensivamente.
    Quando resolvido um problema chamado baliza, ou chamado Kepa, o Chelsea tem de facto todo o potencial para encher as medidas - Reece James, Azpilicueta, Thiago Silva e Chilwell é um possível quarteto que convence, para o miolo há Kanté, Kovacic e Mount, e feita esta revolução em Stamford Bridge só custa mais pensar quão congelada pode ficar a evolução de elementos como Billy Gilmour, Tammy Abraham, Hudson-Odoi e Tomori.
    Com Pulisic na esquerda e Ziyech na direita, o Chelsea promete desequilibrar e criar problemas a partir de todos os lados, sendo no entanto o principal foco de interesse o acompanhar da dupla alemã Kai Havertz (um verdadeiro diamante) e Timo Werner que, com 21 e 24 anos, vão dar muitas alegrias aos adeptos e coleccionar golos e assistências.

Treinador: Frank Lampard
Onze-Base (4-2-3-1): Kepa; James, Azpilicueta, Thiago Silva, Chilwell; Kanté, Kovacic (Mount); Ziyech, Havertz, Pulisic; Werner

Atenção a: Timo Werner, Kai Havertz, Hakim Ziyech, Christian Pulisic, Mason Mount

Can this Manchester United squad challenge for title? MANCHESTER UNITED (4)

    O Manchester United está de volta. Depois de uma época em que houve nitidamente um antes e um depois de Bruno Fernandes (após o seu ingresso a 29 de Janeiro, o United não perdeu qualquer jogo no campeonato e somou inclusive mais pontos do que City e Liverpool), os red devils parecem preparados para respeitar em campo a sua História, ouvindo o Teatro dos Sonhos novamente o hino da Champions League, e podendo os adeptos - primeiro em casa e mais tarde, esperemos, no estádio - deliciar-se com o vendaval ofensivo produzido pela equipa de Solskjaer.
    O quarteto Bruno Fernandes, Rashford, Greenwood e Martial deixa qualquer adversário em sentido, permitindo ao United ter legítimas aspirações a ganhar qualquer jogo em que entra, e veremos como é que o reforço van de Beek incorpora um onze em que todas as peças pareciam intocáveis do meio-campo para a frente. É que com Matic, Pogba e Bruno Fernandes, Solskjaer encontrou a fórmula perfeita, e van de Beek (óptimo 12.º jogador, não obstante) é efectivamente um jogador com cara de United, mas foi mais uma oportunidade do que uma prioridade, correndo-se agora o risco de se perder um pouco de Bruno Fernandes se por acaso o treinador norueguês decidisse abdicar de Matic e fazer Bruno recuar uns metros.
    Com posições ainda à espera de reforços - central e lateral-esquerdo - e um sonho chamado Jadon Sancho, que esse sim atiraria o poderio do United para uma estratosfera diferente, uma das principais perguntas da temporada em Old Trafford é: continuará De Gea como nº 1 ou Dean Henderson chegou para tomar a baliza de assalto? Na nossa opinião, se a oportunidade surgir para o ex-Sheffield United, não sairá mais de lá.

Treinador: Ole Gunnar Solskjær
Onze-Base (4-3-3): De Gea (Henderson); Wan-Bissaka, Lindelof, Maguire, Shaw; Matic (van de Beek), Pogba, Bruno Fernandes; Greenwood, Rashford, Martial

Atenção a: Bruno Fernandes, Marcus Rashford, Mason Greenwood, Anthony Martial, Dean Henderson

 TOTTENHAM (5)

    A equipa que protagoniza o mais recente All or Nothing da Amazon atravessa um período de transformação, com José Mourinho a querer mudar a mentalidade do plantel ao seu dispor, tornando o grupo - que durante o reinado de Pochettino encantou com bom futebol mas claudicou sob pressão - mais competitivo, mais esfomeado e, se for preciso, menos correcto.
    Oxalá que a pandemia de Covid-19 não obrigue a nova paragem nas competições, pelo que isso quereria dizer em primeiro lugar sobre o estado de saúde do mundo, mas num contexto pandémico em que por vezes as equipas poderão ver um jogador ficar fora de combate por um tempo ao acusar positivo, o Tottenham pode sair "a ganhar" se Mourinho contagiar e controlar os seus atletas e eles se mostrarem incríveis profissionais, focados em exclusivo nos objectivos do clube, mantendo sempre distâncias sociais e afins.
    Ainda nos mostramos reticentes quanto a imaginar um Tottenham dominador e capaz de deslumbrar com bola, mas não nos surpreenderá se os spurs passarem a ser uma das equipas mais complicadas de defrontar. Højbjerg (um médio com a dinâmica que Mourinho gosta) e Doherty (fantástico negócio) complementam um plantel desesperado por encontrar uma alternativa válida para o goleador Harry Kane, podendo Mou retirar muito mais de Dele Alli (o jóker desta equipa), Lo Celso, Sessegnon ou Eric Dier, agora novamente como central.
    Um calendário simpático no arranque da prova, a maior pressão exercida pela imprensa sobre Chelsea e Manchester United, e o brilhantismo do melhor jogador asiático da actualidade, Son Heung-Min, podem contribuir para algo mais do que este 5.º lugar.

Treinador: José Mourinho
Onze-Base (4-2-3-1): Lloris; Doherty, Dier (Davinson), Alderweireld, Davies (Sessegnon); Højbjerg, Lo Celso (Sissoko, Winks); Lucas, Alli, Son; Kane

Atenção a: Harry Kane, Son Heung-Min, Matt Doherty, Pierre-Emile Højbjerg, Dele Alli

 ARSENAL (6)

    Pela primeira vez desde que Wenger saiu, vemos o Arsenal bem entregue. Mikel Arteta, que muitos apontamentos terá tirado como adjunto e esponja de Guardiola durante 3 anos, está a construir identidade, mostrando saber o que quer, revelando capacidade para fazer um todo render muito mais do que seria expectável olhando para as partes, e vencendo troféus - os gunners venceram nos últimos meses a FA Cup (2-1 na final contra o Chelsea) e a Community Shield (vitória nas grandes penalidades contra o favorito Liverpool).
    O objectivo no Emirates Stadium passa por ficar no Top-4, classificação a que o clube de Londres se habituou a ocupar entre 1997 e 2016, mas a concorrência é apertada, o futebol é um processo e o Arsenal, por mais visionário que seja o seu jovem treinador, ainda não tem as mesmas armas.
    As novidades no Arsenal são Willian (32 anos mas com uma injecção de juventude ao abraçar um novo projecto) e Gabriel (novo patrão da defesa, podendo "puxar" por David Luiz, que é reconhecidamente melhor numa linha de 3 do que numa dupla normal), juntando-se a estes Saliba, contratado há um ano atrás mas emprestado ao Saint-Étienne, e Dani Ceballos (empréstimo renovado). É absolutamente claro para toda a gente que neste momento o Arsenal é Aubameyang + 10, faltando apenas perceber se o digno herdeiro da camisola 14 de Henry vai jogar a partir da esquerda ou numa posição mais central, e é com entusiasmo que vemos Arteta acreditar em Bukayo Saka, Maitland-Niles, Nketiah, Gabriel Martinelli e Willock.
    Em jogos a eliminar temos sido conquistados por este Arsenal de Mikel Arteta, mas numa prova de 38 jornadas sentimos que há pelo menos 5 conjuntos superiores. E por favor, que o Arsenal vá all-in por Aouar.

Treinador: Mikel Arteta
Onze-Base (3-4-3): Leno; Saliba, David Luiz, Gabriel; Maitland-Niles, Xhaka, Ceballos, Tierney; Willian (Pépé), Saka, Aubameyang

Atenção a: Pierre-Emerick Aubameyang, Bukayo Saka, Maitland-Niles, Gabriel, Bernd Leno

 LEICESTER CITY (7)

    Uma previsão de sétimo lugar é, na verdade, bastante injusta para um Leicester que na última época passou 325 dias no Top-4 (larga percentagem desse período inclusive no pódio) e somente 28 dias fora dos lugares de acesso à Champions, competição milionária que os foxes deixaram escapar na última jornada.
    No King Power Stadium mora um forte candidato ao Top-4 e uma equipa que procurará claramente ser aquilo que foi ao longo de 29 jornadas, e não aquilo que apresentou no pós-paragem, com queda a pique e futebol vazio. Liderados por um dos técnicos mais subvalorizados do futebol britânico, Brendan Rodgers, os campeões de 2016 têm uma vez mais em Jamie Vardy (melhor marcador da última Premier League) a principal referência, esperando-se no entanto que Inglaterra comece a olhar para Harvey Barnes com outros olhos, e saudando-se o regresso à competição após lesão de Ricardo Pereira, que só não tem sido o melhor lateral da Liga porque existe um tal de Alexander-Arnold.
    Com Schmeichel como capitão, e um tridente a meio-campo (Ndidi, Tielemans e Maddison) que tem tudo - físico, equilíbrio, transporte, técnica e visão de jogo - o Leicester estará à espreita de todo e qualquer erro mínimo dos crónicos 6 emblemas mais cotados. Com um mercado muito tranquilo (o lateral Castagne foi o único reforço neste Verão), é possível que ainda seja contratado um jogador para ser titular no ataque, caso contrário caberá a Iheanacho agarrar a oportunidade, podendo o nigeriano crescer se o afastarem um pouco da baliza e lhe exigirem menos golos e mais ofertas para Vardy.

Treinador: Brendan Rodgers
Onze-Base (4-3-3): Schmeichel; R. Pereira, Evans, Söyüncü, Castagne (Thomas); Ndidi, Tielemans, Maddison; Iheanacho (Ayoze), H. Barnes, Vardy

Atenção a: Jamie Vardy, Ricardo Pereira, Harvey Barnes, Çaglar Söyüncü, James Maddison

 WOLVES (8)

    Depois de dois sétimos lugares, apontamos o português Wolves um lugar abaixo em 2020-21. Com 9 portugueses (Rui Patrício, Rúben Vinagre, João Moutinho, Rúben Neves, Vítor Ferreira, Diogo Jota, Daniel Podence, Pedro Neto e Fábio Silva), e estas contas sem contar com Jorge Mendes no plantel, os lobos que vestem laranja mantêm um conjunto curto, recrutando até ver as pérolas da formação do FC Porto, mesmo que subsistam questões urgentes - a maior de todas, contratar um substituto para Doherty.
    Com o Wolves sabemos muito bem com o que contamos: uma equipa que oscila entre o 3-5-2 e o 3-4-3, um bloco unido que defende e ataca junto, sabendo encurtar o campo mas controlando bem a sua profundidade e explorando bem a profundidade nas costas do adversário. A Raúl Jiménez (se ficar) e Jota só se pode pedir que continuem como têm estado, sendo natural que o internacional português melhore a sua marca de golos, e podendo esta ser a temporada em que Rúben Neves entra na lista de desejos de todos os grandes treinadores da Europa e em que Vitinha começa a aprender com Moutinho, para um dia ser tão bom quanto ele; finalmente, Adama Traoré (muito melhor quando parte do flanco sem responsabilidades defensivas num 3-4-3, em comparação com o seu comportamento como ala num 3-4-3 / 3-5-2 ou numa dupla, centralizada, na frente) parece estar no ponto para se afirmar em definitivo como um dos principais craques da Premier.
    Mortíferos nos jogos contra o Top-6, os wolves de Nuno Espírito Santo manter-se-ão tudo aquilo que têm sido nas últimas duas épocas, faltando ainda saber que últimos presentes deixa a Gestifute no sapatinho.

Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (3-5-2): Rui Patrício; Boly, Coady, Saïss; A. Traoré, João Moutinho, Dendoncker, Rúben Neves, Vinagre (Jonny); Diogo Jota, Jiménez

Atenção a: Raúl Jiménez, Adama Traoré, Rúben Neves, Diogo Jota, Fábio Silva

 SOUTHAMPTON (9)

    Se confiarmos nos números, a matemática diz-nos que o Southampton de Hasenhüttl poderá ser uma das histórias mais agradáveis de 2020-21. Os saints só perdem para City e Liverpool na qualidade a pressionar e foram uma das melhores equipas do futebol inglês no período pós-paragem (últimas 11 jornadas) da última época. Resta saber se o clube do Sul será capaz de embalar e capitalizar o momento, mas acreditamos que sim.
    No St. Mary's mora uma dupla de avançados com potencial para marcar muitos golos - Danny Ings é a figura da equipa e quererá lutar novamente pelo título de melhor marcador, enquanto que Che Adams procurará começar esta temporada como acabou a anterior - e quem tem jogadores como Armstrong e Ward-Prowse tem regularidade exibicional garantida, mesmo que a equipa sinta a falta do dinamarquês Højbjerg. Sem problemas em apostar na criançada, Hasenhüttl pode fazer de Smallbone uma das revelações da temporada, e na defesa, além de Walker-Peters ter por fim espaço na sua carreira para crescer com tempo, gostamos muito do recrutamento de Mohammed Salisu, que quando conquistar o seu lugar no 11 poderá mostrar porque é que o Southampton "encontrou" nos últimos anos van Dijk ou Alderweireld. O ganês ex-Valladolid, bem orientado, pode pertencer a essa casta.
    No papel, Everton, Wolves e Leicester têm todos nomes mais sonantes, mas os crescentes desempenhos destes saints sob o comando do austríaco de 53 anos deixam à vista o poder de um colectivo por vezes subvalorizado.

Treinador: Ralph Hasenhüttl
Onze-Base (4-4-2): McCarthy; Walker-Peters, Bednarek (Stephens), Salisu, Bertrand; Armstrong, Ward-Prowse, Romeu (Smallbone), Redmond; Che Adams, Ings

Atenção a: Danny Ings, Che Adams, Mohammed Salisu, James Ward-Prowse, Will Smallbone

 EVERTON (10)

   Deve ser um período complicado para qualquer adepto dos toffees, com o grande rival Liverpool a sagrar-se campeão europeu e campeão inglês em anos consecutivos. Bem longe da realidade dos primeiros lugares, o Everton é uma daquelas equipas que almeja um Top-4 a médio-prazo, mas o mais sensato é apontar o clube de Carlo Ancelotti a uma classificação final entre o 7.º e o 11.º.
    Acreditamos que o mercado ainda leve até Goodison Park mais um par de jogadores bem interessantes, mas até agora Ancelotti recebeu a possibilidade de renovar por completo o seu meio-campo: Allan, Doucouré e James Rodríguez são reforços. E se o colombiano, que se deu muito bem com o treinador italiano no Real Madrid, "entrar" bem no ritmo muito próprio da Premier League, este Everton pode aí sim ser um caso sério.
    O mais provável será vermos este Everton a assumir a seu tempo um 4-2-3-1 / 4-3-3, mas com os intérpretes actuais faz sentido que Ancelotti pense num esquema que dote a equipa de intensidade e músculo, com Allan, Doucouré e André Gomes em simultâneo, conferindo a James, solto, total liberdade para ser um dez no apoio a Richarlison e Calvert-Lewin, elementos a quem Carlo pedirá mais golos nesta edição.
     Há bons indicadores no ataque, embora já tenhamos sido enganados e seduzidos por bons defesos do clube, mas a defesa precisa urgentemente de um central que imponha respeito e lidere a partir de trás.

Treinador: Carlo Ancelotti
Onze-Base (4-3-1-2): Pickford; Coleman, Keane, Holgate, Digne; Allan, Doucouré, André Gomes; James (Sigurdsson); Richarlison, Calvert-Lewin

Atenção a: Richarlison, James Rodríguez, Allan, Abdoulaye Doucouré, Michael Keane

 SHEFFIELD UNITED (11)

    Honestamente, e julgamos que até nem é wishful-thinking, uma das coisas que mais queremos nesta Premier League é que o Sheffield e Chris Wilder mostrem que 2019-20 não foi um acaso. Depois de uma época incrível, a conviver de perto na tabela com Arsenal, Wolves ou Tottenham, os blades estarão sedentos de provar o seu valor com um plantel humilde mas muitíssimo bem orientado.
    A equipa-sensação da última edição tentará fazer igual (9.º lugar) ou melhor, mas qualquer coisa que seja do 10 ou 11.º lugar para cima já merecerá elogios. Mantendo o seu distinto comportamento táctico e um bloco sem egos mas com Egan, o Sheffield precisa em primeiro lugar de aceitar que Dean Henderson (juntamente com Pope um dos dois melhores guarda-redes do último campeonato) já não será o porta-estandarte da equipa, dando pontos com defesas impossíveis, cabendo a Aaron Ramsdale a missão de se mostrar um digno sucessor do guardião agora ao serviço dos red devils.
    Reforço de Janeiro passado, o norueguês Sander Berge pode crescer muito na sua 1.ª temporada completa de Premier League, e Ampadu (emprestado pelo Chelsea, podendo contribuir como central ou médio) pode ter em Chris Wilder o tutor perfeito para convencer Lampard a dar-lhe uma oportunidade em 21-22; o velocista Oliver Burke poderá dar coisas novas à equipa, se for capaz de se adaptar a jogar ao centro com muita mobilidade, e na hora de agitar as redes dos oponentes, McBurnie e Mousset são as principais esperanças, embora tenham ambos que apresentar muitíssimo maior consistência.

Treinador: Chris Wilder
Onze-Base (3-5-2): Ramsdale; Basham, Egan, O'Connell; Baldock, Berge, Norwood, Ampadu (Fleck), E. Stevens; McBurnie, McGoldrick

Atenção a: Aaron Ramsdale, Sander Berge, Ethan Ampadu, Lys Mousset, Oli McBurnie

 LEEDS UNITED (12)

    As últimas duas edições da Premier League tiveram uma equipa promovida a virar sensação, não perdendo tempo ao escalar a tabela de forma voraz. Aconteceu em 18-19 com o Wolves, em 19-20 com o Sheffield United e, cremos nós, poderá acontecer em 20-21 com o Leeds.
    16 anos depois, com 3 títulos (1969, 1974 e 1992) no seu palmarés e uma valente dose de saudosismo em relação àquela mítica equipa que no CM 01-02 reunia Ferdinand, Woodgate, Hart, Dacourt, Kewell, Bowyer, Keane, Viduka e Alan Smith, o Leeds está de volta. Graças a quem? Marcelo "El Loco" Bielsa, o mentor de treinadores como Pochettino, Simeone ou Gallardo, e igualmente influente no modo de treinar de Pep Guardiola.
    E se há um ano atrás uma das principais curiosidades da Premier League passava por testemunhar como se comportaria o Sheffield com o seu ousado 3-5-2 com centrais a subir e a assumir os corredores, há poucos tópicos nesta Premier League que nos causem maior interesse do que ver Bielsa e o seu Leeds, um objecto maleável entre o 3-3-1-3 e o 4-1-4-1, com filosofia híbrida entre as ideias de Guardiola e Klopp, a enfrentar os principais emblemas da prova.
    Da equipa que venceu o Championship, o Leeds não conseguiu voltar a contar com o fantástico Ben White, mas caberá ao alemão Koch fazer esquecer um jogador bastante querido para os adeptos. Meslier (promissor, embora tenhamos dúvidas que seja titular já esta época) e Jack Harrison (novamente emprestado pelo City) continuam nos peacocks, tal como o veterano Pablo Hernández (35 anos), e é impossível não considerar Rodrigo um brutal upgrade em relação a Bamford.
    Supomos que o Leeds ainda acrescente uns 3 reforços com entrada directa no onze, mostrando os jogadores já garantidos e os rumores mais credíveis que Bielsa sabe muito bem aquilo que quer. O sistema do Leeds pode permitir a Ayling ter uma valorização na senda de Doherty nos últimos anos no Wolves, e estamos convictos que Kalvin Phillips verá a sua cotação disparar esta temporada, sendo a peça mais importante no equilíbrio da equipa de Elland Road.

Treinador: Marcelo Bielsa
Onze-Base (4-1-4-1): Meslier; Ayling, Koch, Cooper, Dallas (Alioski); K. Phillips; Hélder Costa, Pablo Hernández, Klich, Harrison; Rodrigo

Atenção a: Kalvin Phillips, Rodrigo, Jack Harrison, Robin Koch, Luke Ayling

 NEWCASTLE (13)

    Aleluia, Newcastle! Enquanto se arrasta o impasse relativo ao processo de compra por parte de um consórcio da Arábia Saudita, Mike Ashley deu finalmente a Steve Bruce (ai, Newcastle, merecias um treinador que não tivesse parado no tempo) os reforços que Rafa Benítez nunca teve. É preciso recuar a 2015-16 (Wijnaldum, Mitrovic, Thauvin, Shelvey, Townsend e Mbemba como reforços) para encontrar um defeso em cheio dos magpies, que desde então contrataram pouco e quando gastaram muito, gastaram mal - serve de exemplo 19-20 quando Joelinton custou 44 milhões e acabou como flop, e Saint-Maximin custou 18 e foi o jogador mais diferenciado da equipa, embora mal acompanhado.
    O treinador não nos convence, e ainda há várias coisas para resolver, mas quem adquire Callum Wilson, Ryan Fraser e Jamal Lewis tem que começar a jogar à bola. Nestes 3 jogadores, Bruce ganhou três elementos já habituados à Premier League, tendo Wilson e Fraser, ambos ex-Bournemouth, formado uma das duplas com melhor aproveitamento em dueto dos últimos anos. Parece faltar um médio de pendor mais defensivo, e Soumaré (Lille) seria ouro sobre azul se o rumor se concretizar em algo mais...
    O tempo dirá que visão tem Bruce para retirar o melhor do conjunto de jogadores ao seu dispor: um 4-3-3 com Fraser, Wilson e Saint-Maximin na frente, obrigando o francês a actuar na direita, um 4-4-2 que procure fazer coexistir Joelinton e Callum Wilson, ou um 4-2-3-1 que não queira "perder" Miguel Almirón ou condicioná-lo a ser um médio que (para já) não é. Apenas uma coisa é certa: Martin Dubravka vai-se fartar de defender.

Treinador: Steve Bruce
Onze-Base (4-3-3): Dubravka; Krafth, Fernández, Lascelles, J. Lewis; Hendrick, Shelvey, Almirón; Saint-Maximin, Fraser, C. Wilson

Atenção a: Callum Wilson, Allan Saint-Maximin, Ryan Fraser, Martin Dubravka, Jamal Lewis

 BURNLEY (14)

    Com um sétimo e um décimo lugares nos últimos 3 anos, mesmo reunindo aquele que é provavelmente o leque de jogadores mais limitado tecnicamente da Premier League, o Burnley de Sean Dyche é uma espécie de case study. Equipa antiquada, fiel ao seu 4-4-2, o Burnley adora levar os jogos para o choque, abusa do jogo aéreo e directo, e faz do Turf Moor um estádio terrível para qualquer um dos candidatos ao título.
    Não é bom ver o Burnley jogar, mas pior que isso é jogar contra os clarets. Dyche sabe o que faz e, ao contrário de Eddie Howe no Bournemouth, a sua dinastia ainda não parece terminada. Em 2020-21 será, julgamos, mais do mesmo: Nick Pope é um super guarda-redes, Mee-Tarkowski uma das duplas mais sólidas do campeonato, McNeil é excepção com o seu amplo reportório técnico, Chris Wood vale golos e Jay Rodriguez, com as lesões definitivamente no passado, pode ambicionar um renascimento à la Danny Ings.
    Somos da opinião que Pope e Tarkowski mereciam estar num clube com outros argumentos mas, embora o Burnley seja uma equipa robotizada e "dura", é inegável o mérito da sua constante capacidade de sobreviver entre os grandes e competir com outros sem gastar rios de dinheiro: no espaço das últimas 4 épocas, os clarets gastaram uma média de 33 milhões por ano.

Treinador: Sean Dyche
Onze-Base (4-4-2): Pope; Bardsley, Mee, Tarkowski, Pieters (Taylor); Gudmundsson, Westwood, Brownhill, McNeil; Jay Rodriguez, Wood

Atenção a: Nick Pope, Jay Rodriguez, Dwight McNeil, James Tarkowski, Josh Brownhill

 CRYSTAL PALACE (15)

    Esta será a 8.ª participação consecutiva do Crystal Palace na Premier League, e a quarta de Roy Hodgson (73 anos) como homem do leme em Selhurst Park. No Sul de Londres, as águias do futebol inglês têm-se apresentado como uma espécie de Burnley com melhores jogadores que o Burnley mas habitualmente com pior capacidade para amealhar pontos que a turma de Sean Dyche.
    Com o Palace acontece neste defeso algo que também se passa com Aston Villa e West Ham. Zaha, Grealish e Declan Rice são, respectivamente, os elementos mais cotados de cada equipa, e a gestão destes três dossiers pode impactar indirectamente a luta pela manutenção daqui a alguns meses. Embora a nível de influência nos emblemas os 3 jogadores se equiparem, o caso de Zaha não se pode comparar num aspecto; é que Rice tem 21 anos, Grealish tem 25, mas Zaha está com 27 e em Novembro já fez 28. Se é desta que vai sair? Não sabemos, mas gostávamos de ver o clube a libertá-lo e a ir buscar Saïd Benrahma (Brentford).
    O Palace de Hodgson é, acima de tudo, uma equipa coesa. Um conjunto competente defensivamente, difícil de contrariar para qualquer adversário (sobretudo em casa) e que, sem deslumbrar, erra pouco.
    Porém, 2020-21 acrescenta uma novidade entusiasmante: Eberechi Eze. O Palace convenceu o promissor talento, nascido precisamente no Sul de Londres e com ascendência nigeriana, a ingressar no clube após época de explosão no QPR (14 golos e 8 assistências). A dupla Eze-Zaha promete, se o internacional costa-marfinense, continuar no clube; o lateral-direito Nathan Ferguson pode revelar-se um digno substituto de Wan-Bissaka com uma época de atraso; Michy Batshuayi enfrenta o desafio de fazer durante uma época inteira aquilo que já fez no passado neste Palace ou no Dortmund apenas em meia; e tudo somado temos bastante dificuldade em ver este Palace a descer.

Treinador: Roy Hodgson
Onze-Base (4-4-2): Guaita; Ward (Ferguson), Dann, Cahill, van Aanholt; Eze, Milivojevic, McArthur, Zaha; Batshuayi, Ayew

Atenção a: Eberechi Eze, Wilfried Zaha, Michy Batshuayi, Nathan Ferguson, Luka Milivojevic

 ASTON VILLA (16)

    Dean Smith quase saiu, tendo-se noticiado Bruno Lage como seu provável sucessor, mas o Villa manteve a fé no seu técnico. Antecipando 2020-21 é difícil imaginar uma temporada pacífica para os villans, sendo o cenário mais provável um fecho de campeonato entre os 6 lugares finais.
    Embora Smith não precise de advogados - o seu excelente trabalho no Brentford entre 2015 e 2018 fala por si - a verdade é que teoricamente a época transacta teria sido substancialmente diferente se McGinn e Wesley não tivessem contraído lesões.
    O clube de Birmingham está mais controlado na hora de reforçar a equipa - gastou até este momento 46 milhões quando em 19-20 deixou a conta chegar aos 159 milhões - e está a contratar bem. Matty Cash, quer jogue a lateral quer jogue a extremo, acrescenta muita capacidade de desequilíbrio, e Ollie Watkins (26 golos pelo Brentford) é um jogador que Dean Smith conhece bem e um jovem avançado, daqueles que marca golos de todas as maneiras e feitios, que já merecia chegar à Premier League.
    Nesta fase, o principal ponto de interrogação é mesmo Jack Grealish. O capitão e craque, que carregou o Aston Villa toda a época passada, tendo uma brutal dose de responsabilidade na manutenção, pode ainda sair; mas caso fique, com o apoio de McGinn (sem lesões pode ser um dos médios em maior destaque no campeonato), Cash e Watkins, Grealish já terá em 20-21 mais jogadores capazes de entender a linguagem que os seus pés falam. Na antecâmara da 1.ª jornada, o Aston Villa actual parece vir a assumir um 4-3-3 encabeçado por Watkins, mas não é de descurar um potencial 4-4-2 com Watkins/ Wesley ao longo da competição, estando os villans alegadament na corrida por um guarda-redes (Emiliano Martínez), um extremo (Rashica) e outro avançado (Édouard ou Joshua King).

Treinador: Dean Smith
Onze-Base (4-3-3): Nyland (Heaton); Cash, Konsa, Mings, Targett; Douglas Luiz, McGinn, Hourihane; Trezeguet, Grealish, Watkins 

Atenção a: Jack Grealish, Ollie Watkins, John McGinn, Matty Cash, Douglas Luiz

 BRIGHTON (17)

    Depois do seu trabalho genial no Östersund e de uma temporada bem conseguida no Swansea, Graham Potter não "transformou" o Brighton à primeira tentativa como esperávamos. Mas a direcção dos seagulls confiou no treinador com apelido de feiticeiro e poderemos assim assistir à fase 2 do processo de adaptação de uma das equipas mais conservadoras da Premier League a um futebol apoiado, multi-sistema e rico em combinações.
    Esquematicamente, o que Potter tem procurado implementar no Brighton dá ares, a uma escala muitíssimo menor, do Leipzig de Nagelsmann. Temos dúvidas se o técnico de 45 anos, que durante oito anos jogou basicamente um FM da vida real na Suécia, irá pôr a sua equipa assente num sistema de 3 centrais ou se privilegiará um 4-2-2-2.
    Aquilo que sabemos é que Adam Lallana vem acrescentar muita qualidade técnica e critério ao meio-campo, e tanto Maupay como Trossard podem e devem render muito mais. À equipa ainda parece faltar um avançado diferente, algo que é corroborado pelos rumores de que os seagulls estavam na corrida pelo agora benfiquista Darwin Núñez, mas saudamos a capacidade do clube em segurar Ben White, o central da moda em Inglaterra e um dos principais responsáveis pela subida do Leeds. Se White já tem a cotação que tem, daqui a alguns meses os grandes ingleses poderão estar dispostos a entrar em absolutas loucuras por ele, sendo o camisola 3 do Brighton, de 22 anos, uma óptima justificação para Potter apostar a sério num 3-5-2.

Treinador: Graham Potter
Onze-Base (3-5-2): Ryan; Ben White, Webster, Dunk; Lamptey, Stephens, Bissouma, Lallana (Mac Allister), Burn; Trossard, Maupay

Atenção a: Ben White, Neal Maupay, Adam Lallana, Yves Bissouma, Lewis Dunk

 WEST HAM (18)

    Colocar o West Ham entre os 3 clubes que descem nesta edição de 2020-21, quando há equipas como Brighton ou Aston Villa, é capaz de ser uma das nossas previsões mais ousadas. Mas são vários os sinais que nos fazem torcer o nariz relativamente aos hammers.
    Um pouco como o Everton, os bons defesos do West Ham não se tem reflectido em melhorias exibicionais ou na tabela classificativa. Bem longe (2016) parecem estar os tempos em que o West Ham era capaz de terminar uma Premier League em sétimo, tendo o 16.º lugar da última época servido de aviso.
    Acreditamos que David Moyes possa vir a ser um dos treinadores despedidos em 20-21, podendo a época do clube gerido por David Sullivan mudar substancialmente de acordo com um eventual substituto e um mercado de Janeiro audaz. Porém, ignorada essa dose extra de especulações, aquilo que vemos é uma equipa em que o capitão Mark Noble foi capaz de dar um valente murro na mesa contestando a venda do super-talentoso Diangana ao West Brom; vemos um West Ham que ainda pode perder o seu melhor jogador (Declan Rice) para o Chelsea, e no qual jogadores com nome como Felipe Anderson e Yarmolenko têm um pé dentro e outro fora.
    Ficando Rice, a parceria Rice-Soucek será a base em torno da qual Moyes pode construir algo. Michail Antonio terminou a 2019-20 em grande, como falso 9, mas em teoria Haller deve reconquistar o seu posto e ser o principal garante de golos. As indefinições são muitas, e indefinições normalmente significam ausência de projecto e mau planeamento, e o capítulo actual é apenas mais um de uma série de evidências que o West Ham apenas vai reagindo ao que vai acontecendo em seu redor. Até 5 de Outubro o clube ainda pode mudar muito - basta pensar que se Declan Rice sair, os hammers terão bastantes milhões para distribuir entre alguns reforços, isto se não gastarem tudo em Tarkowski - e aquilo que por esta altura temos mais certezas é o elevado rendimento que Jarrod Bowen nos parece poder vir a apresentar amiúde, e as oportunidades que podem surgir para alguns miúdos como por exemplo Mipo Odubeko.

Treinador: David Moyes
Onze-Base (4-3-3): Fabianski; Fredericks, Diop, Ogbonna, Cresswell; Rice, Soucek, Noble; Bowen (Yarmolenko), Fornals (Felipe Anderson), Antonio (Haller)

Atenção a: Declan Rice, Jarrod Bowen, Sébastien Haller, Tomas Soucek, Mipo Odubeko

 WEST BROM (19)

    Quando olhamos para os plantéis de West Brom e Fulham continuamos a ver "plantéis de Championship" e é por isso que, das 3 equipas novas na Premier, apostamos na condenação de duas. Porém, na comparação West Brom vs Fulham, há várias coisas a favor dos hawthorns, uma equipa que se revelou capaz de permanecer na Premier League entre 2011 e 2018. Primeiro, Slaven Bilic. O contagiante técnico croata é irregular, mas poucos amantes da Premier se esquecerão do seu West Ham onde Payet era figura de destaque. E em segundo lugar, é certo que o WBA não tem um super-goleador - o Fulham ganha nesse aspecto, ao ter Mitrovic - mas tem dois talentos que, se forem consistentes, têm tudo para ser duas das sensações da época. Falamos de Matheus Pereira e Grady Diangana. O ex-Sporting foi o craque da equipa no Championship, criando oportunidades como ninguém e juntando números (8 golos e 16 assistências) contundentes; Diangana não deve ter dificuldade em tornar-se o jogador desta Premier League que vai fazer mais cuecas aos adversários, e contam-se pelos dedos das mãos os jogadores desta edição mais entusiasmantes/ bons malabaristas que o britânico de 22 anos.
    Além da criatividade do luso-brasileiro Matheus e da imprevisibilidade de Grady, o West Brom contará com Robson-Kanu e Charlie Austin na hora de marcar golos (se Deeney assinar não terá dificuldades em ser ele o titular), tem em Livermore (capitão de equipa), Gibbs e Matt Phillips jogadores com experiência nestas andanças, e daria o seu jeito o central nigeriano Semi Ajayi manter a veia goleadora da temporada passada. Branislav Ivanovic, juntando-se a este elenco, tornar-se-á imediatamente uma das peças-chave do balneário, e embora o sérvio seja hoje mais central que lateral-direito, pode fazer sentido preservar Ajayi-Bartley e dar ao ex-Chelsea o lugar de O'Shea, pedindo Bilic a Gibbs que suba muito mais pela esquerda do que pedirá ao seu lateral pela direita.
    Em suma, acreditamos que o WBA desça mas, caso isso aconteça, deve dar boa luta e deixar muita gente de olhos em bico graças a Diangana e Matheus Pereira.

Treinador: Slaven Bilic
Onze-Base (4-2-3-1): Johnstone; O'Shea, Ajayi, Bartley, Gibbs; Livermore, Sawyers; Matt Phillips, Matheus Pereira, Diangana; Robson-Kanu (Austin)

Atenção a: Matheus Pereira, Grady Diangana, Semi Ajayi, Jake Livermore, Matt Phillips

 FULHAM (20)

    O Fulham foi a última das 3 equipas recém-promovidas a garantir o regresso à Premier League. A final do play-off em Wembley, jogada a 4 de Agosto com o Brentford (melhor equipa, mas sem "estofo", acabando por vacilar na Hora H), foi resolvida apenas no prolongamento, com o lateral-esquerdo Joe Bryan a atirar o seu clube, com um bis improvável, para o primeiro escalão 1 ano após a despromoção. Esta época veremos se existe ou não um padrão: em 2018 o clube londrino assegurou um lugar na Premier através do play-off, em 2019 desceu ao ficar em 19.º lugar, agora em 2020 verifica-se nova subida, e apontamos o Fulham a nova descida em 2021.
    Com Scott Parker - médio com passagens por West Ham, Tottenham, Chelsea e Newcastle, tendo acabado a carreira precisamente no Fulham - como treinador, naquela que vem sendo a 1.ª experiência do ex-internacional inglês de 39 anos no comando de uma equipa, o Fulham parece ter aprendido a lição e não revolucionou o plantel de cima a baixo comprando um camião de jogadores como em 2018-19. Os cottagers mantiveram a base da temporada passada, na qual se destaca claramente a valia do ponta de lança Aleksandar Mitrovic (melhor marcador do Championship com 26 golos).
    Mario Lemina e Harrison Reed deverão ser sinónimo de um meio-campo competitivo e intenso, sendo positiva a manutenção da intocável dupla de centrais Hector - Ream. Mas com Ivan Cavaleiro, Knockaert, Bobby Reid e Kebano parece continuar a faltar um extremo que acrescente golos e que se saiba que rende numa Primeira Liga de topo e não apenas no 2.º escalão inglês.
    Temos dúvidas que Aréola consiga roubar o lugar ao checo Rodák, pensamos que Scott Parker não aguentará toda a época, e temos muita curiosidade para ver como é que o norte-americano Antonee Robinson incorpora esta equipa, não descartando a hipótese de acabar por fazer a diferença como extremo esquerdo, visto que Joe Bryan é um dos elementos mais fiáveis deste conjunto e actua precisamente na posição do ex-Wigan.

Treinador: Scott Parker
Onze-Base (4-3-3): Rodák (Aréola); Odoi (Aina), Hector, Ream, Bryan; Lemina, Reed, Cairney; Cavaleiro (Knockaert), Robinson (Reid), Mitrovic

Atenção a: Aleksandar Mitrovic, Antonee Robisnson, Harrison Reed, Mario Lemina, Marek Rodák




por Miguel Pontares e Tiago Moreira