11 de setembro de 2020

Antevisão da Premier League 2020/ 21

  Premier League - A 26 de Julho acabou a temporada de 2019/ 20, que coroou o Liverpool campeão 30 anos depois, e a 12 de Setembro inicia-se nova campanha, mais imprevisível e atípica que nunca.
    Futebol sem adeptos nas bancadas é um quadro incompleto, e entre os grandes campeonatos europeus não há moldura que fique mais irreconhecível do que a Premier League, com o ensurdecedor som do silêncio a substituir a paixão e o calor dos insubstituíveis e incondicionais fãs. Temos saudades de Anfield, temos saudades de Old Trafford, de Stamford Bridge, até do Turf Moor!
    A Premier League 2020/ 21 está sujeita a variáveis que não podemos prever, mas fazemos votos que decorra sem paragens da jornada 1 à 38, pois será isso sinal que o mundo não piorou. Num contexto de pandemia, máscaras e testes, a disciplina e o profissionalismo dos jogadores será testado ao limite, podendo sair a ganhar treinadores que tenham os seus jogadores controlados e totalmente focados em competir.
    Depois de amealhar 99 pontos, o Liverpool pretende revalidar o título, sendo preciso recuar ao período compreendido entre 1982 e 1984 para encontrar campeonatos ganhos pelos reds de forma consecutiva. O principal obstáculo será, julgamos, o Manchester City, permanecendo as equipas de Klopp e Guardiola um patamar acima de toda a concorrência.
    Chelsea (super-investimento, num defeso que poderá marcar esta década do clube), Manchester United (muita curiosidade para ver uma época completa de Bruno Fernandes em Inglaterra), Tottenham e Arsenal querem todos figurar no Top-4, e isto sem esquecer um Leicester que não tem medo de ninguém, um Wolves talhado para os jogos grandes, um Southampton que revela concretos sinais de crescimento e um Everton à medida de Ancelotti.
    Leeds United, com El Loco Bielsa, West Brom e Fulham foram as 3 equipas promovidas, e embora paire no ar uma certa sensação de frustração visto que chegou a parecer muito provável a Premier League 20-21 ter Lionel Messi, o universo de craques ganhou vários talentos que muito nos entusiasmam: Havertz, Werner, Ziyech, Thiago Silva, James Rodríguez, Allan, Ferrán Torres, van de Beek, Salisu, Rodrigo, Koch e Tsimikas são algumas das novidades em solo inglês, sem esquecer a promoção ao 1.º escalão de Kalvin Phillips, Diangana, Matheus Pereira, Ben White e Mitrovic, e as transferências internas de atletas como Chilwell, Doherty, Aké, Eze, Watkins, Lallana, Callum Wilson, Ryan Fraser, Doucouré ou Ramsdale.
    Com o mundo em constante adaptação, 2020/ 21 inclui ainda um pormenor interssante, que não se verificava em Inglaterra desde 2005/ 06: os 20 emblemas que vão disputar esta Premier League mantiveram o mesmo treinador da temporada passada (sim, aquela que acabou há menos de 2 meses) para esta.

    Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2020/ 21, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais, sendo certo que o mercado só fecha dia 5 de Outubro, o que pode mudar muita coisa:



Fantasy Premier League card updates for the 2020/21 season - FootballCoin.io LIVERPOOL (1)

    Campeões europeus em 2019, campeões ingleses (30 anos depois) em 2020. O Liverpool dominou em absoluto a última temporada, com uns incríveis 99 pontos (32 vitórias, 3 empates e 3 derrotas) e um modelo que ainda não parece esgotado. Mantendo a harmonia existente e protegendo os seus craques, os reds - que ainda podem acrescentar a este elenco Thiago Alcântara, que seria um super-reforço - continuam a reunir condições para reinar em Inglaterra, muito graças ao nível absurdo dos laterais Alexander-Arnold e Robertson, ao carácter altruísta e intenso do seu meio-campo, ao invisível mas decisivo Roberto Firmino e a dois craques de expressão mundial, Mané e Salah, no pico das suas carreiras aos 28 anos.

    Com o desafio de conquistar o bicampeonato - desde a introdução do formato Premier League em 1992 só Manchester United, Chelsea e Manchester City conseguiram ganhar por 2 vezes seguidas - os reds têm uma nova meta definida, e Klopp é exímio em fazer ligeiros ajustes na forma de jogar da equipa de acordo com os adversários, sabendo gerir o plantel e tendo, indiscutivelmente, o melhor quinteto (GR+4) defensivo do futebol inglês.
    Sonhamos com a entrada de Thiago nesta equipa, na qual voltamos a apostar, sem inventar, que Mané, Salah (com o seu cabelo aparado), Alexander-Arnold e van Dijk serão uma vez mais os principais destaques. Assumindo que Wijnaldum sai, pedir-se-ão coisas ligeiramente diferentes a Henderson, Fabinho será dono e senhor da posição 6, e num cenário sem Thiago Alcântara, terão que ser elementos como Naby Keita, Curtis Jones ou Oxlade-Chamberlain a assumir.
    Na decisão entre Liverpool e Manchester City, damos 51-49 a favor dos campeões em título.

Treinador: Jürgen Klopp
Onze-Base (4-3-3): Alisson; Alexander-Arnold, Gomez, van Dijk, Robertson; Fabinho, Henderson, Keita (C. Jones, Chamberlain); Salah, Mané, Firmino

Atenção a: Sadio Mané, Trent Alexander-Arnold, Mohamed Salah, Virgil van Dijk, Fabinho

FPL Must-haves: Experts look to Man City duo MANCHESTER CITY (2)

    Chegámos a pensar que iríamos escrever neste compartimento do City sobre Lionel Messi, mas ficou tudo adiado ou apenas gorado para sempre. Com Messi, a nossa previsão para a classificação final do City seria outra (1.º) e caso se confirme a transferência de Koulibaly, é inequívoco que Guardiola passará a ter uma defesa com outro estatuto e, por isso, maior obrigação de recuperar o título.
    Há poucas dúvidas que o Manchester City será o ataque mais concretizador da prova, e nesta fase ninguém se atreve a dizer que Kevin De Bruyne não é o melhor jogador em terras de Sua Majestade, mas será que a "fome" de recuperar o primeiro lugar é suficiente entre os citizens para não desperdiçar pontos em diversos campos e conseguir ultrapassar um campeão que em 19-20 contabilizou mais 18 pontos?!
    Em Manchester, Guardiola tem que inventar menos e, porque a sorte também conta num ou noutro aspecto, rezar para que haja menos lesões. Na primeira temporada pós-David Silva, exige-se que Bernardo ou Foden assumam a batuta do mago espanhol, continuando este City a ter em De Bruyne e Sterling os seus principais activos.
    A disputa pela titularidade entre Gabriel Jesus e Agüero, a gestão dos laterais com Cancelo a poder tirar Mendy ou Walker das escolhas iniciais, e o impacto de uma "pechincha" chamada Ferrán Torres serão temas esta época, sendo certo que se Pep passar de Otamendi, Stones e Laporte para Koulibaly, Aké e Laporte tão cedo não se pode queixar de problemas com os seus centrais, e isto já sem incluir o adaptado e imprescindível Fernandinho e Eric García nas contas.
    A distância deve passar de 18 pontos para tangencial, mas voltamos a apontar o melhor ataque do futebol inglês ao primeiro lugar dos últimos.

Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-3-3): Ederson; Walker (Cancelo), Fernandinho, Laporte, Mendy; Rodri, De Bruyne, Bernardo (Foden); Mahrez, Sterling, Agüero (Gabriel Jesus)

Atenção a: Kevin De Bruyne, Raheem Sterling, Phil Foden, Bernardo Silva, Gabriel Jesus

Chelsea news: Timo Werner and Kai Havertz prediction made in threat to  Liverpool | Football | Sport | Express.co.uk CHELSEA (3)

    223 milhões depois, Frank Lampard tem uma overdose de talento para gerir, não estando obrigado a ser campeão mas estando obrigado a encurtar distâncias para Liverpool e City, com futebol envolvente e um crescente entrosamento entre vários craques que, juntos, podem tornar-se símbolos durante esta nova década e nova dinastia do clube londrino.
    O defeso de 2020-21 do Chelsea poderá ser visto daqui a alguns anos como quase tão importante como o de 2004-05, quando Abramovich contratou para Mourinho nada mais nada menos do que Drogba, Ricardo Carvalho, Cech e Robben. Depois de terem estado proibidos de contratar, os blues tiraram a barriga de misérias garantindo Havertz (80 milhões), Werner (53), Ben Chilwell (50), Ziyech (40), juntando ainda as aquisições a custo zero do veterano Thiago Silva e do promissor Malang Sarr, falando-se ainda do guardião Édouard Mendy e do hammer Declan Rice como derradeiras peças no puzzle de Frank Lampard, treinador que já convenceu na vertente ofensiva mas que ainda precisa de prestar provas em relação à capacidade de esculpir uma equipa equilibrada e competente defensivamente.
    Quando resolvido um problema chamado baliza, ou chamado Kepa, o Chelsea tem de facto todo o potencial para encher as medidas - Reece James, Azpilicueta, Thiago Silva e Chilwell é um possível quarteto que convence, para o miolo há Kanté, Kovacic e Mount, e feita esta revolução em Stamford Bridge só custa mais pensar quão congelada pode ficar a evolução de elementos como Billy Gilmour, Tammy Abraham, Hudson-Odoi e Tomori.
    Com Pulisic na esquerda e Ziyech na direita, o Chelsea promete desequilibrar e criar problemas a partir de todos os lados, sendo no entanto o principal foco de interesse o acompanhar da dupla alemã Kai Havertz (um verdadeiro diamante) e Timo Werner que, com 21 e 24 anos, vão dar muitas alegrias aos adeptos e coleccionar golos e assistências.

Treinador: Frank Lampard
Onze-Base (4-2-3-1): Kepa; James, Azpilicueta, Thiago Silva, Chilwell; Kanté, Kovacic (Mount); Ziyech, Havertz, Pulisic; Werner

Atenção a: Timo Werner, Kai Havertz, Hakim Ziyech, Christian Pulisic, Mason Mount

Can this Manchester United squad challenge for title? MANCHESTER UNITED (4)

    O Manchester United está de volta. Depois de uma época em que houve nitidamente um antes e um depois de Bruno Fernandes (após o seu ingresso a 29 de Janeiro, o United não perdeu qualquer jogo no campeonato e somou inclusive mais pontos do que City e Liverpool), os red devils parecem preparados para respeitar em campo a sua História, ouvindo o Teatro dos Sonhos novamente o hino da Champions League, e podendo os adeptos - primeiro em casa e mais tarde, esperemos, no estádio - deliciar-se com o vendaval ofensivo produzido pela equipa de Solskjaer.
    O quarteto Bruno Fernandes, Rashford, Greenwood e Martial deixa qualquer adversário em sentido, permitindo ao United ter legítimas aspirações a ganhar qualquer jogo em que entra, e veremos como é que o reforço van de Beek incorpora um onze em que todas as peças pareciam intocáveis do meio-campo para a frente. É que com Matic, Pogba e Bruno Fernandes, Solskjaer encontrou a fórmula perfeita, e van de Beek (óptimo 12.º jogador, não obstante) é efectivamente um jogador com cara de United, mas foi mais uma oportunidade do que uma prioridade, correndo-se agora o risco de se perder um pouco de Bruno Fernandes se por acaso o treinador norueguês decidisse abdicar de Matic e fazer Bruno recuar uns metros.
    Com posições ainda à espera de reforços - central e lateral-esquerdo - e um sonho chamado Jadon Sancho, que esse sim atiraria o poderio do United para uma estratosfera diferente, uma das principais perguntas da temporada em Old Trafford é: continuará De Gea como nº 1 ou Dean Henderson chegou para tomar a baliza de assalto? Na nossa opinião, se a oportunidade surgir para o ex-Sheffield United, não sairá mais de lá.

Treinador: Ole Gunnar Solskjær
Onze-Base (4-3-3): De Gea (Henderson); Wan-Bissaka, Lindelof, Maguire, Shaw; Matic (van de Beek), Pogba, Bruno Fernandes; Greenwood, Rashford, Martial

Atenção a: Bruno Fernandes, Marcus Rashford, Mason Greenwood, Anthony Martial, Dean Henderson

 TOTTENHAM (5)

    A equipa que protagoniza o mais recente All or Nothing da Amazon atravessa um período de transformação, com José Mourinho a querer mudar a mentalidade do plantel ao seu dispor, tornando o grupo - que durante o reinado de Pochettino encantou com bom futebol mas claudicou sob pressão - mais competitivo, mais esfomeado e, se for preciso, menos correcto.
    Oxalá que a pandemia de Covid-19 não obrigue a nova paragem nas competições, pelo que isso quereria dizer em primeiro lugar sobre o estado de saúde do mundo, mas num contexto pandémico em que por vezes as equipas poderão ver um jogador ficar fora de combate por um tempo ao acusar positivo, o Tottenham pode sair "a ganhar" se Mourinho contagiar e controlar os seus atletas e eles se mostrarem incríveis profissionais, focados em exclusivo nos objectivos do clube, mantendo sempre distâncias sociais e afins.
    Ainda nos mostramos reticentes quanto a imaginar um Tottenham dominador e capaz de deslumbrar com bola, mas não nos surpreenderá se os spurs passarem a ser uma das equipas mais complicadas de defrontar. Højbjerg (um médio com a dinâmica que Mourinho gosta) e Doherty (fantástico negócio) complementam um plantel desesperado por encontrar uma alternativa válida para o goleador Harry Kane, podendo Mou retirar muito mais de Dele Alli (o jóker desta equipa), Lo Celso, Sessegnon ou Eric Dier, agora novamente como central.
    Um calendário simpático no arranque da prova, a maior pressão exercida pela imprensa sobre Chelsea e Manchester United, e o brilhantismo do melhor jogador asiático da actualidade, Son Heung-Min, podem contribuir para algo mais do que este 5.º lugar.

Treinador: José Mourinho
Onze-Base (4-2-3-1): Lloris; Doherty, Dier (Davinson), Alderweireld, Davies (Sessegnon); Højbjerg, Lo Celso (Sissoko, Winks); Lucas, Alli, Son; Kane

Atenção a: Harry Kane, Son Heung-Min, Matt Doherty, Pierre-Emile Højbjerg, Dele Alli

 ARSENAL (6)

    Pela primeira vez desde que Wenger saiu, vemos o Arsenal bem entregue. Mikel Arteta, que muitos apontamentos terá tirado como adjunto e esponja de Guardiola durante 3 anos, está a construir identidade, mostrando saber o que quer, revelando capacidade para fazer um todo render muito mais do que seria expectável olhando para as partes, e vencendo troféus - os gunners venceram nos últimos meses a FA Cup (2-1 na final contra o Chelsea) e a Community Shield (vitória nas grandes penalidades contra o favorito Liverpool).
    O objectivo no Emirates Stadium passa por ficar no Top-4, classificação a que o clube de Londres se habituou a ocupar entre 1997 e 2016, mas a concorrência é apertada, o futebol é um processo e o Arsenal, por mais visionário que seja o seu jovem treinador, ainda não tem as mesmas armas.
    As novidades no Arsenal são Willian (32 anos mas com uma injecção de juventude ao abraçar um novo projecto) e Gabriel (novo patrão da defesa, podendo "puxar" por David Luiz, que é reconhecidamente melhor numa linha de 3 do que numa dupla normal), juntando-se a estes Saliba, contratado há um ano atrás mas emprestado ao Saint-Étienne, e Dani Ceballos (empréstimo renovado). É absolutamente claro para toda a gente que neste momento o Arsenal é Aubameyang + 10, faltando apenas perceber se o digno herdeiro da camisola 14 de Henry vai jogar a partir da esquerda ou numa posição mais central, e é com entusiasmo que vemos Arteta acreditar em Bukayo Saka, Maitland-Niles, Nketiah, Gabriel Martinelli e Willock.
    Em jogos a eliminar temos sido conquistados por este Arsenal de Mikel Arteta, mas numa prova de 38 jornadas sentimos que há pelo menos 5 conjuntos superiores. E por favor, que o Arsenal vá all-in por Aouar.

Treinador: Mikel Arteta
Onze-Base (3-4-3): Leno; Saliba, David Luiz, Gabriel; Maitland-Niles, Xhaka, Ceballos, Tierney; Willian (Pépé), Saka, Aubameyang

Atenção a: Pierre-Emerick Aubameyang, Bukayo Saka, Maitland-Niles, Gabriel, Bernd Leno

 LEICESTER CITY (7)

    Uma previsão de sétimo lugar é, na verdade, bastante injusta para um Leicester que na última época passou 325 dias no Top-4 (larga percentagem desse período inclusive no pódio) e somente 28 dias fora dos lugares de acesso à Champions, competição milionária que os foxes deixaram escapar na última jornada.
    No King Power Stadium mora um forte candidato ao Top-4 e uma equipa que procurará claramente ser aquilo que foi ao longo de 29 jornadas, e não aquilo que apresentou no pós-paragem, com queda a pique e futebol vazio. Liderados por um dos técnicos mais subvalorizados do futebol britânico, Brendan Rodgers, os campeões de 2016 têm uma vez mais em Jamie Vardy (melhor marcador da última Premier League) a principal referência, esperando-se no entanto que Inglaterra comece a olhar para Harvey Barnes com outros olhos, e saudando-se o regresso à competição após lesão de Ricardo Pereira, que só não tem sido o melhor lateral da Liga porque existe um tal de Alexander-Arnold.
    Com Schmeichel como capitão, e um tridente a meio-campo (Ndidi, Tielemans e Maddison) que tem tudo - físico, equilíbrio, transporte, técnica e visão de jogo - o Leicester estará à espreita de todo e qualquer erro mínimo dos crónicos 6 emblemas mais cotados. Com um mercado muito tranquilo (o lateral Castagne foi o único reforço neste Verão), é possível que ainda seja contratado um jogador para ser titular no ataque, caso contrário caberá a Iheanacho agarrar a oportunidade, podendo o nigeriano crescer se o afastarem um pouco da baliza e lhe exigirem menos golos e mais ofertas para Vardy.

Treinador: Brendan Rodgers
Onze-Base (4-3-3): Schmeichel; R. Pereira, Evans, Söyüncü, Castagne (Thomas); Ndidi, Tielemans, Maddison; Iheanacho (Ayoze), H. Barnes, Vardy

Atenção a: Jamie Vardy, Ricardo Pereira, Harvey Barnes, Çaglar Söyüncü, James Maddison

 WOLVES (8)

    Depois de dois sétimos lugares, apontamos o português Wolves um lugar abaixo em 2020-21. Com 9 portugueses (Rui Patrício, Rúben Vinagre, João Moutinho, Rúben Neves, Vítor Ferreira, Diogo Jota, Daniel Podence, Pedro Neto e Fábio Silva), e estas contas sem contar com Jorge Mendes no plantel, os lobos que vestem laranja mantêm um conjunto curto, recrutando até ver as pérolas da formação do FC Porto, mesmo que subsistam questões urgentes - a maior de todas, contratar um substituto para Doherty.
    Com o Wolves sabemos muito bem com o que contamos: uma equipa que oscila entre o 3-5-2 e o 3-4-3, um bloco unido que defende e ataca junto, sabendo encurtar o campo mas controlando bem a sua profundidade e explorando bem a profundidade nas costas do adversário. A Raúl Jiménez (se ficar) e Jota só se pode pedir que continuem como têm estado, sendo natural que o internacional português melhore a sua marca de golos, e podendo esta ser a temporada em que Rúben Neves entra na lista de desejos de todos os grandes treinadores da Europa e em que Vitinha começa a aprender com Moutinho, para um dia ser tão bom quanto ele; finalmente, Adama Traoré (muito melhor quando parte do flanco sem responsabilidades defensivas num 3-4-3, em comparação com o seu comportamento como ala num 3-4-3 / 3-5-2 ou numa dupla, centralizada, na frente) parece estar no ponto para se afirmar em definitivo como um dos principais craques da Premier.
    Mortíferos nos jogos contra o Top-6, os wolves de Nuno Espírito Santo manter-se-ão tudo aquilo que têm sido nas últimas duas épocas, faltando ainda saber que últimos presentes deixa a Gestifute no sapatinho.

Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (3-5-2): Rui Patrício; Boly, Coady, Saïss; A. Traoré, João Moutinho, Dendoncker, Rúben Neves, Vinagre (Jonny); Diogo Jota, Jiménez

Atenção a: Raúl Jiménez, Adama Traoré, Rúben Neves, Diogo Jota, Fábio Silva

 SOUTHAMPTON (9)

    Se confiarmos nos números, a matemática diz-nos que o Southampton de Hasenhüttl poderá ser uma das histórias mais agradáveis de 2020-21. Os saints só perdem para City e Liverpool na qualidade a pressionar e foram uma das melhores equipas do futebol inglês no período pós-paragem (últimas 11 jornadas) da última época. Resta saber se o clube do Sul será capaz de embalar e capitalizar o momento, mas acreditamos que sim.
    No St. Mary's mora uma dupla de avançados com potencial para marcar muitos golos - Danny Ings é a figura da equipa e quererá lutar novamente pelo título de melhor marcador, enquanto que Che Adams procurará começar esta temporada como acabou a anterior - e quem tem jogadores como Armstrong e Ward-Prowse tem regularidade exibicional garantida, mesmo que a equipa sinta a falta do dinamarquês Højbjerg. Sem problemas em apostar na criançada, Hasenhüttl pode fazer de Smallbone uma das revelações da temporada, e na defesa, além de Walker-Peters ter por fim espaço na sua carreira para crescer com tempo, gostamos muito do recrutamento de Mohammed Salisu, que quando conquistar o seu lugar no 11 poderá mostrar porque é que o Southampton "encontrou" nos últimos anos van Dijk ou Alderweireld. O ganês ex-Valladolid, bem orientado, pode pertencer a essa casta.
    No papel, Everton, Wolves e Leicester têm todos nomes mais sonantes, mas os crescentes desempenhos destes saints sob o comando do austríaco de 53 anos deixam à vista o poder de um colectivo por vezes subvalorizado.

Treinador: Ralph Hasenhüttl
Onze-Base (4-4-2): McCarthy; Walker-Peters, Bednarek (Stephens), Salisu, Bertrand; Armstrong, Ward-Prowse, Romeu (Smallbone), Redmond; Che Adams, Ings

Atenção a: Danny Ings, Che Adams, Mohammed Salisu, James Ward-Prowse, Will Smallbone

 EVERTON (10)

   Deve ser um período complicado para qualquer adepto dos toffees, com o grande rival Liverpool a sagrar-se campeão europeu e campeão inglês em anos consecutivos. Bem longe da realidade dos primeiros lugares, o Everton é uma daquelas equipas que almeja um Top-4 a médio-prazo, mas o mais sensato é apontar o clube de Carlo Ancelotti a uma classificação final entre o 7.º e o 11.º.
    Acreditamos que o mercado ainda leve até Goodison Park mais um par de jogadores bem interessantes, mas até agora Ancelotti recebeu a possibilidade de renovar por completo o seu meio-campo: Allan, Doucouré e James Rodríguez são reforços. E se o colombiano, que se deu muito bem com o treinador italiano no Real Madrid, "entrar" bem no ritmo muito próprio da Premier League, este Everton pode aí sim ser um caso sério.
    O mais provável será vermos este Everton a assumir a seu tempo um 4-2-3-1 / 4-3-3, mas com os intérpretes actuais faz sentido que Ancelotti pense num esquema que dote a equipa de intensidade e músculo, com Allan, Doucouré e André Gomes em simultâneo, conferindo a James, solto, total liberdade para ser um dez no apoio a Richarlison e Calvert-Lewin, elementos a quem Carlo pedirá mais golos nesta edição.
     Há bons indicadores no ataque, embora já tenhamos sido enganados e seduzidos por bons defesos do clube, mas a defesa precisa urgentemente de um central que imponha respeito e lidere a partir de trás.

Treinador: Carlo Ancelotti
Onze-Base (4-3-1-2): Pickford; Coleman, Keane, Holgate, Digne; Allan, Doucouré, André Gomes; James (Sigurdsson); Richarlison, Calvert-Lewin

Atenção a: Richarlison, James Rodríguez, Allan, Abdoulaye Doucouré, Michael Keane

 SHEFFIELD UNITED (11)

    Honestamente, e julgamos que até nem é wishful-thinking, uma das coisas que mais queremos nesta Premier League é que o Sheffield e Chris Wilder mostrem que 2019-20 não foi um acaso. Depois de uma época incrível, a conviver de perto na tabela com Arsenal, Wolves ou Tottenham, os blades estarão sedentos de provar o seu valor com um plantel humilde mas muitíssimo bem orientado.
    A equipa-sensação da última edição tentará fazer igual (9.º lugar) ou melhor, mas qualquer coisa que seja do 10 ou 11.º lugar para cima já merecerá elogios. Mantendo o seu distinto comportamento táctico e um bloco sem egos mas com Egan, o Sheffield precisa em primeiro lugar de aceitar que Dean Henderson (juntamente com Pope um dos dois melhores guarda-redes do último campeonato) já não será o porta-estandarte da equipa, dando pontos com defesas impossíveis, cabendo a Aaron Ramsdale a missão de se mostrar um digno sucessor do guardião agora ao serviço dos red devils.
    Reforço de Janeiro passado, o norueguês Sander Berge pode crescer muito na sua 1.ª temporada completa de Premier League, e Ampadu (emprestado pelo Chelsea, podendo contribuir como central ou médio) pode ter em Chris Wilder o tutor perfeito para convencer Lampard a dar-lhe uma oportunidade em 21-22; o velocista Oliver Burke poderá dar coisas novas à equipa, se for capaz de se adaptar a jogar ao centro com muita mobilidade, e na hora de agitar as redes dos oponentes, McBurnie e Mousset são as principais esperanças, embora tenham ambos que apresentar muitíssimo maior consistência.

Treinador: Chris Wilder
Onze-Base (3-5-2): Ramsdale; Basham, Egan, O'Connell; Baldock, Berge, Norwood, Ampadu (Fleck), E. Stevens; McBurnie, McGoldrick

Atenção a: Aaron Ramsdale, Sander Berge, Ethan Ampadu, Lys Mousset, Oli McBurnie

 LEEDS UNITED (12)

    As últimas duas edições da Premier League tiveram uma equipa promovida a virar sensação, não perdendo tempo ao escalar a tabela de forma voraz. Aconteceu em 18-19 com o Wolves, em 19-20 com o Sheffield United e, cremos nós, poderá acontecer em 20-21 com o Leeds.
    16 anos depois, com 3 títulos (1969, 1974 e 1992) no seu palmarés e uma valente dose de saudosismo em relação àquela mítica equipa que no CM 01-02 reunia Ferdinand, Woodgate, Hart, Dacourt, Kewell, Bowyer, Keane, Viduka e Alan Smith, o Leeds está de volta. Graças a quem? Marcelo "El Loco" Bielsa, o mentor de treinadores como Pochettino, Simeone ou Gallardo, e igualmente influente no modo de treinar de Pep Guardiola.
    E se há um ano atrás uma das principais curiosidades da Premier League passava por testemunhar como se comportaria o Sheffield com o seu ousado 3-5-2 com centrais a subir e a assumir os corredores, há poucos tópicos nesta Premier League que nos causem maior interesse do que ver Bielsa e o seu Leeds, um objecto maleável entre o 3-3-1-3 e o 4-1-4-1, com filosofia híbrida entre as ideias de Guardiola e Klopp, a enfrentar os principais emblemas da prova.
    Da equipa que venceu o Championship, o Leeds não conseguiu voltar a contar com o fantástico Ben White, mas caberá ao alemão Koch fazer esquecer um jogador bastante querido para os adeptos. Meslier (promissor, embora tenhamos dúvidas que seja titular já esta época) e Jack Harrison (novamente emprestado pelo City) continuam nos peacocks, tal como o veterano Pablo Hernández (35 anos), e é impossível não considerar Rodrigo um brutal upgrade em relação a Bamford.
    Supomos que o Leeds ainda acrescente uns 3 reforços com entrada directa no onze, mostrando os jogadores já garantidos e os rumores mais credíveis que Bielsa sabe muito bem aquilo que quer. O sistema do Leeds pode permitir a Ayling ter uma valorização na senda de Doherty nos últimos anos no Wolves, e estamos convictos que Kalvin Phillips verá a sua cotação disparar esta temporada, sendo a peça mais importante no equilíbrio da equipa de Elland Road.

Treinador: Marcelo Bielsa
Onze-Base (4-1-4-1): Meslier; Ayling, Koch, Cooper, Dallas (Alioski); K. Phillips; Hélder Costa, Pablo Hernández, Klich, Harrison; Rodrigo

Atenção a: Kalvin Phillips, Rodrigo, Jack Harrison, Robin Koch, Luke Ayling

 NEWCASTLE (13)

    Aleluia, Newcastle! Enquanto se arrasta o impasse relativo ao processo de compra por parte de um consórcio da Arábia Saudita, Mike Ashley deu finalmente a Steve Bruce (ai, Newcastle, merecias um treinador que não tivesse parado no tempo) os reforços que Rafa Benítez nunca teve. É preciso recuar a 2015-16 (Wijnaldum, Mitrovic, Thauvin, Shelvey, Townsend e Mbemba como reforços) para encontrar um defeso em cheio dos magpies, que desde então contrataram pouco e quando gastaram muito, gastaram mal - serve de exemplo 19-20 quando Joelinton custou 44 milhões e acabou como flop, e Saint-Maximin custou 18 e foi o jogador mais diferenciado da equipa, embora mal acompanhado.
    O treinador não nos convence, e ainda há várias coisas para resolver, mas quem adquire Callum Wilson, Ryan Fraser e Jamal Lewis tem que começar a jogar à bola. Nestes 3 jogadores, Bruce ganhou três elementos já habituados à Premier League, tendo Wilson e Fraser, ambos ex-Bournemouth, formado uma das duplas com melhor aproveitamento em dueto dos últimos anos. Parece faltar um médio de pendor mais defensivo, e Soumaré (Lille) seria ouro sobre azul se o rumor se concretizar em algo mais...
    O tempo dirá que visão tem Bruce para retirar o melhor do conjunto de jogadores ao seu dispor: um 4-3-3 com Fraser, Wilson e Saint-Maximin na frente, obrigando o francês a actuar na direita, um 4-4-2 que procure fazer coexistir Joelinton e Callum Wilson, ou um 4-2-3-1 que não queira "perder" Miguel Almirón ou condicioná-lo a ser um médio que (para já) não é. Apenas uma coisa é certa: Martin Dubravka vai-se fartar de defender.

Treinador: Steve Bruce
Onze-Base (4-3-3): Dubravka; Krafth, Fernández, Lascelles, J. Lewis; Hendrick, Shelvey, Almirón; Saint-Maximin, Fraser, C. Wilson

Atenção a: Callum Wilson, Allan Saint-Maximin, Ryan Fraser, Martin Dubravka, Jamal Lewis

 BURNLEY (14)

    Com um sétimo e um décimo lugares nos últimos 3 anos, mesmo reunindo aquele que é provavelmente o leque de jogadores mais limitado tecnicamente da Premier League, o Burnley de Sean Dyche é uma espécie de case study. Equipa antiquada, fiel ao seu 4-4-2, o Burnley adora levar os jogos para o choque, abusa do jogo aéreo e directo, e faz do Turf Moor um estádio terrível para qualquer um dos candidatos ao título.
    Não é bom ver o Burnley jogar, mas pior que isso é jogar contra os clarets. Dyche sabe o que faz e, ao contrário de Eddie Howe no Bournemouth, a sua dinastia ainda não parece terminada. Em 2020-21 será, julgamos, mais do mesmo: Nick Pope é um super guarda-redes, Mee-Tarkowski uma das duplas mais sólidas do campeonato, McNeil é excepção com o seu amplo reportório técnico, Chris Wood vale golos e Jay Rodriguez, com as lesões definitivamente no passado, pode ambicionar um renascimento à la Danny Ings.
    Somos da opinião que Pope e Tarkowski mereciam estar num clube com outros argumentos mas, embora o Burnley seja uma equipa robotizada e "dura", é inegável o mérito da sua constante capacidade de sobreviver entre os grandes e competir com outros sem gastar rios de dinheiro: no espaço das últimas 4 épocas, os clarets gastaram uma média de 33 milhões por ano.

Treinador: Sean Dyche
Onze-Base (4-4-2): Pope; Bardsley, Mee, Tarkowski, Pieters (Taylor); Gudmundsson, Westwood, Brownhill, McNeil; Jay Rodriguez, Wood

Atenção a: Nick Pope, Jay Rodriguez, Dwight McNeil, James Tarkowski, Josh Brownhill

 CRYSTAL PALACE (15)

    Esta será a 8.ª participação consecutiva do Crystal Palace na Premier League, e a quarta de Roy Hodgson (73 anos) como homem do leme em Selhurst Park. No Sul de Londres, as águias do futebol inglês têm-se apresentado como uma espécie de Burnley com melhores jogadores que o Burnley mas habitualmente com pior capacidade para amealhar pontos que a turma de Sean Dyche.
    Com o Palace acontece neste defeso algo que também se passa com Aston Villa e West Ham. Zaha, Grealish e Declan Rice são, respectivamente, os elementos mais cotados de cada equipa, e a gestão destes três dossiers pode impactar indirectamente a luta pela manutenção daqui a alguns meses. Embora a nível de influência nos emblemas os 3 jogadores se equiparem, o caso de Zaha não se pode comparar num aspecto; é que Rice tem 21 anos, Grealish tem 25, mas Zaha está com 27 e em Novembro já fez 28. Se é desta que vai sair? Não sabemos, mas gostávamos de ver o clube a libertá-lo e a ir buscar Saïd Benrahma (Brentford).
    O Palace de Hodgson é, acima de tudo, uma equipa coesa. Um conjunto competente defensivamente, difícil de contrariar para qualquer adversário (sobretudo em casa) e que, sem deslumbrar, erra pouco.
    Porém, 2020-21 acrescenta uma novidade entusiasmante: Eberechi Eze. O Palace convenceu o promissor talento, nascido precisamente no Sul de Londres e com ascendência nigeriana, a ingressar no clube após época de explosão no QPR (14 golos e 8 assistências). A dupla Eze-Zaha promete, se o internacional costa-marfinense, continuar no clube; o lateral-direito Nathan Ferguson pode revelar-se um digno substituto de Wan-Bissaka com uma época de atraso; Michy Batshuayi enfrenta o desafio de fazer durante uma época inteira aquilo que já fez no passado neste Palace ou no Dortmund apenas em meia; e tudo somado temos bastante dificuldade em ver este Palace a descer.

Treinador: Roy Hodgson
Onze-Base (4-4-2): Guaita; Ward (Ferguson), Dann, Cahill, van Aanholt; Eze, Milivojevic, McArthur, Zaha; Batshuayi, Ayew

Atenção a: Eberechi Eze, Wilfried Zaha, Michy Batshuayi, Nathan Ferguson, Luka Milivojevic

 ASTON VILLA (16)

    Dean Smith quase saiu, tendo-se noticiado Bruno Lage como seu provável sucessor, mas o Villa manteve a fé no seu técnico. Antecipando 2020-21 é difícil imaginar uma temporada pacífica para os villans, sendo o cenário mais provável um fecho de campeonato entre os 6 lugares finais.
    Embora Smith não precise de advogados - o seu excelente trabalho no Brentford entre 2015 e 2018 fala por si - a verdade é que teoricamente a época transacta teria sido substancialmente diferente se McGinn e Wesley não tivessem contraído lesões.
    O clube de Birmingham está mais controlado na hora de reforçar a equipa - gastou até este momento 46 milhões quando em 19-20 deixou a conta chegar aos 159 milhões - e está a contratar bem. Matty Cash, quer jogue a lateral quer jogue a extremo, acrescenta muita capacidade de desequilíbrio, e Ollie Watkins (26 golos pelo Brentford) é um jogador que Dean Smith conhece bem e um jovem avançado, daqueles que marca golos de todas as maneiras e feitios, que já merecia chegar à Premier League.
    Nesta fase, o principal ponto de interrogação é mesmo Jack Grealish. O capitão e craque, que carregou o Aston Villa toda a época passada, tendo uma brutal dose de responsabilidade na manutenção, pode ainda sair; mas caso fique, com o apoio de McGinn (sem lesões pode ser um dos médios em maior destaque no campeonato), Cash e Watkins, Grealish já terá em 20-21 mais jogadores capazes de entender a linguagem que os seus pés falam. Na antecâmara da 1.ª jornada, o Aston Villa actual parece vir a assumir um 4-3-3 encabeçado por Watkins, mas não é de descurar um potencial 4-4-2 com Watkins/ Wesley ao longo da competição, estando os villans alegadament na corrida por um guarda-redes (Emiliano Martínez), um extremo (Rashica) e outro avançado (Édouard ou Joshua King).

Treinador: Dean Smith
Onze-Base (4-3-3): Nyland (Heaton); Cash, Konsa, Mings, Targett; Douglas Luiz, McGinn, Hourihane; Trezeguet, Grealish, Watkins 

Atenção a: Jack Grealish, Ollie Watkins, John McGinn, Matty Cash, Douglas Luiz

 BRIGHTON (17)

    Depois do seu trabalho genial no Östersund e de uma temporada bem conseguida no Swansea, Graham Potter não "transformou" o Brighton à primeira tentativa como esperávamos. Mas a direcção dos seagulls confiou no treinador com apelido de feiticeiro e poderemos assim assistir à fase 2 do processo de adaptação de uma das equipas mais conservadoras da Premier League a um futebol apoiado, multi-sistema e rico em combinações.
    Esquematicamente, o que Potter tem procurado implementar no Brighton dá ares, a uma escala muitíssimo menor, do Leipzig de Nagelsmann. Temos dúvidas se o técnico de 45 anos, que durante oito anos jogou basicamente um FM da vida real na Suécia, irá pôr a sua equipa assente num sistema de 3 centrais ou se privilegiará um 4-2-2-2.
    Aquilo que sabemos é que Adam Lallana vem acrescentar muita qualidade técnica e critério ao meio-campo, e tanto Maupay como Trossard podem e devem render muito mais. À equipa ainda parece faltar um avançado diferente, algo que é corroborado pelos rumores de que os seagulls estavam na corrida pelo agora benfiquista Darwin Núñez, mas saudamos a capacidade do clube em segurar Ben White, o central da moda em Inglaterra e um dos principais responsáveis pela subida do Leeds. Se White já tem a cotação que tem, daqui a alguns meses os grandes ingleses poderão estar dispostos a entrar em absolutas loucuras por ele, sendo o camisola 3 do Brighton, de 22 anos, uma óptima justificação para Potter apostar a sério num 3-5-2.

Treinador: Graham Potter
Onze-Base (3-5-2): Ryan; Ben White, Webster, Dunk; Lamptey, Stephens, Bissouma, Lallana (Mac Allister), Burn; Trossard, Maupay

Atenção a: Ben White, Neal Maupay, Adam Lallana, Yves Bissouma, Lewis Dunk

 WEST HAM (18)

    Colocar o West Ham entre os 3 clubes que descem nesta edição de 2020-21, quando há equipas como Brighton ou Aston Villa, é capaz de ser uma das nossas previsões mais ousadas. Mas são vários os sinais que nos fazem torcer o nariz relativamente aos hammers.
    Um pouco como o Everton, os bons defesos do West Ham não se tem reflectido em melhorias exibicionais ou na tabela classificativa. Bem longe (2016) parecem estar os tempos em que o West Ham era capaz de terminar uma Premier League em sétimo, tendo o 16.º lugar da última época servido de aviso.
    Acreditamos que David Moyes possa vir a ser um dos treinadores despedidos em 20-21, podendo a época do clube gerido por David Sullivan mudar substancialmente de acordo com um eventual substituto e um mercado de Janeiro audaz. Porém, ignorada essa dose extra de especulações, aquilo que vemos é uma equipa em que o capitão Mark Noble foi capaz de dar um valente murro na mesa contestando a venda do super-talentoso Diangana ao West Brom; vemos um West Ham que ainda pode perder o seu melhor jogador (Declan Rice) para o Chelsea, e no qual jogadores com nome como Felipe Anderson e Yarmolenko têm um pé dentro e outro fora.
    Ficando Rice, a parceria Rice-Soucek será a base em torno da qual Moyes pode construir algo. Michail Antonio terminou a 2019-20 em grande, como falso 9, mas em teoria Haller deve reconquistar o seu posto e ser o principal garante de golos. As indefinições são muitas, e indefinições normalmente significam ausência de projecto e mau planeamento, e o capítulo actual é apenas mais um de uma série de evidências que o West Ham apenas vai reagindo ao que vai acontecendo em seu redor. Até 5 de Outubro o clube ainda pode mudar muito - basta pensar que se Declan Rice sair, os hammers terão bastantes milhões para distribuir entre alguns reforços, isto se não gastarem tudo em Tarkowski - e aquilo que por esta altura temos mais certezas é o elevado rendimento que Jarrod Bowen nos parece poder vir a apresentar amiúde, e as oportunidades que podem surgir para alguns miúdos como por exemplo Mipo Odubeko.

Treinador: David Moyes
Onze-Base (4-3-3): Fabianski; Fredericks, Diop, Ogbonna, Cresswell; Rice, Soucek, Noble; Bowen (Yarmolenko), Fornals (Felipe Anderson), Antonio (Haller)

Atenção a: Declan Rice, Jarrod Bowen, Sébastien Haller, Tomas Soucek, Mipo Odubeko

 WEST BROM (19)

    Quando olhamos para os plantéis de West Brom e Fulham continuamos a ver "plantéis de Championship" e é por isso que, das 3 equipas novas na Premier, apostamos na condenação de duas. Porém, na comparação West Brom vs Fulham, há várias coisas a favor dos hawthorns, uma equipa que se revelou capaz de permanecer na Premier League entre 2011 e 2018. Primeiro, Slaven Bilic. O contagiante técnico croata é irregular, mas poucos amantes da Premier se esquecerão do seu West Ham onde Payet era figura de destaque. E em segundo lugar, é certo que o WBA não tem um super-goleador - o Fulham ganha nesse aspecto, ao ter Mitrovic - mas tem dois talentos que, se forem consistentes, têm tudo para ser duas das sensações da época. Falamos de Matheus Pereira e Grady Diangana. O ex-Sporting foi o craque da equipa no Championship, criando oportunidades como ninguém e juntando números (8 golos e 16 assistências) contundentes; Diangana não deve ter dificuldade em tornar-se o jogador desta Premier League que vai fazer mais cuecas aos adversários, e contam-se pelos dedos das mãos os jogadores desta edição mais entusiasmantes/ bons malabaristas que o britânico de 22 anos.
    Além da criatividade do luso-brasileiro Matheus e da imprevisibilidade de Grady, o West Brom contará com Robson-Kanu e Charlie Austin na hora de marcar golos (se Deeney assinar não terá dificuldades em ser ele o titular), tem em Livermore (capitão de equipa), Gibbs e Matt Phillips jogadores com experiência nestas andanças, e daria o seu jeito o central nigeriano Semi Ajayi manter a veia goleadora da temporada passada. Branislav Ivanovic, juntando-se a este elenco, tornar-se-á imediatamente uma das peças-chave do balneário, e embora o sérvio seja hoje mais central que lateral-direito, pode fazer sentido preservar Ajayi-Bartley e dar ao ex-Chelsea o lugar de O'Shea, pedindo Bilic a Gibbs que suba muito mais pela esquerda do que pedirá ao seu lateral pela direita.
    Em suma, acreditamos que o WBA desça mas, caso isso aconteça, deve dar boa luta e deixar muita gente de olhos em bico graças a Diangana e Matheus Pereira.

Treinador: Slaven Bilic
Onze-Base (4-2-3-1): Johnstone; O'Shea, Ajayi, Bartley, Gibbs; Livermore, Sawyers; Matt Phillips, Matheus Pereira, Diangana; Robson-Kanu (Austin)

Atenção a: Matheus Pereira, Grady Diangana, Semi Ajayi, Jake Livermore, Matt Phillips

 FULHAM (20)

    O Fulham foi a última das 3 equipas recém-promovidas a garantir o regresso à Premier League. A final do play-off em Wembley, jogada a 4 de Agosto com o Brentford (melhor equipa, mas sem "estofo", acabando por vacilar na Hora H), foi resolvida apenas no prolongamento, com o lateral-esquerdo Joe Bryan a atirar o seu clube, com um bis improvável, para o primeiro escalão 1 ano após a despromoção. Esta época veremos se existe ou não um padrão: em 2018 o clube londrino assegurou um lugar na Premier através do play-off, em 2019 desceu ao ficar em 19.º lugar, agora em 2020 verifica-se nova subida, e apontamos o Fulham a nova descida em 2021.
    Com Scott Parker - médio com passagens por West Ham, Tottenham, Chelsea e Newcastle, tendo acabado a carreira precisamente no Fulham - como treinador, naquela que vem sendo a 1.ª experiência do ex-internacional inglês de 39 anos no comando de uma equipa, o Fulham parece ter aprendido a lição e não revolucionou o plantel de cima a baixo comprando um camião de jogadores como em 2018-19. Os cottagers mantiveram a base da temporada passada, na qual se destaca claramente a valia do ponta de lança Aleksandar Mitrovic (melhor marcador do Championship com 26 golos).
    Mario Lemina e Harrison Reed deverão ser sinónimo de um meio-campo competitivo e intenso, sendo positiva a manutenção da intocável dupla de centrais Hector - Ream. Mas com Ivan Cavaleiro, Knockaert, Bobby Reid e Kebano parece continuar a faltar um extremo que acrescente golos e que se saiba que rende numa Primeira Liga de topo e não apenas no 2.º escalão inglês.
    Temos dúvidas que Aréola consiga roubar o lugar ao checo Rodák, pensamos que Scott Parker não aguentará toda a época, e temos muita curiosidade para ver como é que o norte-americano Antonee Robinson incorpora esta equipa, não descartando a hipótese de acabar por fazer a diferença como extremo esquerdo, visto que Joe Bryan é um dos elementos mais fiáveis deste conjunto e actua precisamente na posição do ex-Wigan.

Treinador: Scott Parker
Onze-Base (4-3-3): Rodák (Aréola); Odoi (Aina), Hector, Ream, Bryan; Lemina, Reed, Cairney; Cavaleiro (Knockaert), Robinson (Reid), Mitrovic

Atenção a: Aleksandar Mitrovic, Antonee Robisnson, Harrison Reed, Mario Lemina, Marek Rodák




por Miguel Pontares e Tiago Moreira

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