18 de setembro de 2020

Antevisão da Liga NOS 2020/ 21

 Liga NOS É num ambiente de incerteza e esperança que arranca a edição de 2020/ 21 da Liga portuguesa. Sem data à vista para o regresso dos adeptos às bancadas, e com fortes possibilidades do calendário sofrer progressivas afinações com jogos adiados pela Direcção-Geral de Saúde e jogadores com testes positivos, antevê-se um campeonato (ainda mais) imprevisível, em que terão o seu peso factores externos e inevitáveis como a evolução da pandemia de Covid-19 a nível nacional e mundial, mas também o profissionalismo dos atletas e a disciplina incutida pelos treinadores.
    No final de 2020/ 21, que oxalá aconteça mesmo a 19 de Maio não havendo paragens forçadas e confinamentos até lá, serão, ao contrário dos últimos anos, 3 os clubes a garantir presença na Champions: dois com acesso directo à fase de grupos, e o 3.º classificado a garantir presença nas rondas de qualificação. Acresce assim de importância a presença no pódio. Também no fundo da tabela a situação será diferente - descem duas equipas, mas o antepenúltimo (16.º classificado) terá que disputar um Play-Off com o 3.º da LigaPro.
    Em 20/ 21, Sérgio Conceição tenta garantir o 3.º título em 4 anos de FC Porto, e no Benfica há Novo Testamento com Jorge Jesus de regresso, acompanhado por um forte investimento. É com entusiasmo que iremos acompanhar a primeira época completa de Rúben Amorim ao comando do Sporting, bem como a nova vida de Carlos Carvalhal, hoje muito mais cotado, na sua cidade natal de Braga. A nível de treinadores, e se por exemplo na Premier League as 20 equipas mantiveram todos os seus técnicos na viragem de 19/ 20 para 20/ 21, por cá são 9 as equipas que têm novo homem do leme: Benfica, Sporting de Braga, Vit. Guimarães, Rio Ave, Boavista, Santa Clara, Tondela, Gil Vicente e Marítimo.
    Num defeso que só encerra dia 5 de Outubro, e que viveu obcecado durante demasiado tempo com a novela Cavani, o futebol português despediu-se de jogadores como Francisco Trincão, Fábio Silva, Vítor Ferreira, Acuña e Pêpê, mas viu o nível subir com o ingresso dos reforços encarnados Éverton Cebolinha, Vertonghen, Walldschmidt e Darwin Núñez, sem esquecer o regresso a Portugal de Nico Gaitán, Ricardo Quaresma e Javi García, e as interessantes transferências internas de Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Taremi, Zaidu ou Pepelu.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências e a todas as potenciais implicações da Covid-19, crentes que tudo correrá bem e que, em campo, poderemos ter um dos melhores campeonatos dos últimos anos em perspectiva:


 BENFICA (1)

   Por tudo, o Benfica está simplesmente obrigado a vencer a Liga 2020/ 21, uma edição que acreditamos que terá equipas "pequenas" mais fortes, capazes de fazer o ponto custar bem mais caro do que o habitual. Depois do desaire de 19/ 20, o desespero de Luís Filipe Vieira levou-o a invocar um Novo Testamento com Jorge Jesus (treinador português mais cotado na actualidade depois do seu impressionante trabalho no Flamengo), não se coibindo de gastar 80 milhões em reforços que entusiasmaram os adeptos. O Benfica quer "jogar o triplo" e "arrasar", mas arrasada ficou a nação benfiquista ao assistir à eliminação mais-do-que-precoce no acesso à Liga dos Campeões. No 1.º jogo oficial da equipa, os encarnados hipotecaram logo um dos objectivos traçados, sendo natural que até 5 de Outubro a derrota com o PAOK tenha como consequências o não-ingresso de alvos desejados e/ ou a venda de activos com mercado.
    Em ano de eleições presidenciais, o clube da Luz é aquele que enfrenta maior pressão, e o favoritismo fica reforçado se, em valores do Transfermarkt, constatarmos que o plantel das águias vale 383 milhões, mais 90 milhões do que o do Porto.
    Em busca do 38, Jesus recebeu 7 jogadores: Darwin Núñez, Éverton Cebolinha, Pedrinho, Luca Waldschmidt, Gilberto, Jan Vertonghen e Hélton Leite. Com a baliza muito bem entregue (Odysseas foi o melhor guarda-redes da Liga em 19/ 20), na defesa uma dupla Rúben Dias-Vertonghen entusiasmará qualquer adepto, sendo porém difícil perceber como é que o clube da Luz não procurou melhorar (a sério) a lateral-direita nem contratou até agora um bom 3.º central. Weigl, Taarabt (tem lacunas no comportamento sem bola, mais evidentes por ter Weigl perto de si e não Florentino, mas pode ter um papel importante a cumprir) e Florentino (se ficar) são tudo jogadores para triplicarem com JJ, embora de facto pareça faltar um 8 completo; e no ataque Everton e Darwin são os elementos dos quais esperamos mais. Num plantel de luxo para a nossa realidade, com vários jogadores muito abaixo do seu potencial neste momento, Pedrinho (está a surpreender), Rafa e Diogo Gonçalves (será ele um novo Coentrão de Jesus, mas à direita?) são nomes a ter em conta, sem esquecer que Pizzi (adivinhámos no nosso Facebook que com Jesus só teria hipóteses a segundo avançado) começará a época a titular, e Luca Waldschmidt pode partir a loiça toda quando totalmente ambientado.
    Relegados para a Liga Europa, obrigados a recuperar o 1.º posto, os encarnados deixaram cair a política made in Seixal (independentemente da idade, Florentino, Gonçalo Ramos e Nuno Tavares teriam connosco lugar neste Benfica) e podem mudar de presidente em 2020/ 21.

Treinador: Jorge Jesus
Onze-Base (4-4-2): Vlachodimos; A. Almeida, Rúben Dias, Vertonghen, Grimaldo; Rafa, Weigl, Taarabt, Everton Cebolinha; Pizzi, Darwin

Atenção a: Everton Cebolinha, Darwin Núñez, Luca Waldschmidt, Jan Vertonghen, Pedrinho

 PORTO (2)

    Normalmente, o campeão em título parte sempre como favorito, mas ninguém no seu perfeito juízo dirá que o Porto tem maior obrigação de vencer este campeonato do que o Benfica. Depois de oferecer aos adeptos o 2.º campeonato nas suas 3 épocas como treinador do clube, Sérgio Conceição terá motivação extra ao saber que o grande rival ressuscitou Jesus, dando-lhe em vez de incenso, ouro e mirra um conjunto de reforços avaliados em 80 milhões (mais 68,5 do que a actual folha de despesas dos dragões). Os 16 jogadores mais utilizados por Conceição em 19/ 20 continuam todos no Dragão, podendo-se contar portanto com a identidade já enraizada: futebol dominante a nível físico, com elevados níveis de intensidade e versatilidade táctica, fazendo uso da supremacia nas bolas paradas.
    Em nome do fair-play financeiro o Porto voltou a abdicar de uma aposta sustentada na formação, deixando Fábio Silva e Vítor Ferreira rumar por muitos milhões ao Wolves, e dando a sensação que Tomás Esteves também poderá ser transaccionado neste defeso. Entre os jogadores que formam o núcleo forte de Sérgio Conceição, uma eventual saída de Soares não deve beliscar em nada as ambições portistas, mas se o clube precisar de vender Corona (Jogador do Ano em 19/ 20) e/ ou Alex Telles, o caso muda substancialmente de figura.
    Olhando para os 5 reforços oficiais, quatro são elementos já perfeitamente identificados com a realidade da Liga NOS: Cláudio Ramos há muito merecia o salto embora reforce as dúvidas sobre que gestão tem o Porto pensada para Diogo Costa, Carraça é uma contratação algo bizarra, Zaidu um jogador com muito potencial e Mehdi Taremi (18 golos pelo Rio Ave na última edição) chega para ser titular. A todos estes deve-se juntar em breve Toni Martínez, que com o avançado iraniano e Evanilson (o ex-Fluminense é o retrato perfeito do tipo de excelentes contratações que o Porto fazia há uns anos atrás) ajudarão a renovar uma dupla de ataque onde nem mesmo Marega é garantido que continue.
    Em suma, o Porto ainda parece ter alguns dossiers para resolver durante as próximas semanas, mas joga a favor deste plantel a mentalidade forte comprovada e o favoritismo que será forçosamente atribuído ao Benfica de forma externa e pela generalidade da imprensa desportiva.
    PS.: veremos se em Janeiro não assina Givanildo Vieira de Sousa aka Hulk.

Treinador: Sérgio Conceição
Onze-Base (4-4-2): Marchesín; Corona, Mbemba, Pepe, Alex Telles; Otávio, Danilo, Uribe (Sérgio Oliveira), Luis Díaz; Marega, Taremi (Evanilson)

Atenção a: Jesús Corona, Alex Telles, Mehdi Taremi, Luis Díaz, Evanilson

 BRAGA (3)

     2020 está a ser um ano muito estranho, todos sabemos, e estranho também foi como o Sporting de Braga conseguiu terminar em 3.º lugar um campeonato durante o qual teve 4 (!) treinadores. António Salvador quer repetir a proeza, tendo recrutado Carlos Carvalhal, muito valorizado na sua passagem pelo Rio Ave, porque o 3.º lugar desta vez... pode dar Liga dos Campeões.
    Estávamos à espera que o Minho perdesse Paulinho e Ricardo Horta, mas até à data ambos continuam, percebendo-se quão homogéneo ou nivelado é o plantel do Braga (talvez o principal factor que nos faz pender para os bracarenses na escolha do 3.º classificado) ao verificar que Francisco Trincão e João Palhinha foram as únicas saídas de relevo, entrando Nico Gaitán, Iuri Medeiros, Al Musrati, Castro e Guilherme Schettine.
    É sabido que Nico Gaitán irá falhar o primeiro mês de competição, mas mesmo sem o perfume do argentino, Carvalhal tem garantia de golos com Paulinho (se sair, o Braga terá que ir ao mercado uma vez que Abel Ruiz e Schettine estão muito longe do nível do português) e garantia de cumplicidade e total sintonia com os irmãos criativos André e Ricardo Horta. É possível que Carvalhal corrija o Braga a meio da época, moldando as peças para actuar num 4-2-3-1 se determinados jogadores (extremos como Iuri Medeiros e Galeno) dificultarem no bom sentido as ideias do treinador. Mas na casa de partida este Sporting de Braga deve surgir em 3-4-3 com Esgaio e Sequeira com superlativa importância, embora o nosso instinto nos diga que o jovem Francisco Moura pode conquistar o corredor esquerdo; se Nanú (Marítimo) assinar, a luta pela ala direita vai aquecer.
    Carvalhal sabe o que faz, André Horta ganhou nova vida com o técnico natural da cidade de Braga, e para nós se Paulinho e Ricardo Horta não saírem, e se Nico Gaitán for capaz de apresentar 70% daquilo que sabe, será muito difícil este Braga não garantir o pódio.

Treinador: Carlos Carvalhal
Onze-Base (3-4-3): Matheus; Bruno Viana, Raúl Silva, David Carmo; Esgaio, Al Musrati, Fransérgio, Sequeira (Francisco Moura); Ricardo Horta, André Horta (Nico Gaitán), Paulinho

Atenção a: Ricardo Horta, Paulinho, André Horta, Nico Gaitán, Francisco Moura

 SPORTING (4)

    Os passos dados em Alvalade têm sido no caminho certo. Não faz sentido um clube que não é campeão desde 2002 considerar-se um candidato ao título, sendo importante que os adeptos leoninos percebam que é natural que a luta pelo 1.º lugar seja (uma vez mais) entre Porto e Benfica, mas assumindo-se como crucial neste novo Sporting - pensado a longo-prazo e a recuperar o seu ADN com aposta firme na formação - o terceiro lugar no final da época.
    Em boa verdade, gostámos muito do percurso de Rúben Amorim até agora, e é notório o apoio que Varandas deu ao jovem técnico português, contratando o clube jogadores à medida do 3-4-3 em que o 3.º treinador mais caro da História do futebol acredita. Podemos estar redondamente equivocados, mas a maior estabilidade que o Braga vive, conjugada com um plantel em que a diferença entre primeiras e segundas escolhas é menor, faz-nos optar pela equipa de Carlos Carvalhal no encerrar do pódio.
    Neste Sporting, que precisa de tempo e nunca o tem, Adán parece ter chegado para ser titular. Na defesa pós-Mathieu (que falta fará ao nosso futebol um verdadeiro Senhor), Eduardo Quaresma e Coates devem ter agora Feddal como companheiro de sector, precisando este 3-4-3 de um elevado rendimento do reforço Pedro Porro e do diamante Nuno Mendes (se rebentar como prevemos, pode valer um avultado encaixe no próximo Verão). Um meio-campo nuclear com João Palhinha (fica?) e Wendel é forte, embora Amorim goste bastante de Matheus Nunes, e no ataque não é certa a continuidade de Jovane (fantástico rendimento pós-paragem) mas ficando, este Sporting passará muito pelo que ele e Pedro Gonçalves (apostamos que será a grande figura dos leões em 20/ 21) fizerem em campo. Se Jovane sair, Nuno Santos terá via aberta para a titularidade, e é bom pensar que o Sporting poderá ter jogadores como Vietto, Plata e Daniel Bragança para lançar, parecendo-nos no entanto que este plantel poderá ficar excessivamente dependente dos golos de Sporar, não sendo o esloveno uma garantia indiscutível - como precisaria de ser neste sistema - de 25 golos/ época.

Treinador: Rúben Amorim
Onze-Base (3-4-3): Adán; E. Quaresma, Coates, Feddal; Pedro Porro, João Palhinha (Matheus Nunes), Wendel, Nuno Mendes; Pedro Gonçalves, Jovane (Nuno Santos), Sporar

Atenção a: Pedro Gonçalves, Jovane Cabral, Nuno Mendes, Nuno Santos, Daniel Bragança

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Há já vários anos que tínhamos o feeling que Tiago Mendes daria um bom treinador e, embora simpatizemos com Rúben Amorim, Carlos Carvalhal ou Luís Freire, a nível pessoal não há treinador à partida que atraia maior empatia da nossa parte do que o novo timoneiro do Vitória. Aos 39 anos, Tiago estreia-se como treinador principal num clube onde os adeptos são muitíssimo exigentes, reunindo porém os ingredientes certos para resultar: como jogador sempre revelou elevada compreensão do jogo, passou por diferentes países (Portugal, Inglaterra, Itália, França e Espanha) e testemunhou os métodos de Mourinho, Ranieri ou Simeone, encontrando no argentino o seu mais significativo tutor.
    Depois de descobrir Tapsoba (vendido ao Bayer Leverkusen por 18 milhões) e Marcus Edwards, o scouting do Vitória está em altas, e Trmal, Mumin, Bisseck, Mensah, Carls, Lyle Foster e Noah Holm mostrarão em campo se a prospecção continua a respirar saúde.
    Antes do arranque do campeonato, é com muito interesse que aguardamos os trajectos de Vit. Guimarães, Famalicão e Boavista, três equipas que vão dificultar e muito a vida ao suposto Top-4. Na cidade-berço, arriscamos que o checo Trmal roubará a baliza a Bruno Varela com o decorrer da temporada, não fazendo a mínima ideia que 2 centrais Tiago prefere entre Jorge Fernandes, Mumin, Suliman e Bisseck; à direita Sílvio é alternativa a Sacko e à esquerda os dois reforços (Carls e Mensah) oferecem coisas diferentes. O meio-campo perdeu Pêpê e João Carlos Teixeira mas manteve Mikel Agu, Poha e André André, importando ainda mencionar o acréscimo de Pepelu e a promoção do francês Nicolas Janvier.
    Só parece faltar um super goleador a este Vitória - há Bruno Duarte e os jovens valores Foster (ex-Mónaco) e Holm (ex-Leipzig) - que surge neste 5.º lugar muito por culpa do potencial associado a apresentar Marcus Edwards na direita e Ricardo Quaresma na esquerda. Sendo certo que Rochinha (boa pré-época) ajudará a gerir a condição física do craque de 36 anos, Quaresma tem o ego certo para render rodeado de miúdos maravilha, e sobre Marcus Edwards (melhor jogador fora do Top-4), agora com a camisola 7, se realmente ficar é indiscutivelmente o maior reforço deste Vitória de Tiago.

Treinador: Tiago Mendes
Onze-Base (4-3-3): Trmal (Bruno Varela); Sacko, Mumin (Suliman), Jorge Fernandes (Bisseck), Carls; Mikel, Pepelu (Poha), André André (Janvier); Marcus Edwards, Ricardo Quaresma (Rochinha), Foster (Bruno Duarte)

Atenção a: Marcus Edwards, Ricardo Quaresma, Mikel Agu, Rochinha, Pepelu

 FAMALICÃO (6)

    Para aqueles que acham que o Famalicão foi uma equipa-cometa, virando sensação da época em 19/ 20 mas caindo logo depois, é provável que estejam errados. O projecto de Miguel Ribeiro está bem sustentado e, com João Pedro Sousa (nunca pensássemos que continuasse após extraordinário trabalho) a prosseguir no clube, é natural que vejamos os famalicenses novamente envolvidos pela luta entre o 5.º e o 8.º classificados.
    Assusta um pouco pensar que Rafael Defendi, Nehuen Pérez, Roderick, Centelles, Pedro Gonçalves, Uros Racic, Fábio Martins, Diogo Gonçalves e Toni Martínez (?) saíram todos, mas já se sabia que assim aconteceria dada a política generalizada de empréstimos em 19/ 20 e mediante a super-valorização de jogadores como Pedro Gonçalves, reforço do Sporting.
    JP Sousa tem portanto um desafio idêntico - construir uma máquina de bom futebol, com muita juventude embora vários reforços sejam agora em definitivo do Famalicão, para evitar nova revolução em 21/ 22. Com um plantel com uma média de idades de 22,62, o treinador deve confiar a Zlobin a titularidade, e na defesa embora Patrick William e Riccieli sejam caras conhecidas é natural que Srdan Babic (1,95m) conquiste a titularidade. As laterais são para Dani Morer e Verdonk, prometendo o primeiro, formado em La Masia, tornar-se um dos melhores na sua posição em Portugal.
    A permanência de Gustavo Assunção é certamente um sonho para o treinador, e Guga terá que fazer pela vida com as chegadas de Joaquín Pereyra e Bruno Jordão. Uma certeza é a titularidade de Andrija Lukovic, sérvio de 25 anos que vai deixar uma marca neste campeonato. Uns metros à frente, Rúben Lameiras é um dos sobreviventes, com Jhonata Robert e Valenzuela a serem os projectos mais interessantes nos extremos e passando a ser Anderson Silva, saindo Toni Martínez, o principal responsável por fazer balançar as redes contrárias.

Treinador: João Pedro Sousa
Onze-Base (4-3-3): Zlobin; Dani Morer, Patrick William, Babic (Riccieli), Verdonk; Gustavo Assunção, Guga (Pereyra, Bruno Jordão), Lukovic; Rúben Lameiras, Valenzuela (J. Robert), Anderson Silva

Atenção a: Andrija Lukovic, Gustavo Assunção, Dani Morer, Fernando Valenzuela, Srdan Babic

 BOAVISTA (7)

    Este é o principal rebranding do futebol português em 2020/ 21. Com Gérard Lopez (dono do Lille, ex-presidente da Lotus) a orbitar o presente e futuro do emblema do Bessa, o clube que se sagrou campeão nacional em 2000/ 01 está em vias de viver dias felizes ou, no mínimo, dias diferentes.
    Petit, Miguel Leal, Lito Vidigal e Daniel Ramos treinaram todos o Boavista no espaço dos últimos 8 anos, contribuindo para o acentuar de um ADN defensivo, assertivo, com futebol musculado mas pouca fantasia. Aos 37 anos, Vasco Seabra - um dos treinadores da moda em Portugal depois de um óptimo trabalho no Mafra - regressa ao primeiro escalão muito mais treinador e com um plantel como nunca antes teve nas suas mãos.
    Possível equipa-sensação desta Liga, os axadrezados contrataram bem, deixando patente uma revolução a nível de identidade no futebol do clube e notando-se que este é o início de um projecto feito para durar. Passar de Hélton Leite para Léo Jardim é ficar igual ou melhor, e na defesa o quarteto titular deve representar uma mudança radical em 100%, com o norte-americano Cannon a aparentar levar vantagem sobre Nathan, Rami (sem Pamela Anderson) e Chidozie a serem as primeiras opções ao centro, com o jovem mexicano Jesús Gómez à espreita, e podendo Ricardo Mangas dar sequência ao seu interessante crescimento, devendo o lateral-esquerdo desempenhar um papel fundamental neste Boavista se a equipa técnica de Vasco Seabra "importar" a ideia de jogo do Mafra.
     No tabuleiro de xadrez, Javi García (deixou o Benfica e o futebol português em 2012) e Show devem tornar-se os primeiros nomes na ficha de jogo para Vasco Seabra, e entusiasmará qualquer adepto a coexistência de Sauer (pé esquerdo refinado, deixando de ser uma ilha solitária de criatividade), Nuno Santos e Angel Gomes. À sua frente, preparem-se, porque o hondurenho Jorge Benguché é homem para levar tudo à frente.

Treinador: Vasco Seabra
Onze-Base (4-3-3): Léo Jardim; Cannon (Nathan), Rami, Chidozie (Gómez), Ricardo Mangas; Javi García, Show (Seba Pérez), Nuno Santos; Sauer, Angel Gomes, Benguché

Atenção: Jorge Benguché, Angel Gomes, Léo Jardim, Nuno Santos, Ricardo Mangas

 RIO AVE (8)

    Com Carlos Carvalhal, o Rio Ave encantou a Europa, surgindo o nome dos vilacondenses lado a lado com vários "tubarões" europeus como Bayern Munique, Barcelona, PSG ou Juventus ao nível da progressão vertical - metros de progressão vertical conseguidos por uma equipa através de passes certos.
    Vila do Conde teve nos últimos anos apostas de sucesso indiscutível como Carvalhal, Luís Castro, Pedro Martins e Nuno Espírito Santo, mas também falhou ao escolher Capucho ou Daniel Ramos, sendo Miguel Cardoso e José Gomes dois casos à parte (resultaram no clube, mas não singraram depois como parecia ser expectável).
    Aos 43 anos, o outrora lateral-esquerdo Mário Silva, técnico que conduziu os Sub-19 do Porto à conquista da UEFA Youth League, tem neste Rio Ave a sua primeira grande oportunidade, não tendo grande representatividade a sua passagem pelo Almería. Mas por maior qualidade que o novo treinador possa ter, parece-nos evidente que este Rio Ave está mais fraco - perdeu peças-chave como Taremi, Nuno Santos e Al Musrati, sendo até ver Francisco Geraldes o reforço mais interessante.
    Ainda vivos na Liga Europa, os vilacondenses entram em 20/ 21 essencialmente com a mesma defesa (a novidade é apenas Ivo Pinto) e no meio-campo o erudito Geraldes procura reencontrar-se junto de Filipe Augusto, Diego Lopes, Jambor e Tarantini (faz 37 anos em Outubro). Na frente, mesmo que Lucas Piazón e Carlos Mané dêem o salto, o Rio Ave está dependente de muitos "ses". Surgirá forte se Gelson Dala e André Pereira jogarem melhor que nunca, se Ryotaro Meshino se revelar um novo Nakajima, ou se Bruno Moreira/ Ronan David se fartarem de marcar golos.
    Dada a boa gestão do Rio Ave, a lógica diz que até 5 de Outubro ainda devem chegar a Vila do Conde uns 2 ou 3 jogadores capazes de nos fazer reconsiderar a posição do Rio Ave na tabela, mas nesta altura parte atrás de Vit. Guimarães e Famalicão (e mesmo do Boavista) na luta pela Europa.

Treinador: Mário Silva
Onze-Base (4-3-3): Kieszek; Ivo Pinto, Borevkovic, Aderlan Santos, Matheus Reis; Filipe Augusto, Francisco Geraldes, Diego Lopes; Lucas Piazón (Ryotaro Meshino), Carlos Mané, Bruno Moreira (Ronan)

Atenção a: Francisco Geraldes, Carlos Mané, Borevkovic, Matheus Reis, Lucas Piazón

 MOREIRENSE (9)

    Quando se perde algum tempo a olhar para os números, constata-se que o Moreirense parte para a sétima temporada consecutiva na Liga NOS, tendo cimentado uma posição de conforto nos dois últimos anos: 6.º lugar com Chiquinho e Ivo Vieira em 18/ 19 e oitavo em 19/ 20. Apontar a equipa de Moreira de Cónegos ao nono lugar não é desacreditar o fantástico trabalho de Ricardo Soares ou achar que a equipa surgirá pior. Pelo contrário, sentimos que o Moreirense será uma equipa terrível para qualquer adversário, com futebol cativante. Mas há 8 equipas que têm claramente obrigação de ficar nos oito primeiros lugares.
    A equipa dos manos Soares (Alex é o complemento perfeito para com a sua maturidade continuar a fazer Filipe, o mais talentoso, queimar etapas e crescer de jogo para jogo) continuará a ter dois destaques superlativos nas duas pontas do campo - Mateus Pasinato, embora com aspectos a limar, é um dos melhores guarda-redes em Portugal, e se Fábio Abreu marcou 15 golos na época passada, 20 será a nova meta do ponta de lança de 27 anos. 
    A repetição quase integral do onze base que nos convenceu na segunda volta da última época e a merecida possibilidade de Ricardo Soares consolidar ideias tendo desta vez uma pré-época são bons indicadores num clube em que Ferraresi (emprestado pelo Manchester City) e Pedro Amador (ex-Braga) procurarão ser verdadeiros reforços, surgindo como nossa principal dúvida quem será o titular entre Felipe Pires, Yan e Lucas Rodrigues. 

Treinador: Ricardo Soares
Onze-Base (4-1-4-1): Mateus Pasinato; D'Alberto, Rosic, Ferraresi, Pedro Amador; Fábio Pacheco; Pedro Nuno, Alex Soares, Filipe Soares, Felipe Pires (Yan); Fábio Abreu

Atenção a: Fábio Abreu, Filipe Soares, Mateus Pasinato, Ferraresi, Pedro Nuno

 SANTA CLARA (10)

    Na transição de 2019/ 20 para 2020/ 21 um dos maiores mistérios no futebol português foi a não-valorização de Ivo Vieira e João Henriques, que deixaram respectivamente Vit. Guimarães e Santa Clara mas não foram "pescados" por nenhum clube português. O ex-Vitória rumou à Arábia Saudita, mas João Henriques - adivinha-se que não se terão aberto para ele as portas que esperava como um Rio Ave, Braga, Famalicão ou Vit. Guimarães - está sem clube, apresentando-se assim como um dos técnicos na pole position para assumir um dos clubes da Liga NOS que despeça primeiro em 2020/ 21.
    Com um 10.º e um 9.º lugares nas últimas duas épocas, temporadas de recordes para o emblema dos Açores, é muito difícil que o Santa Clara faça melhor com Daniel Ramos. Com a sua cotação menos luminosa do que há uns 2 ou 3 anos atrás, Daniel Ramos foi a escolha de uma direcção que não esqueceu a sua fugaz mas feliz passagem pelo comando técnico em 2016/ 17, quando Ramos venceu 7 dos 8 jogos (na Segunda Liga) em que orientou os açorianos, rumando depois ao Marítimo.
    Regra geral, quando é relativamente fácil prever qual será o 11 base de uma equipa do meio da tabela é bom sinal. E não há muito que enganar para Daniel Ramos - o guarda-redes Marco, especialista em defender grandes penalidades, é uma das figuras da equipa, Rafael Ramos é um lateral que apreciamos bastante, João Afonso e Fábio Cardoso formam uma boa dupla, embora seja difícil perceber como é que o ex-Benfica não foi contratado por ninguém, e sem a locomotiva Zaidu (reforço do Porto) será ou João Lucas ou Mansur a completar a defesa. Não há como pôr Anderson Carvalho, Rashid e Costinha no banco, e acreditamos que este Santa Clara surgirá tanto mais forte quanto maior for a capacidade de aparecer de Carlos Júnior e Lincoln. Entre eles, Thiago Santana ou Crysan.

Treinador: Daniel Ramos
Onze-Base (4-3-3): Marco; Rafael Ramos, João Afonso, Fábio Cardoso, João Lucas (Mansur); Anderson Carvalho, Costinha, Rashid; Lincoln, Carlos Jr., Crysan (Thiago Santana, Viera)

Atenção a: Carlos Júnior, Lincoln, Rashid, Fábio Cardoso, Rafael Ramos

 PAÇOS FERREIRA (11)

    O raciocínio que se aplica ao Moreirense aplica-se também a este Paços de Ferreira, outro exemplo de uma equipa que cresceu muito na 2.ª volta do último campeonato, edificando uma base que deixa antever boas sensações em 2020/ 21. Longe de ter a imprensa de outros treinadores com menos obra, Pepa tem trilhado um caminho bastante positivo. Na Mata Real, um mercado de Janeiro com afinações cirúrgicas e uma aposta total no futebol ofensivo chegaram para garantir uma suada manutenção quando várias rondas antes os castores pareciam condenados.
    Este ano, a manutenção é o objectivo mínimo mas há jogadores para mais do que isso. Nesta fase, apenas uma eventual saída do goleador Douglas Tanque (insubstituível) pode fazer mossa na estratégia de Pepa, entusiasmando pensar que o Paços se poderá dar ao "luxo" de ter no banco jogadores como Hélder Ferreira, Castanheira, Matchoi Djaló, Luiz Carlos, Martin Calderón ou Fernando Fonseca.
    Em relação à temporada anterior, uma das grandes diferenças faz-se logo sentir na baliza - Ricardo Ribeiro abandonou a Capital do Móvel e Jordi (ex-Vasco da Gama) deve ser o novo número 1. Na defesa, embora haja Marco Baixinho, o Paços fechou a época com a dupla Marcelo-Maracás, e se à direita promete haver disputa entre Jorge Silva e Fernando Fonseca, à esquerda Oleg é dono e senhor do lugar. Quem tem Diaby e Eustáquio tem pujança e classe, e de acordo com a gestão que Pepa fizer de Bruno Costa (o mais forte candidato a tentar fazer esquecer o capitão Pedrinho), logo veremos se este Paços assume mais um 4-3-3 ou um 4-2-3-1.
    Para alimentar Tanque, Pepa já tinha opções muito válidas como João Amaral, Hélder Ferreira e Castanheira, além claro está de Matchoi Djaló (17 anos), mas o empréstimo de Luther Singh passa a dotar o Paços de um jogador muito forte no drible e em situações de 1 para 1.

Treinador: Pepa
Onze-Base (4-3-3): Jordi; Jorge Silva, Marcelo, Maracás, Oleg Reabciuk; Diaby, Eustáquio, Bruno Costa; João Amaral (Matchoi Djaló), Luther Singh (Hélder Ferreira, Castanheira), Douglas Tanque

Atenção a: Douglas Tanque, Bruno Costa, Stephen Eustáquio, João Amaral, Jordi

 MARÍTIMO (12)

    O angolano José Carlos Fernandes Vidigal, mais conhecido como Lito Vidigal, é um resultadista. E é simultaneamente capaz de ser o melhor dos piores treinadores dos últimos anos no futebol português, ou então o pior dos melhores. A razão é simples: Lito cumpre sempre por onde passa, abandonando vários projectos em litígio mas deixando obra feita (Belenenses, Arouca, Boavista ou Vit. Setúbal são disso exemplo). Mas na melhor versão de todas as suas equipas fica sempre evidenciado o anti-jogo, a muralha defensiva de quem joga para o ponto, acumulando empates por 0-0 e 1-1 e vitórias custosas de 1-0. No Marítimo, Lito Vidigal encontrará uma equipa que nos tempos de Daniel Ramos era muito competente a nível defensivo e letal através de rápidas transições ofensivas.
    No papel, o casamento parece perfeito, bastando pensar nas garantias que um quarteto defensivo Nanú, Zainadine, René e Fábio China dão para Lito construir o seu futebol em cima dessa base. Embora o treinador de 51 anos prefira normalmente um 4-3-3 estanque e que arrisque pouco, é tentadora a possibilidade de conciliar Rodrigo Pinho (está no ponto para marcar uns 15 golos pela primeira vez na carreira) e Joel Tagueu. Se assim for, aos intocáveis Correa e Bambock deverão juntar-se na linha de meio-campo Edgar Costa e Rafik Guitane, emprestado pelo Rennes e uma das mais surpreendentes aquisições deste defeso em Portugal. Caso Lito não abdique do 4-3-3 ou caso a cabeça de Guitane não corresponda aos pés, é natural que elementos como Jean Cléber ou Pelágio tenham maior preponderância.
    É bastante provável que o Marítimo realize um campeonato muito certinho, havendo poucas equipas que se possam gabar de ter um trio de guarda-redes tão forte (não fazemos ideia quem será o titular entre Caio Secco, Amir e Charles), e sendo impossível não referir o peso que pode ter uma eventual saída de Nanú para o Braga, surgindo nesse cenário Cláudio Winck como seu sucessor.

Treinador: Lito Vidigal
Onze-Base (4-4-2): Caio Secco; Nanú (Cláudio Winck), Zainadine, René, Fábio China; Correa, Bambock, Rafik Guitane (Jean Cléber), Edgar Costa; Rodrigo Pinho, Joel Tagueu (Alipour)

Atenção a: Rodrigo Pinho, Nanú, Rafik Guitane, Zainadine, Correa

 PORTIMONENSE (13)

    A presença do Portimonense nesta Liga NOS 2020/ 21 deve-se ao incumprimento do Vit. Setúbal, desclassificado das competições profissionais em conjunto com o despromovido-em-toda-a-linha Desportivo das Aves. Esta será a 4.ª época consecutiva dos alvinegros na primeira divisão mas depois de um muito interessante 10.º lugar em 2016/ 17, a equipa tem sido um exemplo de desperdício de matéria-prima, num trajecto culminado num 17.º posto que, em condições normais, teria atirado a equipa de Paulo Sérgio para o segundo escalão.
    Das equipas do 10.º para baixo, o Portimonense é provavelmente quem tem jogadores mais tecnicistas, sendo certo que foi em parte um injusto castigo para Paulo Sérgio ter "descido" quando a equipa melhorou bastante com ele em relação ao que apresentara com Folha. Desta vez, além de manter Bruno Tabata (tem tudo para explodir esta temporada), Lucas Fernandes, Dener ou Aylton Boa Morte, o Portimonense reforçou-se ainda com vários jogadores do Aves, com destaque para o versátil Welinton Jr., importando dos japoneses do Urawa Reds o pacote conjunto Fabrício (falso 9) e Maurício (central).
    Posto isto, e agora sem Jackson Martínez preso por arames em campo, Paulo Sérgio tem alguns bons dilemas pela frente: quem tem Jadson (o capitão de equipa é possivelmente agora o pior central do plantel), Maurício, Willyan, Lucas Possignolo e Lucas Tagliapietra pode muito bem jogar com 3 centrais e sabe-se que será uma força nas bolas paradas ofensivas e defensivas, e se o meio-campo parece ser de Pedro Sá, Dener e Lucas Fernandes, já no ataque há em teoria 4 homens (Bruno Tabata, Boa Morte, Welinton Júnior e Fabrício) para apenas 3 lugares.
    Tudo o que seja uma classificação final abaixo deste 13.º lugar que prevemos será uma época falhada.

Treinador: Paulo Sérgio
Onze-Base (4-3-3): Gonda; Anzai, Maurício, Willyan (Jadson, Lucas), Hackman (Fali Candé); Pedro Sá, Dener, Lucas Fernandes; Bruno Tabata, Aylton Boa Morte (Welinton Júnior), Fabrício

Atenção a: Bruno Tabata. Fabrício, Lucas Fernandes, Aylton Boa Morte, Dener

 NACIONAL DA MADEIRA (14)

    Em busca da estabilidade que tem faltado (os insulares têm alternado entre descidas e subidas desde 2016), os adeptos do Nacional da Madeira podem respirar de alívio. Primeiro, é bem possível que a Direcção-Geral de Saúde adie mais jogos do que o nevoeiro da Choupana; e segundo, Luís Freire é um treinador especial. O mais jovem (34 anos) técnico em competição é um nome cada vez mais respeitado nos meandros do futebol português, e querido para os adeptos do Ericeirense, Pêro Pinheiro e Mafra. Em 8 épocas como treinador principal, Luís Freire conseguiu 6 subidas.
    Com um treinador apaixonado pela modalidade, o Nacional ("campeão" da LigaPro 19/ 20 ao ocupar a primeira posição quando a prova foi cancelada, sem retoma posterior, à jornada 24) aposta sobretudo na consolidação do grupo, com o acrescento dos reforços improváveis Koziello e Thill.
    Daniel Guimarães, Kalindi, Júlio César e Rui Correia transitam todos do ano passado, oferecendo garantias e significando na defesa boa comunicação e entendimento mútuo, causando alguma curiosidade a competição entre Witi e João Vigário pela lateral-esquerda. Ao meio, Freire tem Nuno Borges, Alhassan, o reforço tunisino Azouni, o novo camisola 10 Koziello, o veterano Rúben Micael e Thill, promessa do Luxemburgo, para 3 lugares; o trio da frente deve preservar o sempre fiável João Camacho, Brayan Riascos (o colombiano foi provavelmente o grande destaque individual do Nacional em 19/ 20) e o hondurenho Róchez, embora estejamos à espera que o ponta de lança Bobál comprove o bom scouting do clube nesta janela.

Treinador: Luís Freire
Onze-Base (4-3-3): Daniel Guimarães; Kalindi, Júlio César, Rui Correia, Witi (João Vigário); Nuno Borges (Alhassan), Koziello, Rúben Micael (Thill); Riascos, João Camacho, Bobál (Róchez)

Atenção a: Vincent Koziello, Brayan Riascos, Kalindi, Gergely Bobál, Rui Correia

 GIL VICENTE (15)

    Somos sinceros: Rui Almeida é o treinador que conhecemos pior entre os 18 desta edição. Com uma carreira como técnico principal toda ela feita em França, o técnico de 50 anos enfrenta a auspiciosa tarefa de suceder a Vítor Oliveira (lenda viva dos bancos portugueses, que depois de uma catadupa de subidas conseguiu colocar em 10.º uma equipa que acabara de subir dois escalões de uma vez por força da resolução do "Caso Mateus"). Julgamos que a equipa de Barcelos ficará abaixo da temporada passada, mas deve ser capaz de se salvar in extremis.
    Entre o 4-3-3 deixado por Vítor Oliveira e o 5-3-2 com que Rui Almeida esquematizou as suas recentes equipas, o Gil Vicente tem vários pontos de interrogação, embora seja mais fácil para os adversários preparem-se para este Gil, com vários jogadores da época passada, do que no arranque do campeonato anterior, quando Vítor Oliveira estava a reunir um conjunto de quase completos desconhecidos. Assim, Denis tem sido titularíssimo embora tenha agora Daniel Fuzato como ameaça, e na defesa deverá haver sempre espaço para Joel Pereira, Rodrigão (excelente final de época em 19/ 20), Rúben Fernandes e Henrique Gomes (Talocha chegou mas Henrique mostrou enorme segurança na última época), faltando perceber se Ygor Nogueira completa o trio de centrais ou se o Gil terá mais homens no meio-campo. No centro do jogo, é difícil imaginar uma versão desta equipa sem Claude Gonçalves e João Afonso, podendo com eles Leandrinho (muita qualidade técnica, perturbada por um histórico de recorrentes lesões) ter espaço para herdar o papel criativo de Rúben Ribeiro. Não sabemos o que vale o nipónico Fujimoto, mas sabemos que Lourency, Lino e Leautey terão que gladiar por uma ou duas vagas, surgindo agora o ex-Wolves Hanne e Miullen como concorrência de Hugo Vieira num ataque que sentirá claramente a falta de Sandro Lima.

Treinador: Rui Almeida
Onze-Base (5-3-2): Denis (Daniel Fuzato); Joel Pereira, Rodrigão, Rúben Fernandes, Y. Nogueira, Henrique Gomes; Claude Gonçalves, João Afonso, Leandrinho; Lourency (Leautey, Lino), Hugo Vieira (Miullen, Hanne)

Atenção a: Leandrinho, Henrique Gomes, Hugo Vieira, Lino, Rodrigão

 BELENENSES SAD (16)

    É a quarta lei de Newton, criada em exclusivo para o futebol português: Petit não vai ao fundo. Com um plantel frágil e inferior à temporada anterior (em que o Belenenses SAD fechou a época a apenas 2 pontos de distância do 17.º classificado), apontamos a equipa do antigo trinco do Benfica e Boavista ao 16.º lugar, acreditando que a terceira equipa de Lisboa poderá adiar para o Play-Off diante do 3.º da LigaPro a decisão da manutenção. Mas atenção, se Petit abandonar o barco no decorrer da competição, as odds para a descida crescerão.
    O nosso raciocínio é este: o Belenenses SAD tinha um plantel com evidentes lacunas em 19/ 20, espremido ao máximo por Petit, e ainda viu saírem Licá, André Santos, Show, Nuno Coelho e Marco Matias. Petit teria muito a ganhar em receber até 5 de Outubro alguns excedentários dos "grandes", mas com o plantel actual prevemos bastante sofrimento e enormes responsabilidades para Silvestre Varela, que voltará a ter que fazer a diferença em conjunto com o seu sobrinho, Nilton Varela (19 anos).
    O rendimento de André Moreira é sempre uma incógnita entre os postes, e caso Petit aposte no 3-4-3 e não regresse a um 4-3-3 o jovem valor Tomás Ribeiro e o subvalorizado Gonçalo Silva acabarão por formar a primeira linha com o internacional brasileiro Henrique, uma das novidades. À largura dada novamente por Tiago Esgaio e pelo Varela mais novo devem juntar-se ao centro na casa das máquinas os operários Phete e Bruno Ramires com o gigante, reforço proveniente do Feirense, a poder tornar-se peça-chave na solidez da equipa ao agregar tudo. Sem Licá mas com Silvestre Varela, o clube confia que Cassierra se solte e valha muitos golos, parecendo ser nesta altura Miguel Cardoso o mais forte candidato a completar o tridente ofensivo.

Treinador: Petit
Onze-Base (3-4-3): André Moreira; Tomás Ribeiro, Gonçalo Silva, Henrique; Tiago Esgaio, Phete, Bruno Ramires, Nilton Varela; Silvestre Varela, Miguel Cardoso (Robinho), Cassierra

Atenção a: Silvestre Varela, Nilton Varela, Cassierra, Bruno Ramires, Tomás Ribeiro

 FARENSE (17)

    Dezoito anos depois, o Farense está de volta ao primeiro escalão do futebol nacional. Em 2001/ 02, última vez que os leões de Faro estiveram entre os grandes, figuravam no plantel nomes como o mítico Hassan e um jovem de 20 anos chamado Bruno Alves. Com a crise e a instabilidade financeira no passado, carregado de nostalgia e 6 divisões depois, o Farense chega à Liga NOS num ano bem atípico, garantindo a sua promoção por estar em 2.º quando a LigaPro foi cancelada à 24.ª jornada.
    O objectivo da manutenção parece difícil de cumprir, mantendo o emblema algarvio Sérgio Vieira (treinador com percurso a solo iniciado no Brasil, tendo desiludido em Moreira de Cónegos mas mostrado serviço em duas ocasiões na II Liga com Famalicão e Farense) no comando técnico, e preservando ainda aquele que foi eleito o Melhor Jogador da LigaPro em 2019/ 20, o pequeno escocês Ryan Gauld (atenção àquela cláusula de rescisão de 4 milhões de euros), que aos 24 anos poderá finalmente mostrar-se na 1.ª Liga portuguesa, adivinhando-se que será ele a carregar a equipa.
    Com Rafael Defendi (ex-Famalicão) na baliza, nas laterais haverá competição de Bandarra e Fábio Nunes com os reforços Alex Pinto e Abner, outrora uma promessa do Real Madrid. Ao centro, César junta-se a Cássio. Ao longo de 20/ 21 iremos perceber em que jogos Sérgio Vieira privilegia o 4-3-3 e em quais vinca um 4-2-3-1 com duplo pivot bem marcado, sendo decisiva para esta dicotomia a função de Ryan Gauld, ora nas costas do avançado, ora descaído para a faixa. Com Cláudio Falcão a juntar-se aos homens da casa Fabrício (joga muito!), Jonatan Lucca e Filipe Melo, o Farense tem garantida a intensidade e combatividade necessárias, fundamentais para libertar não só Gauld mas também o reforço Mansilla (revelou boa técnica mas pouca assertividade no último terço na sua passagem por Setúbal) e o homem-golo de serviço, com a titularidade a 9 a ser disputada entre Stojilikovic e Pedro Henrique.

Treinador: Sérgio Vieira
Onze-Base (4-3-3): Rafael Defendi; Alex Pinto, César, Cássio Scheid, Fábio Nunes (Abner); Cláudio Falcão (Filipe Melo), Jonatan Lucca, Fabrício; Ryan Gauld, Mansilla, Pedro Henrique (Stojilikovic)

Atenção a: Ryan Gauld, Fabrício, Pedro Henrique, Rafael Defendi, Fábio Nunes

 TONDELA (18)

    Entre 18 equipas, o Tondela é o único clube da Liga NOS com um treinador que não fala português. O clube da Beira Alta já não tem Natxo González, mas continuará a ouvir-se castelhano no banco de suplentes com Pako Ayestarán (preparador físico do Benfica em 2008/ 09 quando Quique Flores orientava os encarnados) a ser o escolhido pela Direcção.
    Embora o Tondela se venha aguentando desde 2015, quando deu por terminada a sua progressiva escalada de divisões, olhamos para esta temporada com alguma desconfiança. Não será surpreendente se Pako Ayestarán for um dos primeiros treinadores demitidos desta edição, e tem inequívoco peso neste plantel a saída do guardião Cláudio Ramos, grande figura da equipa nos últimos anos, para o campeão nacional.
    Embora tenha cabido a Niasse a missão de substituir o guarda-redes com nome de apresentador televisivo nas derradeiras jornadas de 19/ 20, acreditamos que a baliza será de Pedro Trigueira. Na defesa, Bebeto e o argelino Khacef são as principais novidades; e no meio-campo, órfão do promissor Pepelu (rumou a Guimarães), terá que ser João Pedro a comandar com consistência elementos mais jovens como Jaquité, Jaume Grau e Pedro Augusto.
    Entre tantas coisas que nos deixam de pé atrás, a aquisição de Salvador Agra é a grande notícia pela positiva, prometendo o pequeno velocista virar referência num ataque em que urge que Rafael Barbosa tenha a sua época de afirmação e em que Rúben Fonseca (20 anos) pode tornar-se uma das revelações do campeonato, caso dê sequência aos seus desempenhos como júnior, encostando o croata Tomi.

Treinador: Pako Ayestarán
Onze-Base (4-3-3): Pedro Trigueira; Bebeto, Yohan Tavares, Ricardo Alves, Filipe Ferreira; Jaquité, João Pedro, Jaume Grau; Salvador Agra, Murillo (Rafael Barbosa), Rúben Fonseca (Tomi)

Atenção a: Salvador Agra, Rúben Fonseca, João Pedro, Pedro Trigueira, Rafael Barbosa



por Miguel Pontares e Tiago Moreira

0 comentários:

Enviar um comentário