8 de junho de 2014

Mundial 2014: Previsão Grupo E

Foi dia 6 de Junho que o Grupo E ficou mais pobre. Já confirmadas as lesões de Valdés, Thiago Alcântara, Shirokov, Walcott, Strootman e Falcao (os 2 últimos as com maior peso até então) o mundo ficou a saber que Franck Ribéry, aos 31 anos iria falhar aquele que podia ser o seu último Mundial, pelo menos na plenitude das suas características. Com esta baixa significativa, e considerando que Nasri não existe para Deschamps, automaticamente o grupo ficou ainda mais renhido. As Honduras serão à partida um turista com bilhete pago para mostrar a melhor cara em cada jogo e tentar que a sua dupla de ataque (Costly e Bengtson) consigam marcar. Assim, num universo à parte será uma luta a 3 entre França, Suiça e Equador. Mesmo sabendo que o Equador atirou o Uruguai para o play-off de acesso, e mesmo não havendo Ribéry, consideramos que os 2 primeiros lugares ficarão entregues a França e Suiça, mas com o Equador a tentar intrometer-se nas contas.
    Esta França é uma equipa em transição, em formação, a ultrapassar os traumas (vividos em campo e fora dele) das últimas grandes competições, mas com muito potencial. A federação francesa e Deschamps certamente terão como objectivo para este Mundial conseguir o 1.º lugar do grupo e, por via disso, tentar chegar aos quartos da competição. Não é impossível, sem o 3.º melhor jogador do mundo em 2013 ficou certamente mais difícil, e para o sucesso gaulês será decisiva a forma como a tríade de meio-campo Pogba, Cabaye e Matuidi irá segurar e potenciar o jogo francês. A França quer ter neste Mundial 2014 uma preparação para se apresentar no Euro 2016 - jogado em solo francês - como uma das favoritas. Isso é garantido. O seu maior adversário, que dá pelo nome de Suiça, é uma das selecções que se quer afirmar como revelação da competição. Caso a Suiça consiga o primeiro lugar, não será estranho vê-la chegar aos quartos, e isso seria o suficiente para encaixar no estatuto de outsider ou underdog da competição. As Honduras, selecção mais frágil do grupo, serão o adversário da França no primeiro jogo (pode ser bom para os franceses ficarem mais seguros e confiantes com 3 pontos de início), e o adversário final da Suiça (caso os suiços precisem desse último jogo, sabem que partirão como favoritos no embate final).
    No nosso entender, o grande teste da Suiça será logo a abrir frente ao Equador. Caso os suiços vençam, aumentarão os seus índices - de uma das melhores gerações de que há memória no futebol helvético - e o duelo Suiça-França será colossal, de titãs. É à tangente que damos ligeiro favoritismo à selecção francesa, embora não ficássemos surpreendidos com a Suiça a assegurar o 1.º posto e o Equador a revelar-se mais forte do que alguns esperam. A falta de Ribéry poderá não se fazer notar tanto na fase de grupos, mas na fase a eliminar terá maior representatividade.
    Chega então a altura de conhecer cada uma destas 4 selecções, como esperamos que se apresentem tacticamente e com que jogadores mais utilizados, e ainda os craques que imaginamos que serão imprescindíveis em cada país:

1. FRANÇA 

  • Guarda-Redes: Hugo Lloris (Tottenham), Stéphane Ruffier (Saint-Étienne), Mickaël Landreau (Bastia)
  • Defesas: Mathieu Debuchy (Newcastle), Bacary Sagna (Arsenal), Laurent Koscielny (Arsenal), Raphaël Varane (Real Madrid), Mamadou Sakho (Liverpool), Eliaquim Mangala (Porto), Patrice Evra (Manchester United), Lucas Digne (PSG)
  • Médios: Yohan Cabaye (PSG), Blaise Matuidi (PSG), Paul Pogba (Juventus), Moussa Sissoko (Newcastle), Rio Mavuba (Lille), Morgan Schneiderlin (Southampton), Rémy Cabella (Montpellier), Mathieu Valbuena (Marselha), Antoine Griezmann (Real Sociedad)
  • Avançados: Karim Benzema (Real Madrid), Olivier Giroud (Arsenal), Loïc Rémy (Newcastle)
Seleccionador: Didier Deschamps
Baixa: Franck Ribéry; Ausências: Samir Nasri, Layvin Kurzawa

Equipa-Base (4-3-3): Lloris; Debuchy, Varane (Sakho), Koscielny, Evra; Matuidi, Cabaye, Pogba; Valbuena, Griezmann, Benzema
    Relativamente ao modelo de jogo, diríamos há alguns dias que só um cataclismo poderia fazer Deschamps mudar de ideias. A verdade é que esse cataclismo aconteceu e Ribéry viu-se afastado por lesão deste Mundial. A lesão do extremo significará à partida a entrada directa de Griezmann para o seu lugar. Deschamps poderia sentir-se tentado a recorrer a Giroud ou Rémy ao lado de Benzema, mas nunca iria abdicar do seu trio de meio-campo. Assim, a única alternativa viável será em vez de Griezmann começar Rémy de início mas encostado a uma faixa. Falando no 11, Lloris procurará garantir que nenhum golo entra na sua baliza, sendo que Debuchy, Varane, Koscielny e Evra poderão formar o quarteto defensivo. Dizemos "poderão" porque Sakho poderá muito bem encostar um dos centrais, sendo que Mangala parece nesta altura ser o 4.º central para Deschamps. No meio-campo reside a força nuclear desta França - Pogba, Matuidi e Cabaye vão traçar o destino desta França. Nas asas, Griezmann e Valbuena deverão ser as escolhas, com Karim Benzema como avançado centro. 

Destaques Individuais (Previsão):


    Caso a França fique em 1.º lugar como apostamos, poderão vê-la chegar até aos quartos certamente. Com Ribéry arriscaríamos mais longe que isso, mas sem o melhor jogador francês a França poderá vacilar frente a adversários de elevado calibre. Sem o extremo do Bayern, o jovem Paul Pogba terá que emergir e transcender-se. É para nós um dos mais fortes candidatos a ser considerado universalmente com o melhor jogador jovem da competição. O médio da Juventus vai ter a ajuda de Yohan Cabaye e Blaise Matuidi, e os três poderão ser uma importante teia para alguns adversários. A estes craques acrescentamos ainda Laurent Koscielny - o central do Arsenal tem que ser titular neste Mundial (poderia acontecer Deschamps apostar em Varane-Sakho) e se o for dará sequência à melhor época da sua carreira. Karim Benzema, a sentir-se mais importante do que no Real Madrid, terá muitas oportunidades para fazer o gosto ao pé, combinando bem com os flanqueadores e colegas de meio-campo. A lesão de Ribéry fez com que Antoine Griezmann ganhasse à partida um lugar entre o 11 inicial francês e, depois de uma excelente época na Real Sociedad onde mostrou que está feito um grande finalizador, a sua juventude e irreverência poderão ser fundamentais. Por fim, apostamos ainda no impacto que Loïc Rémy poderá ter saído do banco. O avançado vinculado ao QPR, mas que na temporada que findou vestiu a camisola do Newcastle, vai ter mais minutos depois da lesão de Ribéry (será o 12.º ou 13.º jogador francês, e também um candidato ao lugar que à priori será de Griezmann).

2. SUIÇA 

  • Guarda-Redes: Diego Benaglio (Wolfsburgo), Yann Sommer (Gladbach), Roman Bürki (Friburgo)
  • Defesas: Stefan Lichtsteiner (Juventus), Fabian Schär (Basel), Steve von Bergen (Young Boys), Johan Djourou (Hamburgo), Michael Lang (Grasshoper), Philippe Senderos (Valência), Ricardo Rodríguez (Wolfsburgo), Reto Ziegler (Sassuolo)
  • Médios: Gökhan Inler (Nápoles), Valon Behrami (Nápoles), Blerim Dzemaili (Nápoles), Granit Xhaka (Gladbach), Gelson Fernandes (Friburgo), Tranquillo Barnetta (Eintracht Frankfurt), Valentin Stocker (Hertha Berlim), Xherdan Shaqiri (Bayern)
  • Avançados: Haris Seferovic (Real Sociedad), Josip Drmic (Leverkusen), Admir Mehmedi (Friburgo), Mario Gavranovic (Zurich)
Seleccionador: Ottmar Hitzfeld

Equipa-Base (4-3-3): Benaglio; Lichtsteiner, von Bergen, Schär, R. Rodríguez; Inler, Behrami, Xhaka; Shaqiri, Stocker, Drmic (Seferovic)
    Poderia acontecer vermos esta selecção em 3-5-2, com Lichtsteiner e Rodríguez bem abertos, mas o 4-3-3 deverá ser a fórmula de sucesso de Hitzfeld. Com um brilhante plantel ao seu dispor, as únicas dúvidas prendem-se com o colega de von Bergen no centro da defesa: Djourou jogou mais na qualificação, mas acreditamos que Schär merecerá a confiança, uma vez que é muito melhor. No meio-campo, Inler e Behrami são intocáveis e pode acontecer que tenham Dzemaili junto a eles - seria o trio do Nápoles em campo pela Suiça - mas Xhaka, pela forma diferente como lê o jogo, deve ser o escolhido e faz sentido que o seja. Na frente, Shaqiri vai estar num flanco e Stocker no outro. Relativamente ao ponta de lança, Hitzfeld terá que escolher entre Drmic (grande época no Nürnberg, a valer-lhe o ingresso no Leverkusen) ou Seferovic, que foi mais utilizado na fase de qualificação. Mehmedi poderá também ter a sua oportunidade num ou outro momento.

Destaques Individuais (Previsão):


    É uma das selecções com as quais mais simpatizamos e, se por acaso conseguisse ficar em 1.º lugar, teria possivelmente um caminho mais fácil até aos quartos do que outros outsiders mais falados como Bélgica ou Colômbia, que à partida irão emparelhar com selecções complicadas. Claro que, caso a Suiça fique em 2.º como é mais provável, deverá apanhar a Argentina nos oitavos. Mas enquanto durar em prova acreditamos que Xherdan Shaqiri vai brilhar. Caso Guardiola queira negociar Shaqiri fará bem em esperar pelo fim do Mundial porque Shaqiri vai-se valorizar e de que maneira. Na realidade, até deveria estar aqui o sucessor de Robben ou Ribéry, mas Guardiola é que sabe. Para além daquele que esperamos vir a ser o melhor jogador suiço na competição, Ricardo Rodríguez vai certamente entrar no topo das prioridades de muitos clubes. O lateral esquerdo do Wolfsburgo - claramente um dos melhores do mundo na sua posição em 2013/ 14, e um jogador que considerámos recentemente o 9.º alvo mais apetecível entre os 100 deste Verão - vai partir a loiça toda, proporcionar golos aos seus colegas e imprimir muita dinâmica, determinado e raçudo.
    Gökhan Inler será a garantia de total equilíbrio da selecção suiça. No embate com a França será muito interessante ver o confronto a nível de meio-campo, e o experiente Inler vai ser certamente a voz de comando desta Suiça ao longo da prova. Sobretudo caso Josip Drmic seja o eleito de Hitzfeld para homem-golo, as redes vão certamente balançar. Seferovic é também um jogador interessante, e por isso a escolha do seleccionador está facilitada. Entre tanto jogador jovem e com valor, acreditamos ainda que Granit Xhaka poderá ser o toque de classe no meio-campo helvético, que Fabian Schär (oxalá seja titular) poderá fazer um grande Mundial e que o tecnicista Valentin Stocker (que se transferiu recentemente para o Hertha Berlim), até por não ser um nome tão "badalado" como outros, pode fazer estragos à sua maneira. Par além de tudo isto, ainda será determinante Benaglio entre os postes e Lichtsteiner pela extraordinária intensidade, profundidade e velocidade que acrescenta ao jogo, surgindo muitas vezes junto à área adversária como lateral moderno que é.

3. EQUADOR 

  • Guarda-Redes: Alexander Domínguez (LDU Quito), Máximo Banguera (Barcelona SC), Adrián Bone (El Nacional)
  • Defesas: Juan Carlos Paredes (Barcelona SC), Gabriel Achilier (Emelec), Jorge Guagua (Emelec), Frickson Erazo (Flamengo), Oscar Bagüí (Emelec), Walter Ayoví (Pachuca)
  • Médios: Segundo Castillo (Al Hilal), Carlos Gruezo (Estugarda), Christian Noboa (Dínamo Moscovo), Renato Ibarra (Vitesse), Fidel Martínez (Club Tijuana), Luis Saritama (Barcelona SC), Édison Mendez (Santa Fé), Antonio Valencia (Manchester United), Jefferson Montero (Morelia), Michael Arroyo (Atlante), Joao Rojas (Cruz Azul)
  • Avançados: Felipe Caicedo (Al-Jazira), Enner Valencia (Pachuca), Jaime Ayoví (Club Tijuana)
Seleccionador: Reinaldo Rueda

Equipa-Base (4-4-2): Domínguez (Banguera); Paredes, Guagua, Erazo, W. Ayoví; A. Valencia, Noboa, Gruezo (Castillo), J. Montero; E. Valencia, Caicedo
    Depois do arrepiante choque com o mexicano Luis Montes, o centro-campista Segundo Castillo está ainda em dúvida mas manteve-se entre os 23 de Rueda. O Equador dificilmente se afastará de um 4-4-2 com Caicedo e Enner Valencia na frente, este último mais solto. Domínguez ou Banguera terão a baliza por sua conta, Juan Carlos Paredes e Walter Ayoví deverão ser os laterais e a voz da defesa serão Guagua e Erazo. Noboa, do Dínamo Moscovo, é uma garantia a meio-campo, e - caso Castillo não recupere - será Gruezo o seu companheiro, deixando a construção de jogo - maioritariamente a partir dos flancos - a cargo do capitão Antonio Valencia e de Jefferson Montero. 

Destaques Individuais (Previsão):


    Perante a força da França e da Suiça, e uma vez que as Honduras parecem não ter areia suficientemente para puxar o camião para outro caminho que não o da qualificação dessas 2 selecções, só o Equador pode escrever um destino diferente para este Grupo E. Por isto mesmo, identificámos 4 jogadores que achamos que poderão ser os maiores destaques do Equador neste Mundial. Enner Valencia é um jogador que temos debaixo de olho - pode fazer a diferença individualmente em qualquer jogo e tem tudo para se mostrar ao mundo nesta competição, talvez um pouco com o efeito-Chicharito em 2010. Nessa altura, no entanto, o Manchester United já se antecipara a toda a concorrência. Jefferson Montero nem sempre é um elemento fiável/ constante, mas poderá ser um jogador-chave. Tem pés para tal. Depois, o capitão Antonio Valencia vai tentar carregar a selecção às costas, mas talvez peque pelo facto de ser um jogador limitado tacticamente - é rapidíssimo, com uma mudança de velocidade terrível para os adversários, mas limita muito o seu jogo a arrancar pelo flanco e cruzar, a não ser quando se aventura numa diagonal e remata cruzado. Pedem-se golos a Felipe Caicedo - o ex-jogador do Sporting mostrou já bastante pelo seu país desde que saiu de Alvalade e por isso mesmo merece atenção, veremos se agita as redes. Pelo menos as hondurenhas.

4. HONDURAS 

  • Guarda-Redes: Noel Valladares (Olimpia), Donis Escober (Olimpia), Luis López (Real España)
  • Defesas: Maynor Figueroa (Hull City), Emilio Izaguirre (Celtic), Víctor Bernárdez (SJ Earthquakes), Brayan Beckeles (Olimpia), Juan Carlos García (Wigan), Osman Chávez (Quingdao), Juan Pablo Montes (Motagua)
  • Médios: Wilson Palacios (Stoke), Éder Delgado (Real España), Oscar García (Houston), Roger Espinoza (Wigan), Luis Garrido (Olimpia), Jorge Claros (Motagua), Andy Najar (Anderlecht), Mario Martínez (Real España)
  • Avançados: Jerry Bengtson (NE Revolution), Carlos Costly (G. Zhicheng), Rony Martínez (Real Sociedad), Jerry Palacios (Alajuelense), Marvin Chávez (Colorado Rapids)
Seleccionador: Luis Fernando Suárez

Equipa-Base (4-4-2): Valladares; Beckeles, Bernárdez, Figueroa, Izaguirre; García (Garrido), Palacios, Najar (Claros), Espinoza; Costly, Bengtson
    É chato quando uma selecção de menor dimensão tem 2 bons avançados. As Honduras contam com Bengtson e Costly e, fruto de estarem certamente entre os 5 melhores jogadores do país, deverão ser ambos titulares expondo provavelmente mais a equipa. Valladares será o guarda-redes, Beckeles o lateral direito, e na defesa jogarão ainda Bernárdez, Maynor Figueroa e Izaguirre. Figueroa no Hull joga a lateral mas na selecção surge no centro, por ser uma das suas 2 posições e por existir Izaguirre - lateral esquerdo do Celtic. O meio-campo terá Palacios e provavelmente Espinoza perto de um corredor, com Oscar García, Andy Najar, Jorge Claros e Luis Garrido a disputarem as restantes 2 vagas. Na frente, Bengtson e o experiente Carlos Costly. Há ainda Jerry Palacios e Marvin Chávez prontos a fazer valer a oportunidade.

Destaques Individuais (Previsão):


    1 ponto seria, na nossa leitura, uma boa performance das Honduras neste Mundial. A selecção comandada por Luis Fernando Suárez chega ao Brasil sem qualquer tipo de responsabilidades e por isso não terá certamente pressão acrescida. Caso consigam marcar, deverão ser Carlos Costly e Jerry Bengtson os responsáveis por fazer balançar as redes adversárias. Poderíamos dizer que Izaguirre se destacará mas preferimos considerar que Maynor Figueroa lutará como puder para que a sua pátria não sofra defensivamente. No entanto, prevemos que será um esforço inglório, tal como será também a tarefa de Wilson Palacios a tentar segurar um meio-campo que acabará muito provavelmente por ser engolido tanto por Pogba e companhia como por Inler e seus amigos.



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