18 de junho de 2014

Austrália 2-3 Holanda: A Laranja menos Mecânica e o Canguru que quase saltou até ao Sol

Austrália  2 - 3  Holanda (Cahill 21', Jedinak (pen.) 54'; Robben 20', Van Persie 58', Depay 68')

    A abrir a segunda jornada do Grupo B, a Holanda (claramente o destaque maior da primeira ronda do Mundial ao golear sem dó nem piedade a campeã do Mundo) defrontou a Austrália e o jogo foi uma excelente fotografia deste Brasil 2014: muitos golos, reviravoltas, equipas pequenas acima do esperado, espectáculo. Van Gaal repetiu a fórmula que vulgarizou a Espanha mas, embora esperássemos que o deslumbramento (difícil de evitar) pós-Espanha tivesse como consequência hoje um resultado mais apertado, não era expectável um jogo assim. Mas ainda bem que assim o foi.
    A Austrália procurou no início do jogo não deixar espaço nas costas da sua defesa que Van Persie, e sobretudo Robben em velocidade, pudessem explorar, mas o jogador do Bayern deu a volta ao assunto. À passagem do minuto 20, Blind jogou de cabeça para Arjen Robben e o velocista teve mais uma arrancada  verdadeiramente fenomenal, culminada em golo. No entanto, logo no minuto seguinte já Cillessen estaria a ir buscar a bola ao fundo das redes - McGowan fez um passe longo e Tim Cahill fez um golaço num remate sem deixar a bola cair. A equipa da Oceânia (que se apura via Ásia) esteve inclusivamente melhor até ao intervalo, destacando-se ainda um amarelo a Tim Cahill (que o deixará de fora frente à Espanha) e a lesão de Bruno Martins Indi, colmatada com a entrada de Memphis Depay, passando a Holanda a actuar num 4-3-3.
    Na segunda parte viríamos a ter ainda mais golos do que na 1.ª e as oportunidades chegaram bem cedo. Sneijder obrigou Ryan a uma boa defesa e, do outro lado, uma mão de Janmaat originou um penalty australiano. Mile Jedinak, capitão dos socceroos e figura do Crystal Palace em 2013/ 14, converteu a grande penalidade, colocando a Austrália na frente do jogo e conseguindo um justo prémio para a sua época a nível individual. Neste jogo de loucos as vantagens nunca duraram muito e por isso, 4 minutos depois, foi a vez de Van Persie - tal como Robben já tinha feito - apanhar Müller no topo da lista de melhores marcadores. Depay, partindo do flanco esquerdo, viu bem o avançado do Manchester United e este, em linha e em excelente posição, limitou-se a fuzilar Ryan. O mais interessante foi ver, após este golo, que a Austrália não baixou os braços e continuou a criar oportunidades - normalmente com Leckie em destaque. O minuto 68 acabou por decidir o jogo: a Austrália falhou uma oportunidade clamorosa, com Leckie a tentar finalizar de peito, após uma perda de bola em zona proibida por parte dos holandeses; na resposta imediata Memphis Depay arriscou no remate de longe e contou com a colaboração de Ryan, que podia ter feito bem mais no lance.
    A partir daí, e também pelo intenso ritmo das equipas até então, o jogo foi perdendo fulgor e a Holanda conseguiu segurar a vitória, chegando aos 6 pontos. Os holandeses ficam agora à espera do resultado entre Chile e Espanha para fazerem contas à vida (a vitória chilena e o empate qualificam os holandeses para os oitavos) mas neste momento têm a faca, o queijo e o seu destino na mão.

    Robben e Van Persie voltaram a marcar, o seleccionador Van Gaal continua a marcar pontos - a introdução de Depay foi adequada, tem conseguido que Wijnaldum funcione bem como médio de contenção e transição quando entra e a equipa respira confiança e produz bom futebol muito graças ao seu trabalho. É certo que lances de génio como os que Robben tem tido neste Mundial devem-se ao talento do homem de cristal (hoje curiosamente viu-se que se sente mais cómodo a jogar numa frente de 2 jogadores do que a extremo), mas nota-se muito trabalho de treinador nesta Holanda. Destaque ainda para as boas exibições dos "cangurus" Leckie (boa surpresa), Jedinak e Cahill (ficará com 2 golos em 2 jogos neste Mundial) e a palavra final vai para Depay. O irreverente extremo do PSV jogou 45 minutos, fez um golo e uma assistência e mostrou que pode ser uma carta muito interessante quando lançado a partir do banco.


Barba Por Fazer do Jogo: Memphis Depay (Holanda)
Outros Destaques: Jedinak, Cahill, Leckie; Robben, Van Persie

1 comentários: