7 de dezembro de 2013

Tudo isto existiu. Tudo isto foi triste. Tudo isto foi o Benfica 2-2 Arouca

Benfica  2 - 2  Arouca (Rodrigo 40', Lima (pen.) 83'; D. Simão 18', Serginho 74')

    Uma jornada depois de ter conquistado a liderança (em igualdade mas atrás do Sporting) e ter ganho uma folga de 2 pontos de vantagem para o Porto, o Benfica hipotecou na Luz a chance de colocar pressão sobre os seus rivais e, com um futebol mal jogado - sem fio de jogo - e um anti-jogo (totalmente consentido pelo árbitro) por parte do Arouca, escorregou desperdiçando 2 pontos. Mau futebol, más decisões a partir do banco/ bancada e uma arbitragem típica da liga portuguesa e a anos-luz da fluidez e respeito (por parte de todos os intervenientes) que se sente ao ver qualquer jogo da Premier League.
    O Benfica iniciou o jogo com um problema: Bruno Cortez titular. À parte disso, Raul José/ Jesus lançou o onze que seria expectável, com a dupla Rodrigo e Lima na frente, Markovic e Gaitán nos flancos e Fejsa a fazer parelha com Enzo no meio-campo. Teria sido um bom jogo para testar inúmeras variantes: Rodrigo preferencialmente na esquerda, Gaitán ou Markovic nas costas do avançado, Cavaleiro a titular e Cortez com bilhete para São Paulo. O jogo começou melhor para o Benfica: com bola, alguma acutilância, os encarnados procuraram sistematicamente Lima e instalaram-se no meio-campo do Arouca no 1.º quarto de hora. O golo, no entanto, surgiu do outro lado do campo. David Simão bateu um livre (um "canto de mangas arregaçadas") e contou com a passividade de Artur que ficou a ver a bola entrar. O jogador formado no Benfica pediu desculpa, não festejou. Afinal, foram 10 anos de águia ao peito.
    O jogo manteve sentido único, com o Benfica a ter esmagadora posse de bola (variou entre 66% e 70%), sendo que Cássio fez então a defesa da noite ao tirar um golo a Lima. O Benfica manteve-se em cima do adversário - que apenas queria não deixar o Benfica jogar em vez de querer jogar também - e o golo lá chegou. Numa boa jogada, Enzo deu para Gaitán, este serviu Maxi que cruzou tenso para o desvio certeiro de Rodrigo. Até ao intervalo Roberto ainda pregou um susto, desperdiçando uma enorme oportunidade isolado ao tentar um chapéu. Chegava o intervalo e o estado de alma benfiquista era um misto, um "estamos a jogar tão mal, mas mesmo assim merecíamos estar a ganhar". A 1.ª parte ficou marcada por vários maus momentos de Cortez e muito anti-jogo (tanto tempo perdido nos pontapés de baliza de Cássio ou qualquer bola parada) com Rui Costa a não exercer qualquer pressão em contrário.
    Dos balneários chegou Sulejmani para o lugar de Cortez, acabando muitas vezes por ser Gaitán o lateral esquerdo. Porque não entrar André Almeida? A toada manteve-se com o Benfica a jogar mal, mas a ter muita bola e poucas ideias e o Arouca a queimar tempo. O cúmulo aconteceu quando Ceballos ia ser substituído e decidiu realizar o caminho inverso para perder mais tempo, acabando por ser Rodrigo a empurrá-lo para a zona de substituição. Noutra liga seria o árbitro a pressionar o jogador para o espectáculo não perder qualidade, por cá foi Rodrigo o admoestado. O Benfica parecia mais "fresco", com Sulejmani a entrar bem, Rodrigo cheio de ganas e Enzo Pérez a demonstrar que o Benfica é ele+10 neste momento (hoje não havia Matic em campo), quando Jesus estragou tacticamente a equipa. Numa péssima abordagem, não percebendo que a equipa estava a assentar o seu futebol e o golo chegaria, retirou Markovic e colocou em campo Funes Mori. A saída de Markovic até se aceitaria, mas entrando nesse caso Ivan Cavaleiro, e deveria ter acontecido mais tarde. A entrada de Funes Mori destruiu o modelo e as rotinas que o Benfica estava a instaurar, apagando do jogo Rodrigo e Enzo. Chegou então novo golo do Arouca: lançamento longo, Pintassilgo deu a bola para junto da baliza onde surgiu Serginho a encostar. Balde de água fria na Luz.
    Até terminar a partida Sulejmani ganhou uma grande penalidade que Lima converteu (mesmo com Rodrigo a pedir-lhe as honras), Ivan Cavaleiro rematou uma bola ao poste e Luisão desperdiçou um lance que levou os benfiquistas ao desespero.

    O Benfica está mal e a situação deve arrastar-se. Hoje Rodrigo esteve novamente bem, Sulejmani entrou bem no jogo e Enzo Pérez fez tudo o que pôde: impressionante como concilia a sua raça com movimentos inteligentes, toques simples. O médio mais completo da liga neste momento. Pena que as opções do banco tenham destruído o que os jogadores vinham criando em campo aos poucos. O Arouca teve 2 grandes exibições de ex-benfiquistas: David Simão e Nuno Coelho; e Pintassilgo continua a deixar bons pormenores nos jogos do Arouca.
    
    Este campeonato está a ser marcado pela falta de qualidade generalizada. Enquanto na Premier League temos visto uma liga equilibrada mas nivelada por cima, por cá tem-se jogado muito mau futebol. Benfica, Porto (atenção que Quaresma terá impacto), Braga, Paços, todos estão incrivelmente piores. O próprio Estoril está inferior e talvez só mesmo o Nacional tenha mantido o nível, isto tudo conciliado com o enorme acrescento de qualidade de Sporting e Gil Vicente - bom jogo em perspectiva no Domingo.
    Nota: O anti-jogo que se permite nos relvados portugueses só será combatido e deixará de existir quando partir tanto de jogadores como das equipas de arbitragem. O futebol é espectáculo e uma coisa é "saber sofrer", respeitando os momentos do jogo que cada equipa tem e outra é não querer jogar. Ainda 4.ª feira vimos o Sunderland (último classificado em Inglaterra) a perder em sua casa 3-4 com o Chelsea. Por vezes pode parecer inocente ou genuíno querermos jogar olhos nos olhos, mas ganhamos uma história para contar. Não é assim que se fazem jogadores. Não é assim que se fazem heróis. Porque tudo isto tem apenas uma coisa na sua base: o respeito.

Barba Por Fazer do Jogo: Enzo Pérez (Benfica)
Outros Destaques: Sulejmani, Rodrigo; Nuno Coelho, David Simão, Pintassilgo
Resumo:

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