24 de dezembro de 2013

Crítica: Blue is the Warmest Colour (La vie d'Adèle)

Realizador: Abdellatif Kechiche
Argumento: Abdellatif Kechiche, Julie Maroh, Ghalia Lacroix
Elenco: Adèle Exarchopoulos, Léa Seydoux
Classificação IMDb: 7.8 | Metascore: 88 | RottenTomatoes: 91%
Classificação Barba Por Fazer: 80


Conselho: Homens do mundo, se virem sozinhos este filme não ponham o som muito alto ou então quem vive convosco/ vizinhos vão pensar que estão a ver porno.
    O cinema francês, que tem andado nas boas graças do mundo depois de coisas como 'The Artist', 'Amour' ou 'The Intouchables', dá-nos então desta vez 'La vie d'Adèle: chapitres 1 et 2' ou, o nome mais comercial e pelo qual vou optar 'Blue is the Warmest Colour'. O vencedor da Palma D'Ouro deste ano - sucessor de 'Amour', portanto - é um filme.. muito gráfico. Abdellatif Kechiche, um ousado e estranho mas talentoso realizador, conta-nos a história de Adèle (Adèle Exarchopoulos), uma rapariga que procura encontrar o amor, a sedução e a atracção e que encontra tudo isto noutra rapariga mais velha: Emma (Léa Seydoux). Pessoas que ficaram chocadas com Brokeback Mountain, os cowboys não eram nada ao pé do erotismo e sexualidade presentes em 'Blue is the Warmest Colour'. Adèle quer ser professora, Léa é uma pintora em ascensão, mas toda a acção é sobre a relação de ambas, um amor sentido, vivido, experimentado e no qual há algumas cenas - reforço que mesmo quem diga que não tem preconceitos, pode-se sentir incomodado - um pouco... prolongadas.
    É um filme de amor como outro qualquer, com as peripécias, amores e desamores de sempre, magnificamente captados por Abdellatif Kechiche, numa total simbiose com a dupla de actrizes/ musas.
    Adèle Exarchopoulos - que tinha ficado conhecida em França em mais nova quando entrou em 'La rafle' com Mélanie Laurent e Jean Reno - despe-se totalmente de preconceitos, entrega-se ao filme como ninguém e seduz. Convence. Uma expressão corporal e um à vontade enormes, não só nas cenas com Léa mas nos momentos em que dança. Dá até a ideia de que consegue seduzir melhor a audiência quando dança do que nas cenas na cama, talvez por nessas a audiência estar com alguns "filtros". Abdellatif Kechiche terá tirado "tudo" de Adèle Exarchopoulos, filmando-a mesmo em momentos durante os quais ela dormia e dando-lhe guidelines improváveis para tirar dela uma naturalidade impressionante e apaixonante. É também muito estranho ver Léa Seydoux tão longe do curto registo em 'Midnight in Paris'. O sexo é visceral em todos nós e 'Blue is the Warmest Colour' não tem problema algum em mostrá-lo. Em todo o caso prefiro analisar o filme "à volta" dos momentos eróticos e numa análise sincera acho que estamos perante uma história de amor bem interpretada, bem realizada e que vive totalmente do que Adèle Exarchopoulos - muitas vezes em plano fechado - nos dá. Muito bem as actrizes no momento da discussão mais acentuada e intensa a discussão em que acusam Adèle de ser "sapatona" (desculpem, eu tinha que encaixar esta palavra neste texto, embora ainda com total respeito). Adèle Exarchopoulos, a actriz que solta o cabelo e capta a audiência, uma musa autêntica para a realização de Kechiche. Por isso mesmo, embora por esta altura não esteja encaminhada para isso, Adèle ainda pode sonhar com a nomeação para melhor actriz. Amour foi um total outsider nos óscares no ano passado, veremos se o seu herdeiro não será também.
    Tens 20 anos, Adèle Exarchopoulos. Que te escolham para bons filmes porque poderás ter a carreira que quiseres. Se quiseres.

    E, se não houver uns capítulos "3 et 4", que não faço ideia se existirão, o fim faz na mesma sentido - há coisas que tinham tudo para dar certo, mas nas quais apenas viramos para a rua errada. 

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