18 de dezembro de 2013

Tottenham e o despedimento de Villas-Boas

  Tottenham - A derrota caseira por 5-0 frente ao Liverpool de Luis Suárez e companhia ficará marcada negativamente na carreira de André Villas-Boas. O treinador português chegou a acordo com o presidente Daniel Levy, amealhando uma boa quantia com a sua rescisão (já tinha sido assim quando Abramovich o despediu do Chelsea) e disse adeus a White Hart Lane. Justo ou Injusto?
    BPF - A ribalta do observador de Mourinho começou no Porto, como todos sabemos, depois da sua experiência na Académica - e do seu não ao Sporting, muito provavelmente já apalavrado com Pinto da Costa. Nessa época de 2010/ 2011 o Porto de AVB esmagou tudo e todos, ganhando o campeonato com 21 pontos de diferença e somando a isto a vitória na Liga Europa e Taça de Portugal. 49 vitórias em 58 jogos e 17 vitórias nos 19 derradeiros jogos da época. Uma época incrível na "cadeira de sonho" com um plantel onde Hulk e Falcao eram as grandes estrelas. Depois disto vimos AVB ser ambicioso, desprendendo-se da hipótese de conduzir o Porto na Champions, e agarrando sim o lugar que Abramovich lhe deu no Chelsea. Demasiadas comparações com Mourinho, e Villas-Boas a ir atrás delas. No Chelsea, falhou. Fez Juan Mata e Sturridge atingirem níveis muito interessantes (como fizera com Guarín no Porto) mas acabou despedido não tanto pelos resultados mas por problemas de balneário - quis marcar uma posição à força, nunca soube gerir o caso Anelka e nunca teve o plantel totalmente ao seu lado. Saiu e entrou então Di Matteo, que ganhou a Champions e foi injustamente despedido.
    Injusto foi também o despedimento de Harry Redknapp. O experiente treinador do Tottenham (actualmente no QPR) foi afastado depois de um bom trabalho e viu um jovem que tinha até então fracassado na Premier League ter uma oportunidade. Villas-Boas agarrou a oportunidade como ninguém, encontrou uma equipa jovem e em progressão com um ADN perfeito para si. Será sempre um treinador-chave na carreira de Gareth Bale: foi ele que o potenciou para os níveis da época passada - que o conduziram ao Real Madrid -, Bale foi o Melhor Jogador da Premier League e levou o Tottenham às costas, decidindo vários jogos. A astúcia de AVB nos seus pedidos de contratações revelou-se com "bom gosto" ao chamar Vertonghen, Sigurdsson, Holtby ou Lloris para os spurs. Villas-Boas conseguiu pôr o Tottenham com 72 pontos (o rival Arsenal garantiu a Champions com mais um, 73). Na recta final a equipa desapontou, falhou na Liga Europa caindo aos pés do Basel, num jogo sem Gareth Bale, numa época em que ficarão na memória os golos de Bale no final dos jogos, a vitória em Old Trafford ou a vitória caseira frente ao City (3-1).
    Tudo isto leva-nos à presente época. Villas-Boas perdeu o único jogador que não queria perder: Gareth Bale. Mas o Tottenham conseguiu dinheiro para renovar uma equipa e contratar vários jogadores com qualidade. AVB identificou as posições chave: lateral esquerdo, avançado e ala. Alegadamente, a maioria das contratações terão sido escolhas e prioridades entendidas pelo presidente Levy (caso de Soldado) e os jogadores que o treinador realmente queria, como Willian, a Direcção não conseguiu garantir. O Tottenham canalizou um orçamento gigante para um plantel de qualidade, numa enorme renovação que tinha um preço: o tempo. E tempo é coisa que Daniel Levy não dá ao seu Tottenham. André Villas-Boas não conseguiu optimizar a adaptação de Lamela, insistiu em Soldado quando Defoe (que certamente terá guia de marcha em Janeiro) já merecia a titularidade, errou ao adaptar sistematicamente Vertonghen a lateral esquerdo em vez de o vincar como patrão da defesa, e insistiu sistematicamente num trio de meio-campo de jogadores semelhantes e que pouco enriquecia o jogo colectivo da equipa (ex: Sandro, Dembélé e Paulinho frente ao Liverpool). Teve algum azar com lesões (Eriksen e recentemente vários jogadores da defesa), mas elevou por exemplo Townsend para outro patamar. Não é fácil adaptar vários jogadores, vários vindos de outras ligas, todos ao mesmo tempo e na sua maioria jovens.
    Para concluir, era difícil com um presidente que se quer sentar no banco e que quer resultados a curto prazo que AVB resistisse sobretudo depois das derrotas por 6-0 com o Manchester City e 5-0 com o Liverpool. Se não fossem essas duas goleadas com adversários directos, o cenário não era mau. Pelo meio, Krul fez a exibição da vida dele e o West Ham surpreendeu muita gente ao ganhar também em White Hart Lane por 3-0. Na Liga Europa o Tottenham passeou (o próximo treinador poderá apanhar o Benfica) e neste momento está em 7.º lugar na Premier League, a 7pts do 1.º lugar. Num campeonato espectacular com Manchester City, Chelsea, Liverpool, Arsenal, Manchester United (subirá o seu nível) e Everton com a qualidade que têm, o Tottenham arrisca-se - sem paciência - a terminar a época precisamente no lugar em que AVB deixou a equipa. Villas-Boas errou, complicou a vida a si próprio, mas não ao ponto de merecer ser despedido. Trata-se de um treinador inteligente, que felizmente para si tem aprendido com os seus erros e a situação do Tottenham era reversível (e ainda o é, claro).

    Brad Friedel, guarda-redes suplente do Tottenham, dizia hoje que ninguém entre os jogadores queria a saída de Villas-Boas (imagino que Adebayor e o emprestado Ekotto talvez quisessem...) e de facto Levy não deu tempo ao treinador para maturar um plantel com muitas novidades (em Janeiro devem chegar mais 2 jogadores). Se as decisões continuarem a ser estas, o Tottenham não crescerá. Numa Premier destas estar a 7 pontos do líder não é mau. Esperemos que o novo treinador puxe por Eriksen e Lamela. Heynckes, Murat Yakin, Laudrup, Hiddink ou alguma surpresa, veremos quem será o sucessor de AVB e como encarará o facto de ter uma bomba-relógio nas mãos.

1 comentários:

  1. Avb é mau treinador e so ganhou em Portugal porque foi no futebol "apito dourado" porto (onde treinadores fracos como jesualdo ferreira e antonio oliveira, entre outros também obtiveram bons resultados). A liga europa, tal como neste ano, se for fraca também a vence, apareça alguém com valor e nada acontece. Mais uma criação dos media de Portugal.

    ResponderEliminar