10 de janeiro de 2014

Crítica: The Wolf of Wall Street

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2014 
Realizador: Martin Scorsese
Argumento: Terrence Winter, Jordan Belfort
Elenco: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Matthew McConaughey, Kyle Chandler, Jon Bernthal, Jean Dujardin 
Classificação IMDb: 8.2 | Metascore: 75 | RottenTomatoes: 77%
Classificação Barba Por Fazer: 85


    DiCaprio em grande. Scorsese em grande. Foi já criticado, foi já elogiado, 'The Wolf of Wall Street' é um dos 2 filmes do ano juntamente com '12 Years a Slave'. Claro está que tudo necessitará de profundo concílio entre a nossa equipa para os "Óscares Barba Por Fazer" que apresentaremos perto da data dos óscares que realmente interessam, mas no que a mim me diz respeito este Lobo junta-se ao Escravo como os grandes destaques do ano, conseguindo DiCaprio e Scorsese para mim a camisola amarela na corrida ao título de filme do ano.
    Esqueçam 'Wall Street' de 1987 com Michael Douglas como Gordon Gekko, esqueçam o irreverente  e menos conhecido 'Boiler Room'. 'The Wolf of Wall Street' é o rei dos filmes da bolsa. E muito mais.
    O novo filme de Martin Scorsese tem 3 horas de duração - ligeiramente mais do que o sumo da história pedia -, baseando-se na obra escrita pelo próprio Jordan Belfort, magnificamente transformada em argumento por Terrence Winter. O filme já levantou grande polémica por ser considerado pela Crítica como uma glorificação abusiva do errado, em vez de uma sátira destrutiva. A verdade é que Scorsese e DiCaprio (dupla em trabalho conjunto pela 5.ª vez) fazem o filme transbordar humor negro por todos os lados, carisma até ao tutano e cocaína em fila indiana.
    Sem dizer demais e ser spoiler, o filme começa com Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) a iniciar-se como corrector da bolsa em Wall Street. O seu chefe Mark Hanna (Matthew McConaughey) ensina-lhe que o sucesso dele terá por base uma vida de excessos, com droga e prostitutas presentes. No dia em que consegue a sua licença, Jordan Belfort vê-se sucumbido perante a "Segunda-feira Negra" e é obrigado a encontrar um caminho alternativo para obter a mais potente droga de todas: o dinheiro. Belfort começa então por baixo, numa correctora de acções de baixo custo mas com uma esmagadora margem de lucro para si e acaba por criar a sua firma - Stratton Oakmont - ensinando vários dealers a saber vender segundo um guião, e contando desde a génese com o seu inseparável Donnie Azoff (Jonah Hill). Tudo o resto é espectáculo. É cinema. É uma montanha russa de excessos, de adrenalina e vida no limite, de liderança e de auto-destruição, numa ambição e ganância sem horizonte final. Porque a meta é sempre ter e ser mais. Sempre mais.
    Para mim, desde 'Blood Diamond' que Leonardo DiCaprio não apresentava este nível. Cada discurso de Belfort para a sua equipa impressiona (brilhante como vende à sua equipa o potencial de Madden, e o discurso de quase-despedida), cada atitude excêntrica convence a audiência relativamente a um grande papel. Em 2007, DiCaprio foi nomeado para Melhor Actor num dos anos recentes com maior qualidade - perdeu para Forest Whitaker (The Last King of Scotland) mas havia ainda Will Smith (The Pursuit of Happyness) e Ryan Gosling (Half Nelson). Sete anos depois DiCaprio merece a nomeação, merece a vitória por ser o melhor papel de um actor este ano, mas infelizmente cheira-me que não lhe darão a vitória e nem a nomeação é garantida. DiCaprio dá tudo dele neste papel, brilha nos monólogos dirigidos à audiência e para os seus seguidores. Um grande papel de um grande actor, orientado pelo realizador que melhor sabe espremer seu talento. Vemos DiCaprio no grande ecrã e parece que estamos a ver um actor "no ponto", uma simbiose ou fusão das melhores características de Jack Nicholson e Marlon Brando. Scorsese começou a ser colocado nas shortlists de candidatos a Melhor Realizador quando o filme estreou, e justifica-se. Para além de tudo isto, há um pequeno contributo de Matthew McConaughey (a música à mesa foi improvisada por ele, tal como muitas coisas do filme foram deixadas ao improviso) no início do filme, uma Margot Robbie que - com uns surpreendentes 23 anos - confirmou expectativas e conjugou um bom papel com a sua garantida ascensão como sex symbol, e Jon Bernthal (o Shane de Walking Dead) fica intimamente ligado à qualidade do filme e à memória que este deixar, com a cena sell me this pen.
    Depois de tudo isto há Jonah Hill no papel de Donnie Azoff. Jonah continua irremediavelmente com a sua piada, mas agora já não há dúvidas do actor que ali está. Em 'Moneyball', ao lado de Brad Pitt, surpreendeu, mas desta vez é o papel da sua (ainda precoce) carreira. Quase parece em alguns momentos que estamos a ver o apogeu - felizmente sistematicamente adiado - de DiCaprio e Hill, numa espécie de dupla DeNiro/ Pesci, nos 'Goodfellas' de Scorsese. O filme deve ser portanto nomeado para a categoria principal, Scorsese pode ter ambições, DiCaprio deveria ser uma garantia mas nem é certo que figure entre os 5 finalistas e Jonah Hill à partida deve-se juntar a Barkhad Abdi, Bradley Cooper e Daniel Brühl na luta pelos 3 lugares que farão companhia a Michael Fassbender e Jared Leto. A nomeação para Melhor Argumento Adaptado parece mais linear e segura.
    Quanto a curiosidades: o papel principal esteve supostamente entre DiCaprio e Brad Pitt, a cena do beijo entre Jordan Belfort e a tia Emma foi repetida 27 vezes por nervosismo de DiCaprio, sempre que surge cocaína trata-se na realidade de vitaminas e Jonah Hill quis mesmo comer o peixe por toda a gente estar a dar tudo de si no filme, mas não o deixaram. Para além de tudo o que já foi dito acima, junta-se uma boa banda sonora e a cena em que se vê uma mulher, no infernal, caótico e insano ambiente da bolsa, a deixar o seu cabelo ser rapado como atracção do dia por dinheiro já foi comparada ao momento em que Patsey é chicoteada em '12 Years a Slave' como momentos-chave do espírito de ambos os filmes, nos quais não há limites e o pecado respira por todos os poros. 

    É o filme do ano, com DiCaprio no seu melhor. O filme vende-se sozinho, por isso: sell me this pen.

3 comentários:

  1. Cheguei em casa do cinema ontem as 01h00 e não consegui dormir depois de The Wolf of Wall Street!!!!
    Um filme de 3 horas, de diálogos e interpretações explendidas!!!
    Parabéns!!!!!!
    Estou pilhadasso....
    Matthew Mcconaughey o mestre surtadasso, Jonah Hill sendo ele, como sempre, ótimo e com trejeitos, coisa que nunca tinha visto ele fazer, por fim, sim o melhor pro final, Leonardo DiCaprio no que pra mim, foi sua melhor atuação de todos os tempos o cara tá demais. Merece de longe o Oscar.
    Isso se for indicado, né?
    O filme é 10 mas não levem a mal, não é pra qualquer um!

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  2. Tenho apenas dúvidas entre esta interpretação de DiCaprio e a sua em 'Blood Diamond'. É a melhor desde aí claramente, e de facto talvez seja mesmo a melhor actuação de todos os tempos. Já devia ter o óscar na mão, mas infelizmente - como actor habitualmente prejudicado que é - veremos sequer se é nomeado.

    Já vi o filme 2 vezes no espaço de poucos dias, admito, precisamente pelos diálogos, momentos e interpretações espectaculares. 8.8 foi o a nota mais alta que já demos aqui no Barba Por Fazer este ano, não damos mais por comparação com outros filmes do passado. Se contasse apenas 2013-2014, 'The Wolf of Wall Street' merecia nota máxima.

    Obrigado pelo feedback. É deste feedback que esperamos.

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    1. Precisando de mais feedback, se por acaso, é claro, caso a demanda esteja muito grande, entre em contato. Ficaria muito feliz em participar/ajudar o ótimo trabalho aqui feito!!!
      Grande abraço e obrigado pelo reconhecimento, pelo reconhecimento!!!

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