29 de fevereiro de 2012

Polónia 0 - 0 Portugal

(A partir de hoje iniciaremos também o acompanhamento dos jogos da nossa selecção, e na altura do Euro-2012 analisaremos e acompanharemos a competição duma forma muito própria)    

    Para o embate amigável com a Polónia, Paulo Bento optou por manter o seu 4-3-3 clássico, optando por colocar Miguel Veloso no meio-campo (quando se especulava que seria Manuel Fernandes o escolhido) e Hugo Almeida no centro do ataque (os jornais indicavam que seria Hélder Postiga). No 1º caso a opção não fez grande sentido, pelo excelente momento de forma de Manuel Fernandes, mas terá pesado na decisão de Paulo Bento a importância que Veloso teve no playoff com a Bósnia. Já no caso de Hugo Almeida, apresenta claramente melhores condições e confiança do que Hélder Postiga e justificou-se a escolha. Em todo o caso, a melhor opção seria mesmo estrear Nélson Oliveira, sem estar com cerimónias. Uma frente Ronaldo-Nélson Oliveira-Nani acontecerá mais tarde ou mais cedo, e tem tudo para dar certo, pela capacidade técnica, finalização e explosão que os 3 reúnem.

    O jogo iniciou-se com uma Polónia extremamente passiva e à espera do erro e a posse de bola completamente entregue a Portugal. Portugal ia circulando a bola, destacando-se então Raul Meireles e sobretudo João Moutinho a nível de movimentação e capacidade de leitura de jogo e o 1º lance de perigo do jogo foi logo aos 3 minutos – extraordinário passe longo de Pepe, Meireles cabeceia para o lado e Nani enche o pé para a primeira boa defesa de Szczesny, guarda-redes do Arsenal. Nos minutos seguintes, foi sempre Portugal por cima no jogo, criando algum perigo por Hugo Almeida e Ronaldo, mas o principal dinamizador e acelerador do ataque luso era sempre Nani. Aos 20 minutos, Coentrão lesionou-se e teve que ceder o seu lugar a Nélson. A partir da 2ª metade da primeira parte, o meio-campo português pareceu mais desorientado e progressivamente menos capaz de ler algumas movimentações polacas, que acabavam por não criar real perigo. Aos 40 minutos, grande oportunidade para Ronaldo. Nani lançou o capitão português e Ronaldo rematou cruzado para mais uma boa intervenção de Szczesny. A finalizar o 1º tempo uma grande oportunidade para cada lado: primeiro a Polónia – mau passe de Nélson, Bruno Alves foi “queimado” pelo luso-cabo-verdiano, Jélen ficou com a bola e falhou clamorosamente perante uma saída dos postes de Rui Patrício que podia ter sido melhor (ao contrário dos comentadores que disseram que teria sido uma defesa preponderante) e depois Portugal – passe de Ronaldo e Nani, num contra-ataque rápido rematou pouco ao lado. Hugo Almeida ficou irritado, porque de facto bastava que lhe tivesse sido feito um passe e ele poderia encostar. Os comentadores da RTP diziam “Portugal normalmente é Ronaldo e às vezes Nani”. Honestamente, tanto neste jogo como normalmente, para mim, Portugal é maioritariamente Nani, bem em quase todos os jogos, e às vezes Ronaldo (que quanto mais maduro está como jogador melhor consegue assumir o seu papel na selecção).

Para a 2ª parte Paulo Bento retirou Moutinho (face à proximidade do clássico Benfica-Porto) e colocou Manuel Fernandes. A meu ver foi uma substituição que retirou dinâmica a Portugal, porque ter Moutinho e Manuel Fernandes em campo juntos teria sido o mais interessante de ver, e isso poderia e deveria ter acontecido no primeiro tempo. Portugal começou a 2ª parte tendo bola, mas foi progressivamente caindo num jogo físico dos polacos, que foram ganhando confiança e atrevimento nas saídas para o ataque. Com a quebra de Portugal no jogo emergiu um jogo faltoso, no qual Rui Patrício ia dizendo presente quando solicitado (nomeadamente após remate de Obraniak). Portugal continuava sem inspiração, sem grande dinâmica e intensidade, e o jogo ia passando sem grande interesse. Paulo Bento trocou então Hugo Almeida por Postiga e Pepe por Rolando, e o primeiro remate de Portugal na 2ª parte foi aos 70 minutos – num livre de Ronaldo, fácil para o guarda-redes polaco encaixar. Nessa altura voltava a aparecer Ronaldo, mas saiu logo a seguir aos 76, dando lugar a Quaresma. Portugal continuava a construir algumas jogadas, mas nunca conseguindo dar conclusão às mesmas. Aos 82 minutos, saiu Nani e Nélson Oliveira estreou-se com a camisola da Selecção principal de Portugal, colocando-se sobre o lado esquerdo do campo. A verdade é que até ao apito final só deu Polónia no jogo – Rui Patrício, por volta dos 87 minutos acabou por segurar o 0-0 com duas boas intervenções. 
    Quanto a destaques individuais, para além dos guarda-redes, do lado de Portugal Nani foi o jogador que mais desequilibrou, o único que se pode dizer que tenha feito alguma coisa de jeito. Ronaldo apareceu bem em certos momentos, Moutinho na 1ª parte esteve bem e Pepe foi sempre um central seguro enquanto esteve em campo. Veloso não teve hoje o seu melhor jogo, Nélson não deslumbrou na oportunidade que teve e João Pereira continua sem dar a devida segurança defensiva que deveria dar. A estreia de Nélson Oliveira (apesar de não ter feito nada) é um bom sinal. Talvez seja neste momento o avançado nº3 para Paulo Bento e se o Benfica o utilizar com alguma regularidade, pode muito bem figurar nos convocados para o Euro-2012. O jogador sai valorizado, e cheira-me que pode muito bem ser titular no próximo europeu a partir do jogo com a Dinamarca.
    Do lado polaco, bom jogo do lateral Pisczek e destaque ainda para Obraniak, o jogador claramente mais dotado tecnicamente e mais esclarecido no jogo. Wasileswki fez também um bom jogo e, de resto, o meio-campo defensivo polaco pode ser elogiado pela pressão e intensidade que colocaram no jogo, sem nunca deslumbrar do ponto de vista de construção e criatividade. Em todo o caso, a Polónia não parece ter argumentos para ter grandes ambições no europeu. O factor casa poderá obviamente ajudar a agigantar algumas prestações e o grupo (Grécia, Rússia e República Checa) resultará sempre na qualificação de dois outsiders da competição. Será um grupo equilibrado, e hoje faltou Lewandowski, que talvez seja o jogador polaco em melhor momento de forma.

    Basicamente, o 0-0 acabou por se ajustar pelo que as equipas fizeram no jogo. A primeira parte foi de Portugal e na segunda a Polónia criou claramente mais perigo. Patrício e Szczesny fizeram ambos boas exibições, sendo responsáveis pelo nulo existente, em certa medida. É sempre chato ver um jogo sem golos. Mas a verdade é que nestes jogos, inseridos em alturas em que os clubes estão numa fase decisiva da época, resultam sempre em pouca coisa ou nenhuma. MP

Se abaixo algum nome dum jogador polaco estiver mal escrito, as minhas sinceras desculpas. No outro dia  tive que escrever os do Legia e hoje estes, a vida não é justa. Já chega de polacos! Só agora me lembrei que o realizador Polanski esteve em campo. E honestamente, uma criança polaca tem que se desenvolver cognitivamente mais na primária - enquanto alguns têm que aprender a escrever João ou Rui, os meninos polacos escrevem 
Blaszczykowski  ou  Mierzejewski. Sortes diferentes.


Polónia 0 - 0 Portugal

Polónia: Szczesny; Wawrzyniak (Boenisch), Wasilewski, Perquis, Pisczek; Polanski (Matuszczyk), Dudka, Obraniak (Mierzejewski), Rybus (Peszko), Blaszczykowski (Mila); Jélen (Grosicki). 
Seleccionador: Franciszek Smuda

Portugal: Rui Patrício; João Pereira, Pepe (Rolando), Bruno Alves, Fábio Coentrão (Nélson); Miguel Veloso, Rául Meireles, João Moutinho (Manuel Fernandes); Nani (Nélson Oliveira), Cristiano Ronaldo (Quaresma), Hugo Almeida (Postiga).
Seleccionador: Paulo Bento

Golos: ---

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Nani.

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