6 de fevereiro de 2012

A Caminho dos Óscares

A Better Life

Realizador: Chris Weitz
Argumento: Eric Eason, Roger L. Simon
Elenco: Demián Bichir, José Julián
Classificação IMDb: 6.9

Vou ser sucinto – “A Better Life” é um daqueles filmes em que o pai vive sozinho com o filho e falam pouco. O filho corre o risco de ir por maus caminhos, face aos gangues lá do sítio e o pai (um jardineiro mexicano, ilegal nos EUA) esfola-se a trabalhar para conseguir dar uma boa vida ao filho e mantê-lo longe dos gangues (que são o caminho mais fácil). “A Better Life” é uma boa história pai/ filho, do realizador de “About a Boy” (com Hugh Grant e o agora crescido Nicholas Hoult), é um filme muito humano (que comentário estranho este, parece que sou um alien a comentar um filme) e que conta com boas interpretações do pai Demián Bichir e o filho José Julián. No nosso dia a dia todos nós somos pessoas comuns, mas todos podemos ser heróis de vez em quando, por alguém, por uma decisão que tomamos ou por algo que fazemos (ou não fazemos). E as famílias fazem-se assim, de sacrifícios, promessas e valores. Esta saiu bem pá. F***-se! Ah, já agora, e porque isto está no espaço “A caminho dos Óscares”, Demián Bichir foi a surpresa entre os nomeados para melhor actor principal – uma nomeação que não é um crime, porque faz um bom papel, mas se fosse eu a escolher 5 ele não constaria nesse quinteto. Num filme do mesmo género, Will Smith em A Busca da Felicidade teve, em 2006, um desempenho parecido (mas melhor) e também acabou nomeado nos Óscares de 2007. Considerando que no ano passado Javier Bardem (espanhol) foi nomeado e este ano está Demián Bichir, julgo que todos os chilenos, peruanos e argentinos estão convocados para no próximo ano serem candidatos a um lugar no top5 de melhores actores.

Margin Call

Realizador: J. C. Chandor
Argumento: J. C. Chandor
Elenco: Zachary Quinto, Kevin Spacey, Stanley Tucci, Paul Bettany, Jeremy Irons, Penn Badgley, Demi Moore, Simon Baker
Classificação IMDb: 7.2

O timing e pertinência dum filme podem muito bem catapultar qualquer filme para outros voos, diferentes daqueles que conseguiria normalmente. Margin Call é um exemplo disso – um filme sobre a origem, o início da crise económica. O filme, escrito e realizado por J. C. Chandor, inspira-se na crise económica de 2007-2008 e acompanha o período de 24 horas vivido num banco de investimentos pelos funcionários do mesmo ao aperceberem-se, através de projecções financeiras e análise, que uma crise financeira se aproximava a passos de gigante. J. C. Chandor mostra a realidade pura e crua do mundo financeiro, a disparidade de vencimentos entre chefias e trabalhadores, quão fácil é, para quem manda, despedir pessoas para não perder o tamanho da sua fatia do bolo, ou até poder aumentá-la. Integrando um elenco de qualidade, Kevin Spacey, Jeremy Irons e Stanley Tucci não sabem ser maus actores, Zachary Quinto (mais conhecido pela personagem Sylar na série Heroes) é o responsável por conseguir descobrir o que se avizinhava economicamente para todo o mundo (e que podia ser, consoante as decisões dos mais poderosos, evitável até certo ponto ou pelo menos não tão inflacionado) e Paul Bettany, não fazendo um papelão, mantém a qualidade já apresentada noutros filmes, como “Uma Mente Brilhante”, por exemplo. Um filme que vale a pena ver, uma viagem aos bastidores do mundo dos investimentos e da génese da crise, onde se percebe realmente que muitas vezes somos fantoches manipulados face às decisões egoístas de quem não quer perder milhões. Nomeado para melhor argumento original pela Academia, não vencerá nesta categoria mas a nomeação foi totalmente justificada. MP

0 comentários:

Enviar um comentário