16 de fevereiro de 2012

Porto 1 - 2 Manchester City

E o Porto perdeu em casa com o Manchester City.
Eu sei, é uma frase triste. Sem ironias.

O jogo começou com o City a ter mais bola, a tentar compreender o posicionamento do Porto e a melhor forma de ludibriar (que bonita palavra) o trio de meio campo formado por Fernando, Moutinho e Lucho. Mancini, que é um treinador que está bastante aquém do que este plantel do City merecia, revelou prudência ou respeito exagerados pela equipa do Porto. Caso ele não saiba, esta equipa do Porto não é a que ganhou a Liga Europa no ano passado – Guarín, Belluschi e sobretudo Falcao fazem bastante diferença. Mancini acabou por colocar um miolo com De Jong, Gareth Barry e Yaya Touré quando fazia mais sentido colocar de início ou Adam Johnson ou Kolarov num flanco, libertando David Silva para as costas do avançado, ou colocar Kun Aguero de início (isso parecia-me um dado adquirido e fundamental para o bom jogo do City que nasce sobretudo da ligação Silva-Aguero). 

     Após os minutos iniciais, em que as coisas não saíam bem ao Manchester City, o Porto foi tomando conta do jogo de mansinho. Algumas jogadas interessantes,  algumas arrancadas, Moutinho e Lucho a pensarem bem o jogo do Porto a os laterais a darem alguma profundidade (com cautelas, e bem). Aos 15 minutos surgiu o primeiro lance de grande perigo. Cruzamento de James Rodríguez e Rolando a cabecear para um corte de Lescott (dava a ideia de que Joe Hart defenderia de qualquer forma). Logo a seguir, contratempo para o Porto. Danilo tem uma entrada perigosa, Yaya Touré vendo que não chegaria à bola deixa-se cair (foi esperto, mas era falta; nem sempre uma falta tem que envolver contacto – se vierem a correr insistentemente atrás de mim com uma faca e eu me for sempre desviando, não acho que apenas devam sancionar a outra pessoa se ela me cortar todo). Danilo nesse lance lesionou-se, ainda não sei a gravidade, mas não pareceu coisa suave. 
    Nos minutos seguintes, Hélton ia mostrando que continua a ser um excelente guarda-redes, defendendo remates de Nasri e Micah Richards. Aos 26min, o estádio do Dragão pediu penalty sobre Hulk, mas segundo a forma como eu vejo futebol e como eu encaro os possíveis contactos físicos entre os jogadores, não se tratou mais do que um “Levanta-te Hulk e vê lá se percebes que tens massa muscular!”. Passado um minuto, jogada de El Comandante para Hulk e o brasileiro faz um excelente cruzamento tenso, que Varela não desperdiçou na cara de Joe Hart. 1-0 para o Porto. 

    Até ao intervalo, Hélton fez mais uma boa defesa a remate do sempre-em-fora-de-jogo Balotelli (o homem que lança foguetes a partir da casa de banho, que distribui notas aleatoriamente no Natal e que, quando fica na bancada, fica a fazer truques de magia com copos aos seus amigos). Para a 2ª parte nenhum dos treinadores mexeu nas equipas e o lateral Micah Richards é que fez questão de tentar mexer com o jogo, rematando ao poste. Passado poucos minutos, Álvaro Pereira (que já tinha feito 2 faltas merecedoras de cartão amarelo até aí, já poderia estar expulso portanto) decidiu fazer mais outra e dessa vez acabou por ver o cartão. Mas isso não lhe chegava. Álvaro Pereira queria mais. Queria mostrar a André Villas-Boas que pode realmente ser útil a uma equipa inglesa, e acabou por fazer um auto-golo, traindo Hélton, após passe longo de Yaya Touré. Um golo que na altura me deu alguma pena de Hélton, que estava a fazer um bom jogo e sofria ali o golo do empate sem culpas. Nessa altura, face ao resultado e face aos intervenientes em campo o jogo tinha tudo para ficar interessante. No entanto, o turco que estava a arbitrar o jogo fez questão de estragar a coisa um bocado, começou a dar cartões a faltas normais, a impedir por vezes a lei da vantagem e quando por vezes devia ser mais severo, não o era. Um árbitro que na Premier League não durava muito. Só pelo facto de ser turco, já era o suficiente. O jogo foi-se arrastando, dividido, com Hulk a evidenciar-se como um jogador que terá dificuldade em jogar num campeonato mais competitivo, e sem grandes oportunidades de parte a parte. 
     Aos 78 minutos, Mancini decidiu que estava na altura de ganhar o jogo. Colocou Aguero, o genro de Maradona, em campo e passados 6 minutos o avançado argentino marcou mesmo, após boa triangulação entre Yaya Touré e David Silva. Até final, o City guardou a vantagem que conseguiu de forma relativamente cínica e que teria muito maior facilidade se tivesse jogado de início com as suas melhores opções. O Porto bateu-se muito bem, sobretudo na 1ª parte e, partindo do pressuposto que em Manchester o City irá fazer o seu jogo sem se moldar ao adversário, restam poucas aspirações para o Porto nesta Liga Europa e o Sporting pode-se ir preparando para a equipa inglesa.


    A nível individual, no Porto tem que se destacar a exibição de Hélton que foi essencial na 1ª parte, a forma madura como Moutinho encarou o jogo e soube encarar o meio-campo “inglês” que naturalmente trouxe e trará de novo problemas ao Porto quando David Silva surge na zona central (é o melhor organizador de jogo do mundo, a par de Ozil, apesar de não ser um 10 puro) ou quando Yaya Touré decide acelerar. Quem também se destacou, e muito, foi Fernando. Agressivo no bom sentido, concentrado e bem posicionado, acho que ele joga sempre mais contra as equipas de Manchester. Faltou claramente James Rodríguez no jogo, ele que é o jogador deste Porto com futuro mais promissor. Hulk esteve mal, apesar da assistência e de um ou outro remate perigoso. Givanildo tem que perceber que tem corpo, que não tem que estar sempre a atirar-se para o chão e que fica ridículo aos olhos de defesas como Kompany, Lescott ou Richards. O problema de Givanildo está na cabeça dele, e isso não sei se algum treinador conseguirá curar. 
     Por falar em curar, o único mérito que atribuo a Mancini é de facto o de ter conseguido fazer de Balotelli um jogador que, apesar de não ser 100% rentável, ir conseguindo ser muito mais produtivo. Mancini obviamente tem mérito em muita coisa do City esta época, mas quando se tem Aguero, Silva, Touré, Nasri, etc, é difícil não se jogar bem à bola. No City destacaria a dupla de centrais, Aguero porque afinal de contas, ao fim de 6 minutos (dos 15 em que teve em campo) decidiu o jogo, mas sobretudo Yaya Touré. Num dia em que David Silva não apareceu tanto (por falta de inspiração ou por má orientação de Mancini para as zonas que devia pisar), foi o costa-marfinense (que acabou de perder a CAN para a Zâmbia) que apareceu como principal dinamizador. Yaya Touré é dos melhores médios do mundo, confere equilíbrio e equilibra força com técnica, com velocidade, temporizando o jogo e passando sempre bem. Afinal de contas, fez as duas assistências. É muito mais jogador hoje, jogando mais à frente, do que o era no Barça. MP

Porto 1 - 2 Manchester City

Porto: Hélton; Danilo (Mangala (Defour)), Rolando, Maicon, Álvaro Pereira; Fernando, João Moutinho, Lucho; Varela (Kléber), James Rodríguez, Hulk.
Treinador: Vítor Pereira

Manchester City: Joe Hart; Micah Richards, Kompany, Lescott, Clichy; De Jong), Barry, Yaya Touré, David Silva (Kolarov), Nasri (Zabaleta); Balotelli (Aguero).
Treinador: Roberto Mancini


Golos: 1-0 27’ Varela; 1-1 55’ Álvaro Pereira a.g.; 1-2 84’ Aguero.


Melhor em campo "Barba Por Fazer": Yaya Touré .

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