19 de fevereiro de 2012

Adeus Choramingos. Paciência para Sá Pinto.

     Na passada 2ª feira estava eu calmamente sentado quando recebo duas mensagens, uma do meu pai e outra de TM, dizendo “Já sabes do Domingos?” e “O choramingos...” respectivamente. Eu não sou um génio, mas na altura deduzi que o rapaz tivesse sido despedido. Na altura senti-me um pouco surpreendido (antes disso pensei “Desde que o Vítor Pereira continue onde está…”), mas de certa forma sabia que era algo que ia acabar por acontecer. Só não sabia quando. Até porque não sabia, como muita gente acho eu, identificar o(s) culpado(s) do momento do Sporting.

      Nunca fui grande fã do Choramingos Paciência. É um treinador defensivo, que lê mal o jogo e é péssimo na abordagem a jogos grandes se tiver que estar do lado de uma equipa com as aspirações do Sporting e que tenha que atacar e convencer os adeptos com um futebol bonito. A nível das aspirações e da exigência que lhe foi colocada, aí pode-se e deve-se contestar o facto de o universo sportinguista ter (parcialmente) achado que poderia vencer o campeonato este ano. Neste ano, que devia ser um ano de transição e de preparação dos próximos, integrando vários jogadores novos e procurando solidificar um modelo de jogo, reconciliar os adeptos com a equipa e conseguir basicamente ter uma equipa. 
      
     Domingos Paciência não teve culpa de tudo, mas a verdade é que sempre que eu via o Sporting sofrer um golo, quando o filmavam lá se via o homenzinho afundado no seu espacinho, com a nuvem cinzenta em cima da cabeça, a queixar-se de tudo e todos. O feedback dado para dentro do campo claramente não era o melhor. Isto para não falar de quando num dos últimos jogos o Ribas falhou um lance de golo e ele reagiu com um “mas será que este filho da p**** não sabe marcar um golo?”. Não sei responder a esta questão (considerando a Ligue 2 de 2010/2011, a resposta seria sim). O problema, a meu ver, pode muito bem ser da chamada “estrutura” do Sporting. Os métodos e práticas subjacentes ao trabalho realizado na Academia de Alcochete, onde segundo Wolfswinkel se treina de menos. Mas a verdade é que vão mudando equipas técnicas (Carvalhal, Paulo Sérgio, Couceiro, Domingos, etc.), vão mudando como tal os preparadores físicos, muda-se a direcção, muda-se até o departamento médico, mudam-se os directores desportivos (sai Pedro Barbosa, entra Sá Pinto, Sá Pinto esmurra Liedson e sai. Entra o ministro, etc.) mas tudo continua mal. Quase parece uma maldição. Daí eu e TM continuarmos a defender que só pode haver 1 de 2 culpados: ou o roupeiro Paulinho, ou o Polga.

      Segundo o jornal Record, a demissão de Domingos Paciência já estava a ser fortemente ponderada após a derrota em Alvalade com o Gil Vicente para a taça da liga, mas na altura a direcção não quis destabilizar a equipa porque se avizinhava a 2ª mão das meias-finais da taça com o Nacional da Madeira (vá, digam lá “Obrigado Senhor Proença”), o que faz sentido. Assim sendo, a derrota com o Marítimo foi a gota de água. E a demissão ganhou mais sentido que nunca. Verdade seja dita, deste Sporting 2011/2012 lembro-me de dois bons jogos: o 8-0 ao Presikhaaf na pré-época… Ah, não, não foi esse… Foram sim o 3-0 ao Setúbal em Alvalade e o 6-1 ao Gil Vicente, também em Alvalade. O jogo em Paços de Ferreira também poderia entrar nas contas. Tudo o resto, não foi digno de um clube grande.

       Naturalmente após a demissão de Domingos, surgiram rumores que relacionavam a sua demissão com o facto de alegadamente se ter encontrado com dirigentes do Porto. Se ele se encontrou ou não, se se encontrou para falar do futuro do seu filho (Gonçalo Paciência, bom jogador por acaso) ou se foi tudo um rumor, eu não sei. O que eu sei é que uma vez surgiu uma notícia de que o Leonardo Jardim se tinha demitido do Beira-Mar como que por magia porque o Pinto da Costa o queria a treinar o Braga. E eis que, também por magia, Leonardo Jardim apareceu a treinar o Braga passado algum tempo. Já antes disso, o Sporting tinha querido contratar André Villas-Boas para seu treinador. Na altura, supostamente já estava tudo acordado, mas Pinto da Costa meteu o dedo. Na altura, o rumor caiu em esquecimento, mas depois por artes mágicas André Villas-Boas surgiu sentido na sua cadeira de sonho no estádio do Dragão. Desta vez, portanto, o mais provável é que tenhamos que esquecer todo este rumor e aceitar com naturalidade o facto de no Verão Domingos Paciência se tornar o novo treinador do Futebol Clube do Porto. Acho que Domingos funcionará no Porto, por já conhecer a casa, por ser o tipo de treinador que resulta lá, por ter lá o seu rebento e porque qualquer pessoa consegue ser superior ao Vítor Pereira. É pena se ele se for embora, está a fazer um trabalho tão generoso e amável.

     Isto tudo leva-nos a alguém. Como que saído de um ringue de boxe, Ricardo “The Wrestler” Sá Pinto surge como o novo treinador dos leões. Tenho que ser sincero, sei que os juniores do Sporting estavam a conseguir bons resultados, mas não acompanhava a forma deles jogarem, portanto não sei reconhecer se ele parece ser bom treinador ou não. Mas o Pedro Caixinha diz que ele é bom, e eu confio no Pedro Caixinha porque o Pedro Caixinha lê Tolstoi e Hemingway. Várias coisas são certas: conhece melhor e sente mais o clube que os últimos treinadores, tem ar de conseguir motivar bem pessoas e é violento “para caraças”. Podem surgir vários problemas: Wolfswinkel querer marcar um penalty, Bojinov vir de Itália para ser ele a marcar e Sá Pinto chegar lá, dar um murro em cada um e ser ele próprio a marcar. Pode acontecer também que, se ele tiver um desentendimento com alguém, pode estar muito bem sossegado em casa e do nada levanta-se e, em vez de ir comer uns cereais, sai de casa e faz um longo caminho para dar um murro nessa pessoa. O Sá Pinto é assim, espontâneo. Poderia muito bem ser uma personagem dum “Family Guy” ou dos “Simpsons”, uma personagem que quando surge, tem que dar sempre um murro a alguém. Outra coisa preocupante é ver o Onyewu a ser treinado pelo Sá Pinto. É uma espécie de história Million Dollar Baby, mas mais Million Dollar Monster. Tem que se ter muito cuidado com o Sá Pinto. É uma pessoa que se calhar precisava de uns calmantes de 4 em 4 horas porque eu pelo menos imagino que qualquer comentário como “Sá, tomaste banho hoje?” ou “Por acaso acho que o arroz podia estar mais solto” origine um murro de Sá Pinto na cara do emissor das frases. Até o imagino em pequeno a esmurrar os colegas que criticavam o seu picotado na primária. 

     Agora a sério, o último treinador que conseguiu ter sucesso, regularidade e confiança em Alvalade foi Paulo Bento e foi também alguém promovido das camadas de formação. Com Paulo Bento o Sporting conseguia lutar pelo título, ficar em 2º lugar, ganhar taças de Portugal e supertaças e jogava bom futebol de vez em quando. Não quero que os sportinguistas fiquem muito felizes (na realidade quero, eu estou a escrever isto para os enganar, iludir e magoá-los profundamente cheio de crueldade quando o que eu estou a escrever não se concretizar) mas acho que os próximos tempos vão ser melhores e Sá Pinto conseguirá alguns bons resultados, desde logo hoje com o Paços de Ferreira. Não exijam de mais ao rapaz, capacitem-se que este ano o 3º lugar será bastante difícil de alcançar e pensem que este ano têm que ganhar a taça, para o ano é um ano diferente. MP

Entretanto, o Domingos Paciência continua a receber dinheiro do Sporting. Sim, esse clube que está em “falência técnica”. Mas o que interessa é que o Paciência não entre em falência. E por isso vos digo que no dia de hoje, enquanto o Domingos esteve em casa a grelhar peixe de robe (o Domingos estava de robe, não o peixe) e a dar abraços ao Pinto da Costa, ganhou aproximadamente 2200€ dados pelo Sporting. Isto sem fazer nada.

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