25 de fevereiro de 2012

Académica 0 - 0 Benfica

O Benfica apresentou-se, ao contrário do erro de Guimarães, no habitual 4-2-3-1, o que indiciava algo de bom. Pelo menos, mais equilíbrio, por ter Witsel em campo. Ter Aimar é ter imaginação, ter Cardozo é (normalmente) ter golos. Gaitán e Bruno César no momento de forma em que estão podiam perfeitamente ter dado os seus lugares a Nolito e Nélson Oliveira por exemplo. Isto, porque Rodrigo nem no banco se sentou. A Académica, apresentou-se no seu modelo habitual, embora desfalcada pelas ausências de Abdoulaye e Habib.

      Na 1ª parte o Benfica teve mais bola e a Académica não criou uma única oportunidade clara de golo. Mas a verdade é que o Benfica não foi objectivo e asfixiante como noutros jogos. Criou perigo sobretudo pelas incursões de Maxi Pereira no ataque, e pelo que Witsel e Aimar conseguiam construir. O Benfica entrou bem no jogo, assumindo-o como era de esperar, mas só aos 19 minutos criou perigo. Cruzamento de Maxi e Aimar a cabecear para defesa de Peiser. Passados 15 minutos, após canto curto, Bruno César cruza para a área e na confusão Jardel primeiro e depois Matic, ambos de forma atabalhoada, quase marcaram. Até final da 1ª parte ainda houve dois lances em que Cardozo não soube dar a melhor sequência à jogada, num perdendo tempo quando devia ter assistido um colega com um passe para trás e noutro não escolhendo o lado correcto para desenvolver a jogada de ataque. Cardozo que ainda teve um livre perigoso aos 43 minutos, mas rematou por cima. Pelo meio disto tudo, um fora-de-jogo mal tirado a Aimar, que o deixava em boa posição. O final da 1ª parte pedia claramente mais objectividade, mais energia e pressão (maior e colectiva). E essa objectividade bem que podia ser dada por Nolito, ou até pelo recentemente chamado à selecção nacional, Nélson Oliveira. Pensei eu na altura.

      E Jesus pareceu ouvir-me (sou tão católico). Para a segunda parte, Jorge Jesus lançou Nélson Oliveira, para o lugar do sérvio Matic. Correu um ligeiro risco com esta substituição, mas a verdade é que bastaram 20 segundos da segunda parte para Nélson justificar a troca, quase marcando. Aos 48 minutos a Académica conseguiu a sua primeira jogada de perigo, mas faltou força a Magique no remate à baliza de Artur, que segurou a bola com facilidade. O jogo continuou bom, aberto, e 2 minutos depois Nélson Oliveira temporiza e assiste Bruno César que remata cruzado ao lado. E logo a seguir novamente Nélson Oliveira a desequilibrar e Cardozo quase fazia o golo, mas Reiner evitou. Aos 52 minutos, JJ continuou a abordar bem o jogo e trocou o desinspirado Gaitán pelo sempre objectivo e irrequieto Nolito. Nessa altura valia a pena estar a ver o jogo – remate de Diogo Melo de longe e grande defesa de Artur. Uma entrada em jogo extraordinária de Nélson Oliveira que logo de seguida quase marcava, mas Peiser defendeu o seu remate e o remate de Maxi logo a seguir. O Benfica mostrava-se aí muito mais equipa do que na 1ª parte – pressionante, objectiva e entusiasmante. Menos entusiasmante foi a forma como o árbitro não viu um penalty claríssimo sobre Aimar perto dos 60 minutos, inclusive considerando falta de Aimar sobre Flávio Ferreira. É assim a liga portuguesa, é de mau tom quando um jogador é rasteirado na área por outro. Peiser continuava a adiar o golo por essa altura, fazendo uma grande defesa a remate de Cardozo.

         Aos 69 minutos, Jesus retirou de campo Pablo Aimar (provavelmente já com o Benfica-Porto em mente e não quero sujeitar Aimar a um desgaste excessivo) e lançou Yannick, que tinha assim neste jogo e face ao momento em que entrou, um teste de fogo. O jogo voltou a ter um lance de perigo aos 74 minutos, num contra-ataque onde Maxi (para não ver o 2º amarelo) não faz falta sobre Diogo Valente, este cruza e Garay faz um grande grande corte evitando o remate de Edinho. Depois de longa paragem para assistir Danilo, Maxi lança longo, a bola chega a Nélson Oliveira que de primeira falha a baliza por pouco, numa oportunidade que tinha que dar golo.
         
Claramente com a saída de Aimar o Benfica perdeu criatividade e capacidade de construção, mas a verdade é que Hugo Miguel começou a tomar decisões no seguimento do penalty não assinalado sobre Aimar – falta grave de Hélder Cabral sobre Nélson Oliveira (deixou seguir), falta sobre Bruno César (deixou seguir) e, mesmo ao cair do pano, falta à entrada da área sobre Nolito.

         Duas partes completamente diferentes, numa primeira parte um jogo fraco e tacticamente certinho. Uma segunda parte em que o jogo abriu, Nélson Oliveira desequilibrou o jogo, mas a verdade é que a troca de Aimar por Yannick (o peso criativo e de qualidade de passe de Aimar é gigantesco) neutralizou a capacidade do Benfica. Em dois jogos, o Benfica perde 5 pontos em 6 possíveis, em duas deslocações extremamente importantes. Nos últimos 3 jogos o Benfica vacilou e não tem conseguido finalizar como deve, construir como pode e lutar como tem que lutar. É claro que hoje ainda houve Hugo Miguel, um árbitro que conseguiu ver fora-de-jogo de Aimar que não existia, não assinalar faltas em zonas de perigo sobre Nélson Oliveira e Nolito e, acima de tudo, teve a capacidade de transformar um penalty sobre Aimar numa falta ofensiva.

       Na Académica, tem que se destacar Peiser, pelo elevado número de defesas. Ele que teve num Benfica-Naval em 2009/ 2010 uma das melhores exibições que já vi dum guarda-redes e hoje voltou a defender sempre que foi chamado a intervir. Homem do jogo. Cédric (para o ano tem claramente lugar no plantel leonino) fez também um bom jogo, Reiner estreou-se incrivelmente bem no centro da defesa, mantendo-se quase sempre intransponível e Diogo Melo também esteve bem, pela forma inesgotável como equilibrou a equipa, nunca virando a cara à luta e manteve-se concentrado, bem posicionado e a ler bem o jogo.
      No Benfica o melhor foi Nélson Oliveira, que conseguiu agitar o jogo, mas que verdade seja dita teve 2 lances de golo e não os conseguiu concretizar. Maxi esteve como sempre, incansável sobretudo na 1ª parte e Witsel foi importante na 2ª parte. Bruno César acabou por fazer um jogo negativo quando teve que assumir a construção de jogo da equipa e Nolito não foi o finalizador nato que é habitualmente. Há um Benfica com Aimar e um Benfica sem Aimar. E a verdade é que só consegue subsistir, sobretudo fora de casa, se a nº10 estiver em vez dele Witsel (ou até Gaitán, mas não tem sido utilizado aí) e hoje isso só teria sido possível com a entrada de Javi (se está realmente apto) em vez de Yannick e a subida de Witsel em campo.
         
Resultado que premeia a garra e defesa da Académica, penaliza a 1ª parte muito fraca do Benfica e a incapacidade de finalizar do clube da Luz, o árbitro Hugo Miguel soube aparecer nos momentos decisivos e o clássico Benfica-Porto da próxima sexta-feira ganha importância maior que nunca. MP



Académica 0 - 0 Benfica

Académica: Peiser; Cédric, Flávio Ferreira, Reiner Ferreira, Hélder Cabral; Diogo Melo, Adrien Silva, Danilo (Rui Miguel); Magique (Diogo Valente), Edinho, Saulo (Marinho).
Treinador: Pedro Emanuel

Benfica: Artur; Maxi Pereira, Jardel, Garay, Emerson; Matic (Nélson Oliveira), Witsel, Gaitán (Nolito), Aimar (Yannick), Bruno César; Cardozo.
Treinador: Jorge Jesus

Golos: - -

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Peiser.

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