19 de fevereiro de 2012

Sporting 1 - 0 Paços de Ferreira

O Sporting venceu há pouco a equipa da capital do móvel por 1-0. Resultado bom, exibição suficiente. Com clara margem para melhorias.

    Para a sua estreia como treinador na sua casa, Sá Pinto escolheu quase o melhor onze que podia, a meu ver claro. Julgo que tendo Matías Fernández no lugar de Elias, a equipa teria tido mais criatividade e qualidade de último passe, mas essa é a minha opinião. Do lado do Paços, o “Gepetto” Henrique Calisto colocou o seu 4-3-3 habitual, que vive da inspiração de Melgarejo e Manuel José, criando mais perigo quando Michel acorda para a vida e para o potencial físico e técnico que tem.

   O Sporting desde cedo assumiu o jogo integralmente, como se pedia. Com uma densa barreira de jogadores, os primeiros minutos mostraram um Paços na expectativa e fechado a sete chaves, apostando no contra-ataque após uma perda de bola do Sporting. E a verdade é que o primeiro lance de grande perigo no jogo foi mesmo do Paços. Perda de bola a meio-campo, grande passe de Filipe Anunicação e Michel, na cara de Patrício, assustou-se e rematou ao lado. A partir daí, tudo voltou à normalidade (jogo controlado pelo Sporting, mas sem criatividade e velocidade). Elias falhava passes atrás de passes, Schaars era o único jogador muito certinho no meio-campo do Sporting e a equipa verde e branca só ganhava alguma projecção quando Izmailov aparecia no meio e mostrava que tem mais técnica que todos os outros. Mas falta-lhe confiança, ritmo de jogo e alguma acutilância às vezes, que talvez não tenha por medo de se lesionar (pela 89ª vez).

  Aos 35 minutos, Filipe Anunciação placou autenticamente Rinaudo. Uma falta a lembrar os tempos do Boavista não é Filipe? Quando Schaars tem um livre indirecto para marcar já se sabe que é quase certo que dali nasça perigo. E nasceu mesmo. Cruzamento de Schaars… Carriço (que tinha entrado para o lugar do lesionado Onyewu), Ricardo e Cássio vão todos à bola no ar e Ricardo acaba por colocar a bola na própria baliza. Até final da 1ª parte, o Sporting manteve-se igual, registando inclusive 70% de posse de bola aos 4 minutos de jogo.


     As equipas voltaram para o 2º tempo idênticas a como tinham ido para intervalo. Só a partir dos 60 minutos é que o jogo começou a animar. Aos 61 minutos, Anunciação (tenho dificuldade em escrever este nome) simulou uma falta que não existiu de Rinaudo. Rinaudo que saiu depois para dar lugar a André Santos, após ter colocado mal o pé numa disputa de bola. Aos 65 minutos aconteceu um milagre. Melgarejo correu que nem um Gareth Bale, ultrapassando Carriço e eis que surgiu Anderson Polga a fazer um corte providencial. Passados 2 minutos, aos 67, João Pereira cruza, Ricardo (sempre ele) desvia o cruzamento com o cotovelo e o árbitro assinala grande penalidade. Na minha opinião, é penalty porque vejamos “ah e tal eu tinha as mãos atrás das costas, onde é que queres que eu ponha as mãos?” há de ter sido este o discurso de Ricardo para o árbitro, mas Ricardo rodou no ar, portanto se eu me virar 180 graus no ar, posso continuar a ter as mãos atrás das costas, mas estarei de frente para o lance. E é isso que interessa. Depois surgiu um “sururu” enorme, e no qual tive pena do Wolfswinkel. Ricardo e seus capangas amarelos rodearam o avançado holandês porque este teria alegadamente colocado a bola fora de pinta branca onde se marcam os penaltys. A confusão durou e durou, Cássio ainda foi provocar Wolfswinkel. E na altura pensei: não devia ser permitido destabilizar tanto um jogador, coitado. Mas o caso não acabou aqui. Wolfswinkel caminhava alegremente (e nervoso) para converter o penalty quando Cássio já se estava a sair. No momento em que Wolfswinkel rematou, Cássio já estava quase na linha da pequena área, portanto o penalty devia ter sido repetido. A verdade é que se percebeu que o rapaz holandês estava nervoso, porque com a saída de Cássio, tombado para um dos lados, ele ficou com o outro lado da baliza completamente aberto. Mas devia ter sido repetido o penalty. 
      
      Logo a seguir, o Sporting acusou um pouco a pressão e Polga (nunca consegue fazer tudo bem num jogo) deixou a bola fugir-lhe, o que gerou trabalho para Rui Patrício: 2 defesas, a remates de Melgarejo e Manuel José. Até ao final do jogo, o único lance de perigo terá sido o remate de André Santos (que agora parece que aprendeu a rematar de longe, devia tentá-lo mais vezes) perto do apito final. O resultado é justo, e o facto do Sporting ter rematado 4 vezes mais que o Paços e atacado quase o triplo, a nível estatístico, corrobora isso mesmo. Há muito a melhorar, é certo, mas os próximos jogos com Legia e Rio Ave serem em casa será bom para o clube de Alvalade.

No jogo de hoje Elias evidenciou que está em má forma e que a equipa tem soluções melhores que ele neste momento, Izmailov demonstrou mais uma vez que mesmo sem mostrar quase nada é superior a quase todos em campo e Schaars continua a mostrar que é um jogador com uma regularidade e qualidade superiores, mas que tacticamente não foi bem aproveitado por Domingos e veremos se será por Sá Pinto. Sá Pinto hoje teve um discurso positivo, e a sua postura no banco não tem nada a ver com a de Domingos. Mantém-se activo, fala com os elementos do banco, interage com os jogadores em campo, sorri e grita. É estranho vê-lo como treinador, mas a verdade é que é um adepto no banco. E só o facto de passar o jogo de pé em vez de se esconder no banco como o Choramingos, já é qualquer coisa. Na flash interview Sá Pinto pediu paciência para a equipa, o que é um pormenor linguístico engraçado. Ou não.

Tacticamente, reparei numa coisa. Este Sporting tem jogadores para actuar como actuava o Liverpool de 2008/ 2009. Para já está mesmo a anos luz, mas poderia aspirar a algo do género. Não tão bom porque esse Liverpool jogava à bola que era uma coisa impressionante, mas jogava num 4-3-3 com Mascherano, Xabi Alonso e Gerrard no meio-campo e Kuyt, Riera e Torres no ataque. Este Sporting poderia ter um meio-campo com Rinaudo, Schaars e Izmailov/ Matiás e um ataque com Capel, Carrilo e Wolfswinkel, o que estabelece pontos em comum, se Wolfswinkel voltar aos golos e não se apresentar como se apresenta o Torres actualmente no Chelsea, e se alguém se aperceber que o Schaars é um jogador (inferior, mas muito bom) semelhante ao Xabi Alonso e ao que Charlie Adam (actualmente no Liverpool) fazia no Blackpool no ano passado. E para o ano agarrem o Nuno Reis, que é melhor que qualquer central do plantel. Relativamente ao Paços, não tenho muito a dizer. Aliás, não vou dizer nada. Desculpa Gepetto. Agora é que reparei que o homem parece o Gepetto e treina a equipa da capital do móvel. Curioso… MP


Sporting 1 - 0 Paços de Ferreira

Sporting: Rui Patrício; João Pereira, Onyewu (Carriço), A. Polga, Insúa; Rinaudo (André Santos), Elias, Schaars; Izmailov (Pereirinha), Carrillo, Wolswinkel.
Treinador: Ricardo Sá Pinto

Paços de Ferreira: Cássio; Filipe Anunciação, Ozéia, Ricardo, Luisinho; André Leão, Luiz Carlos (Arturo Alvarez), Vitór Emanuel (Josué); Manuel José, Melgarejo, Michel (Christian).
Treinador: Henrique Calisto


Golos: 1-0 36’ Ricardo a.g.


Melhor em campo "Barba Por Fazer": Schaars.

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