23 de fevereiro de 2012

Sporting 1 - 0 Legia

Estava eu a grelhar as minhas febras e eis que começou o Sporting.
E foi a comê-las (as febras) que passei a primeira parte do jogo. Não toda, porque não como assim tão devagar. Isto era apenas para condimentar um pouco o jogo, que podia ter tido condimentos mais interessantes.

      Desde já a parte importante, o Sporting passou o Legia. Mas não ganhou em todos os campos. Fora do estádio, vários trabalhadores das obras mascarados de adeptos do Legia ganharam a batalha das detenções. Para além dos confrontos entre claques, os adeptos polacos apresentaram-se tacticamente dispersos no campo, uma vez que 11 elementos deles fizeram um assalto na Rua do Arsenal e outro foi detido no Rossio. Hoje era um bom dia para o CEJ. Quando queriam deter um emigrante ilegal, “achavam-no” adepto do Legia e estava feita a coisa. Dentro do estádio os seres polacos ainda tentaram mais umas coisas, mas os adeptos leoninos (segundo o comentador de TV) saíram do local, não dando aso ao desenvolvimento da guerra fria.

      Dentro do campo a 1ª parte não foi muito interessante. Ambas as equipas se apresentaram “raçudas” e concentradas, com muita disputa de bola a meio-campo, sector defensivo concentrado e pouca imaginação dos elementos mais importantes de parte a parte. O lance de maior perigo na 1ª parte terá sido, até, do avançado Ljuboja que, com a sua tira loira no meio do cabelo, cabeceou pouco ao lado da baliza de Rui Patrício. De resto, a primeira parte caracterizou-se sobretudo pela forte capacidade física que os jogadores emprestaram ao jogo, estando na altura Carriço a fazer um bom jogo, Schaars a falhar muitos passes, Matías e Izmailov a esconderem-se do jogo gradualmente e Wolfswinkel perdido entre os defesas do Legia. Do outro lado, a estratégia era simples, andar sempre a correr feitos malucos, dar um toquezinho à margem das leis nos tornozelos dos jogadores do Sporting (mas que não justificasse a falta) e apostar na velocidade de Rybus e Zyro, e claro na qualidade de Ljuboja.

       A 2ª parte trouxe um jogo claramente melhor. Pelo menos, mais interessante de assistir. Entre os 45 e os 55 minutos, o jogo foi claramente do Sporting. Pressão alta leonina, com (curiosamente) Matías Fernández a recuperar muitas bolas e Schaars a melhorar na distribuição de jogo. Depois, em 3 minutos os jogadores do Legia conseguiram ver 3 amarelos por protestos. Um pouco bárbaros aqueles jogadores, em certa medida. A verdade é que depois da entrada forte do Sporting na 2ª parte, o Legia começou a crescer no jogo, a ter mais bola, a trocá-la bem, mas sem nunca materializar a sua posse em algo de realmente digno de registo. 
      E foi por volta do minuto 70 que o efeito AXE entrou em campo. Em vez de caírem bonitas raparigas como anjos, começaram veja-se bem a diferença, a cair jogadores do Sporting. É triste, eu sei. Não sei se é falta de espinafres, falta de treinos ou se é da carne do Peru, porque Carrillo e Rodríguez foram os primeiros a deixarem-se vencer pelas cãibras (escrevi bem a palavra, inchaa Word!), mas a verdade é que boa coisa não se passa ali. Depois caiu Izmailov, que já se andava a arrastar pelo campo e após (mais uma) entrada dum jogador polaco. Mas o Izmailov compreende-se. Numa altura em que eu já não sabia se o Sporting conseguiria ter 11 jogadores no final do jogo, e em que Renato Neto (que acabou por não entrar) já tinha estado para entrar duas vezes, João Pereira, que até estava a fazer um jogo bastante consistente, decidiu fazer uma falta à Sporting (mesmo mesmo na zona-limite entre o que é livre directo e o que é penalty). Não deu golo, mas o Patrício caiu. E aí eu pensei que iam todos ter que pegar no Xandão e deitá-lo na baliza para as bolas não entrarem. Mas não, o Rui aguentou-se. 

       Depois de toda esta “queda para lesões”, surgiu um livre no lado esquerdo do ataque leonino. Matías cruzou/ rematou forte e colocado, Wolfswinkel, Carriço e Insúa surgiram na zona mas ninguém tocou e foi o golo do Sporting. A partir daí, os jogadores do Legia perceberam que a coisa era capaz de estar bastante complicada e, apesar de terem feito um remate perigoso pela parte de Wolski, muito bem defendido por Patrício, preferiram dar o ar da sua graça em pequenos pormenores físicos. O guarda-redes quase esmurrava Pereirinha, o que vale é que Pereirinha é pequeno e esquivo e o guarda-redes não lhe conseguiu acertar. Se calhar ele até estava a esmurrar o ar, revoltado, e curiosamente, andava a passar o Pereirinha lá por baixo. E mesmo a acabar a partida, um jogador decidiu tirar a meia ao Schaars arrastando-lhe os pitons pela perna abaixo. Entrada feia, em que o amarelo podia ter sido um vermelho. 
        De referir ainda que nesta recta final do encontro Diego Capel foi bastante importante pela forma como soube ter bola, guardá-la, irritar os polacos e ganhar faltas. A falta que resultou no golo de Matías foi inclusivamente ganha pelo espanhol. Num jogo onde houve mais coração e garra do que cabeça e talento, destacaram-se Rui Patrício quando for solicitado, João Pereira sempre em alta voltagem e melhor ofensivamente do que defensivamente, Schaars na segunda parte e Matías, claro, pelo golo que tranquilizou aos 83 minutos o estádio.

O Sporting consegue, assim, o apuramento para a próxima fase da Liga Europa, na qual será o único representante do futebol português. Continuo a dizer que há muita coisa a trabalhar e melhorar no Sporting, desde logo a componente física, mas pelo menos os resultados estão a ser melhores. Com esforço as coisas vão ao sítio. Sá Pinto continua a ter inteligência nas substituições que faz, o que mostra capacidades, e bem vai precisar delas para a dupla jornada com o Manchester City na próxima fase em que o Sporting não tem que ficar embaraçado se perder. Apenas deve procurar sair de cabeça erguida. E tentar que menos jogadores caiam. Se possível. MP

Nota Liga Europa: o Braga ganhou 1-0 na Turquia com um golo de Lima (em grande momento de forma). Ver naquele meio-campo 3 médios portugueses de enorme qualidade – Hugo Viana, Manuel Fernandes, Ruben Amorim – e não ver nenhum habitualmente chamado à selecção, custa.

      E agora lá vou ter que escrever os nomes dos jogadores do Legia, que parece que são feitos com as letras que sobram nas sopas de letras, tirando as palavras que fazem sentido.

Sporting 1 - 0 Legia

Sporting: Rui Patrício; João Pereira, A. Polga, A. Rodríguez (Xandão), Insúa; Carriço, Schaars, Matías Fernández; Izmailov (Pereirinha), Carrillo (Diego Capel), Wolfswinkel.
Treinador: Ricardo Sá Pinto

Legia: Kuciak; Jedrzejczyk, Zewlakow, Wawrzyniak, Komorowski, Rzezniczak (Wolski); Gol (Hubnik), Vrdoljak, Rybus; Zyro (Kucharczyk), Ljuboja.

Treinador: Maciej Skorza



Golos: 1-0 83’ Matías Fernández


Melhor em campo "Barba Por Fazer": Matías Fernández

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