22 de agosto de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 2



Filme: Into the Wild
Actor: Emile Hirsch

por Tiago Moreira

    Todos temos um filme favorito. Aquele que por alguma razão nos tocou. Que inexplicavelmente deixou-nos água pela barba com o trailer e que posteriormente nos seduziu completamente deixando-nos agarrados ao ecrã. "Into the Wild" é sem sombra de dúvidas esse tal meu filme. Não me venceu com um trailer, mas sim com o grande teaser que o videoclipe da música "Hard Sun" de Eddie Vedder acabou por ser. O facto da banda sonora ser toda da autoria de Eddie Vedder foi um factor de peso para que ficasse totalmente preso ao filme realizado por Sean Penn. No meio de tantas paisagens paradisíacas e de tantos momentos fortes do nosso personagem, a voz de Vedder deixa-nos sempre arrepiados, casando na perfeição com todas as imagens captadas.
    Sem mais demoras, apresento-vos o nosso personagem de hoje - Christopher McCandless. Isto sou eu a apresentá-lo. Se fosse o mesmo talvez se apresentasse por Alex Supertramp. Porquê? Porque acabou por ser a sua nova identidade. Chris, depois de se formar, largou toda a sua vida social para se tornar livre. Não, McCandless não vivia numa ditadura, mas sentia-se preso a todas as «regras» e patamares que a sociedade nos incute. Com uns pais bastante severos e para quem a aparência da sua família perante a sociedade era tudo, Chris - com uma mente fomentada por escritores como Thoreau, Tolstoy e Jack London - acabou por doar todo o seu dinheiro a instituições de caridade e partiu com direcção ao selvagem, mais concretamente em direcção ao Alasca. Pelo seu caminho encontrou várias pessoas que com a sua personalidade forte, mentalidade louca, mas ao mesmo tempo bastante ponderada e inteligente, Alex (era assim que era conhecido perante todas estas pessoas) deixou a sua marca na vida de todas elas. Com um estilo de vida completamente inspirador, Supertramp influenciou positivamente todos os seus amigos de viagem a não se acomodarem ao veneno que o mesmo achava que a sociedade era. Incentivou-as a deixarem de parte todos os limites impostos pela sociedade e a aproveitarem a sua vida, sem qualquer receio. Contudo, a teoria que tentava defender, que consistia no facto do ser humano não necessitar de se relacionar com outras pessoas para ser feliz e que todos os materiais ao nosso redor eram desnecessários para a vida humana, saiu gorada. Uma das suas últimas anotações, quando se encontrava na sua carrinha totalmente isolado do mundo, foi mesmo «Happiness only real when shared». Uma verdade arrebatadora e que muitos de nós, no meio do nosso egocentrismo, desprezamos completamente.

    Christopher McCandless é uma das personagens mais inspiradoras de sempre. Pelo menos para mim. Sou fã de livros e filmes baseados em histórias verídicas e esta sem dúvida alguma que é a melhor de todas que alguma vez li/assisti. Faz-nos reflectir bastante sobre toda a verdade em que estamos inseridos e como é que a sociedade nos conseguiu formatar de tal forma que estrutura toda a nossa vida em patamares. E não só. A sociedade ilude-nos quanto ao facto de sermos livres. Nós estamos presos à falsa ideia de sermos livres. A verdadeira liberdade não nos é totalmente conhecida. Tudo porque a maioria das pessoas apenas pensam que querem liberdade. Na verdade, apenas querem ser - hiperbolizando um pouco - escravas da sociedade, da ordem social, do materialismo e de todas as leis que nos regem. A única liberdade que o Homem realmente quer é a liberdade para se sentir confortável (Sim, também fui bastante influenciado por Sons of Anarchy). Nada mais que isso. E Chris deu-nos o seu exemplo de vida para que fujamos de todos esses aspectos. Para que saibamos seguir o nosso caminho mesmo que nos olhem com desdém enquanto caminhamos. Para que saibamos partilhar a nossa vida com quem realmente merece. Para que vivamos até ao limite da nossa condição física da melhor forma possível ignorando juízos de valor de outrem.
    E passou-nos tudo isto de uma forma pura. Ou diria melhor... selvagem.

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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

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