6 de abril de 2014

Everton bate Arsenal em tarde perfeita e sonha com a Champions

Everton  3 - 0  Arsenal (Naismith 14', Lukaku 34', Arteta a.g. 71')

    Roberto Martínez disse, ao chegar a Goodison Park, que iria levar o Everton à Champions League. Volvidos alguns meses, a afirmação pode vir a tornar-se realidade logo na 1.ª época. O sonho, pelo menos, está bem vivo e recomenda-se. Recordemos, no entanto, que Wenger é sinónimo de Arsenal no Top-4 e a equipa do Norte de Londres tem um calendário mais fácil até ao final do que o Everton. Não tem, ainda assim, a determinação e consistência táctica da equipa azul de Liverpool. Dissemos ainda há dias que o título e a luta pelo lugar de acesso ao play-off da Champions iam decidir-se em Liverpool, e hoje tivemos o primeiro de vários jogos decisivos (na próxima jornada, Liverpool-Man City).

    Não houve surpresas nos onzes de hoje. Martínez deixou Ross Barkley, por precaução e estratégia no banco; Wenger voltou a contar com Ramsey, ficando o galês no banco juntamente com Oxlade-Chamberlain. Com lotação esgotada, foi Osman o primeiro a criar perigo - o médio que dedicou toda uma vida ao Everton quis imitar Papiss Cissé (no golaço que o senegalês marcou em Stamford Bridge) e a bola não passou muito longe da baliza. A reacção do Arsenal deu-se por Podolski e logo aos 9' o Everton viu-se obrigado a trocar Osman (a sangrar abundantemente da cara) pela jovem pérola Ross Barkley. E foi passados poucos minutos que Goodison Park delirou pela primeira vez. Leighton Baines fez um passe soberbo para Lukaku, o belga rematou para defesa de Szczesny mas o guardião nada pôde fazer perante a recarga de Naismith, à hora certo no lugar certo. Sempre que tinha a bola o Everton ia-se revelando objectivo, equilibrado pela dupla Gareth Barry e James McCarthy, e aos 34' chegou o 2-0. Naismith iniciou a transição, Mirallas fez um grande passe a abrir Lukaku e depois o resto ficou a cargo do monstruoso e potente avançado belga. Romelu Lukaku, emprestado por Mourinho que se queixa de ter falta de avançados, flectiu e foi tirando defesas do seu caminho até disparar para o fundo das redes. Até ao intervalo valeu Howard a evitar com uma grande defesa um remate espontâneo de Podolski. O resultado ao intervalo não surpreendia por certo quem tem acompanhado este Everton - a equipa tacticamente mais evoluída da Premier League, com posicionamento, concentração quantidade de soluções estratégicas brilhantes.
    O Arsenal regressou dos balneários com a "cara lavada" e com os seus laterais mais envolvidos no processo ofensivo mas nessa fase o Everton soube fechar as portas da sua baliza, com o jovem central John Stones (que começou o jogo nervoso, mas recompôs-se) em destaque, e a experiência de Distin a ser determinante. Não só não sofreram, como ainda marcaram o 3-0. Naismith e Mirallas estiveram na origem do golo, acabando por ser um desvio de Mikel Arteta, um ex-Everton curiosamente, a fazer um auto-golo. Kevin Mirallas merecia ter marcado.
    Wenger ainda tirou da cartola Ramsey e Oxlade-Chamberlain, jogadores que poderiam muito bem ter entrado aos 45', mas já é conhecida a capacidade que o Everton tem de segurar resultados que lhe são favoráveis. Chamberlain ainda proporcionou a Howard a defesa do jogo, numa bola que ainda embateu na trave, sendo que do outro lado do campo o Everton acabou a coleccionar maldades - Coleman driblou Cazorla com uma "cueca" e Deulofeu ainda teve alguns minutos para fazer as suas "traquinices". Em cima do apito final, Martin Atkinson (melhor árbitro inglês, provavelmente) anulou erradamente um golo a Sanogo, por pretenso fora-de-jogo, que não existiu.

    No ano passado o Arsenal conseguiu segurar o seu 4.º lugar, numa acesa luta com o seu maior rival, o Tottenham (na altura, Bale+10). Este ano, o 4.º tem tudo para ser discutido entre Arsenal e Everton. Quer isto dizer que, mesmo que não consiga atingir o sonho da Champions, tudo indica que o Everton estará na Europa na próxima época, parecendo nesta fase difícil que Tottenham e Manchester United consigam roubar essa posição aos toffees, que neste momento só olham para cima.
    A exibição do Everton hoje foi perfeita. A equipa manteve-se coesa, defendeu como um todo, trocou a bola com calma e inteligência, movimentando-se como de costume, mantendo-se sempre equilibrada mas sabendo acelerar nos momentos certos. É a equipa da Premier que melhor utiliza os seus laterais - hoje vimos Coleman na grande área adversária por várias vezes (conseguindo ainda assim estar sempre presente junto à sua área) e Baines sistematicamente envolvido na construção de jogo. Lukaku e Mirallas estiveram em dia sim e Naismith foi novamente herói, à imagem do último fim-de-semana, tornando-se um jogador chave num momento decisivo da temporada. Por fim, e porque mais vale esperar por novo jogo do Arsenal para termos coisas boas para dizer, Gareth Barry e James McCarthy merecem grande crédito pela vitória do Everton. São a âncora de Roberto Martínez, estiveram em todo o lado, lendo e antecipando o jogo como mais ninguém no campo.

    Seja qual for a posição final na tabela a temporada do Everton terá que ser considerada impressionante. Também motivados pelo sucesso e espectacular futebol do rival Liverpool, pode-se afirmar que o dia 31 de Agosto foi decisivo para todos estes meses: aquele dia em que o Everton perdeu Fellaini, mas ganhou James McCarthy e os empréstimos de Romelu Lukaku e Gareth Barry.

Barba Por Fazer do Jogo: Steven Naismith (Everton)
Outros Destaques: Baines, McCarthy, Barry, Mirallas, Lukaku; Podolski

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