6 de junho de 2012

EURO 2012 - Grupo C

Seguindo na nossa análise aos grupos do Euro 2012, hoje falamos do grupo C. Após abordarmos o grupo sem favoritos e o grupo com favoritos a mais, hoje falamos do grupo onde está inserida a actual selecção campeã – a Espanha. A fazer-lhe companhia estarão duas Itálias: a original Itália, orientada por Prandelli e a República da Irlanda que, orientada pelo ex-campeão pelo Benfica Giovanni Trapattoni, jogará “à italiana”. A tudo isto junta-se ainda a Croácia que, se jogar como é capaz, pode muito bem surpreender e ser um dos outsiders da competição.


GRUPO C


    A Espanha conseguirá a qualificação no 1º lugar do grupo fruto do seu tiki-taka em slow motion. A acompanhá-la na ida para os quartos estará uma de duas selecções: Itália ou Croácia. Mas muito sinceramente, até a Irlanda terá uma palavra a dizer pela forma como defende orientada por Trap.

    Começamos então pela detentora do troféu – a Espanha. Que bem que jogava a Espanha em 2008 comparando com a forma como ganhou o Mundial 2010… Aragonés ganhava títulos com bom futebol, Del Bosque ganha também mas mastigando imenso o jogo e descansando ao conseguir o 1-0. Esta Espanha tem várias vantagens: primeiro os jogadores conhecem-se melhor que ninguém, segundo já ganharam muito e são experientes, terceiro tal como a Alemanha têm imensas soluções disponíveis e um extraordinário banco. Avançados que ficaram de fora dos convocados como Soldado, Adrián e Rodrigo eram titulares na nossa selecção. No entanto a Espanha tem também algumas desvantagens: o facto de já ter ganho muito pode atenuar a ambição e o querer espanhol, em contraponto com uma Alemanha que quer muito ganhar e a esta barriga de títulos junta-se ainda a animosidade Barça-Real que pode gerar (embora não acredite muito) um mau ambiente ainda que não declarado. 
    Entre os postes estará o capitão Iker Casillas. Na defesa, Del Bosque jogará garantidamente com Piqué no centro da defesa e Jordi Alba na esquerda. A dúvida seria Arbeloa na direita e Sérgio Ramos no centro ou Sérgio Ramos na direita e Javi Martínez no centro, mas a 1ª opção deve ser a escolhida pelo “bigodes” espanhol. A nível de meio-campo Busquets será o nº6 da equipa (tão bem que ficariam ali Javi Martínez ou Javi García). Xabi Alonso dará equilíbrio e classe à equipa, ficando a manobra ofensiva ao tridente Xavi-Iniesta-Silva, onde David Silva terá o peso de ser o elemento-chave desta selecção, um pouco como Fábregas foi em 2008. Relativamente ao avançado, Del Bosque terá que optar entre Fernando Torres ou Fernando Llorente. Acredito que opte por Torres. Em todo o caso, a Espanha conta com Fábregas, Mata, Pedro e o Fernando (Llorente ou Torres), que não for titular, no banco portanto soluções não faltam.

    Segue-se então a Itália. Desde que conquistou o Mundial 2006, a selecção transalpina perdeu-se. O facto de não ter um onze 100% definido, nem um grande seleccionador, juntando-se agora o polémico caso de apostas desportivas que envolvia inclusive jogadores convocados para o Euro 2012 em nada contribuirá para a tranquilidade mental dos italianos. Ainda se pode juntar a isto a maldição de 11/11/2011. Em todos os jogos após esse dia, a Itália perdeu sempre e não marcou qualquer golo. O último amigável (derrota de 3-0 frente à Rússia) veio demonstrar várias fragilidades na equipa de Prandelli. Verdade seja dita, a Itália é também uma selecção talhada para os grandes momentos, que sabe sempre defender (na qualificação em 10 jogos sofreu apenas 2 golos) e que, para as coisas correrem bem, dependerá da estrutura base que se sagrou campeã pela Juventus este ano. 
    Na baliza estará o lendário Gianluigi Buffon. Na defesa há várias dúvidas, mas Chiellini será sempre o patrão da defesa, juntando-se a ele (à partida) Maggio/Abate e 2 entre Bonucci, Barzagli e Balzaretti. No meio-campo, tudo o que a Itália produzir passará pelos pés e pelo cérebro de Andrea Pirlo. Pirlo ressuscitou na Juventus este ano e tem em Marchisio o complemento perfeito para o seu futebol. A eles juntar-se-á o raçudo Daniele De Rossi e à partida Montolivo. Na frente de ataque Prandelli deverá optar por uma dupla composta por Balotelli e Di Natale ou Cassano. Uma selecção que é uma ligeira incógnita e que se pode deixar ultrapassar pela Croácia.

    A Croácia pode então ser uma das revelações da competição. Orientados por Slaven Bilic, os croatas reúnem uma geração bastante interessante de jogadores. Tendo um ataque repleto de criatividade e jogadores invulgares no actual panorama futebolístico, a defesa poderá não estar ao nível daquilo que esta selecção teria potencial para conseguir. 
    A defender as redes croatas estará Pletikosa. Uma das principais questões nesta Croácia é saber até que ponto é que Dario Srna jogará a lateral direito ou médio direito. Se jogar a médio, a defesa jogará com Corluka, Simunic, Schindelfeld e Strinic. A nível de meio-campo há varias opções e quase todas boas opções, a única garantida é a titularidade de Luka Modric, o playmaker da Croácia. A ele juntar-se-ão no meio-campo Srna, Kranjcar (que se estiver “acordado” pode fazer um grande Euro 2012) e depois sobra uma vaga para Perisic ou Rakitic. No ataque, face à lesão de Ivica Olic, Bilic pode muito apostar na dupla Jelavic e Mandzukic, tendo Eduardo da Silva como carta para jogar durante o jogo. Pode acontecer Eduardo ser titular e Jelavic funcionar como essa “carta”. Em todo o caso a Croácia tem várias opções de meio-campo que podem entrar durante o jogo tais como Badelj (grande futuro), Dujmovic ou Vukojevic. Gostava que esta Croácia se soltasse e conseguisse deixar a Itália pela fase de grupos. É difícil mas pode muito bem acontecer. Acredito que a dupla Jelavic-Mandzukic funcionaria na perfeição no ataque.

    Por fim, a equipa de Trapattoni. A República da Irlanda não tem os argumentos de nenhuma das equipas deste grupo, mas tem um grande treinador e uma ideia de jogo bem definida. Trapattoni é um treinador consciente das qualidades e imperfeições das suas equipas e das outras e portanto saberá pôr esta Irlanda a defender bem e a contra-atacar (à italiana) nos momentos certos. 
    A baliza estará a cargo de Shay Given e a defesa será formada por St Ledger, O’ Shea, Dunne e Stephen Ward (que provavelmente garantirá o seu passaporte para fora do Wolves após o Euro). No meio-campo Whelan jogará certamente e ao seu lado estará Andrews ou Gibson. Nas alas dum lado o experiente Damien Duff e do outro o irrequieto Aiden McGeady. Na frente, a estrela Robbie Keane, acompanhado por Kevin Doyle, Shane Long ou Walters. À partida dir-se-ia que será uma equipa que terá dificuldade em pontuar, mas um bom 1º jogo (embora acredite que a Croácia o ganhará) poderá mudar as coisas. Será importante Trapattoni saber usar o banco que tem, com o que Walters e McClean lhe poderão dar. Pormenor muito importante: nos últimos 14 jogos que realizou, a Irlanda sofreu apenas 3 golos.

    Um grupo onde, à priori, não existirão tantos golos como noutros pela capacidade defensiva que várias equipas têm. A Espanha perfila-se como enorme favorita neste grupo e a Croácia pode surpreender.

Possível classificação final:
1º Espanha
2º Itália/ Croácia
3º Croácia/ Itália
4º Rep. Irlanda

Destaques Espanha: Casillas, Jordi Alba, Piqué, Xavi, Iniesta, Silva, Torres, Fábregas, Llorente
Destaques Itália: Buffon, Chiellini, De Rossi, Pirlo, Marchisio, Balotelli
Destaques Croácia: Srna, Modric, Kranjcar, Mandzukic, Perisic, Jelavic
Destaques Rep. Irlanda: Dunne, Ward, Whelan, McGeady, Robbie Keane

MP

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