13 de junho de 2012

Euro 2012: Dinamarca-Portugal | Holanda-Alemanha

6º Dia de Euro 2012 e dia de emoções fortes para Portugal. É verdade que o Espanha-Itália foi até agora o melhor jogo de futebol da competição, mas (e não é por sermos tugas) o Dinamarca-Portugal foi claramente o jogo mais emocionante até agora. Sempre tudo para a última, mesmo à português... O Grupo B fechou com uma vitória mais tranquila do que o resultado demonstra, da Alemanha frente à Holanda.

Dinamarca 2 - 3 Portugal

     Ufa... Achamos que foi isto que soltaram a maioria dos portugueses no fim deste jogo. Pelo menos nós soltámos... Um jogo sofrido até ao último minuto sem necessidade nenhuma. Quase nos fez lembrar o Benfica...
    Portugal estava obrigado a ganhar este jogo. Não é que o empate nos afastasse por completo, mas complicava bastante e a qualificação não dependia apenas de nós. Paulo Bento decidiu apostar no mesmo onze que defrontou a Alemanha, ignorando as críticas em relação à aposta em Hélder Postiga. O mesmo fazia o treinador da Dinamarca. A única alteração recaía sobre o equipamento. Portugal passava a jogar de branco e a Dinamarca de vermelho.
    A primeira parte foi totalmente dominada por Portugal. Os dinamarqueses entraram melhor e os portugueses pouco concentrados. Porém, rapidamente apertámos com eles e cada vez mais os obrigávamos a jogar perto da sua área. Ronaldo teve alguns lances para brilhar, mas desde cedo se percebeu que não era a sua noite. Pepe destacava-se cada vez mais e aos 24 minutos inaugurou o marcador para o delírio dos portugueses! Canto batido exemplarmente por João Moutinho e Pepe, ao primeiro poste, desviou para dentro da baliza. Muitos criticam o facto de Pepe ser brasileiro, mas tomara que muitos portugueses dessem tudo como Pepe dá em cada lance por Portugal. A selecção portuguesa não se acomodou ao resultado e continuou em cima da Dinamarca. E é óbvio que isso deu resultados... Nani parou para pensar no que ia fazer na direita, viu o Hélder, passou-lhe e ao primeiro poste, o mal amado dos portugueses marcou mesmo o segundo do jogo. Postiga não fazia muito, mas o que é certo é que marcou... E é isso que o povo quer! Fazíamos o que queríamos no jogo, mas o Bendtner marcou quase no fim da primeira parte. Rui Patrício ficou sempre a meio. Ficou a meio do cruzamento de Jacobsen, ficou a meio do passe de cabeça de Krohn-Dehli e viu Bendtner a encostar de cabeça. Decide-te homem! Ou te sais à bola, ou ficas onde estás co'a porra!
    O golo no fim da primeira parte foi um balão de oxigénio e uma injecção de motivação para a equipa de Morten Olsen. Apesar de ter sido fácil de verificar uma maior motivação nos jogadores dinamarqueses, foi Portugal o primeiro a criar perigo. Postiga faz um grande passe para Ronaldo que, isolado, deixou que Andersen defendesse o seu remate... Incrível falhanço do capitão português que se diz o melhor do mundo. Seguiram-se alguns minutos em que Portugal controlava o jogo, mas criava pouco perigo. E isso fazia com que a Dinamarca se começasse a impor. Não duma forma extremamente dominante, mas começava a ameaçar a baliza do (inseguro) Rui Patrício. Após alguns lances perigosos por parte dos dinamarqueses, Nélson Oliveira esperou por ajuda no ataque, deu para Nani e o extremo fez um passe magistral isolando por completo Ronaldo. E o que é que Ronaldo fez? Mandou ao lado... Não se percebe como é que um jogador deste nível falha dois golos certos. No programa "Os Incríveis" de Daniel Oliveira via-se Ronaldo a dar toques com tudo o que o Daniel pedia... Se calhar é isso... Deve-se ter habituado aos 1836 frascos de Linic que tem em casa e perdeu o jeito para o esférico... E como se costuma dizer: "Quem não marca, sofre" - sofremos mesmo. Cruzamento de Mikkelsen (jogador que substituiu o lesionado Rommedahl e que trouxe bastantes problemas a Fábio Coentrão que não tinha ajuda de quase ninguém no seu flanco) e Bendtner cabeceou fortíssimo batendo Rui Patrício. Apesar de Rui estar perto do primeiro poste e ter transparecido que podia ter feito melhor, não o recriminamos. Lance muito rápido e o guardião português até foi rápido a reagir. Portugal não baixou os braços e o espírito lutador que nos está inerente catapultou-nos de novo para o ataque. Paulo Bento não demorou muito em tirar Meireles (mau jogo do médio) e colocou Varela para desequilibrar. E o certo é que também não demorou muito para o extremo do Porto ter marcado o golo da vitória! Coentrão subiu na esquerda, cruzou para Varela e este apesar de falhar o primeiro remate fuzilou Andersen na recarga. Uma bujardona que deu a Portugal os primeiros pontos na competição.
    Foi um jogo em que sofremos sem qualquer necessidade. Fomos superiores à selecção da Dinamarca durante todo o jogo e podíamos muito bem ter saído com uma larga vitória não fosse a total desinspiração de Ronaldo. Ele disse para não esperarem que fosse o salvador da pátria, mas um jogador que diz ser o melhor do mundo não pode falhar estes golos certos. Nem pode responder aos cânticos relacionados a Messi... Um capitão tem de ter uma personalidade forte e no nosso entender Ronaldo não a tem. Pepe tem 100 vezes mais carácter de capitão do que Cristiano. Pepe que foi sem dúvida alguma o melhor em campo. Introduziu ao jogo uma garra enorme e coroou a sua exibição com um golo. Destacamos ainda o bom jogo de Coentrão que jogou como tão bem nos habituou. Moutinho contrasta o seu jogo com o seu tamanho fazendo também uma grande partida. Nani era dos poucos que mexia com o ataque português. Nélson Oliveira não jogou assim muito por aí além, mas foi um elemento muito melhor que Postiga para a equipa. Varela foi o salvador da pátria e também ele mexeu com o jogo mal entrou. No lado da Dinamarca, Jacobsen fez um jogo bastante consistente. Mikkelsen causou uma carga de trabalhos a Coentrão que, por sua vez, raramente tinha o apoio de Ronaldo (como Nani dava a João Pereira). Tinha que ser algumas vezes Veloso a ajudar o defesa do Real Madrid, mas o médio só lá ia virar o rabo quando Mikkelsen ameaçava centrar (contudo, Veloso não fez um mau jogo). Por fim, Bendtner confirmou a sua aptidão natural para marcar a Portugal... Já cansa, gigantone... Já cansa...
    Tudo em aberto neste grupo com Portugal a depender apenas de si próprio para se qualificar. Não há margem para facilitar no jogo contra a Holanda. É para ganhar!

Ficha de jogo
Dinamarca: Andersen; Jacobsen, Kjaer, Agger, S.Poulsen; Kvist, Zimling (J.Poulsen), Eriksen, Rommedahl (Mikkelsen), Krohn-Dehli (Schone); Bendtner.
Portugal: Rui Patrício; João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Fábio Coentrão; M.Veloso, Moutinho, Meireles (Varela): Nani (Rolando), Cristiano Ronaldo, H.Postiga (N.Oliveira).
Golos: 0-1 24' Pepe; 0-2 36' H.Postiga; 1-2 41' Bendtner; 2-2 80' Bendtner; 2-3 87' Varela.
Destaques: Jacobsen, Mikkelsen, Bendtner; Pepe, Fábio Coentrão, Moutinho, Nani, Varela.
"Barba Por Fazer" do Jogo: Pepe (Portugal).




Holanda 1 - 2 Alemanha

    Havia grande expectativa neste jogo que colocava frente-a-frente os 2 melhores ataques da fase de Qualificação. Talvez a expectativa não fosse tão grande porque, na 1ª jornada, a Holanda foi certamente a equipa que mais desiludiu e os problemas de balneário desta Laranja Mecânica parecem estar a vir ao de cima.
         O jogo começou em ritmo lento, com as equipas a tentarem encaixar uma na outra. A lentidão inicial foi furada, primeiro por um grande passe ao qual Van Persie correspondeu com um fraco remate e depois por um remate espontâneo de Özil, que Stekelenburg defendeu a dois tempos. A verdade é que a Holanda começava nessa altura a ter mais bola, e a conseguir sair em transição, nunca dando no entanto a melhor sequência aos lances. A Alemanha mantinha o seu futebol calmo e confiante de que os golos iriam aparecer. Perto dos 20 minutos, Badstuber enganou-se e cabeceou a cabeça ovular de Robben e não a bola. Só hoje compreendi que Robben parece o Megamind. Logo a seguir, Müller deu a bola a Schweinsteiger, o médio nuclear da Alemanha desmarcou Gomez e o avançado germânico, após uma extraordinária recepção com rotação fez o 1-0 para a Alemanha. Ao 2º remate no Euro 2012, Gomez fez o 2º golo. 
    A Holanda continuava a não saber o que fazer à bola, Badstuber ainda perdeu um golo feito e depois, Gomez lá fez questão de aparecer de novo. Schweinsteiger novamente na assistência e Mario Gomez, frio e sem contemplações, rematou forte e colocado para a baliza, deixando Stekelenburg ligeiramente mal batido. Resta acrescentar que foi portanto o 3º golo de Gomez no Euro 2012, ao 3º remate que fez. Eficaz? Um bocadinho (a ironia é a figura de estilo presente nesta frase). Até ao final da primeira parte, controlo total e tranquilo da Alemanha, que quase fez o terceiro golo num livre de Schweinsteiger.

    Para a segunda parte o seleccionador holandês colocou Van der Vaart e Huntelaar no jogo, retirando o capitão Van Bommel e o jovem Afellay, mas o jogo não mudou tão cedo. A Alemanha continuou a trocar a bola como queria, fazendo os holandeses correr, e criando desequilíbrios nas subidas dos seus defesas – geralmente Lahm pela direita ou Hummels (que quase marcou) pelo centro. Depois, procurando combater o domínio alemão, a Holanda começou a dar a Sneijder todo o seu jogo. O único jogador da Holanda que tem feito algo neste Euro assumiu o jogo e procurou construir – Robben ameaçou Neuer e, após várias assistências de Sneijder, várias jogadas se perderam nos pés dos colegas. 
    Aos 72 minutos Mario Gomez saiu para dar lugar a Miroslav Klose e, um minuto depois, a Holanda reduziu. Mais uma vez Sneijder (nessa altura já a descair sistematicamente sobre a esquerda) deu a bola a Van Persie e o avançado finalmente deu um cheirinho do que fez este ano pelo Arsenal e encheu o pé, rematando sem hipóteses para Neuer. No entanto, até ao final do jogo a Alemanha limitou-se a controlar o jogo e a gerir, ficando ainda perto do 3-1 por Klose, após um erro de Stekelenburg.
    Um jogo pouco disputado, onde até o 2-0 retractaria melhor o que foi o jogo e no qual a Alemanha chegou aos 6 pontos, ficando assim em boa posição de garantir a qualificação (bastar-lhe-á não perder para estar qualificada). Quanto á Holanda, continua a vincar o estatuto de grande desilusão do Euro, e esperemos que no domingo reforce esse estatuto, perdendo com Portugal. A laranja mecânica ainda não está fora porque, caso vença Portugal (3 toques na madeira) e a Alemanha vença a Dinamarca, as 3 selecções abaixo da Alemanha ficam com 3 pontos e aí interessarão os critérios de desempate, como a diferença de golos nos jogos entre as equipas.
    Nesta Holanda hoje mais uma vez Sneijder foi o único jogador a quem não se pode apontar o dedo e Van Persie apareceu finalmente a fazer aquilo que sabe – golos. A Alemanha conseguiu uma exibição bastante superior à que fez contra Portugal, apesar de também não ter deslumbrado por completo, reforçando a ideia de que tem um conjunto forte, homogéneo e que é uma equipa. Lahm e Hummels defenderam e souberam sair a jogar, Schweinsteiger juntou 2 assistências a toda a coordenação do jogo alemão, juntamente com Özil, e Mario Gomez foi o grande destaque do jogo ao apontar 2 golos. É um dos principais candidatos a melhor marcador do Euro.

Ficha de jogo
Holanda: Stekelenburg; Van der Wiel, Heitinga, Mathijsen, Willems; Van Bommel, N.De Jong, Sneijder, Robben (Kuyt), Afellay; Van Persie.
Alemanha: Neuer; Boateng, Hummels, Badstuber, Lahm; Khedira, Schweinsteiger, Özil (Kroos), Müller (L.Bender), Podolski; Gomez (Klose).
Golos: 0-1 24’ Gomez; 0-2 38’ Gomez; 1-2 72’ Van Persie.
Destaques: Sneijder, Van Persie; Hummels, Lahm, Schweinsteiger, Özil, Gomez.
"Barba Por Fazer" do Jogo: Mario Gomez (Alemanha)


MP. TM.

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