12 de fevereiro de 2014

Gaitán e momento mágico de Enzo Pérez decidem derby

 Benfica 2 - 0 Sporting  (Gaitán 27', Enzo Pérez 76')

    À segunda foi de vez e, sem placas ou lã de vidro, Benfica e Sporting jogaram um dos derbies mais esperados dos últimos anos. Os onzes mantiveram-se relativamente aos escolhidos pelos treinadores no passado Domingo. Na altura achei que, para o bem do Sporting, seria sensato Leonardo Jardim mudar o esquema. Não o fez, o que deixava à priori antever dois elementos-chave: Enzo Pérez e Montero. Para o jogo leonino funcionar seria necessário Montero conseguir jogar "no buraco" atrás do ponta de lança, à la Saviola. Não aconteceu. Para um bom jogo do Benfica seria necessário Enzo agigantar-se e dominar o meio-campo. Foi o que aconteceu.
    O Sporting entrou na Luz muito nervoso, com a sua defesa a coleccionar disparates (os 30 minutos inicias de Piris foram sôfregos) e logo no 1.º minuto a Luz ficou eléctrica. Cédric falhou uma intercepção e deixou Nico Gaitán - boa recepção orientada - em boa posição. O argentino não rematou quando devia, depois não soltou quando devia e acabou por perder um lance bem precoce. Depois foi Rui Patrício a fazer asneira e, com o seu pior pé (o direito) acertou em Lima, fazendo a bola passar relativamente perto da baliza. O Benfica manteve o pé no acelerador e continuou a criar perigo - primeiro Luisão ameaçou num canto e depois Rodrigo, numa "carambola" quase tinha a sorte de fazer golo. Golo esse que chegou aos 27 minutos. Piris eclipsou-se do lance em mais uma de tantas más abordagens, Maxi teve via aberta e cruzou de forma milimétrica, encontrando a cabeça de Nico Gaitán. O argentino fugiu a Cédric, colocou a bola entre as pernas de Patrício e a Luz gritou a uma voz. O que restou da 1.ª parte foi constante: muita posse de bola benfiquista, muitos livres indirectos para Adrien, muitos erros de Eric Dier e, bem perto do intervalo, Gaitán podia ter bisado. Garay fez um passe espectacular a rasgar, Gaitán recebeu bem deixando Piris nas costas mas tentou o golo bonito e falhou. Ao intervalo o 1-0 parecia escasso e era bem evidente a falta que William Carvalho estava a fazer no meio-campo do Sporting.
    Para quem esperava uma reacção imediata no início do 2.º tempo, acabou por ver o Benfica a voltar a ficar muito perto do golo. Markovic descobriu Rodrigo com um passe picado, mas o avançado espanhol falhou o alvo. O Sporting foi tendo progressivamente mais bola (neste caso pareciam ordens de Jesus o recuo da equipa, numa procura desnecessária de transições para "matar" o jogo) e o estreante Héldon criou muito perigo num lance em que driblou entre Markovic e Maxi (muito mal Maxi) antes de rematar ao lado. No Benfica era Rodrigo que ia coleccionando lances desperdiçados, várias vezes com mérito para Patrício, e sempre que o Sporting criava perigo encontrava o capitão Luisão, gigante desde o 1.º minuto de jogo, e a ser um autêntico íman para a bola na grande área benfiquista.
    Aos 76' aconteceu então o momento mais bonito do jogo e mais um para a História dos derbies. Depois de um dos tais lances de Rodrigo - negado por Rui Patrício -, Enzo Pérez recuperou uma bola a meio-campo, galgou metros rumo à entrada da área do Sporting e depois, depois foi momento para reservar lugar na memória dos benfiquistas. O camisola 35 bailou frente a Dier, sentou o jogador inglês e depois colocou a bola em jeito na baliza, com toda a classe deste mundo e do outro. Enzo Pérez - para já um claro candidato a Jogador do Ano no nosso campeonato, e um daqueles jogadores que deveria jogar de águia ao peito até ao último dia da carreira. Oblak nunca teve grandes problemas, e quando os teve revelou-se sereno ou socou para longe, e o jogo seguiu até ao fim com alguns "Olé's" - um deles picou Rojo que, numa entrada imprudente, podia ter visto mais do que o amarelo; nota ainda para um momento à derby com Maurício e Gaitán a acabarem "amarelados".
    O Benfica revelou-se superior ao Sporting, assumiu o jogo e teve uma 1.ª parte fantástica (na qual poderiam ter surgido mais golos) e conseguiu assim o seu segundo 2-0 frente a um "grande" no espaço de pouco tempo. Os encarnados - que têm um plantel de longe com a melhor qualidade e quantidade de soluções, obrigando a chegar ao título - ficam assim com 4 pontos de vantagem para o Porto e 5 para o Sporting. Oblak voltou a não sofrer golos num jogo "grande" mas o destaque defensivo foi Luisão. O central benfiquista vai fazer muita falta quando abandonar e hoje resolveu todos os problemas. Siqueira fez um dos melhores jogos desde que está no Benfica, enquanto que do outro lado Maxi esteve bem no cruzamento mas deu-se mal com Héldon e coleccionou faltas. Fejsa fez um jogo de qualidade e Gaitán - jogador claramente talhado para momentos destes - inaugurou o marcador, espalhou magia e podia ter feito mais se não quisesse sistematicamente adornar. No Sporting, Ivan Piris fez um dos piores jogos que me recordo de um jogador no passado recente, Eric Dier não esteve bem e a equipa acusou a entrada nervosa da sua defesa. Rui Patrício solucionou alguns problemas, Montero nunca conseguiu fazer a diferença e o destaque mais positivo acabou por ser Adrien: combativo, esforçado e a tentar dar conta do recado. Quem impediu que Adrien brilhasse foi precisamente o Homem do Jogo e "senhor" do meio-campo - Enzo Pérez. O médio argentino encheu o campo, recuperou bolas, temporizou quando devia, saiu a jogar levando a equipa às costas, foi a alma de toda a equipa ofensivamente, enquanto o capitão Luisão dominou tarefas defensivas. Saiu justamente ovacionado de pé pelo público da Luz. Desta vez, as lágrimas de Enzo foram por bons motivos.

Barba Por Fazer do Jogo: Enzo Pérez (Benfica)
Outros Destaques: Luisão, Siqueira, Fejsa, Gaitán; Adrien
Resumo:

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