8 de dezembro de 2014

Crítica: Begin Again

Realizador: John Carney
Argumento: John Carney
Elenco: Keira Knightley, Mark Ruffalo, Adam Levine, James Corden, Hailee Stanfield, Chaterine Keener
Classificação IMDb: 7.4 | Metascore: 62 | RottenTomatoes: 83%
Classificação Barba Por Fazer: 73

    Imaginem que 'Once' (2006) e 'August Rush' (2007) se fundiam. Pelo meio perdiam a dupla Hansard/ Irglová por um lado e do outro lado aquelas guitarradas quase percutidas de forma invulgar e os covers de Jonathan Rhys Meyers, ganhando no entanto Keira Knightley, o vocalista dos Maroon 5 e Mark Ruffalo. Foi assim que foi cozinhado, poderíamos dizer, Begin Again.
      John Carney, que escreveu e realizou 'Once' mostrou que ainda tem o dom de construir narrativas que abracem o despontar de uma carreira, explorando as relações humanas em dó menor. 'Once' garantiu um lugar especial através de músicas como Falling Slowly. Begin Again é mais "comercial" mas surpreendentemente é.. agradável. Parece ser a palavra certa.
    Begin Again (Num Outro Tom, nome em Portugal) cruza os caminhos de duas personagens. Por um lado Dan (Mark Ruffalo), um agente outrora bem sucedido, em vias de ser despedido da agência que criou, mas fiel àquilo que gosta e em que acredita na Música; e Gretta (Keira Knightley), uma cantora-compositora que viaja para Manhattan para apoiar os primeiros passos da carreira do namorado Dave (Adam Levine), para quem ela escreve canções. Não é muito difícil adivinhar o enredo restante, que agrega a relação de Dan com a ex-mulher (Catherine Keener) e sobretudo com a sua filha (Hailee Stanfield, jovem actriz d'O Indomável), com um amigo (James Corden) de Gretta e uma ou outra aparição do músico Cee Lo Green.
    Embora Begin Again explore muitas dimensões que dezenas ou centenas de outros filmes já exploraram - relação pai-filha, o par amoroso que falha por causa da fama, 2 pessoas sem norte que encontram um rumo juntas, etc. -, acaba ainda assim por fazê-lo de forma ligeiramente diferente. O twist temporal de começar no momento 0 mas acompanharmos depois durante parte do filme o que aconteceu até aí, com as perspectivas das duas personagens principais, não é inovador mas corre bem. Tal como acaba por ser agradável (parece ser mesmo a palavra certa para caracterizar este filme) a interligação das personagens e a naturalidade com que tudo segue o seu caminho. E falar em naturalidade é falar em Keira Knightley. A actriz inglesa está aos 29 anos a iniciar um novo capítulo na sua vida e carreira - parece mais madura no ecrã, emana outra energia, uma felicidade de forma subtil. E o elenco é coeso: Mark Ruffalo tem escolhido muito bem os projectos em que se envolve ultimamente, Adam Levine já tinha aparecido nomeadamente em American Horror Story mas só aqui teve aquilo que pode ser considerado o seu 1.º papel, e Hailee Stanfield, que conta já com uma nomeação para actriz secundária, tem aqui mais um degrau para prosseguir os seus passos no mundo artístico. Por falar em Óscares e nomeações, Keira Knightley poderá ser este nomeada como actriz secundária mas por 'The Imitation Game', enquanto que Begin Again só poderá ter aspirações a surgir nos nomeados para "Melhor Canção Original". Sobretudo Lost Stars e Tell Me If You Wanna Go Home têm qualidade dentro do género, e potencial para integrar o lote da Academia - o selo John Carney (valorizado por 'Once') ajuda, bem como a possibilidade de Adam Levine interpretar Lost Stars na cerimónia dos Óscares. No entanto, ambas as músicas ficam bem na voz doce de Keira Knightley. Um juízo influenciado também por no filme Keira representar a perseverança e lealdade a uma visão correcta da música, enquanto a personagem do vocalista dos Maroon 5 acaba por cair na tendência de criar para comercializar. Nos Globos de Ouro, pela divisão Drama vs Comédia/ Musical, Begin Again poderá conseguir, aí sim, mais que 1 nomeação.

    Em 2015 o realizador-argumentista John Carney lançará 'Sing Street' com Jack Reynor e Aidan Gillen. Para já temos 'Begin Again', com aquela metamorfose de Adam Levine no decorrer de Lost Stars, mais um casamento da música com o cinema, assinado por Carney. 

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