3 de março de 2012

Vitória de Setúbal 1 - 0 Sporting

Com algumas gralhas de André Gralha, muita desinspiração e incapacidade de construir jogadas de perigo e uma equipa do Setúbal lutadora, solidária e com Diego a defender uma grande penalidade, o Sporting perdeu em Setúbal.

    Para o jogo no Bonfim, Sá Pinto teve uma baixa de última hora: van Wolfswinkel. Se é verdade que o holandês não anda a marcar, também é verdade que Ribas nunca o fez, portanto foi um azar até porque mesmo não marcando o rapaz movimenta-se bem e abre espaços. Sá Pinto, após o jogo, na flash interview, disse que Wolfswinkel não tinha podido jogar graças a uma gastroenterite – traduzido para miúdos, um murro do Sá no estômago do holandês. João Pereira ficou de fora dos convocados, para gestão de esforço, e a profundidade ofensiva que dá (para além da raça, por vezes exagerada, que incute) bem que faltou hoje. Uma das más notícias para o Sporting foi a titularidade de Tiago Targino, que costuma aparecer inspiradíssimo nos jogos com os leões.

     O jogo iniciou-se com um Vitória a querer mostrar que aquele era o seu estádio (sempre com um público que, quando apoia, apoia mesmo) e acabou por criar perigo, primeiro por Bruno Amaro e depois, aos 12 minutos, num remate de Tiago Targino ao poste, após uma perda de bola absurda de Anderson Polga. 
     Aos 14 minutos, começou o espectáculo Suswam. O jovem lateral direito nigeriano não foi com a cara de Diego Capel e ainda antes do quarto de hora teve uma entrada duríssima sobre o espanhol. O árbitro mostrou o amarelo, mas o vermelho não seria inaceitável. Aos 18 minutos surgiu a primeira jogada digna do Sporting – Izmailov, quem mais, desequilibrou, tabelou com Elias e serviu Schaars, que rematou muito por cima. 

    Logo a seguir, uma perda de bola de Xandão originou um contra-ataque no qual Rui Patrício ainda defendeu o 1º remate de Bruno Amaro, mas o 2º acabou mesmo por (supostamente) transpor a linha de golo. Xandão ainda atirou as suas longas pernas para evitar o golo mas, até tendo em conta os poucos protestos do defesa brasileiro, a bola terá mesmo transporto a linha na totalidade. Pelas imagens, não fiquei totalmente convencido, mas pareceu-me que sim. Nos minutos seguintes, os flancos sadinos iam criando perigo com Targino e Miguelito sem nunca conseguirem dar sequência às boas arrancadas. Na defesa, o Setúbal mantinha-se uma equipa unida e bastante agressiva, nem sempre no bom sentido. Ricardo Silva é um central duro e viu rapidamente o amarelo, mas o problema continuava a ser Suswam que continuava a fazer faltas sem dó nem piedade sobre Diego Capel. Aos 40 minutos Diego Capel caiu na área, mas o árbitro mostrou (e bem) o amarelo ao espanhol por simulação. A meu ver, o ligeiro toque nas costas não justificou a queda. 
     O 1-0 ao intervalo traduzia a supremacia do Setúbal no jogo e a incapacidade do Sporting em produzir jogadas de jeito, só aparecendo quando Izmailov ou Capel (tantas faltas fazem sobre ele) conseguiam criar algo sozinhos.

     Sá Pinto leu o jogo e, ao intervalo, achou por bem tirar Schaars e Carriço, colocando Matías e Carrillo. A verdade é que, por muito que Capel ou Izmailov desequilibrassem de vez em quando, quando Schaars não assume o jogo e pauta o jogo leonino, a equipa perde muito com isso. O Sporting entrou bem na 2ª parte, pressionando o Vitória e aos 52 minutos Izmailov tem um grande trabalho individual e remata para uma grande defesa de Diego. 
     A partir daí, lutou-se muito e jogou-se pouco. 
   Foi aos 65 minutos que José Mota percebeu que não dava para arriscar mais e tinha que se dar por satisfeito por Suswam ainda estar em campo, e retirou-o, quando o defesa já deveria ter sido expulso. O Suswam é daqueles jogadores que não se deve driblar mas sim fugir deles, ou então ainda acabamos lesionados. O Sporting só aparecia quando a bola era dada a Diego Capel, sendo a jogada sempre a mesma e previsível – ou alguém fazia falta sobre ele, ou então ele lá arrancava, ia para o seu flanco direito e cruzava. 

   Aos 69 minutos, lance polémico na área sadina. Matías Fernández cai na área, empurrado por Bruno Amaro. À primeira vista, parecia penalty. À segunda vista, parecia que Amaro apenas tinha empurrado o pequeno Mogli e que o fraco menino da selva tinha-se deixado cair. À 3ª vista, indubitavelmente confirmou-se o penalty, porque Bruno Amaro não toca em nenhum momento na bola. Penalty por marcar. O Sporting começava a acusar a pressão do tempo e Capel tentava fazer tudo sozinho – aos 72 minutos cruzou mesmo, para Diego desviar para canto. Sá Pinto, em desespero de causa, retirou Polga e colocou o jovem Diego Rubio. Rubio, nos poucos minutos que esteve em campo, fez mais do que Ribas, mas o melhor da substituição é que o Sporting ao retirar Polga e colocar Rubio passou a jogar com mais um jogador. Não, o Rubio não vale dois. O Polga é que vale zero. 
     Nos últimos minutos de jogo, Gralha já não tinha muito pulso no jogo – assinalou uma falta de Carrillo que era um contacto físico normal e aos 85 minutos assinalou uma grande penalidade de Hugo Leal sobre Rubio que, a meu ver foi bastante forçada e, se no lance de Bruno Amaro sobre Matías era penalty, neste o contacto não parecia suficiente para a queda. Em todo o caso, Matías rematou forte, mas Diego fez uma enorme defesa. Na recarga, Carrillo, precipitado, rematou muito por cima. Nos minutos finais, Targino gozou com Insúa, o Sporting tinha 76% de posse de bola, Severino placou Diego Capel num contra-ataque (seria um bom movimento noutra modalidade, considerando que se trata de futebol, poderia ter sido admoestado com o cartão vermelho), Miguelito ainda salvou um golo na linha. No final, Gralha apitou e começou tudo à batatada. Tudo é uma forma muito genérica. A ideia que dá é que Sá Pinto atirou toda a sua agressividade para os jogadores (supostamente Carrillo terá agredido Miguelito e Elias também estava bastante exaltado) e ficou extraordinariamente calmo.

    Sá Pinto conseguiu manter o 1-0 habitual dos últimos jogos, mas desta vez perdeu. Ele que, com os seus suspensórios e o seu casaco remendado com cotoveleiras parece um homem novo. Em todo o caso, pudemos vê-lo bastante vermelho ao chegar à entrevista mas (bom pormenor da TVI) ao ver que a jornalista era do sexo feminino, acalmou-se. Em jogos polémicos, com o Sá Pinto como treinador, é de bom senso colocar uma mulher a fazer as perguntas, não vá o Sá varrer aquilo tudo. Como pormenores curiosos, há que referir que o speaker do Estádio do Bonfim é precedido de um barulho típico dos comunicados nos hipermercados (“Patinadora Carla chamada à caixa número 3”), que um dos fiscais de linha não viu um fora de jogo de 3 metros dum jogador setubalense, sem consequências práticas e já agora deixo aqui uma frase do humorista António Raminhos: “Andava aqui ontem o pessoal do Sporting a gozar com o Benfica, mas depois do jogo de hoje já sabem qual é a sensação de perder com um rival directo). Não levem a mal sportinguistas, mas se repararem, nos últimos anos é frequente o Benfica vacilar e o Sporting vacilar depois também, talvez por solidariedade alfacinha quem sabe.

     Do jogo deve-se destacar o guarda-redes Diego, que defendeu o penalty num momento importantíssimo. É de longe o guarda-redes com mais grandes penalidades defendidas em Portugal, 3 esta época e 4 no ano passado. Toda a defesa à sua frente esteve bem e lutou muito e Targino, sobretudo ele, foi um quebra-cabeças para o Sporting. No Sporting, Elias e Schaars não estiveram bem, Capel e Izmailov foram os únicos a desequilibrar de vez em quando e o Sporting fica agora à espera do Guimarães-Marítimo para fazer contas à vida. Na próxima jornada, os leões receberão precisamente o Guimarães em Alvalade. MP

Ps:
A partir da próxima jornada passaremos também a comentar os jogos do Braga. É indubitavelmente uma das 4 grandes equipas do futebol português e já não faz sentido deixá-lo de fora, até porque está na corrida pelo título e a jogar bom futebol, com um modelo de jogo bem definido.



Vitória de Setúbal 1 - 0 Sporting

V. Setúbal: Diego; Suswam (Tengarrinha), Ricardo Silva, Amoreirinha, Igor; Bruno Amaro, Hugo Leal, Bruno Gallo, Miguelito; Tiago Targino (Djikiné), Rafael Lopes (Bruno Severino).
 Treinador: José Mota

Sporting: Rui Patrício; Arias, A. Polga (Diego Rubio), Xandão, Insúa; Carriço (Matías Fernández), Elias, Schaars (Carrillo); Izmailov, Diego Capel, Ribas.
Treinador: Ricardo Sá Pinto

Golos: 1-0 20’ Bruno Amaro 

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Diego.

1 comentários:

  1. Sou benfiquista e digo (escrevo) sem qualquer ironia ou sarcasmo, que ao ver o Sporting jogar esta epoca sinto pena de alguns jogadores, por estarem a "queimar" as suas carreiras ao representarem este clube.
    Izmailov (no top 3 dos melhores jogadores em Portugal) é com tristeza que o vejo constantemente a levar a bola à procura de linhas de passe e elas nao aparecerem... O Insua (que fiquei bastante surpreendido por o Sporting ter conseguido contratá-lo) corre que se farta, e mesmo tendo algumas falhas defensivas, ajuda frequentemente no ataque e é bem mais completo que o JP. O Elias, que se falou em ir para o Benfica quando acabou por ir para o Atl de Madrid, é um jogador semelhante ao Ramires, corre os 90 minutos e faz muito bem a ligação defesa-ataque.
    Mas continua a faltar muita coisa ao Sporting, um numero 6 que faça mais que defender, um ponta de lança mais experiente que nao se sinta pressionado por nao marcar à 5 jogos consecutivos e um patrão da defesa, que nao precisa de ser gigante, mas sim de ter agilidade, velocidade e tecnica para saber jogar com a defesa alta.
    É tudo, resta-me desejar sorte ao blog para o futuro, e que tenham cada vez mais seguidores.
    Abraço

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