7 de março de 2012

Benfica 2 - 0 Zenit

Peço desculpa pela demora na escrita e consequente publicação do texto sobre este jogo, mas uma pessoa demora a sair da Luz, a jantar e a seguir o seu caminho até casa sempre com um sorriso permanente na cara (à desenho animado). O Benfica carimbou o acesso aos quartos-de-final da Liga dos Campeões 2011/ 2012, vencendo o Zenit por 2-0 num jogo em que a equipa podia ser avaliada com um Bom - . 

"Vão ser dois"
    
   Para o jogo desta noite, Jorge Jesus não pôde contar com o lesionado Garay e Pablo Aimar (castigado), o que fez com que emergissem no onze titular, comparativamente com a equipa que defrontou o Porto na triste sexta-feira passada, Jardel ao lado de Luisão e Rodrigo nas costas de Cardozo. JJ deu ainda a titularidade a Bruno César, relegando Nolito para o banco. Do lado do Zenit, tal como TM me tinha dito após a 1ª mão que suspeitava que viria a acontecer, Bruno Alves ficou no banco. Spalletti não o queria sujeitar à pressão gigantesca que seria sujeito se jogasse, coisa que acabou por acontecer mesmo. TM, também conhecido como vidente Mamadu.

    
    Se nos primeiros minutos de jogo o Zenit teve a iniciativa do jogo, fruto também de ter saído com a bola no apito inicial, cedo o Benfica começou a evidenciar que estava no jogo para ganhar, conseguindo criar mais perigo quando Witsel pegava no jogo, quando Rodrigo descaía entre linhas ou quando Maxi Pereira dava profundidade pelo flanco direito. O Zenit apresentava-se com um meio-campo compacto e junto da defesa, sector esse onde Lombaerts e Hubocan começavam a rubricar boas exibições. Aos 15 minutos, Bruno César rematou cruzado e Malafeev defendeu, sendo esse o primeiro momento de perigo no jogo. Pouco antes dos 20 minutos, Howard Webb mostrou o que é não ter um critério – por faltas iguais, uma sobre Bruno César e outra de Rodrigo, o árbitro inglês assinalou apenas a do espanhol. É só um pormenor. 
    
    O pressing do Benfica intensificava-se e Maxi Pereira começava a jogar praticamente a extremo direito dos encarnados. Aos 25 minutos, livre bem estudado, a bola chegou a Javi García e este rematou frouxo. Logo a seguir aconteceram muitas coisas seguidas e curiosas: Gaitán, desarmado por Anyukov, caiu sem querer em cima do russo, tentando enfiar o seu rabo pela cara adentro do rapaz russo. Visivelmente transtornado, Anyukov manteve-se no chão com a sua cabeça sobre a linha, e Webb fez questão de deixar o jogo parado porque ajeitar o russo 2 centímetros para o lado era coisa para serem precisos 20 homens. Foi aí que o Bruno se levantou do banco e foi aquecer. Nem precisava de correr, o barulho chegava para o manter quentinho. Bruno escondeu a poça de chichi que vinha acumulando entre suas pernas, de medo, e prosseguiu o seu aquecimento. Até próximo do final da primeira parte, era o Benfica sempre com mais bola, os russos a fazerem render o peixe e Gaitán, Emerson e Bruno César iam tentando inaugurar o marcador. Gaitán acabou inclusive por ter mais um episódio curioso, desta vez com o guarda-redes Malafeev. Tocou-lhe e Malafeev rebolou 50 metros com queixas. Um dramático, o Malafeev. 

    Até que pouco passava dos 45 minutos (Webb dera 4 minutos de compensação fruto dos dramas russos) quando Witsel tabelou com Bruno César, rematou para defesa de Malafeev e, na recarga, assistiu de calcanhar Maxi Pereira para o 1º golo do jogo. Maxi é um senhor de poucos golos, é verdade, mas já na eliminatória da Liga Europa frente ao Marselha em 2009/ 2010 tinha marcado 1 golo em cada mão. Contra o Zenit, decidiu voltar a fazer das suas. O raio do uruguaio, é bom que acabe no Benfica.

    No reatar do jogo, propunha-se ao Benfica que marcasse o 2-0 para conseguir alguma tranquilidade (Paulo Bento style), porque aí o Zenit teria que marcar 2 golos para se qualificar. Mas a verdade é que até foi o Zenit a entrar melhor no jogo. Sem criar oportunidades claras de golo, o Zenit passou a ter a bola na 2ª parte e o Benfica não conseguia responder, prejudicado pela desinspiração de Gaitán, pelo desgaste físico que Rodrigo aparentava, pela apatia de Cardozo neste jogo (vá-se lá perceber a cabeça do Óscar) e até pela falta de velocidade de Witsel nos contra-ataques (até dói criticar o Witsel, mas é uma crítica construtiva Axel). Aos 53 minutos, um dos 3 momentos mais importantes do jogo: entrou Bruno Alves. O execrável irmão de Geraldo e Júlio Alves é um daqueles jogadores que eu gosto bastante quando enverga a camisola de Portugal. Quando veste a camisola das Quinas é, como hei-de dizer, um monstro querido. E agora sim, vou ser eternamente considerado gay. Porém, quando jogava no Porto e agora no Zenit parece que fica indomesticável e, muito sinceramente, preocupo-me 459 vezes mais com o Rodrigo do que com ele. Mas tenho uma boa notícia para o Bruno. Bruno bateu um recorde: o de jogador mais assobiado de sempre neste Estádio da Luz. Sempre a marcar o seu lugar na História.

    Se de facto era o Zenit que tinha mais bola por essa altura, e que o Bruno não acertava um passe longo e só lhe apetecia era ir para a tribuna do Dragão ver mais um jogo do Porto, a verdade é que era o Benfica quem ia cheirando o 2º golo. Em dois cantos Jardel ficou muito próximo de confirmar o Benfica nos quartos, Cardozo teve uma perdida incrível num lance de um para um em que optou por rematar ao lado e depois rematou, de pé direito, para uma boa defesa de Malafeev. Numa altura em que Jesus já tinha colocado Nolito e Matic nos lugares de Rodrigo e Gaitán (boas substituições do treinador, há que o aplaudir quando ele lê bem o jogo), pedia-se claramente a entrada de Nélson Oliveira, pela verticalidade, velocidade, poder de explosão e vontade de mostrar serviço que ele tem neste momento, em detrimento do apagadíssimo Cardozo. Jesus demorou um pouco a responder às minhas preces, mas acabou por fazer a inevitável troca. 
    Nélson agitou o jogo, não tanto como em Coimbra, só que desta vez fez aquilo que não fez em Coimbra: marcou. Witsel fez uma “colherada” passando a bola para Bruno César, o o mais talentoso barril brasileiro desmarcou Nélson e o jovem português não falhou. Isto de confirmar um lugar entre as 8 melhores equipas da Europa com um golo dum jovem formado no seu clube do coração é uma coisa a que eu me podia habituar. 

    O Benfica, nos períodos em que não teve a bola na segunda parte, soube sofrer, soube lutar, soube defender e dar tudo em cada lance. E a figura que aí se destacou foi o capitão Luisão. Muralha autêntica, verdadeiro líder, atento em todos os lances, experiente, ganhou 95% dos confrontos e teve, sobretudo, em Maxi Pereira, Javi García, Jardel e em todos os outros a nível não tão estratosférico, autênticos soldados. A entrega e raça que os jogadores demonstraram hoje, ainda para mais após a derrota com o Porto, mostra que este grupo é forte, unido, capaz de lutar com o Porto até que este escorregue e que pode ambicionar a um lugar nas meias-finais se tiver um sorteio favorável (um sorteio favorável para mim é não apanhar o Real Madrid. E o Basileia bem que podia fazer um jeitinho e eliminar o Bayern). Qualquer adversário que calhe será difícil, é óbvio que há maior margem para sonhar se o adversário for o Marselha/ Inter ou o Lyon do que o Real Madrid, mas agora é entrar em campo com o espírito combativo e competitivo evidenciado hoje, associando-lhe outra capacidade criativa, de finalização e uma coisa muito importante: Pablo Aimar.

    Os destaques individuais do lado do Zenit, porque são mais fáceis de identificar foram claramente os centrais Hubocan e Lombaerts e o guarda-redes Malafeev. Viu-se pouco dos imprevisíveis médios Shirokov, Zyryanov e Fayzulin.
    Do lado do Benfica Luisão foi a Voz de comando dum Benfica lutador, organizado e raçudo; Maxi Pereira esteve ao seu nível, dando tudo o jogo inteiro, correndo e correndo e… correndo, fez o flanco direito, marcou e se não está no top 5 de laterais direitos na actualidade, não sei quem está; Jardel fez um bom jogo; Bruno César, apesar de nem sempre, integrou-se bem no ataque; Cardozo foi o único destaque verdadeiramente negativo; Axel Witsel esteve nos 2 lances de jogo, tal como Bruno César e é bom ver um dos 4 jogadores com maior margem de crescimento em Portugal (ele, James, Nélson Oliveira e Rodrigo, sem contar com outros que ainda são juniores) ficar tão radiante no final do jogo. Relativamente ao Nélson apenas digo: que lhe continuem a dar mais oportunidades, minutos, a titularidade de vez em quando e hoje garantiu um lugar nos 23 para o Euro-2012. MP

PS: É giro ver um jogo de futebol em que a arbitragem (apesar de uns erros, como a não amostragem dum cartão amarelo ao russo que reentrou feito turista sem autorização do árbitro ou uma falta não assinalada sobre o barril Bruno César) acompanha o jogo ao longe, intervém só quando tem que ser, permite o contacto físico e deixa que sejam os jogadores os verdadeiros protagonistas dum jogo de futebol.

PS2: Spalletti, TM agradece-te por nos teres ajudado a ganhar o jogo. Ao pores o Bruno, se há coisa que conseguiste garantir é que não nos calaríamos. Um sincero obrigado por isso, Luciano. Estás aqui.

PS3: Na imagem abaixo, não olhem para a mão esquerda do Luisão. Está "um pouco"... estranha...



Benfica 2 – 0 Zenit

Benfica: Artur; Maxi Pereira, Luisão, Jardel, Emerson; Javi García, Witsel, Bruno César, Gaitán (Matic); Rodrigo (Nolito), Óscar Cardozo (Nélson Oliveira).
Treinador: Jorge Jesus

Zenit: Malafeev; Anyukov (Bruno Alves), Hubocan, Lombaerts, Criscito; Denisov, Semak, Shirokov, Bystrov (Lazovic), Zyryanov (Fayzulin); Kerzhakov.
Treinador: Luciano Spalletti


Golos: 1-0 45+1’ Maxi Pereira; 2-0 90+2’ Nélson Oliveira


Melhor em campo "Barba Por Fazer": Luisão.

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