21 de março de 2012

Benfica 3 - 2 Porto

O Benfica garantiu lugar na sua 4ª final consecutiva da taça da liga, eliminando o Porto num jogo emotivo e disputado e que poderá servir de incentivo moral aos jogadores da Luz numa altura em que se avizinham jogos difíceis com Chelsea, Braga e Sporting.

    Para o jogo de hoje, Jesus e Vítor Pereira optaram ambos por dar oportunidade a alguns jogadores que têm jogado menos (Eduardo, Capdevila e Nélson Oliveira dum lado e Bracalli, Mangala, Alex Sandro e Kléber do outro), lançando em todo o caso dois onzes fortes e com possibilidades de vencer. Jorge Jesus aprendeu com o último Benfica-Porto e colocou um onze mais maduro e disciplinado, deixando apenas Nélson Oliveira na frente. Já Vítor Pereira decidiu continuar a fazer as suas experiências, e colocou Álvaro Pereira a extremo esquerdo, com Alex Sandro atrás dele. Se fosse eu, teria feito o contrário. Ou posto Varela.

    Ao contrário do jogo para a Liga ZON Sagres, o Benfica assumiu o jogo como seu nos primeiros minutos. A equipa da Luz trocava bem a bola, e procurava fazer chegar a bola a Witsel ou Aimar, para garantir outra visão de jogo e qualidade de passe. Foi precisamente em Witsel que começou o primeiro golo do jogo. O jogador belga falhou um passe, insistiu ganhando a 2ª bola, combinou com Bruno César e o brasileiro fez um excelente passe para Maxi Pereira rematar forte sem hipóteses para Rafael Bracalli. 1-0 na Luz, e o Benfica entrava com a atitude certa em campo.
    Porém, poucos minutos a seguir, o Porto empatou. A estratégia era clara: "Toma Hulk, vê o que é que consegues fazer" e Givanildo começou a criar perigo, confiante, perante os inseguros Capdevila e Jardel. Aos 8 minutos, Givanildo trabalhou bem um lance sobre esses dois jogadores, passou para trás, Lucho mandou uma rosca, a bola bateu em Javi e entrou na baliza. Um golo feliz, mas todos contam. A partir daí, o Benfica (que tão bem tinha entrado no jogo) tremeu, deixou de pressionar como estava a fazer, e o lado esquerdo da defesa benfiquista fraquejava sempre que Givanildo pegava na bola. Aos 17 minutos, o marcador voltaria a alterar-se. Nolito encostou as suas mãos a Hulk, o brasileiro, que é uma flor, deixou-se cair no prado e Artur Soares Dias marcou falta. Moutinho executou o livre da melhor forma, e Mangala antecipou-se no ar a toda a gente cabeceando com força para entre as pernas de Eduardo. Um cabeceamento forte, mas o guarda-redes português não fica isento de culpas. Na cabeça dos jogadores do Benfica estaria talvez a recente derrota e logo de seguida Lucho tentou fazer um chapéu, possibilitando a Eduardo uma boa defesa. Eduardo que ainda viria a defender, alguns minutos depois, um remate perigoso de Sapunaru. O perigo surgia sempre a partir do lado direito do ataque portista.
    A partir dos 35 minutos, o Benfica começou a mostrar aquilo de que é feito. Livre indirecto de Aimar, bola no coração da área, Luisão e Javi saltaram mais alto que todos e algum deles cabeceou, fazendo a bola bater na barra. Postes 1, Benfica 0. Na sequência do lance, Witsel dominou a bola calmamente, deu a Maxi e este cruzou. Nolito amorteceu e Luisão rematou, fazendo a bola esbarrar novamente no poste. Postes 2, Benfica 0. Mas o Benfica não estava satisfeito. Logo depois de Artur Soares Dias poupar Álvaro Pereira a um amarelo, como já tinha poupado Sapunaru minutos antes, Aimar num espectacular livre directo faz a bola bater no poste. Sim, é verdade, Postes 3, Benfica 0.
    No entanto, eu sempre ouvi que água mole em pedra dura, bate bate até que fura. Provérbios portugueses, sempre úteis. Aimar bateu mais um livre, a bola sobrou para Javi García e o nº6 cruzou tenso para Nolito encostar para a baliza com o seu pequeno peito hispânico. O resultado ao intervalo aceitava-se, mas o Benfica bem que já poderia estar a ganhar.

    Para a segunda parte, nenhum dos treinadores fez alterações. Tinha-se assistido a um bom espectáculo, cada equipa tinha marcado 2 golos e realmente não havia motivos para cada um mudar muita coisa. O jogo na segunda parte, no entanto, mudou claramente. À medida que os minutos iam passando, notava-se que ninguém queria errar. Capdevila e Jardel (que melhoraram com o decorrer do jogo) iam errando, mas Javi García, o Senhor Dobras, compensava-os na maioria das vezes.
    O jogo entrou então, numa fase menos interessante. Muito táctico, os jogadores preferiam claramente não errar do que arriscar e nessa fase o Benfica só aparecia quando Maxi desequilibrava e quando Witsel emprestava toda a sua classe ao jogo, ao passo que Aimar e Hulk iam caindo de produção progressivamente. Jesus e Vítor começaram então a mexer nos seus tabuleiros de xadrez, tirando Bruno César, Nélson Oliveira, Lucho e Kléber e colocando Gaitán, Cardozo, James e Janko. James não teve minimamente o efeito que tem tido nos jogos em que entrou recentemente como suplente e acabou por ser Óscar Cardozo a desequilibrar a balança a favor do Benfica, conferindo alguma justiça ao intervalo, face ao maior número de oportunidades de grande perigo que o clube da Luz criara na 1ª parte. Cardozo, numa jogada que se iniciou em Capdevila e Saviola, tabelou com Gaitán, acelerou para a baliza de Bracalli (sim, Cardozo acelerou, vejam bem) e finalizou "à Eusébio".
    Até final da partida, Artur Soares Dias ainda se quis divertir um pouco distribuindo imensos amarelos, tantos quantos podia e o Benfica, com cabecinha geriu bem o jogo até ao fim.

    Os destaques deste jogo para mim foram fundamentalmente dois: Axel Witsel e Maxi Pereira. O belga tem tendência para aparecer bem nos jogos importantes e hoje jogou sempre a um ritmo alto, pressionou muito, esteve em todo o lado e passeou a sua classe em duelos com Lucho e Moutinho, que fiques pelo menos mais 2 anos Witsel; Maxi Pereira foi o principal desequilibrador do Benfica, mais uma vez. Se virmos bem Maxi Pereira é o combustível que Fábio Coentrão era na época passada para o Benfica, mas a uma escala menor e felizmente para ele, o Benfica este ano tem um plantel mais forte e com mais soluções. Que acabes a carreira cá, Maxi. Para além destes dois elementos, Javi García esteve bem - correu quilómetros e quilómetros, fez dobras, fez uma assistência, pena o desvio no golo do Lucho. E ainda o destaque para Cardozo - entrou aos 65 minutos, e marcou o único golo da segunda parte, num lance que não o caracteriza propriamente, mas do Cardozo uma pessoa nunca sabe o que vem. Jorge Jesus foi também peça chave nesta vitória - lançou um onze bem escolhido e soube ler e actuar perante o que o jogo se tornou.

    No lado portista, pode-se dizer que enquanto Hulk disse presente e assustou o lado esquerdo da defensiva encarnada, o Porto esteve melhor. Quando Hulk desapareceu do jogo, o Porto perdeu-se. Moutinho esteve também bastante bem mas, a meu ver, tem culpas no 3º golo do Benfica, porque era ele que em vez de ficar a olhar e a correr a passo podia ter corrido e ajudado Mangala. Mas ainda bem João, ainda bem.

    O Benfica conseguiu assim garantir lugar na final da taça da liga 2011/ 2012, e ficará à espera de saber qual será o seu adversário, que sairá do Gil Vicente-Braga. A final jogar-se-á no dia 14 de Abril, em Coimbra. Benfica e Porto concentrar-se-ão nos próximos jogos da liga - o Benfica vai a casa do Olhanense e o Porto jogará em Paços de Ferreira. Dá-lhe Melgarejo! MP

Nota: O Estádio da Luz irá receber a final da Champions League 2014, uma boa notícia para o universo benfiquista e para todo o futebol português.



Benfica 3 - 2 Porto

Benfica: Eduardo; Maxi Pereira, Luisão, Jardel, Capdevila; Javi García, Witsel, Aimar (Saviola), Bruno César (Gaitán), Nolito; Nélson Oliveira (Óscar Cardozo).
Treinador: Jorge Jesus

Porto: Bracalli; Sapunaru, Mangala, Rolando, Alex Sandro (Iturbe); Defour, João Moutinho, Lucho (James Rodríguez); Álvaro Pereira, Hulk, Kléber (Janko).
Treinador: Vítor Pereira

Golos: 1-0 4’ Maxi Pereira; 1-1 8’ Lucho; 1-2 17’ Mangala; 2-2 42’ Nolito; 3-2 77’ Óscar Cardozo

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Axel Witsel.

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