10 de março de 2012

Braga 2 - 1 União de Leiria

Hoje iniciamos, como tínhamos prometido, a abordagem sob a forma de crónicas aos jogos do Braga. Por ser, indiscutivelmente um grande do futebol português, como atesta o facto de após o jogo de hoje terem igualado (ainda que à condição) o líder Futebol Clube do Porto a nível pontual.

    A equipa de Leonardo Jardim apresentou-se hoje na Pedreira no seu esquema táctico habitual dos últimos jogos: o meio-campo maduro, consistente e que sabe ler o jogo como ninguém com Custódio, Hugo Viana e Amorim, a criatividade de Mossoró, sustentada por um desequilibrador (que ou é Hélder Barbosa ou também Ukra nos últimos jogos) e Lima, que com as características que tem encaixa na perfeição no modelo táctico do Braga. A União de Leiria de Manuel Cajuda não é uma equipa com grandes recursos, para além do facto de actualmente os jogadores não receberem salários, mas Cajuda montou razoavelmente bem a equipa - bastante defensiva e apostando no contra-ataque, acreditando numa cavalgada de John Ogu e da boa capacidade de finalização de Bruno Moraes.

    Na primeira parte o jogo teve um único sentido - a baliza de Oblak. O Braga dispôs-se em campo permanentemente encostando a equipa do Leiria e conseguindo ganhar diversas segundas bolas, o que permitiam ao clube bracarense nunca quebrar o seu caudal ofensivo. O Braga colocou-se como dono e senhor do jogo e ia ameaçando a baliza de Oblak nos primeiros minutos, nunca sem enorme perigo. Aos 20 minutos, jogada entre Mossoró e Lima, com Oblak a sair bem perante Lima, e a defender depois a recarga de Mossoró, num quase-chapéu. 
    Aos 24 minutos, livre de Hugo Viana no lado direito. Hoje em dia um livre indirecto do Hugo Viana é sinónimo de problemas para o adversário. E, neste caso, deu mais uma vez golo. O médio (hoje capitão) bateu o livre, a bola desviou na barreira, Elderson ganhou depois nas alturas e o gigante Douglão apenas teve que encostar a bola. O 1-0 surgiu numa altura em que se imaginava que pudesse acontecer a qualquer momento. Nos minutos seguintes, o Braga continuou a criar perigo. Primeiro num forte remate de Hugo Viana, que passou pouco ao lado e depois numa tentativa de chapéu de Lima, que Oblak evitou mais uma vez. Em cima do intervalo, uma mancha na boa arbitragem de Xistra na 1ª parte - livre de Shaffer, um jogador do Leiria desvia e Bruno Moraes consegue mesmo marcar um golo limpo. Xistra decidiu que Bruno estava fora-de-jogo. Erro grave. Em jeito de balanço, o Braga dominou a 1ª parte toda, Oblak defendeu muita coisa (o 1-0 devia-se precisamente ao guarda-redes emprestado pelo Benfica) mas a verdade é que o lance no fim (golo mal anulado a Bruno Moraes) dava um tom diferente ao jogo. Uma injustiça justa, algo assim.

    No reatar do jogo, o Braga voltou com a mesma vontade de ampliar a vantagem e precisou apenas de 3 minutos para o fazer. Shaffer perdeu a bola em zona proibida para Ukra, este jogou para Lima e o avançado brasileiro conseguiu o 2-0 desviando a bola de Oblak. Sem hipóteses para o jovem guarda-redes. Logo a seguir Cajuda decidiu tirar Shaffer. Shaffer, que tinha dado o 2-0 ao Braga nem ao banco foi, sempre a protestar. Provavelmente consigo mesmo, só assim se percebe. 
    A partir daí o que se viu foi um Braga aburguesado que sabia que o jogo já era seu, e um Leiria que continuava a lutar a meio-campo e que fez entrar o jovem sueco Nicklas Barkroth (contratado pelo Benfica em Janeiro, e emprestado ao clube leiriense). O Leiria foi começando a acreditar, o Braga perdeu gás e num lance de génio, Barkroth cruzou de letra e Bruno Moraes cabeceou, reduzindo para 2-1. Leonardo Jardim quis fechar as portas, percebendo a galvanização do Leiria, e para isso trocou Ukra (que nem tinha começado o jogo a titular) colocando Djamal. Até final do jogo, o jogo esteve bastante mais desinteressante. O Leiria nunca conseguiu ter bola suficiente para criar perigo e foi mesmo o Braga a criar perigo até ao fim, sobretudo num lance em que Hugo Viana fez lembrar a displicência de Cardozo e, conjugado com mais uma boa defesa de Oblak, desperdiçou o 3-1.

    Em suma, pelo domínio bracarense na 1ª parte a vitória do Braga foi justa. A verdade é que Oblak fez (mais uma) boa exibição, evitando males maiores, mas também é indiscutível que, analisando o básico do básico, com o golo mal anulado a Bruno Moraes ficaria 2-2. Um erro grave do árbitro, que de certa forma ficará mascarado pela supremacia bracarense ao longo da generalidade dos 90 minutos.

    No Braga, Nuno André Coelho fez uma boa exibição (o Braga tem de facto um excelente conjunto de centrais, e tem-nos tido sempre nos últimos anos), Douglão esteve bem atrás e ainda marcou um golo, Salino continua a mostrar que foi uma adaptação feliz a lateral direito. Hugo Viana hoje não teve no seu melhor, mas esteve bem apesar de tudo e Lima acabou por ser, de certa forma, o homem do jogo (honras divididas com Oblak), pelas constantes movimentações, remates perigosos e porque afinal de contas o seu golo deu a vitória ao Braga e os 3 pontos que o fazem colar-se ao Porto e afastar-se do Benfica. E isolou-se como melhor marcador.
    Na União de Leiria, é difícil criticar as exibições de jogadores como Marco Soares ou Marcos Paulo, sempre activos e batalhadores, Haas é um central bastante razoável e foi uma boa contratação, Bruno Moraes marcou (dois golos, até) e por isso tem que se tirar o chapéu. A quem se tem que tirar o chapéu claramente é a Nicklas Barkroth (entrou e passado uns minutos assistiu de letra) e, sobretudo, Jan Oblak. Bem posicionado, elástico, com bons reflexos (talvez não tão bom nas bolas paradas) o guarda-redes esloveno que o Benfica emprestou ao Leiria tem um futuro promissor, claramente. MP



Braga 2 - 1 União de Leiria


Braga: Quim; Leandro Salino, Douglão, Nuno André Coelho, Elderson; Custódio, Hugo Viana, Mossoró (Paulo César), Rúben Amorim (Ukra (Djamal)); Hélder Barbosa, Lima.
Treinador: Leonardo Jardim

União de Leiria: Oblak; Ivo Pinto, Haas, Edson, Shaffer (Obradovic); Marco Soares, Marcos Paulo, Keita, Élvis (Luís Leal), John Ogu (Barkroth); Bruno Moraes.
Treinador: Manuel Cajuda

Golos: 1-0 24' Douglão; 2-0 48' Lima; 2-1 62' Bruno Moraes

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Lima.

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