17 de março de 2012

Benfica 3 - 1 Beira-Mar

(Não nos foi possível acompanhar o Nacional-Porto e, como tal, não será feita nenhuma crónica desse jogo. Não foi o nevoeiro da Madeira que nos impediu, até porque nem existiu, mas sim porque há jogos mais importantes para ver ao vivo. São opções que se têm que fazer. Mas do que pude ver nos resumos, o Nacional-Porto foi um jogo em que o Nacional podia bem ter ganho ou pelo menos empatado, mas falhou, falhou, falhou e o Hélton defendeu e defendeu, e com carambolas o líder se mantém líder)

    O Benfica ganhou hoje por 3-1 ao Beira-Mar num jogo que mais pareceu um jogo-treino, tanto pela forma como o Beira-Mar entregou o jogo ao Benfica, sem ter argumentos para o contrariar, como pelo baixo ritmo que os encarnados incutiram nos últimos 25 minutos, talvez com uma gestão subconsciente para o jogo de 3ª feira com o Porto. Estavam reunidos condimentos para um resultado bastante mais expressivo, e o golo do Beira-Mar no final trouxe uma dimensão ao resultado que nada tem a ver com o que foi o jogo.

    Jorge Jesus escolheu um onze bastante ofensivo, colocando Witsel a lateral direito (como já fizera contra o Nacional) e deixando Javi como única âncora do meio-campo, o que desta vez fazia sentido, ao contrário do jogo em Guimarães, por se tratar do Beira-Mar e por o jogo ser na Luz. Aimar regressou, fazendo-se acompanhar por Bruno César e Gaitán nos flancos, ficando o ataque entregue a Óscar Cardozo e ao estreante a titular na liga, Nélson Oliveira.

    O Benfica assumiu o jogo desde cedo e rapidamente se percebeu que o Beira-Mar estava na Luz para defender o 0-0 como pudesse. Suponho que Ulisses Morais acreditasse que o milagre podia surgir pela velocidade de Balboa, por um momento achinesado de Zhang ou por alguma coisa que saísse dos pés de Artur, único jogador ofensivo do Beira-Mar capaz e a pedir um clube melhor. O 1º lance de perigo foi mesmo pelos pés do jovem Nélson Oliveira - tabela no lado esquerdo e o avançado português rematou em arco para uma boa defesa de Rui Rego. Nos minutos seguintes, o Benfica trocava bem a bola, mas mastigava muito o jogo. Nélson Oliveira ia tentando aparecer em arrancadas pelo flanco direito, mas Yohan Tavares estava a dar bem conta do recado.
    Aos 26 minutos, surgiu o 1-0. Witsel arrancou na direita, deu a Bruno César, este jogou para Aimar e o nº10 argentino colocou em Witsel que cruzou para Cardozo encostar para o primeiro golo da noite. De destacar a movimentação do avançado paraguaio, inteligente a iludir o defesa e a surgir no sítio certo, como ele tão bem sabe. 
    Depois do primeiro golo, continuava a só dar Benfica. O clube da Luz tinha muita bola, mas faltava-lhe acutilância e velocidade em alguns momentos para quebrar a defensiva aveirense. Nessa fase do jogo, Nélson Oliveira ia-se revelando sempre bastante egoísta, embora nervoso, querendo no fundo mostrar serviço. E o 2-0 surgiu mesmo antes do intervalo. Cardozo recebeu a bola à entrada da área, temporizou e assistiu muito bem Gaitán, que apenas teve que escolher o lado. Na altura foi interessante ver Nélson a ir festejar com Gaitán (a quem não tinha dado uma bola momentos antes por egoísmo), em jeito de pedido de desculpas.

    O resultado ao intervalo justificava-se plenamente. O Beira-Mar não tinha construído uma única jogada digna de se considerar uma jogada de futebol e o Benfica ia mastigando o seu jogo, jogando a um ritmo médio, acelerando só de vez a vez.

    O início da segunda parte não podia ter sido melhor para o Benfica. Aimar falhou um passe, a bola ficou para Nélson Oliveira e este fez uma das melhores assistências do campeonato até ver, de calcanhar, isolando Cardozo. O avançado paraguaio, em noite inspirada, tirou Rui Rego da frente e rematou para o 3-0. Um bonito golo, coroando a excelente exibição de Cardozo e mostrando um Nélson Oliveira mais altruísta, embora sempre adornando os lances (neste caso, bem).

    A partir daí o jogo caiu bastante. O árbitro teve algumas decisões estranhas como a não marcação duma falta sobre Bruno César e a amostragem mais tarde de cartões a Bruno César e Witsel por faltas incomparavelmente mais insignificantes, face a outras. Manuel Mota, um árbitro estranho. O Beira-Mar começou a ter mais bola, de vez em quando, sem nunca criar grande perigo. O Benfica, só criava perigo quase sempre por Cardozo. Até ao fim, os adeptos bem puxaram pela equipa mas no subconsciente (ou mesmo até por instruções de Jorge Jesus) os jogadores apresentavam uma passividade, até pelo facto do jogo estar controlado, que levava a crer que esperavam apenas o apito final, não se desgastando em campo para estarem bem terça-feira. A verdade é que aos 90 minutos o Beira-Mar ainda reduziu para 3-1 - Jardel interpretou mal um lance, a bola sobrou para um jogador do Beira-Mar que, com um passe longo, colocou a bola nas costas de Jardel e de Emerson, o rápido (e apenas rápido) Balboa cruzou e Cássio rematou para o golo aveirense.

    Deste jogo tem que se destacar uma figura mais que todas as outras - Óscar Cardozo. O avançado paraguaio marcou 2 golos, fez 1 assistência, esteve bastante interventivo, vindo buscar jogo, movimentando-se bem, pedindo constantemente bola. Um dia claramente positivo dum jogador que tantas vezes oscila entre o óptimo e a apatia. 
    Relativamente a Nélson Oliveira, o jovem português tem que perceber que tem muito tempo para mostrar o que está à vista de todos - o seu talento - e se complicar e adornar menos, tudo sairá melhor e os golos aparecerão também na liga. De resto, o destaque talvez vá para Jardel que (tirando o lance do golo aveirense, em que a culpa até foi mais de Emerson por não ter acompanhado Balboa) se exibiu a bom nível, antecipando-se bem, e estando bastante calmo e seguro nas suas intervenções. 

    O Benfica alcançou assim a sua 17ª vitória, chegando aos 54 golos marcados (melhor ataque em prova) e deixando Cardozo isolado como melhor marcador, com 18 golos. Muita posse de bola, um jogo fácil e um Cardozo como devia ser todos os jogos - assim se resume o Benfica - Beira-Mar. MP

Nota: 
Drogba, não deves ter aprendido nada com a eliminatória Sporting-City, com o tratamento que o Bruno Alves teve na Luz e com o facto de teres perdido a "tua" CAN para a inesperada Zâmbia. A tua reacção a ter calhado o Benfica no sorteio (ver aqui) pode ser muito engraçada para o Lampard ou para o pobrezinho do Torres, mas apenas ajudaste a motivar ainda mais o Benfica - clube, jogadores e sobretudo os adeptos. Há ainda a hipótese de apenas estares a mostrar aos teus colegas a posição que normalmente adoptas no balneário, e aí peço desculpa, tu é que sabes o que andas a fazer. Em todo o caso, Didier, TM te diz, e eu subscrevo: acabaste de deitar mais lenha no inferno da Luz e acredita, isso é mau para ti. Vai-te preparando e liga ao Bruno, para saberes como é coisa...



Benfica 3 - 1 Beira-Mar

Benfica: Artur; Witsel, Luisão, Jardel, Emerson; Javi, Aimar (André Almeida), Bruno César (Nolito), Gaitán; Nélson Oliveira (Rodrigo), Cardozo.
Treinador: Jorge Jesus

Beira-Mar: Rui Rego; Nuno Lopes, Bura, Yohan Tavares, André Marques (Cássio); Jaime (Nildo), Ricardo Dias, Joãozinho; Artur (Abel Camará), Zhang, Balboa.
Treinador: Ulisses Morais

Golos: 1-0 26’ Óscar Cardozo; 2-0 44’ Gaitán; 3-0 48’ Óscar Cardozo; 3-1 90’ Cássio.

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Óscar Cardozo.

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