16 de abril de 2015

Revisão: 'House of Cards' (3.ª Temporada)

Criado por
Beau Willimon

Elenco
Kevin Spacey, Robin Wright, Michael Kelly, Elizabeth Marvel, Molly Parker, Mahershala Ali, Paul Sparks, Lars Mikkelsen

Canal: Netflix

Classificação IMDb: 9.0 | Metascore: 76 | RottenTomatoes: 77%
Classificação Barba Por Fazer: 77


- Abaixo podem encontrar Spoilers - 
A História: 
    Depois da escalada rumo à vice-presidência (1.ª temporada) e à presidência (2.ª temporada) da Casa Branca, 'House of Cards' voltou com um novo desafio para Frank Underwood: manter-se presidente dos EUA.
    A série que explora os bastidores e jogos de influência da política norte-americana perdeu algum do seu poder no 3.º acto, não deixando ainda assim de aguçar a curiosidade para uma quarta temporada em 2016. Desta vez, embora de uma forma geral seja a menos forte (dizer "mais fraca" seria errado) de 3 seasons, Beau Willimon teve a inteligência de virar o tabuleiro e fazer com que Frank Underwood (Kevin Spacey) tenha praticamente tudo contra si, perdendo aliados e falhando em decisões capitais para o seu percurso. Esta temporada é um passo atrás para Underwood, até porque sabe que não há mais degraus para subir, mas um passo ao lado para Beau Willimon que embora introduza duas excelentes personagens (Heather Dunbar e Viktor Petrov), acaba por jogar mais ou menos pelo seguro. Não choca tanto, não marca tanto e fica a ideia de que o acontecimento com que encerra a season finale se poderia perfeitamente ter dado a meio desta temporada, tornando-a mais apetecível.
    O monstro político, estratega, sem piedade, manipulador e metódico Francis Underwood volta a criar o mesmo impacto gráfico de antes: se no arranque da segunda temporada todos ficámos de boca aberta no episódio que envolveu Zoe e a linha de metro; desta vez o início volta a repudiar, com Francis a urinar sobre a campa do seu pai. Ao longo de 13 capítulos (o formato de sucesso da Netflix), a 3.ª Temporada dedica-se essencialmente à luta de Frank para segurar o lugar apostando tudo no seu programa de empregos AmericaWorks, rivalizando com Heather Dunbar (introduzida no fim da 2.ª temporada ganha relevo, interpretada de forma poderosa por Elizabeth Marvel) e a sua "aliada" Jackie em campanha eleitoral. Fundamentais na construção de toda a acção são: o desejo de Claire Underwood em assumir lugar de destaque nas Nações Unidas, a recuperação do afastado Doug Stamper, a relação de Frank com Thomas Yates, um escritor contratado para promover o AmericaWorks de forma subliminar e finalmente as relações políticas entre os EUA e a Rússia, com o presidente Viktor Petrov a dominar por completo cada cena em que entra.
    Mais uma vez Beau Willimon consegue construir um mundo, espelho da realidade, em que se reflecte o impacto das relações pessoais entre figuras poderosas na vida dos cidadãos de um país inteiro. No conjunto, ou o binge-watch que 'House of Cards' permite passa a correr ou faria mais sentido algumas coisas avançarem mais já nesta temporada. Mas sem dúvida que o final de temporada nos deixa a querer mais e sem saber qual o rumo que as coisas irão tomar depois de uma cisão inesperada.
    
A Personagem: Claire Underwood (Robin Wright).
    As duas primeiras temporadas gritam Francis Underwood por todo o lado. Desta vez, e depois de ficar ao lado do marido naquela ambição imparável de duas pessoas que tudo têm em comum, Claire dá nesta 3.ª temporada um passo em frente. Assume o púlpito por várias vezes (Willimon e a sua equipa de argumentistas terão provavelmente querido beber da importância crescente que Michelle Obama teve no mandato do marido) e desempenha um papel decisivo no desenrolar da temporada não só pela sua vontade de ser embaixadora da ONU como na forma como a sua relação com o presidente russo mina o caminho idealizado por Frank Underwood.
    A temporada dedica muito tempo a Doug Stamper (mais interessante acompanhá-lo na segunda temporada do que nesta, sinceramente) e, para além de Claire e do sempre hipnotizante Frank, há 2 personagens que acrescentam valor. Heather Dunbar (Elizabeth Marvel) pela forma como faz frente a Francis e tenta "jogar limpo" e principalmente o presidente russo Viktor Petrov - o actor Lars Mikkelsen chama a si as atenções em todos os momentos em que aparece, e é a prova de que o talento corre no sangue dos irmãos Mikkelsen (o irmão Mads é Hannibal Lecter na série da NBC).

O Episódio: 06 'Chapter 32'.
    Apenas 6 realizadores estiveram responsáveis por esta temporada (John David Coles, Jonh Dahl, Tucker Gates, Agnieszka Holland, a actriz Robin Wright e James Foley). É um episódio do último, representação perfeita da importância de Claire Underwood nesta temporada, que talvez seja o melhor entre os treze. 'Chapter 32' é o exemplo chapado da qualidade de 'House of Cards': política a ser jogada em várias frentes, pormenores surpreendentes e este 32.º capítulo acaba por ser fundamental influenciando o dominó até à última peça da finale. "Somos assassinos, Francis" diz Claire, "Não, somos sobreviventes" responde Francis, acrescentando depois "Nunca te deveria ter nomeado embaixadora", e recebendo um "E eu não deveria ter-te feito presidente" de Claire. Isto é 'House of Cards'.

O Futuro: 
    Há uma campanha eleitoral a decorrer, os problemas de Doug com Rachel estão enterrados mas poderão assombrá-lo, e a 4.ª temporada pode rumar em direcção a muitos caminhos. Colocar Frank e Claire frente a frente e não lado a lado mudaria toda a óptica da série, e é importante percebermos se a decisão de Claire não tem volta a dar, e se na base dela estão questões morais (despertadas por Michael Corrigan) ou a sua ambição individual. Na 4.ª Temporada (ainda) mais Frank Underwood, se faz favor.

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