26 de maio de 2011

Garganta Cinéfila

The Prestige (2006)

Realizador: Christopher Nolan
Elenco: Hugh Jackman, Christian Bale, Scarlett Johansson, Michael Caine
Classificação IMDb: 8.4
             
            The Prestige ("O Terceiro Passo") é um filme sobre magia, sobre dois homens que queriam ser melhores um que o outro, sobre ilusão, sobre obsessão e sobre a necessidade de olhar muito bem porque, afinal de contas, "o essencial é invisível aos olhos". Em mais um grande filme de Christopher Nolan (a par com Memento um filme ao qual é normalmente dado pouco crédito e que merecia muito mais), surge-nos a rivalidade entre dois mágicos: Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale). A acção passa-se em Londres, no final do século XIX, quando os mágicos eram ídolos. Angier é sofisticado, tem o dom do espectáculo. Borden, por sua vez, não dá espectáculo e é menos elaborado. Mas tem mais talento. Faz magia. Pura.   
             
             Em The Prestige, Nolan faz-nos acompanhar a evolução duma relação e duma rivalidade entre Angier e Borden. No início, colaboravam um com o outro. Certo dia, um truque corre mal e tornam-se inimigos, desejando apenas o fim um do outro, mantendo viva a obsessão por serem sempre melhores. Cada truque tem que superar o do outro, cada espectáculo tem que ser melhor, até que os limites desaparecem. Este filme, que acaba por misturar a magia com a ciência (surgindo Nikola Tesla como um inovador e brilhante cientista capaz de adornar a magia de Angier) revela-nos um mundo fascinante onde, por entre choques e revelações, são postos em causa os limites mais obscuros da fé, da confiança e do possível. Nolan mostra-nos, através dum argumento excepcionalmente bem construído (como é habitual nos seus filmes) que devemos estar atentos a todos os pormenores e que a magia não tem limites temporais e racionais.
Um filme que nos faz questionar quão longe alguém iria para se dedicar à sua arte, mantendo presente uma incessante obsessão, tendo coadjuvantes a “natureza do engano” e a "ciência como magia". Porque, na verdade, quando nós vemos um mágico a actuar, nós não queremos realmente desvendar o truque. Queremos ser enganados.
            
           Por fim vos digo, o maior mágico é aquele que não vive sem a magia. Mas que sabe que a magia pode viver sem ele. E que até da morte podemos fazer vida, se toda a nossa vida for um simples número de magia bem montado. O sacrifício é o preço a pagar pelo maior truque de todos os tempos. O filme é, no final de contas, esse mesmo truque. A maior magia é aquela que é real. MP
                       
Citações do filme:

"Every great magic trick consists of three parts or acts. The first part is called "The Pledge". The magician shows you something ordinary: a deck of cards, a bird or a man. He shows you this object. Perhaps he asks you to inspect it to see if it is indeed real, unaltered, normal. But of course... it probably isn't. The second act is called "The Turn". The magician takes the ordinary something and makes it do something extraordinary. Now you're looking for the secret... but you won't find it, because of course you're not really looking. You don't really want to know. You want to be fooled. But you wouldn't clap yet. Because making something disappear isn't enough; you have to bring it back. That's why every magic trick has a third act, the hardest part, the part we call "The Prestige"."

"Now you're looking for the secret. But you won't find it because of course, you're not really looking. You don't really want to work it out. You want to be fooled."

"Never show anyone. They'll beg you and they'll flatter you for the secret, but as soon as you give it up... you'll be nothing to them."

"Are you watching closely?"

"He lives his act."

Trailer Aqui

Paranoid Park (2007)


Realizador: Gus Van Sant
Elenco: Gabe Nevins, Daniel Liu, Taylor Momsen
Classificação IMDb: 6.9

            Paranoid Park – Um filme sem actores de renome e com uma história sem grandes tramas mas bastante complexa. O realizador, esse é o mesmo que em Good Will Hunting e Milk – Gus Van Sant. Com escassos recursos conseguiu fazer um bom filme, na minha modesta opinião.
            Alex é um comum e jovem skater com uma vida também ela banal. Mas tudo muda quando ele e o melhor amigo decidem ir ao maior skatepark da cidade, denominado Paranoid Park. Alex conhece lá um grupo de amigos e aceita a proposta de um deles para andar à boleia num comboio de mercadoria. Estava tudo bem até aparecer um guarda-nocturno que tentou tirá-los do comboio com o seu cassetete. Para se defender, o jovem usou o skate que acabou por fazer o guarda cair e consequentemente ser atropelado pelo comboio. Alex ficou em estado de choque e vai para casa sem contar o sucedido a ninguém. O objectivo dele era esquecer aquele episódio, mas isso não foi possível. O caso da morte “mistério” percorria toda e imprensa e fez-se mesmo um inquérito na escola para tentar arrancar informações sobre a morte do guarda-nocturno.
            O intuito do filme é fazer-nos pensar até que ponto conseguimos esconder algo extremamente negativo de tudo e todos. Conseguimos nós lidar com toda a pressão exercida sobre nós e até mesmo com a nossa própria consciência? Até que ponto aguentamos psicologicamente sem contar nada? Terá Alex conseguido guardar o sucedido para ele e ter seguido com a sua vida normalmente? Algumas destas respostas estão no filme que vos aconselho. Quanto às outras, pensem nelas e procurem responder com base na vossa personalidade. TM

Citações do filme:
I just feel like there's something outside of normal life. Outside of teachers, breakups, girlfriends. Like, right out there, like outside - there's like different levels of... stuff.” 

Trailer Aqui

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