12 de maio de 2011

4-3-3 - Finais Champions e Liga Europa

Aviso prévio: Este texto, ao contrário doutros, não vai ter graça. O Benfica foi eliminado às portas duma final europeia e por uma equipa portuguesa, portanto o meu humor não está nos píncaros. Parabéns às equipas que estão na final da Liga Europa e da Champions League. O meu cérebro e paixão pelo desporto e pelo meu país anseia q.b. por estas finais, mas muito sinceramente o meu coração já está a pensar na pré-época.

Na passada semana 4 equipas entraram para a História do Futebol, garantido lugar nas finais das competições europeias.
 Na Champions League, o Manchester United de Sir Alex Ferguson eliminou com facilidade o outsider da competição (Schalke 04) e o Barcelona de Messi e Guardiola derrubou Mourinho e Ronaldo na eliminatória mais intensa do ponto de vista emocional, com umas pequenas ajudas de árbitros mas que não pareceram nada arbitrárias, a favor da equipa da Catalunha.

Na Liga Europa, teremos uma final 100% portuguesa. É sensacional? É. É perfeito? Não. Villas-Boas continua a seguir os passos do mestre Mourinho e poderá muito provavelmente ganhar a 2ª mais importante competição europeia de clubes. Eu juro que tentei embirrar com André Villas-Boas, nas palavras de Ricardo Araújo Pereira – o Mourinho “pechisbeque” -, mas já não consigo. O rapaz tem jeito para a coisa. O Braga (a verdadeira surpresa do ano futebolístico europeu) eliminou o Benfica nas meias-finais. Deixemos os elogios ao Braga para diante, e falemos pouco desta meia-final lusitana que estou a tentar recalcar e que espero daqui a 1 ano não recordar por completo.

Como somos portugueses, falemos primeiro da Liga Europa. A Liga Europa que este ano poder-se-ia chamar “A Liga de Falcao”: o avançado colombiano leva já 16 golos na competição, merecendo a meu ver um lugar no próximo ano nos 50 candidatos à Bola de Ouro. Este Porto nunca revelou dificuldades nesta Liga Europa e com maior ou menor esforço jogou sempre para ter este lugar na final. Para este feito contribuíram, num sistema táctico de 4-3-3, as mãos seguras de Hélton, uma defesa razoável (em que o melhor elemento é claramente Álvaro Pereira), um trio de meio-campo com várias soluções no qual João Moutinho se revelou o elemento mais constante e importante, mas sempre com Belluschi, Fernando, Guarín ou Rúben Micael ao seu lado. E na frente, um temido trio-de-ataque – normalmente Varela, Hulk e Falcao – mas contando também com Cristian e James Rodríguez. Este Porto prefere ter bola, mas sabe não ter bola, a dinâmica do meio-campo é impressionante e as mudanças de velocidade pelos flancos acabam a municiar o espectacular ponta-de-lança Radamel Falcao. Equilíbrio é a palavra que melhor define este Porto, uma equipa que privilegia a sua segurança e rotinas para poder provocar desequilíbrios com a técnica elevada que os seus jogadores têm, a que se junta uma autoconfiança enorme. O Braga, por sua vez, teve uma campanha extraordinária. O seu ano europeu conta com vitórias sobre Celtic, Sevilha, Arsenal (em Braga) e, já na Liga Europa, Dínamo Kiev e sobretudo Liverpool e Benfica. Jogando também preferencialmente em 4-3-3, um dos jogadores mais importantes nesta Liga Europa foi claramente o guarda-redes Artur Moraes. A defesa é a chave nesta equipa do Braga, acompanhada por um meio-campo incansável e por um rigor táctico extraordinário (Aplausos para Domingos Paciência). 
O Braga é das equipas finalistas a que melhor sabe jogar sem bola. Não precisa dela para ganhar jogos e eliminatórias. É uma equipa que beneficia de ter um plantel com alguns jogadores que jogam juntos já há alguns anos (Vandinho, Hugo Viana, Alan, Paulo César) mas foi também uma equipa que sempre soube responder às adversidades e à perda de jogadores a que foi obrigada face aos encaixes financeiros que teve de fazer no mercado de Inverno. Alan (o cabelo dele é verdadeiro?) é o jogador que melhor esteve neste Braga na Liga Europa.

Na Liga dos Campeões o nível é invariavelmente outro. Superior. Para termos uma noção, nas últimas 5 temporadas (contando com 2010/2011) Manchester United e Barcelona por 4 vezes chegaram às meias-finais. No entanto, têm estilos de jogo diferentes, embora se assemelhem um pouco. Um primeiro elogio a ambas as equipas é que nelas todos os jogadores defendem. Não há vedetas. Em futebol de alta competição, defende-se com onze. Ambas as equipas não tiveram grandes dificuldades, verdade seja dita, para carimbarem o seu lugar na final. O Barcelona teve dificuldades contra o Real Madrid, mas mais fora do que dentro do campo, até porque dentro das 4 linhas os árbitros também nem deixaram o Real querer lutar de igual para igual. 
Este Barcelona é a melhor equipa do mundo, com o 4-3-3 mais dinâmico do mundo. Têm a base da selecção campeã do mundo, têm um treinador que até agora em 12 títulos que disputou ganhou 9, têm a Shakira e um estádio que parece que vai, em altura, até à Lua. É natural que as pessoas se cansem da supremacia deste Barcelona. O Barcelona é, como ouvi recentemente, “uma equipa tão perfeita a jogar que até enjoa”. A bola é deles. E têm Messi. O que sinceramente parece batota. São a melhor equipa do mundo a trocar a bola e a melhor do mundo a pressionar para a ter. São também, infelizmente, a melhor do mundo a pressionar o árbitro com momentos dignos dos teatros do La Féria. Uma das grandes vantagens deste Barcelona é que, dada a altura média dos seus jogadores, os adversários nunca conseguem ver bem quem estão a marcar.
Já o Manchester é uma equipa que, quando olhamos para o onze, achamos mais humilde. Não têm de facto nenhum Ronaldo ou Messi. Mas têm Rooney, que trabalha imenso em prol da equipa, prejudicando provavelmente o nº de golos que poderia alcançar se fosse apenas um avançado. Jogam num suposto 4-4-2 clássico que acaba por se transformar algumas vezes num 4-3-3. Depois é uma equipa que junta a experiência de Van der Sar, Scholes, Ferdinand e Giggs à juventude de Nani, Rafael, Rooney e Javier “Chicharito” Hernández. A final será claramente um grande espectáculo no grande e mítico Wembley. Considero a final justa na medida em que será disputada entre 2 das 3 melhores equipas do mundo (acrescento o Real Madrid) e não é todos os dias que podemos ver Vidic, Piqué, Scholes, Xavi, Giggs, Iniesta, Nani, Villa, Wayne Rooney e Lionel Messi no mesmo campo.

No dia 18 de Maio acho que bem que se poderia cantar o hino de Portugal em Dublin, como o Professor Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu. Sinceramente, não tenho favoritos para esse dia. Tinha um, mas vamos esquecer isso. Assim sendo, este Porto é teoricamente mais forte mas o Braga tem feito uma cruzada fantástica e as finais não se jogam… Ganham-se.
Dez dias depois, em Inglaterra, jogar-se-á uma final para a qual não arrisco favoritos. Sou tradicionalmente mais “red devil” do que blaugrana, portanto preferia uma vitória do Manchester. A única coisa que me faria querer que o Barça ganhasse é que, ganhando, encontraria na Supertaça Europeia, à partida, o Porto e aí Miguel Sousa Tavares perceberia que este Porto não é, nem perto disso, superior ao Barcelona, como ele tanto defende. Talvez haja uma vingança inglesa face à final perdida de 2008/2009 ou então o Barcelona vai manter o seu tiki-taka, deixar os jogadores do Manchester tontos e ganhar a Champions. A verdade é que Messi vai estar em campo, portanto… MP

Probabilidades: Porto 75% - Braga 25%; Barcelona 52 % - Manchester 48%

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