21 de fevereiro de 2015

Óscares Barba Por Fazer 2015

Há coisas que têm que ser ditas. E por isso temos que ser fortes e abrirmos as hostilidades como há um ano: Senhoras e senhores, meninos e meninas, e tu José Castelo Branco que não te inseres em nenhuma das categorias anteriores, cá estão os Óscares Barba Por Fazer 2015.

    Embora esta seja a 4.ª edição dos nossos humildes prémios, só no ano passado é que começámos a dedicar um artigo exclusivo aos nossos devaneios. As opiniões, vencedores (e mesmo nomeados) que encontrarão abaixo são os nossos e não os da Academia.
    As nossas previsões para os óscares reais chegarão mais logo, e por agora vamos tentar fazer justiça. O formato mantém-se o mesmo: temos menos categorias - as que achamos essenciais - porque não temos orçamento para mais, algumas considerações sobre a Personalidade e Rookie do ano cinematográfico. E damos também guarida aos coitadinhos, atribuindo algumas menções honrosas em algumas categorias.
    Foi um bom ano para o Cinema. Daqui a vários anos relembrar-nos-emos do quarto de Murph, daquele solo final de bateria em 'Whiplash', do olhar de Emma Stone para o céu, ou de uma mãe a aperceber-se de como passaram 12 anos.
    Pedimos desculpa, os nossos fatos parecem os mesmos do ano passado, mas prende-se com o facto de nós termos vários fatos iguais.

MELHOR FILME
Vencedor: Interstellar
Outros Nomeados: Whiplash, Boyhood, The Grand Budapest Hotel, Gone Girl, Birdman, The Theory of Everything, The Imitation Game

    O sucessor de 'The Wolf of Wall Street' no universo Barba só podia ser um - 'Interstellar'. Como dissemos anteriormente, o filme de Christopher Nolan (importa salientar o sistemático contributo do irmão Jonathan Nolan) é de génio. Uma odisseia inesquecível, capaz de se perpetuar na nossa memória. 'Interstellar' é muito mais do que um portento técnico, é ousado e ganha o seu brilho especial na forma como eterniza o quarto de uma rapariga de 10 anos, e a relação dela com o pai. É mais uma prova da inteligência sobre-humana dos Nolan, da forma apaixonada como Christopher encara e explora a dimensão temporal e como ainda não tínhamos os nossos Óscares nos anos de 'Memento', 'The Prestige' ou 'Inception', desta vez não vamos deixar escapar esta oportunidade. 'Interstellar' merece o infinito, embora vá mais além, e este é o nosso possível obrigado.
    Se houvesse um runner-up seria, para nós, 'Whiplash'. E dos 8 nomeados pela Academia era aquele que gostávamos que ganhasse, embora seja quase impossível. O filme do jovem realizador Damien Chazelle tem tantos ingredientes: brutal intensidade, flui ao ritmo de uma "bateria sangrenta", e as interpretações de J.K. Simmons e Miles Teller (um crescimento surpreendente!) são do melhor que vimos este ano. Gostámos da capacidade de 'Boyhood' em contar uma história simples, fazendo-nos crescer com as personagens, identificando-nos com momentos/ fases; 'The Grand Budapest Hotel' é mais do que a comédia do ano; e na nossa opinião 'Gone Girl' (relativamente à Academia saem 'Selma' e 'American Sniper, por 'Interstellar' e 'Gone Girl') merece constar. 'Birdman', 'The Theory of Everything' e 'The Imitation Game' fecham as nossas escolhas, num ano forte do Cinema.

MELHOR REALIZADOR
Vencedor: Christopher Nolan (Interstellar)
Outros Nomeados: Alejandro González Iñárritu (Birdman), Damien Chazelle (Whiplash), Richard Linklater (Boyhood), Wes Anderson (The Grand Budapest Hotel)

    Os motivos pelos quais escolhemos 'Interstellar' para Melhor Filme reflectem-se na escolha do Realizador. Christopher Nolan é um homem aparte, uma figura que até hoje nunca foi nomeado pela Academia na vertente de realização, e que se arrisca a seguir os passos de Stanley Kubrick (também nunca foi Melhor Realizador). Mas o que é que é a Academia quando se pode ganhar nos Óscares BPF?! As inovações em termos de formato de Iñárritu e Linklater e o talento de 2 realizadores que têm muito para dar nas próximas décadas - Damien Chazelle e Wes Anderson - completam a lista de nomeados. David Fincher e James Marsh seriam os senhores seguintes a considerar..

MELHOR ACTOR
Vencedor: Eddie Redmayne (The Theory of Everything)
Outros Nomeados: Miles Teller (Whiplash), Jake Gyllenhaal (Nightcrawler), Benedict Cumberbatch (The Imitation Game), Michael Keaton (Birdman)

    Vamos pôr as coisas nestes termos: Eddie Redmayne conseguiu fazer aquele papel e terminá-lo sem um torcicolo. Mas não é só por isso que achamos que ele merece o óscar. A par de Miles Teller (talvez nesse caso o "salto" tenha sido maior) atingiu um patamar que não julgávamos que atingiria tão cedo, e a forma como se tornou Hawking é impressionante. E nós até somos um pouco anti-papéis com deficiências. Isto foi horrível de se dizer.
    Para além de Redmayne, Miles Teller e Jake Gyllenhaal (nenhum deles nomeado pela Academia) estiveram em alto nível - Teller contagiado pelo mentor J.K. Simmons e Gyllenhaal provavelmente no seu melhor papel até à data. Desde o olhar lunático até à brilhante interiorização da personagem - um homem persistente e pretensioso. Quem visionar 'Nightcrawler' ficará certamente com a prestação de Jake na retina. Simplesmente muito bem executada. O ano ficou também marcado pelo 1.º papel de Cumberbatch merecedor da nossa atenção, e Michael Keaton merece figurar no Top-5 - 'Birdman' é um conjunto de coisas que resultam, é segurado em parte pelos desempenhos de Edward Norton e Emma Stone, mas as cenas de Keaton "com Birdman" são um dos ingredientes fortes. À beirinha de um lugar ao Sol deixámos Bradley Cooper (American Sniper) e Ralph Fiennes (The Grand Budapest Hotel). Mas o ano, embora não tenha tido nenhum actor ao nível de Leonardo DiCaprio em 2014, teve muitos papéis num nível Bom. É que também Jack O'Connell ou David Oyelowo podiam estar aqui.

MELHOR ACTRIZ
Vencedora: Rosamund Pike (Gone Girl)
Outras Nomeadas: Julianne Moore (Still Alice), Reese Whiterspoon (Wild), Felicity Jones (The Theory of Everything), Marion Cotillard (Deux Jours, Une Nuit)

    Enquanto que a Academia optará por Julianne Moore, nós - embora seja muito renhido - escolhemos Rosamund Pike. Num filme em que Ben Affleck fez mais uma vez de Ben Affleck, coube a Rosamund dar maior ênfase ao filme. Numa história muito bem construída, a nossa eleita acaba por ser uma actriz dentro e fora do filme que arrebatou todas as atenções. Quem viu 'Gone Girl' é impossível ficar indiferente à performance vingativa e maliciosa de Rosamund Pike.
    Percebemos que Julianne Moore seja mais "papel de óscar" na forma progressiva como perde valências ao longo do filme. De resto, acabámos por manter o mesmo quinteto da Academia, com Whiterspoon e a sua mochila às costas em busca de respostas, Felicity Jones (num papel à la Jennifer Connelly em 'A Beautiful Mind') a segurar Redmayne, e Marion Cotillard. A actriz francesa esteve a um nível muito semelhante ao de Jennifer Aniston (Cake) e Kristen Wiig (The Skeleton Twins) mas acabámos por optar por ela. Também Essie Davis (The Babadook) está nas nossas menções honrosas.

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Vencedor: J.K. Simmons (Whiplash)
Outros Nomeados: Edward Norton (Birdman), Ethan Hawke (Boyhood), Steve Carell (Foxcatcher), Mark Ruffalo (Foxcatcher)

    Considerando as 4 categorias interpretativas, o papel do ano é de J.K. Simmons em 'Whiplash'. O seu Terrence Fletcher é extremista no método, um perfeccionista e uma fonte de, ao mesmo tempo, medo e inspiração. Not quite my tempo diz ele, mas este é o tempo certo para Simmons. Quem sabe se não surgirá na nossa rubirca '100 Melhores Personagens de Filmes'..
    Noutro ano Edward Norton (é bom vê-lo regressar à piscina dos grandes) poderia ambicionar a ganhar; Ethan Hawke é um dos principais motivos de interesse ao longo de 'Boyhood' e por fim nomeámos a dupla de 'Foxcatcher' - Steve Carell e Mark Ruffalo. Sim, considerámos Carell e o seu nariz proeminente actores secundários. Neste caso deixámos à porta o veterano Robert Duvall (The Judge), Takamasa Ishihara (Unbroken) e a promessa Ansel Elgort (The Fault in Our Stars).

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Vencedora: Patricia Arquette (Boyhood)
Outras Nomeadas: Emma Stone (Birdman), Jessica Chastain (A Most Violent Year), Keira Knightley (The Imitation Game), Agata Kulesza (Ida)

    Das 4 categorias de actores/ actrizes, este ano esta foi francamente a mais fraquinha. A nossa dúvida foi entre Patricia Arquette e Emma Stone mas acabámos por tender para a mulher que acompanhou o crescimento do pequeno Mason ao longo de 12 anos. Arquette conseguiu um excelente retrato do que é ser mãe, e do ciclo da vida. Emma Stone, que confirmou este ano que é actriz para estar nestas andanças nos próximos anos, foi responsável por alguns dos grandes momentos de 'Birdman' - principalmente o seu monólogo quando confronta o seu pai, mas também os diálogos no terraço com Edward Norton e, claro, aquele olhar para o céu no remate do filme. Concordamos com a nomeação de Keira Knightley, mas a completar as nossas 5 secundárias estão Jessica Chastain e a polaca Agata Kulesza. Uma menção ainda para a jovem Joey King pelo seu papel no indie 'Wish I Was Here'.

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Vencedor: Interstellar
Outros Nomeados: The Grand Budapest Hotel, Birdman, Boyhood, The Skeleton Twins

Por mais que tenhamos gostado do Argumento de Wes Anderson para 'The Grand Budapest Hotel', o cómico e estranho realizador-argumentista vai ter que esperar. Os manos Jonathan e Christopher Nolan são para nós quem merece vencer com um argumento que é ao mesmo tempo tão futurista e para a frente, mas que nos toca pela forma como não esquece a importância das relações, explorando com genialidade e sensibilidade a maneira certa de comunicar uma mensagem. 'Birdman' e 'Boyhood' estão também nesta categoria, tal como 'The Skeleton Twins', um drama cómico/ comédia dramática com os ex-Saturday Night Live Bill Hader e Kristen Wiig (uma actriz que está a tornar-se aos poucos um caso sério...). 'Nightcrawler' (é bom, mas podia ser bem melhor) e 'Wish I Was Here' de Zach Braff ficam com uma palmadinha nas costas.

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
Vencedor: Whiplash
Outros Nomeados: Gone Girl, The Theory of Everything, The Imitation Game, Unbroken

    Na realidade é um mero preciosismo técnico que torna 'Whiplash' um argumento adaptado. A ideia de Damien Chazelle foi original mas, como o seu filme era uma curta-metragem no ano anterior, o filme é agora "baseado em material anteriormente publicado". E ainda bem. Assim não tivemos quaisquer dúvidas em premiá-lo com este óscar, e vamos ficar atentos ao futuro de Chazelle (30 anos). 'Gone Girl' (injusta snub da Academia para Gillian Flynn), 'The Theory of Everything', 'The Imitation Game' e 'Unbroken' fecham as nossas escolhas, sem necessidade de menções honrosas, e com Hawking, Turing e Zamperini devidamente homenageados. Histórias que mereciam ser contadas.

Tal como em 2014, fechamos então a nossa cerimónia-em-formato-digital com mais 3 categorias.


Personalidade do Ano: Richard Linklater
Rookie do Ano: Jack O'Connell. Outros nomeados: Ellar Coltrane, Ansel Elgort, Joey King, João Jesus.
Melhor Banda Sonora: Hans Zimmer (Interstellar). Outros nomeados: Jóhann Jóhannsson (The Theory of Everything), Alexandre Desplat (The Grand Budapest Hotel), Son Lux, (The Disappearence of Eleanor Rigby).

    Se no ano passado era inequívoco que McConaughey merecia ser a Personalidade do Ano (porque juntou 'Dallas Buyers Club' a 'Mud', à sua participação em 'The Wolf of Wall Street', destacando-se mais do que em qualquer outro lado na série 'True Detective'), este ano não foi tão claro. Optámos por Richard Linklater por ser um realizador cujo trabalho já conhecíamos há alguns anos (no ano passado nomeámos o seu 'Before Midnight' em 2 categorias) mas que finalmente parece estar a ser levado a sério. Homem simples e de formatos originais, vamos ver como desenvolve a sua carreira agora que os olhares e a pressão já incidem sobre ele.

    Nos Rookies (destinados a destacar 5 talentos emergentes) o sucessor de Adèle Exarchopoulos é o britânico Jack O'Connell. Conhecemo-lo em 'Skins' quando fazia de Cook, mas este será sempre o ano da sua entrada em Hollywood. Ganhou especial notoriedade graças ao 'Unbroken' de Angelina Jolie, mas esteve também em 'Starred Up' e ''71'. Já ninguém o pára. Os restantes 4 talentos que decidimos destacar são Ellar Coltrane (embora achemos o seu futuro no Cinema uma gigante incógnita), Ansel Elgort, Joey King e o português João Jesus, autêntica Revelação em 'Os Gatos Não têm Vertigens'.
    No ano transacto tivemos colaborações dos Arcade Fire ou Explosions in the Sky nas bandas sonoras de filmes, desta vez o destaque máximo vai para um dos maiores génios da composição para cinema - Hans Zimmer. E o pódio fica fechado com o islandês Jóhannsson, Alexandre Desplat e a sua cómica banda sonora, e ainda Son Lux.


Estejam, naturalmente, à vontade para dar as vossas opiniões. Estas são as nossas.
Ainda hoje publicaremos as nossas previsões relativamente a quem achamos que deverá arrecadar as estatuetas douradas em cada categoria.


Miguel Pontares e Tiago Moreira

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