10 de fevereiro de 2015

Crítica: Selma

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2015 
Realizador: Ava DuVernay
Argumento: Paul Webb
Elenco: David Oyelowo, Carmen Ejogo, Tom Wilkinson, Tim Roth, André Holland, Wendell Pierce, Lorraine Toussaint
Classificação IMDb: 7.5 | Metascore: 89 | RottenTomatoes: 99%
Classificação Barba Por Fazer: 74



    Pois é, entre os 8 nomeados da categoria de Melhor Filme, só nos faltava apreciar e criticar este.
    'Selma' foi alvo de duas das grandes snubs no anúncio dos nomeados, com o actor David Oyelowo e a realizadora Ava DuVernay a não serem escolhidos pela Academia. Injusto? Apenas em parte.
    A realizadora afro-americana que já tinha sido responsável por 'Middle of Nowhere' (em que por exemplo Oyelowo e Lorraine Toussaint também entraram) assumiu um projecto que esteve por vários anos associado a Lee Daniels, e para além de vários bons pormenores de realização, reescreveu também os discursos de Martin Luther King Jr. Nem todo o argumento foi obra de Paul Webb, podemos dizer.
    'Selma', o drama histórico em busca de iguais direitos para a comunidade negra, aborda a marcha da liberdade iniciada em Selma (cidade em Alabama) na luta pelo direito ao voto por parte dos afro-americanos, guiados pelo inspirador Martin Luther King Jr. (David Oyelowo). O filme retrata ainda relação de Luther King Jr. com o presidente Lyndon B. Johnson (interpretado por Tom Wilkinson), que segundo alguns historiadores não faz justiça à posição política assumida na altura pelo 36.º presidente dos EUA.
    Como sempre, as imagens valem mais que mil palavras e por muita coisa que se possa escrever, não há murro no estômago igual a ver a forma como DuVernay reproduz as cenas arrepiantes passadas na ponte Edmund Pettus, exemplares do melhor e do pior da humanidade. Por um lado uma parcela da sociedade capaz de perseguição e violência inqualificáveis; por outro, a capacidade de lutar por um sonho, tendo fé num futuro melhor. Um activismo político não-violento, com a assinatura do Nobel da Paz de '64.
    Pode parecer parvo mas faz alguma confusão ao início ver David Oyelowo como Martin Luther King Jr., pouco tempo depois de surgir em 'The Butler' como o filho de Cecil Gaines, num filme em que contracenou com Nelsan Ellis (o Lafayette de True Blood) que na altura fez de Martin Luther King Jr. Passada essa fase, é indiscutível a qualidade com que Oyelowo se transforma em Luther King, com uma paixão, carisma e magnetismo impressionante nos seus discursos, ainda mais interessante pela forma como o actor britânico modelou a sua voz para se assemelhar ao sotaque americano e ao timbre de uma das personalidades mais marcantes da História.
    'Selma' concorre aos Óscares na categoria de Melhor Filme e de Melhor Canção Original, e tem legítimas aspirações a arrecadar 1 estatueta dourada graças à música de John Legend e Common (sendo que o segundo músico entra também no filme como actor). Embora seja sempre incorrecto fazer comparações, pode-se dizer que este filme, que envolveu Oprah Winfrey e Brad Pitt na produção, é inferior a um '12 Years a Slave' mas superior a 'The Butler'. São muitos os filmes que nos últimos anos exploraram a brutal injustiça sofrida por afro-americanos no passado mas deste, cuja nomeação para Melhor Filme é discutível, guarda-se uma coisa: David Oyelowo merece ficar para a História do Cinema como "O" Martin Luther King Jr.

1 comentários:

  1. "Selma: A Marcha da Liberdade" é um filme demasiado longo, fazendo que se torne algo enfadonho e aborrecido. O filme é bom, é interessante e tem um bom elenco.
    Mas "Selma" torna-se algo cansativo de ver devido a ser enorme, contudo recomendo que o vejam.
    3*
    Pode ler e/ou comentar a análise completa em: http://osfilmesdefredericodaniel.blogspot.pt/2015/03/selma-marcha-da-liberdade.html
    Cumprimentos, Frederico Daniel.

    ResponderEliminar