1 de janeiro de 2016

Balanço Premier League 15/ 16

Aquilo que faz da Barclays Premier League a liga mais espectacular e imprevisível do planeta é, por vezes, difícil de transmitir em palavras. Vê-se na atitude das equipas, incapazes de aceitar o 2-2 ao minuto 90, querendo ganhar em qualquer jogo, em qualquer campo; vê-se quando um golaço de um jogador da equipa da casa faz a câmara tremer na transmissão, prolongando o êxtase que se vive nas bancadas. E vê-se.. nesta primeira volta do Leicester City.
    Há um ano atrás o Leicester era último (20.º) classificado com 19 jornadas disputadas. Passado um ano a equipa-sensação, carregada principalmente por Mahrez e Vardy, e bem orientada por Ranieri (um treinador para o qual olhámos de lado), segue em igualdade pontual com o primeiro lugar, numa época que tem sido um conto de fadas.
    A edição de 2015/ 16 tem sido recheada de surpresas. O Chelsea, campeão em título, apresentou-se irreconhecível e José Mourinho já fez as malas, algo impensável há alguns meses atrás; o recém-promovido Watford, sob o comando de Quique Flores, só não é a sensação por existir o Leicester, e o West Ham tem-se revelado um papa-grandes. Tudo indica que Guardiola chegará a terras de Sua Majestade no Verão, mas a Premier já teve um reforço de peso (Jürgen Klopp), novo senhor dos destinos do clube de Anfield.
    Num campeonato impossível de prever, os protagonistas não têm sido os mais óbvios ou esperados. Riyad Mahrez tem estado num campeonato à parte, acompanhado pelo colega Jamie Vardy, pelo rei das assistências Mesut Özil, pelo oportunista e mortífero Ighalo, bem como outros nomes como Lukaku, Butland, Smalling e Payet (até se lesionar). Por oposição, Hazard e outras figuras do Chelsea têm sido uma sombra do que esperávamos.
    Como sempre temos feito, esta é uma breve análise a meio da aventura, menos detalhada do que aquela que faremos quando as 38 jornadas tiverem terminado.

Algumas ideias/ notas:

- Há um ano atrás, o Leicester City em 19 jornadas tinha o registo de 3 vitórias, 4 empates e 12 derrotas (13 pontos). Hoje, o 2.º classificado com em igualdade pontual com o Arsenal (39 pts), soma 11 vitórias, 6 empates e apenas duas derrotas. Tem apenas menos 6 golos sofridos do que há um ano atrás, mas marcou mais 20 (37 golos contra 17). Para isso muito têm contribuído as estatísticas de Riyad Mahrez (13 golos e 7 assistências) e Jamie Vardy (15 golos e 4 assistências);

- Para além do Leicester e do Watford, também o Crystal Palace tem tido uma prestação excelente. A equipa de Alan Pardew (melhor técnico inglês da actualidade), que ainda não sofreu qualquer golo de bola parada, estará porventura em termos estatísticos a realizar um campeonato de acordo com o que esperávamos. Surpreendem-nos sim vários deslizes (inevitáveis, é a Premier League) doutras equipas;

- Indiscutível a presença do Tottenham no Top-4. Os spurs têm sido consistentes, e só o Liverpool versão Klopp consegue equivaler-se à capacidade de pressionar e de reagir rápido à perda da bola dos pupilos de Pochettino. A melhor diferença de golos, o estatuto de melhor defesa e o facto de ter apenas duas derrotas em 19 jogos são vários indicadores que comprovam essa regularidade;

- A lógica (factor que pouco impera na Premier League) diz que Manchester City e Arsenal dividem o favoritismo na conquista do título;

- O West Ham, que é muito mais equipa com o seu talismã Dimitri Payet disponível, tem destruído os grandes - ganhou fora ao Arsenal por 2-0, ganhou fora ao Liverpool por 3-0, ganhou fora ao Manchester City por 2-1, ganhou em casa ao Chelsea por 2-1 e empatou em Old Trafford 0-0;

- O equilíbrio e a competitividade vê-se na tabela. O Stoke City, que ocupa o 10.º lugar com 29 pontos, está a 10 do líder Arsenal, e a 12 da zona de despromoção. Mediante isto, quando uma equipa do Top-12 ganha três jogos consecutivos fala-se logo, pelo menos, em lugares europeus. Olhando precisamente para esse Top-12, equipas como o Everton e o Southampton tiveram oportunidades e calendário para estarem actualmente mais acima;

- O Aston Villa tem sido medíocre (apenas 8 pontos), mas depois do Chelsea a grande desilusão tem sido o Swansea em termos pontuais. Considerando a qualidade do futebol, o Manchester United de van Gaal tem-se apresentado como uma das equipas mais pobres e a continuidade do holandês é questionada diariamente. A posse de bola não ganha jogos e embora o United seja líder nesse capítulo (média superior a 57% por jogo), o Leicester é bem mais apaixonante embora seja a 3.ª equipa com menos posse de bola em prova (43,4%);

- Acreditamos que equipas como o Liverpool e o Stoke City cresçam no decorrer da segunda volta, no primeiro caso pela maior assimilação das ideias de Klopp, no segundo pela química crescente do triângulo Arnautovic-Bojan-Shaqiri. Dado o trajecto acidentado, não nos arriscamos a prever a classificação do Chelsea, embora teoricamente acabe alguns lugares acima;

- Mantemos a nossa previsão inicial (sim, aquela em que apontávamos o Chelsea ao título e o Leicester ao 14.º lugar) de que Aston Villa, Sunderland e Norwich poderão ser as três equipas a descer. Torcemos para que não seja o Bournemouth de Eddie Howe, uma equipa com alma e com um futebol que faz inveja à maioria dos adversários, mas que tem sido fustigada por lesões, tendo um plantel já de si curto;

- É provável que o mercado de Janeiro seja razoavelmente agitado. O Crystal Palace deve comprar novo avançado, o Arsenal já reforçou o meio-campo com Elneny, o Tottenham procurará garantir uma alternativa a Kane, e equipas como o Sunderland ou o Bournemouth já terão planeado a abordagem certa para colmatarem carências e tentarem garantir a manutenção. Por fim, a maior de todas as questões será perceber o que faz o Leicester - conseguir segurar Mahrez e Vardy, algo que nos parece difícil, seria essencial para o sonho continuar.

- No nosso plantel abaixo apresentado, composto por 25 elementos, Arnautovic, Cabaye, Kolarov e Wijnaldum quase entraram nas contas. Curioso verificar que, no Balanço que fizemos no final da primeira volta da Premier League 2014/ 15, só figuravam três jogadores iguais (Alexis Sánchez, De Gea e Lloris).


O melhor "plantel" da Barclays Premier League 2015/ 16 até agora

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