29 de julho de 2015

Crítica: Danny Collins

Realizador: Dan Fogelman
Argumento: Dan Fogelman
Elenco: Al Pacino, Bobby Cannavale, Annette Bening, Christopher Plummer, Jennifer Garner
Classificação IMDb: 7.0 | Metascore: 58 | RottenTomatoes: 78%
Classificação Barba Por Fazer: 73

    Já se sabe que o período decorrido entre uma temporada de óscares e a seguinte é habitualmente menos fértil em qualidade. Distribuidores e produtores procuram estrear os seus melhores filmes na época alta, e por isso durante o Verão sobram os blockbusters (Jurassic World, Minions, Exterminador foram alguns exemplos deste mês) e aqueles filmes que reúnem pior marketing, alcançando forçosamente uma menor amplitude. 'Danny Collins' é o típico filme que passa despercebido a muita gente mas, não sendo um grande filme, é um filme que quando termina damos por nós satisfeitos pelo tempo empregue. São estas as vantagens de ir ser tio, o volume barrigal da minha irmã permitiu-lhe ter algum tempo livre e, assim, recomendar-me o mais recente trabalho de Al Pacino. Ponto negativo prévio: tem Jennifer Garner. Ponto positivo prévio: tem Bobby Cannavale.
    Sumariamente, inspirando-se na história real de Steve Tilston, o argumentista Dan Fogelman (responsável pelo argumento de 'Crazy Stupid Love', 'Last Vegas' e com participação criativa em alguns trabalhos da Pixar) fez o que melhor sabe - escrever - mas decidiu estrear-se na cadeira de realizador. 'Danny Collins' conta então a história de um cantor, interpretado por Al Pacino, uma estrela de Rock dos anos 70, que se "comercializou" e fugiu à sua identidade musical, caindo numa vida materialista e de excessos. Mas tudo muda no dia em que o seu agente Frank (Christopher Plummer) lhe dá uma carta antiga, perdida no tempo, que o beatle John Lennon e a mulher Yoko Ono lhe tinham escrito 40 anos antes. Uma simples carta faz com que Danny repense a vida, pessoal e profissional, e desencadeia tudo o que o filme tem de bom.
    Estamos perante um daqueles filmes leves mas com vários pontos a seu favor. Desde logo, Al Pacino. O actor de 75 anos foi sempre o objectivo do realizador-argumentista Dan Fogelman e, na hora de se vincular ao filme, fez apenas uma exigência: Bobby Cannavale (com quem colaborou na peça 'Glengarry Glen Ross') tinha que interpretar o seu filho. E embora haja nomes com algum peso como Annette Bening e Christopher Plummer em jeito descontraído, o que o filme tem de bom fica alicerçado na dupla Pacino-Cannavale. Dois actores ítalo-americanos, separados por 30 anos de idade, sendo que 'Danny Collins' acaba por funcionar simbolicamente como o patrocínio e apoio incondicional de Pacino à carreira de Cannavale, uma passagem de testemunho de um dos actores mais consagrados para um que embora já com 45 anos tem ainda imenso talento para ser potenciado.
    O melhor de 'Danny Collins' não é a música, garantidamente, mas sim a forma como aborda a família e as segundas oportunidades (nas salas portuguesas o título é "Nunca é Tarde"). É um papel suave mas perfeitamente enquadrado para Pacino, e a prova de que o talento perdurará intacto em Hollywood: Dan Fogelman demonstra sensibilidade e capacidade de traduzir emoções em símbolos (o melhor momento do filme é a cena final, especialmente naquele ângulo) e para quem queira ficar atento aos próximos passos de Bobby Cannavale (entrou em 'Boardwalk Empire', 'Blue Jasmine'), fiquem a saber que será o protagonista do projecto televisivo de Martin Scorsese e Terence Winter (a dupla que realizou e adaptou 'The Wolf of Wall Street' e esteve na origem de 'Boardwalk Empire'), com o selo HBO e curiosamente sobre o Rock 'n' Roll dos anos 70.
    'Danny Collins' é uma boa surpresa. E nunca é tarde para verem o filme.

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