19 de julho de 2015

Bundesliga 2015/ 16: Manter para triunfar

Depois de um olhar atento para 2015/ 16 em solo nacional e no campeonato inglês, viramos atenções para a 1. Bundesliga. A liga alemã é possivelmente entre os grandes campeonatos aquele que mais se aproxima da emoção e imprevisibilidade da Premier League. No entanto, o domínio do Bayern (tri-campeão) retira quota-parte da magia a um campeonato no qual o jogador alemão é privilegiado. Como o exercício abaixo não é uma antevisão da Bundesliga mas sim uma tentativa de aproximação aos plantéis finais dos principais emblemas alemães, não importa abordar a competição de uma forma geral. O defeso na Alemanha preza sempre alguns pontos: geralmente os clubes alemães compram bem (boa relação qualidade/ preço), procuram antecipar-se ao mercado comprando cedo, e privilegiam contratações realizadas internamente, deixando o dinheiro a circular entre alemães. Ao contrário de quando tentámos antecipar a Liga NOS (final de Maio) e a Premier League (início de Julho), desta vez apanhamos as equipas alemãs numa fase forçosamente mais madura em termos da elaboração dos plantéis. Espera-se, por isso, que se façam apenas pequenos ajustes.
    Como sempre, reforçamos que a constituição dos plantéis abaixo equacionados é especulativa, com reforços acrescentados com base em alguns rumores do mercado que façam sentido, e tendo em vista uma previsão/ sugestão, respeitando o perfil de contratação dos clubes e os perfis de jogadores que deviam procurar para melhorar globalmente a equipa. Optámos por analisar os 4 primeiros classificados da última Bundesliga, acrescentando ainda uma análise ao futuro do Borussia Dortmund, uma equipa claramente capaz de voltar aos lugares cimeiros, na 1.ª temporada pós-Klopp e agora sob o comando de Thomas Tuchel.

Bayern
  • Guarda-Redes: Manuel Neuer, Sven Ulreich (Estugarda), Tom Starke
  • Defesas: Rafinha; Holger Badstuber, Jérôme Boateng, Medhi Benatia, Javi Martínez, Dante; Juan Bernat
  • Médios: Xabi Alonso, Philipp Lahm, Sebastian Rode, Gianluca Gaudino, Arturo Vidal (Juventus), Joshua Kimmich (Estugarda), Pierre-Emile Højbjerg, Thiago Alcântara, David Alaba
  • ExtremosMario Götze, Douglas Costa (Shakhtar Donetsk), Franck Ribéry, Arjen Robben, Sinan Kurt
  • Avançados: Thomas Müller, Robert Lewandowski
    Como aprimorar um plantel quase perfeito? Vamos ver então. O tri-campeão Bayern continuará a tentar manter o seu domínio interno, mas vencer a Bundesliga é por esta altura um objectivo mínimo para os bávaros. Guardiola sabe que o que lhe é exigido é também ganhar a Champions, competição na qual o trio Barcelona-Bayern-Real Madrid parte cronicamente na frente.
    Há vários guarda-redes de topo (Buffon, Courtois, Cech, De Gea, Bravo, Lloris, Handanovic são alguns exemplos) mas Neuer é Neuer. O Bayern perdeu Reina para o Nápoles, e trocou o seu nº 2 por Ulreich, do Estugarda. Tom Starke permanece no plantel. Na defesa, os bávaros não mexeram ainda, e talvez não o façam. Há Rafinha e Bernat (surpreendente 1.ª época), embora outros jogadores que Guardiola costuma utilizar no miolo possam também desempenhar a posição, e no centro Boateng, Benatia, Dante, Javi Martínez e o azarado Badstuber. A melhor dupla seria Martínez-Benatia, e recordamos que o central/ médio defensivo espanhol praticamente não pôde contribuir na temporada passada. No meio-campo há um misto de experiência e juventude. Guardiola considera Lahm e Alaba, originalmente laterais, importantes na dinâmica do seu meio-campo, no qual existe ainda o veterano Xabi Alonso, mas do qual saiu Schweinsteiger para o Manchester United. Substituir o 31 é um valente... 31. Mas o chileno Arturo Vidal poderia ser a peça-chave capaz de afinar um meio-campo exigente e sempre em alta rotação. O contributo de Rode, Højbjerg e dos jovens Kimmich (contratado) e Gaudino poderá ser pontual, emergindo como elemento fulcral Thiago Alcântara.
    Num ataque de luxo, há pouco a acrescentar. Lewandowski e Müller são os jogadores mais adiantados e são uma garantia de golos, trabalho e constante movimento. Robben é em forma o melhor elemento do Bayern, mas com o preocupante estado físico de Ribéry, os bávaros não hesitaram em garantir uma alternativa - o brasileiro Douglas Costa, ex-Shakhtar. Götze, resistindo ao assédio da Juventus, deve ser valorizado como peça importante deste Bayern e há ainda o jovem Sinan Kurt. Basicamente, para além de Vidal, o Bayern só deverá contratar se identificar uma excelente oportunidade de mercado para a sua já luxuosa frente de ataque.

Wolfsburgo
  • Guarda-Redes: Diego Benaglio, Max Grün, Matthias Hamrol
  • Defesas: Vieirinha, Christian Träsch; Naldo, Sebastian Jung, Robin Knoche, Kamil Glik (Torino); Ricardo Rodríguez, Marcel Schäfer
  • Médios/ Extremos: Luiz Gustavo, Joshua Guilavogui, Maximilian Arnold, Aaron Hunt, Ivan Perišić, Daniel Caligiuri, Kevin De Bruyne, André Schürrle
  • Avançados: Max Kruse (Borussia Mönchengladbach), Bas Dost, Nicklas Bendtner, Romelu Lukaku (Everton)
    Depois de um magnífico 2.º lugar na Bundesliga de 2014/ 2015, o Wolfsburgo de Hecking (sim, a equipa que deu 4-1 ao Bayern) tem legítimas aspirações a manter-se entre os 2 ou 3 primeiros lugares do campeonato alemão. A prioridade, no caso dos lobos, é manter determinados craques (De Bruyne, principalmente), acrescentando qualidade capaz de entrar directamente para o 11.
    A baliza será a seu tempo objecto de reforço, mas tendo Benaglio ainda 31 anos não há urgência. Grün e Hamrol completam o leque de guarda-redes. Na defesa os laterais estão longe de ser problema: na direita Vieirinha revelou-se uma excelente adaptação e há ainda o polivalente Träsch; do lado esquerdo felizmente para o Wolfsburgo os grandes europeus parecem estar desatentos ou não estarem dispostos a pagar o que o clube quer por Rodríguez, surgindo Schäfer como alternativa. No centro da defesa é preciso um companheiro para Naldo, e embora não pareça estar na órbita dos alemães sugeríamos o polaco Glik, capitão do Torino. Naldo-Glik seria garantia de segurança e poderio nas bolas paradas ofensivas, com Jung e Knoche como jovens promessas.
    No meio-campo há o músculo de Luiz Gustavo e Guilavogui, e o virtuosismo de Hunt, Perišić (talvez não tenha o lugar no plantel seguro), Caligiuri e a excelência de De Bruyne, a estrela da equipa, e Schürrle que agora já adaptado tem tudo para mostrar mais.
   O Wolfsburgo já contratou Max Kruse, o craque do Mönchengladbach, e tem ainda Dost e "Lord" Bendtner. No entanto, achamos que, para além do central Glik, o clube devia procurar contratar um avançado centro - entendendo que Dzeko deve rumar a outras paragens, Lukaku poderia ser esse jogador.

Borussia Mönchengladbach
  • Guarda-Redes: Yann Sommer, Tobias Sippel (Kaiserslautern), Chris Heimeroth
  • Defesas: Tony Jantschke, Julian Korb; Álvaro Domínguez, Andreas Christensen (Chelsea)Roel Brouwers, Nico Elvedi (Zürich), Martin Stranzl; Oscar Wendt, Nicolas Clasen
  • Médios: Marvin Schulz, Håvard Nordtveit, Mahmoud Dahoud, Lars Stindl (Hannover 96), Granit Xhaka
  • ExtremosThorgan Hazard, Patrick Herrmann, Fabian Johnson, Ibrahima Traoré, André Hahn
  • Avançados: Josip Drmić (Leverkusen), Raffael, Branimir Hrgota, Peniel Mlapa, Aleksandr Kokorin (Dínamo Moscovo)
    O Borussia Mönchengladbach, ou Gladbach para os amigos, foi uma das equipas-sensação em 2014/ 2015. Orientados pelo técnico Lucien Favre (talvez o melhor treinador entre os menos valorizados/ mediáticos da actualidade), o 3.º classificado da última Bundesliga tem um plantel equilibrado e no qual o primeiro objectivo é não deixar sair ninguém. Yann Sommer, guarda-redes suiço que foi um dos melhores na Europa na sua posição na última época, é uma das figuras da equipa, um guardião que garante pontos. Já foi contratado Sippel para 2.º plano, e há Heimeroth. Na defesa foram contratados 2 jovens centrais - Christensen e Elvedi. Andreas Christensen tem tudo para crescer esta época e merece a titularidade, enquanto que nas laterais a competição é saudável com o que já existe - Jantschke e Wendt partem na frente, mas Korb e o miúdo Clasen poderão dar conta do recado.
    No meio-campo embora haja Schulz e Dahoud, têm maior importância o norueguês Nordtveit e o suiço Xhaka, um dos destaques do Gladbach em 14/ 15. Lars Stindl, do Hannover 96, foi adquirido, representando mais uma vez a boa política de mercado, e perfilando-se como potencial sucessor de Kramer. É quando chegamos aos flancos que a qualidade deste plantel explode.. há o Hazard mais novo, Ibrahima Traoré, Hahn, Herrmann e o norte-americano Johnson (os últimos 2 podem jogar também como interiores, e Johnson a lateral). Neste conjunto de médios/ extremos o objectivo é mesmo que ninguém saia. Do ataque saiu Max Kruse, para o Wolfsburgo, que era talvez a principal figura da equipa; e entretando já foi contratado Drmić ao Leverkusen. O suiço não está ao mesmo nível, e por isso entendemos que o Gladbach devia contratar ainda mais um avançado, móvel, como o russo Kokorin. O ataque é ainda composto por Raffael (capaz de jogar a médio ofensivo e segundo avançado), pela promessa sueca Hrgota e Mlapa poderá ou não ficar no plantel, oferecendo grande estampa física. Sumariamente, um plantel muito interessante, a precisar apenas de um avançado e eventualmente de um médio ou extremo (Sisto, por exemplo) se Xhaka ou Traoré saíssem.

Bayer Leverkusen
  • Guarda-Redes: Bernd Leno, Dario Krešić, David Yelldell
  • Defesas: Roberto Hilbert, Giulio Donati; Tin Jedvaj, Kyriakos Papadopoulos (Schalke 04), Ömer Toprak, Jonathan Tah (Hamburgo); Wendell, Sebastian Boenisch
  • Médios: André Ramalho (Red Bull Salzburgo), Simon Rolfes, Lars Bender, Christoph Kramer, Hakan Çalhanoğlu, Vladen Yurchenko
  • ExtremosSon Heung-Min, Karim Bellarabi, Julian Brandt, Admir Mehmedi (Friburgo)
  • Avançados: Stefan Kießling, Jonathan Soriano (Red Bull Salzburgo)
    O Bayer Leverkusen de Roger Schmidt (ex-treinador do RB Salzburgo) é outro fascinante projecto desportivo no futebol alemão. Schmidt teve o impacto esperado na sua 1.ª época, importando a sua filosofia de jogo na Áustria, e o rendimento desta jovem equipa foi elevado (4.º lugar no campeonato e oitavos-de-final da Champions disputados até às grandes penalidades com o então vice-campeão europeu Atlético Madrid). À imagem do Wolfsburgo ou Gladbach, a prioridade do Leverkusen é mesmo segurar várias pérolas (Bellarabi, Leno e o regressado Kramer são jogadores com mercado).
    Na baliza, Leno chega e sobra para as encomendas. Krešić e Yelldell são alternativas. No sector defensivo foi contratado o jovem central Jonathan Tah ao Hamburgo, e para o coração da defesa há ainda Toprak, Papadopoulos (contratado em definitivo) e Jedvaj. O jovem croata jogou várias vezes a lateral-direito na temporada passada, posição para a qual há também Donati e Hilbert. Do lado esquerdo mantêm-se as opções Wendell e Boenisch, com o brasileiro com perspectivas de cumprir uma época de plena afirmação.
    O meio-campo viu chegar André Ramalho, médio defensivo/ central da antiga equipa de Schmidt, mas também Christoph Kramer. A permanência do médio que estava emprestado ao Mönchengladbach devia ser prioritária, existindo ainda o capitão Rolfes e Lars Bender (o mais maduro dos Benders). Çalhanoğlu é o verdadeiro maestro da equipa, um dos melhores executantes de livres directos e um jogador com o "perfil Özil", e Yurchenko poderá ser gradual aposta.
    Para o ataque saiu um suiço (Drmić) e entrou outro (Mehmedi), este mais capaz de se entrosar com Bellarabi e Heung-Min. O extremo alemão (uma das revelações da época passada) e o sul-coreano são peças fundamentais deste projecto, e o prodígio Brandt deverá ter mais tempo de jogo este ano. Como avançado puro há Kießling, mas resgatar ao Salzburgo Jonathan Soriano que Schmidt tão bem conhece podia ser decisivo na época do Leverkusen. Aos 29 anos e depois de marcar 48 e 44 golos (necessário contextualizar que se trata do campeonato austríaco) nas duas últimas épocas, o avançado espanhol merecia integrar uma equipa com outras aspirações.

Borussia Dortmund

  • Guarda-Redes: Roman Bürki (Friburgo), Roman Weidenfeller, Hendrik Bonmann
  • Defesas: Lukasz Piszczek, Sokratis Papastathopoulos; Mats Hummels, Neven Subotić, Matthias Ginter, Marian Sarr; Marcel Schmelzer, Erik Durm
  • Médios: Dzenis Burnic, Julian Weigl (1860 Munique), Gonzalo Castro (Bayer Leverkusen), Nuri Sahin, Sven Bender, İlkay Gündoğan, Henrikh Mkhitaryan, Shinji Kagawa
  • ExtremosKevin Kampl, Jakub Blaszczykowski, Kevin Großkreutz, Marco Reus, Felix Passlack
  • Avançados: Adrián Ramos, Pierre-Emerick Aubameyang 
    Pois bem, em Dortmund há uma grande diferença. Jürgen Klopp deixou o clube que treinava desde 2008 e Tuchel é o seu legítimo sucessor. No entanto, e parecendo um contra-censo tendo em conta a época negativa de 2014/ 2015, achamos que o Dortmund deveria mexer muito pouco na sua estrutura, apostando forte na manutenção dos jogadores cobiçados. A permanência de nomes como Reus, Hummels, Gündogan e Aubameyang seria a demonstração de força necessária e o reforço do clube "especial" que o Dortmund é.
    O experiente Weidenfeller tem agora na baliza a concorrência do sensacional Bürki, um dos guarda-redes em destaque na última Bundesliga ao serviço do Friburgo. Bonmann é o terceiro guardião. Na defesa, o objectivo é manter o que há. A dupla Hummels-Subotić leva vários anos e, desde que ambos estejam a 100% o bom rendimento da equipa começa aí. Piszczek, Sokratis, Ginter, Sarr, Schmelzer e Durm compõem uma defesa onde principalmente Hummels e Sokratis poderão ser alvo de cobiça.
    Para o meio-campo já chegaram Gonzalo Castro (interessante opção, preferir rumar a Dortmund do que ficar em Leverkusen) e o jovem Weigl. Parece-nos que poderá ser uma boa época para Dzenis Burnic começar a dar os primeiros passos no plantel principal, enquanto que Bender, Gündoğan, Kagawa e o arménio Mkhitaryan fazem do Dortmund uma das equipas com maior qualidade com bola e em transição. Kampl completará a sua 1.ª época completa, Großkreutz tem a vantagem de poder jogar em várias posições e Kuba é o único jogador deste elenco cuja preponderância começa a ser menor. Mas é uma figura essencial no balneário. Continuar a ter Marco Reus é o grande reforço deste Dortmund, no qual o miúdo Felix Passlack (muita atenção ao seu futuro!) também deverá começar a surgir a jogar. Aubameyang parece continuar a ser a figura central do ataque, contrariando o forte interesse do Arsenal, e Adrián Ramos é a sua alternativa.

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