15 de abril de 2012

Benfica 2 - 1 Gil Vicente (Final Taça da Liga)

E pumba, o Benfica ganhou a Taça da Liga! Muita bom, fogo... Han? Impecável. 
Agora a sério, o Benfica sagrou-se hoje vencedor da Taça da Liga 2011/ 2012, numa final bem disputada com o Gil Vicente, sem grandes casos e com um recém-entrado Saviola a fazer a diferença.

    Para este Benfica - Gil Vicente, disputado em Coimbra, o meu pensamento à priori como benfiquista era (independentemente de concordar ou não com a consequência): "se o Benfica ganha, é normal e decente, se não ganha, alguém vai ter que ir parar ao crucifixo". Felizmente, e aqui se percebe que eu não concordaria com a consequência de algo negativo, sou tão ingénuo, o Benfica ganhou e Jesus continua a respirar. Eu e o meu catolicismo.
    Os mind games para este jogo não foram feitos pelos treinadores. Jesus não conseguiu nunca esconder o seu estado cabisbaixo por outras competições não estarem a correr como deviam; Paulo Alves não precisava de mind games nenhuns, o Gil Vicente estar numa final chega. Porém, António Fiúza fez questão de fazer mind games. Com quem? Com os mendigos de Barcelos. "Se o Gil ganhar a taça, todos os sem-abrigo de Barcelos beberão champanhe". Ou isto era uma metáfora para "todos os sem-abrigo de Barcelos terão boas condições numa noite" ou então foi apenas estúpido da parte daquele ser pequenino. Sopa? Pão? Uma cama? Não. Champanhe. Afinal de contas, o que seria do ser humano sem o seu bem primário - o champanhe.

    Agora sim, o jogo. Paulo Alves lançou o onze que seria expectável. João Vilela e Zé Luis, que mais tarde se viriam a evidenciar e que são jogadores que gosto bastante, podiam e deviam ter mais minutos, mas o Paulo é que manda nos galos. Jesus colocou em campo um onze interessante, sem Émerson. Supostamente bastaria isto para ser interessante. Mas não, um descontraído e em boa forma Matic juntou-se a Witsel e Aimar no miolo, ficando os flancos entregues a Bruno César e Rodrigo e o lugar de ponta-de-lança ao jovem Nélson Oliveira.

    O jogo começou a bom ritmo, com ambas as equipas a quererem a bola e a quererem chegar à baliza adversária. Como devia ser sempre. Em todo o caso, o Benfica conseguiu a dada altura colocar-se por cima no jogo. Aconteceu aos 13 minutos o 1º lance de relevo do jogo - Maxi Pereira apareceu em zona de finalização e Adriano negou-lhe o golo. Na resposta, César Peixoto (que bem quereria ter ganho de certeza) rematou rasteiro ligeiramente ao lado da baliza defendida por Eduardo. Nos minutos seguintes, Jardel ia sendo sempre forçado a intervir graças à hiperactividade de Hugo Vieira, mas Matic ia-lhe dando uma perninha. Matic que, durante todo o jogo mas sobretudo na 1ª parte, conseguiu fazer bem "de Javi", conferindo equilíbrio e potenciando melhor a saída com bola pelo centro. 
    Aos 30 minutos, o golo aconteceu. Bruno César nunca deu o lance por perdido, fez um grande cruzamento e deu autenticamente o golo a Rodrigo. Bem que o avançado espanhol precisava de marcar. Até ao intervalo ainda se pôde assistir às fintas (quase fífias) de Eduardo, a uma grande defesa do mesmo a um forte remate de Caiçara e, a fechar o primeiro tempo, uma defesa de Adriano a remate de Witsel, após boa jogada dos encarnados.

    No reatar do jogo notava-se o desânimo dos mendigos. Sabiam que o champanhe estava cada vez mais longe. E qualquer pessoa que não goste de trabalhar em Barcelos também. Sim, Fiuza também prometeu que iria existir um feriado se o Gil ganhasse. Era bom se ele tivesse sonhos à altura dele.
    Para a segunda parte, Jesus tirou Nélson Oliveira e colocou Gaitán, e o jogo do Benfica baixou um pouco. Continuava a ser o Benfica a criar mais perigo, sempre com o envolvimento de Maxi Pereira, Rodrigo e companhia, mas as jogadas não saíam tão bem. O Gil foi-se aproximando, como quem não quer a coisa, e lá empatou o jogo aos 79 minutos. André Cunha cruzou, Vilela falhou o remate, mas Zé Luís corrigiu-o com um bom e espontâneo remate.
    Depois apareceu Jorge Sousa. Ele, que já tinha deixado passar algumas faltas para ambos os lados deixando o critério largo, achou que Gaitán tinha simulado um penalty num lance em que foi tocado na perna. Mas o Jorge é assim, só com o Lisandro é que ele percebe. As pessoas podem criticar muitas vezes Jorge Jesus pelas opções que fez ao longo do jogo (apesar de normalmente eu, pessoalmente, achar que ele lê bem o jogo e conhece bem os jogadores e os momentos) e hoje teve "dedo" na vitória. Lançou Saviola aos 82 minutos e passados 2 minutos, o Coelho Saviola decidiu o jogo entre águias e galos (este trocadilho teve influência do Jornal ABOLA, não tenho louros admito). O remate que deu a Taça da Liga ao Benfica aconteceu numa recarga dum remate de Witsel. Saviola rematou, ao 2º poste e Adriano apesar de ainda tocar na bola não conseguiu evitar o golo.

    Até ao fim, o Benfica geriu o jogo e conseguiu a 4ª Taça da Liga consecutiva (em 5 disputadas até agora). Obviamente é um troféu que vale o que vale, que está injustamente estruturado para potenciar receitas televisivas e que protege os grandes de forma surreal. Porém, uma taça é sempre uma taça. E o Benfica lá conseguiu levantar aquela que, à partida, não será mais do que uma forma de consolo. Interessante a imagem que a SIC proporcionou de Jorge Jesus, no momento mais festivo da noite, pensativo, envolvido por confettis. O estado de alma do Benfica, numa imagem.

    O Gil bateu-se bem e merece todo o crédito possível, sobretudo pelo seu brilhante percurso até à final. Paulo Alves é um treinador com futuro (talvez esteja num Braga um dia) e hoje Adriano, Hugo Vieira e, pelo golo, Zé Luís foram os elementos merecedores de destaque.

    No Benfica, Saviola deu a Taça, Maxi (que já levanta troféus) foi aquilo que é sempre, Matic demonstrou estar num excelente momento, Rodrigo voltou aos golos, Capdevila foi mais uma vez bastante superior a Emerson, mas o homem do jogo foi mesmo Axel Witsel. Acrescentou à sua capacidade de dar equilíbrio e de segurar a bola e o jogo, o aparecimento em zonas de finalização. Esteve mais ofensivo e o Benfica ganhou com isso. Um Witsel a jogar mais à Tiago (do tempo em que o Camacho jogava no Benfica) só traz coisas boas ao clube da Luz porque, por muito que eu gostasse e goste do Tiago, Witsel vai ser um caso sério.
E agora espero que a festa se faça em Barcelos e que Fiuza respeite os sem-abrigo e lhes dê aquilo que precisam. Quanto ao Benfica, o sonho do título ainda não morreu e ainda restam 4 jornadas e um acesso directo à Champions (no mínimo) para garantir. MP
PS: Witsel fala bem português. Que continue a falar diariamente português por mais 1 ano ou 2, pelo menos.



Benfica 2 - 1 Gil Vicente

Benfica: Eduardo; Maxi Pereira, Jardel, Garay, Capdevila; Matic, Witsel, Aimar (Óscar Cardozo), Bruno César, Rodrigo (Saviola); Nélson Oliveira (Nico Gaitán).
Treinador: Jorge Jesus

Gil Vicente: Adriano; Rodrigo Galo, Halisson, Cláudio, Júnior Caiçara; Luís Manuel (Zé Luís), André Cunha, César Peixoto, Luís Carlos (Guilherme), Richard (João Vilela); Hugo Vieira.
Treinador: Paulo Alves

Golos: 1-0 30’ Rodrigo; 1-1 79’ Zé Luís; 2-1 84’ Saviola.

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Axel Witsel.

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