4 de abril de 2012

Chelsea 2 - 1 Benfica


O Benfica disse hoje adeus à Liga dos Campeões, depois dum jogo onde mostrou aquilo de que é feito, e onde foi fortemente condicionado e prejudicado, deixando-se cair definitivamente apenas no último minuto, após um grande remate dum português - Raul Meireles. Depois da arbitragem de Ovrebo num Chelsea-Barcelona, hoje Skomina fez por vingar esse Chelsea, prejudicando o Benfica. A arbitragem de hoje não terá o mesmo julgamento em praça pública naturalmente, pelo menor poder mediático e económico do clube português.

    Perante as lesões dos quatro centrais (Luisão, Garay, Jardel e Miguel Vítor), Jesus viu-se obrigado a inventar uma nova dupla. Optou por baixar Javí García e adaptar Émerson. O defesa brasileiro, pelos vistos, já jogara anteriormente alguns jogos a central noutros clubes. De resto, Jesus lançou a equipa previsível com um "refrescado" Aimar. No Chelsea, Di Matteo colocou a mesma equipa da 1ª mão, trocando apenas Paulo Ferreira e Raul Meireles por Ivanovic e Lampard.

    O jogo iniciou-se e o Benfica assumiu-o. O clube da Luz sabia que tinha que marcar e o Chelsea, "italianizado" por Di Matteo, sabia que podia explorar uma transição ofensiva. Os primeiros minutos mostraram um Benfica concentrado, com iniciativa do jogo e muita posse de bola, tendo em Aimar e sobretudo Gaitán os principais protagonistas. Após um canto do Chelsea, David Luiz rematou forte mas Capdevila bloqueou o remate. O jogo prosseguia com um remate muito por cima de Aimar, um grande corte de Ashley Cole a Bruno César e o Chelsea começava (através de John Terry) o seu vasto leque de faltas, que ou não eram sancionadas sequer ou nunca eram admoestadas com cartão amarelo. Cardozo, na primeira falta que fez, viu amarelo.
    Quando apareciam registos de que o Benfica tinha 56% da posse de bola, numa bola dividida na área entre Ashley Cole e Javí García, o espanhol usou a massa que tem para ganhar a posição e afastar Cole da jogada e o franganote jogador inglês voou. Não havia penalty nenhum, mas o árbitro, "estranhamente" inclinado para favorecer o Chelsea hoje, optou por assinalar. Por essa altura, Bruno César e Maxi Pereira viram cartões (ambos por protestos, supostamente). Na conversão, Lampard rematou forte, Artur ainda tocou na bola, mas foi mesmo golo do Chelsea. Este 1-0 garantia que não haveria prolongamento e o Benfica, tal como à partida, tinha que marcar 2 golos para ultrapassar a equipa inglesa.

    Nos minutos seguintes, o árbitro ia assinalando muitas faltas. Muitas delas sem serem. E não assinalando outras que eram. Um homem estranho o esloveno Skomina. Cardozo tentou surpreender o adiantado Cech num remate de longe, e passados poucos minutos o Benfica continuava a coleccionar amarelos "à toa", desta feita para Pablo Aimar. Obi Mikel fazia (mais) uma falta por trás sobre Aimar, claramente merecedora de amarelo, mas para Skomina as faltas do Chelsea estavam na paz do Senhor. O Benfica voltava a estar por cima no jogo e, após lance bem trabalhado em livre indirecto, Cardozo rematou forte para Terry salvar sobre a linha de golo. Skomina mostrava então, aos 38 minutos, o 1º amarelo para o Chelsea. Novamente Aimar a ser carregado, desta vez por Ivanovic - numa falta cobarde, pisando-lhe o pé na zona do tendão de Aquiles.

    Aos 40 minutos, lance capital do jogo. Maxi Pereira cometeu falta sobre Obi Mikel (o tal que já tinha feito algumas faltas, uma delas grave mas não tinha visto amarelo nenhum), e o árbitro decidiu mostrar o 2º amarelo numa decisão exagerada, que não coadunava com o critério que Skomina tinha para com as faltas do Chelsea e que espantou muita gente, até porque muitos não tinham reparado que Maxi já tinha um 1º amarelo (supostamente, por protestos). Até ao intervalo, graças à expulsão de Maxi, Witsel passou a fechar o lado direito, o Benfica retraiu-se um pouco e o Chelsea controlou os últimos 5 minutos do 1º tempo.

    No reatar do jogo, Witsel fixou-se definitivamente a lateral direito, e era precisamente por esse lado que o Chelsea atacava mais, colocando sempre a bola na velocidade de Kalou. O Benfica respondia e, após grande jogada colectiva, Cardozo rematou para uma enorme defesa de Petr Cech.
   O jogo começava a ficar emocionante, Aimar rematava com força à rede lateral e, na resposta, Ramires lembrou-se qual o seu verdadeiro clube e falhou escandalosamente um golo a 20cm da baliza. Cardozo continuava a tentar marcar golos de meio-campo (os seus remates não eram descabidos face à potência de remate que tem e ao adiantamento sistemático de Cech) e Émerson ia mostrando que talvez seja melhor central do que lateral. Jesus pensou, pensou e lançou Nélson Oliveira e Yannick para os lugares de Cardozo e Gaitán. Boas decisões de JJ. E o Benfica lá ia voltando a assumir o jogo com atitude, procurando o golo primeiro por Capdevila e depois por Yannick. O Chelsea respondia, mas Artur estava sempre lá. Kalou e Yannick iam mexendo com o jogo e, aos 76 minutos, Cech voltava a salvar o Chelsea, defendendo um forte remate rasteiro de Nélson Oliveira (cuja exibição fazia lembrar o mundial sub-20).

   Aos 79 minutos, o milagre aconteceu. Obi Mikel viu um cartão amarelo. 
   Aos 85 minutos, Witsel cruzou tenso e Yannick cabeceou bem para mais uma grande defesa de Petr Cech. Na sequência, Aimar bateu o canto e Javí García saltou mais alto que toda a gente e cabeceou para o 1-1. O Benfica tinha 5 minutos para fazer o 2º golo e garantir presença nas meias-finais da Liga dos Campeões.
  O Chelsea retraiu-se, o Benfica começava a acreditar e a ganhar todas as bolas a meio-campo (Matic e Javí García impressionantes nessa fase) e, aos 88 minutos Nélson Oliveira, após boa combinação entre Yannick e Aimar teve o golo nos pés. Podia ter passado a Yannick, podia ter rematado com mais calma, rasteiro, mas tentou um golo de trivela. Só se ouvia (como na maioria do jogo) os adeptos do Benfica e o Chelsea ia ficando sucumbido perante a garra benfiquista. A verdade é que, num contra-ataque após um livre, Aimar (achando que ia ganhar uma falta) deixou Meireles chegar primeiro, o médio português levou a bola e à entrada da área fez um grande golo, sentenciando a eliminatória. Caiu de pé o Benfica, mesmo contra tudo e todos que o quiseram deitar abaixo.

    É triste, mas a UEFA tem sempre os mesmos mecanismos. Não tem vergonha. Na 1ª mão, ficou um penalty por assinalar pela mão de John Terry. Mas pronto, era um erro penalizador, chato, mas o Benfica nesse jogo não jogou assim tão bem. Apesar de ter jogado melhor do que o Chelsea. Hoje, Skomina teve uma arbitragem caseira. Sim, é um eufemismo, para não me ver obrigado a utilizar asneiras. Depois de 2 vezes ter sido afastado pela arbitragem em jogos com o Barcelona, nesta eliminatória (sobretudo hoje) o Chelsea esteve na posição do Barça. Intocável, com um critério do árbitro muito contestável e decisões diferentes consoante as equipas. Foi a compensação por ter sido prejudicado com o Barcelona. Pena que tenha sido o Benfica o prejudicado. Ainda podemos optar por uma tese que tem algum fundamento: convém, para manter Espanha, Inglaterra e Alemanha nos 3 primeiros lugares do Ranking UEFA, que haja meias-finais da competição mais importante Espanha x Inglaterra e Espanha x Alemanha. O futebol é um negócio, e o Benfica tinha que ter jogado ainda melhor face ao pequeno estatuto que tem neste mundo empresarial.

    O meu primeiro destaque de hoje vai para os adeptos benfiquistas em Stamford Bridge. Nunca se calaram, apoiaram a equipa mesmo depois de estar a perder 1-0 (2-0 na eliminatória) e ainda pintaram o estádio inglês de humor cantando por "Michel Platini", sugerindo a ligação da UEFA e da arbitragem ao rumo do jogo. Quanto aos jogadores, Émerson fez um jogo interessante, perante o que eu imaginava que seria o jogo dele hoje; Javí García não começou o jogo da melhor forma mas foi crescendo, agigantando mesmo e marcou o golo; Aimar esteve impecável e a um ritmo elevado o jogo todo; Yannick entrou muito bem no jogo, tal como Rodrigo e Nélson, mas foi aquele que fez mais, dando a indicação que o Benfica pode contar com ele no que resta da época. Por fim, o meu grande destaque vai para Nemanja Matic. Assumiu o lugar de  nº6, de Javí García, e foi um "monstro" em Londres hoje. Recuperou bolas atrás de bolas, ajudou a encostar o Chelsea, tomou boas decisões em fase de construção e, tal como todos os outros, não merecia sair da Liga dos Campeões hoje.
    No Chelsea, enorme jogo de Petr Cech com 3 intervenções decisivas, e honestamente pouco mais posso elogiar. Mata e Kalou souberam aparecer nos espaços, mas falharam muito e Obi Mikel foi um herói ao conseguir ficar em campo até ao fim, ao contrário de Maxi que quase nada fez para ir tomar banho mais cedo.

    Jesus, que hoje leu bem o jogo e arriscou. Mexeu bem, mas Skomina mexeu melhor. Jesus que acreditou na juventude e colocou Yannick, Nélson e Rodrigo nos lugares de Gaitán, Cardozo e Bruno César, falou há pouco e, porque concordo com o que ele disse, fecho esta crónica citando-o: "Primeiro quero dar os parabéns aos jogadores, de facto, jogámos contra o Chelsea e contra a equipa de arbitragem. O penalty e a expulsão são situações que por mais que tente, e já vi os lances, não entendo. Foi uma forma habilidosa de liquidar a equipa, mas ela não se vergou, mesmo com dez fomos sempre melhores. Saímos frustrados porque fomos muito melhores que este Chelsea. Em Lisboa também perdemos por factores estranhos. Hoje, quando estávamos a comandar, com uma exibição soberba, fomos aniquilados. Podíamos não ganhar mas não merecíamos ser derrotados. Estou muito orgulhoso dos jogadores, eles sentiram que são muito melhores. Fomso muito mais equipa que o Chelsea nos dois jogos". Subscrevo Jorge, subscrevo. Para o ano há mais Liga dos Campeões, mas por agora, sinto-me orgulhoso e revoltado. Mas mais orgulhoso que revoltado. Obrigado Benfica. Mas não se preocupem benfiquistas. Há justiça no mundo. Não a que nós queremos, mas doutra forma. Tranquilizem-se. Porquê? Porque tivemos um esloveno no Benfica, o Zahovic. E será o Zahovic que nos vai vingar, numa fria noite eslovena em que Skomina estará a passear com Platini pelas ruas de Maribor.
E agora vou à Eslovénia, adeus. MP



Chelsea 2 – 1 Benfica
(Chelsea & Tagliavento & Skomina 3 - 1 Benfica, no conjunto dos 2 jogos)

Chelsea: Petr Cech; Ivanovic, David Luiz, John Terry (Cahill), Ashley Cole; Mikel, Ramires, Lampard; Kalou, Mata (Raul Meireles), Torres (Drogba).
Treinador: Roberto Di Matteo

Benfica: Artur; Maxi Pereira, Javí García, Émerson, Capdevila; Matic, Axel Witsel, Aimar, Bruno César (Rodrigo), Gaitán (Yannick); Óscar Cardozo (Nélson Oliveira).
Treinador: Jorge Jesus

Golos: 1-0 21’ Lampard (pen.); 1-1 85’ Javí García; 2-1 90’ Raul Meireles.

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Nemanja Matic.

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