12 de abril de 2012

Tenho a Barba Por Fazer e estes Filmes Deves Ver

É um avião? É um cometa? É o super-homem? Não, sou apenas eu. Eu e os meus papiros transpostos para o ecrã do computador e falando sobre filmes. Desta vez deixo aqui duas películas bastante diferentes - "Take Shelter" é um drama, em que a personagem de Michael Shannon tem visões, sempre apoiado pela bastante gira e boa actriz Jessica Chastain. Depois, "We Bought a Zoo", um filme de Cameron Crowe com Matt Damon, Scarlett Johansson, um macaco, 3 tigres, um leão, 2 avestruzes, 1 urso e umas quantas cobras. E agora vou adquirir um tom sério e falar dos filmes:

Take Shelter

Realizador: Jeff Nichols
Argumento: Jeff Nichols
Elenco: Michael Shannon, Jessica Chastain, Shea Whigham
Classificação IMDb: 7.7

Este filme chamou-me à atenção por ter no seu elenco Michael Shannon e Jessica Chastain, grandes actores e incrivelmente regulares nas suas interpretações. Sobre Chastain diria mesmo que foi a actriz que melhor trabalhou em 2011, aparecendo em The Tree of Life, The Help, The Debt e, como vou falar agora, em Take Shelter. O filme de Jeff Nichols aborda Curtis (Michael Shannon), marido de Samantha (Jessica Chastain), que em conjunto têm uma filha surda. Curtis, cuja mãe tinha esquizofrenia paranóica, começa a ter visões apocalípticas em que uma enorme tempestade se aproxima. Acreditando nos pesadelos que tem, e achando que se tratam de previsões sobre o futuro e não apenas de simples pesadelos, Curtis decide começar a construir um abrigo, que entende ser essencial para o proteger a si e à sua família. As visões de Curtis fazem com que as pessoas progressivamente se afastem dele, e que quem com ele se preocupa o tente levar a procurar terapia. Se a tempestade acontece ou se o abrigo é para proteger a sua família dele mesmo, a seu tempo poderão confirmar. Neste filme Jessica Chastain confirma que é uma boa actriz e que bem que podia ter sido nomeada para Melhor actriz secundária por The Help e por este filme – foi a mulher e mãe preocupada dum marido autoritário em “The Tree of Life”, uma mulher sem preconceitos em “The Help” e em Take Shelter é uma mulher que quer acreditar no seu marido, mas quer acima de tudo a saúde mental e física dele. O grande destaque do filme vai pois para Michael Shannon. O seu papel faz o filme valer a pena e há um determinado momento do filme, numa cena num refeitório, em que a sua loucura/ crença desmedida mostra bem que estamos perante um actor melhor que muitos outros. O tema à volta do qual o filme decorre é, se virmos bem, um pouco parvo. Faz lembrar uma mulher negra que se posicionava todos os dias no metro da Alameda, há uns tempos, a gritar que o mundo ia acabar. A diferença é que, como isto é um filme, tem outra piada. Se sobre ela diríamos “é maluca, coitada”, sobre Shannon podemos dizer “é maluco, que grande papel de maluco”. E eis a primeira referência mundial à mulher negra que gritava que o mundo iria acabar no metro da Alameda. PS: Não tenho a certeza, mas acho que essa mulher gritava diariamente que o mundo ia acabar “amanhã”, o que a tornava, ao voltar a aparecer dia após dia, cada dia menos credível.
We Bought a Zoo

Realizador: Cameron Crowe
Argumento: Aline Brosh McKenna, Cameron Crowe, Benjamin Mee
Elenco: Matt Damon, Scarlett Johansson, Thomas Haden, Colin Ford, Patrick Fugit
Classificação IMDb: 7.2

Quando vos apetecer ver um filme em que tenham apenas 20% do cérebro activo, vejam “We Bought a Zoo”. Com isto quero dizer que é um filme muito simples, sem grandes esquemas e peripécias, que se vê bem. Claramente será filme de sábado à tarde da SIC, daqui a uns anos. Em “We Bought a Zoo”, Benjamin Mee (Matt Damon) é um pai de 2 filhos que decide dar um novo rumo à sua vida após a morte da sua mulher. Assim sendo, muda-se para um espaço que ninguém se atrevia a arrendar – um jardim zoológico mal conservado e à beira de fechar. Benjamin Mee, com os restantes funcionários do zoo, procuram então reestabelecer e recuperar o jardim zoológico, o que acaba por funcionar como metáfora para a reorientação que Benjamin procura dar à sua própria vida e à dos seus dois filhos. A mensagem interessante do filme, que se baseia na história do verdadeiro Benjamin Mee (dono do “Dartmoor Zoological Park”), é que “Às vezes, precisamos apenas de 20 segundos de coragem. E algo bom sairá disso”. A nível de interpretações não há grandes destaques, Matt Damon (grandes desempenhos em Invictus, The Departed e sobretudo em Good Will Hunting) tem um papel normal e Scarlett Johansson (mais “interessante” em Match Point, The Island ou He’s Just Not That Into You) é um bom motivo para ficar acordado o tempo todo. Cameron Crowe, realizador responsável por Jerry Maguire, Vanilla Sky ou Elizabethtown é, para mim, um realizador musical. E isso deve-se ao facto de ter realizado Almost Famous - grande filme onde Patrick Fugit (que neste filme tem um pequeno macaco sempre no ombro) é figura central e 12 anos mais novo – e o grande documentário de 2011 Pearl Jam Twenty. Se eu já considerava Cameron Crowe um realizador musical ainda mais passei a considerar depois de saber que trabalha com música durante as filmagens, para supostamente transmitir aos actores as emoções certas que quer, marcando tempos e deixando as músicas certas tocar (o que não quer dizer que sejam as músicas que compõem depois a banda sonora do filme) mesmo em cenas em que não há diálogo. A banda sonora do filme acaba por ser talvez a melhor coisa, ou não seria Cameron Crowe o “realizador musical”. Maioritariamente entregue a Jónsi, dos Sigur Rós, conta ainda com “Hunger Strike” dos Temple of the Dog, “Holocene” de Bon Iver ou mesmo “Hoppípolla” dos Sigur Rós, banda de Jónsi. Um filme simples, que se vê bem, e ouve melhor. MP

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