21 de janeiro de 2015

Crítica: American Sniper

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2015 
Realizador: Clint Eastwood
Argumento: Jason Hall, Chris Kyle, Scott McEwen, James Defelice
Elenco: Bradley Cooper, Sienna Miller, Luke Grimes, Keir O'Donnell
Classificação IMDb: 7.3 | Metascore: 72 | RottenTomatoes: 72%
Classificação Barba Por Fazer: 74



    Com 6 nomeações para Óscar, o novo filme de Clint Eastwood foi uma das surpresas na divulgação dos nomeados. Estreia em Portugal esta quinta-feira, dia 22, e é a "prova provada" de que Bradley Cooper se adapta a qualquer exigência ou circunstância. Para os mais desatentos fica a curiosidade: se considerarmos os últimos 4 anos Meryl Streep é quem guarda melhor registo junto da Academia (3 nomeações, vencendo 1 óscar) mas nos últimos três anos (2015, 2014, 2013) só um actor foi sempre nomeado.. Bradley Cooper.
    'American Sniper' é o típico filme que cai bem nos Estados Unidos. Junta a um veterano conceituado como é Eastwood e um actor que goza cada vez mais de um estatuto "especial", um enredo que toca no coração azul, vermelho e branco, e conveniente do ponto de vista político. Um herdeiro de 'The Hurt Locker', sob este último ponto de vista.
    No centro de tudo temos Chris Kyle, o sniper mais letal na História das forças armadas norte-americanas. Kyle, interpretado por um Bradley Cooper que "cresceu" 20 quilos para este papel, alistou-se e foi enviado para o Iraque em 2011, após os ataques do 11 de Setembro. Daí para a frente Eastwood guia-nos numa tensa história de guerra, com momentos de cortar a respiração e de um sangue frio sobre-humano (ou desumano). A excelente interpretação de Bradley Cooper como Chris Kyle faz-nos ler na perfeição um homem que passa a ter a Guerra como casa, como lar, parecendo incapaz de sorrir e de desfrutar de um estado de paz, nos regressos para perto da família.
    O Box Office incrível que teve nos EUA, conjugado com o tema, a persona e a dupla Eastwood/ Cooper deixava adivinhar que a Academia abraçaria de bom grado este filme; mas foi surpreendente o elevado número de nomeações (6), tantas como teve 'Boyhood' e sendo apenas suplantado por 'The Imitation Game' com 8 e a dupla 'Birdman' e 'The Grand Budapest Hotel' com 9.
    Cooper perde-se propositadamente no filme, como Kyle se perda na Guerra. Distante de tudo e focado apenas na missão - matar -, é notável como Bradley Cooper consegue desta vez esmorecer todo aquele turbilhão eléctrico que o caracterizou em 'Silver Linings Playbook' e 'American Hustle'. São dois Kyle's: um em casa transparente, e outro na sua casa focado, vivo. Com o inimigo em ponto de mira.
    Tal como Louis Zamperini ou Alan Turing, Chris Kyle é homenageado este ano mundo fora com um filme que levantou polémica - por soar pró-guerra - e Bradley Cooper não enche as medidas ou corresponde às (demasiado elevadas?) expectativas embora esteja muitíssimo bem no papel do homem que não se deixava atormentar pelas pessoas que matava, mas sim pelas que não conseguiu salvar. Falar na justiça das nomeações é sempre delicado mas o que é certo é que 'American Sniper' não se distingue como um dos 4/5 filmes de Top deste ano. No entanto, e considerando que a Academia nomeou 8 filmes, aceita-se que o filme de Clint Eastwood se insira no conjunto de filmes que estaria na "corda-bamba" entre a nomeação e o esquecimento. Já Cooper teve a Academia a fazer-lhe uma vénia pelo 3.º ano consecutivo num ano cinematográfico em que ninguém esteve ao nível que DiCaprio apresentou no ano passado em 'The Wolf of Wall Street' mas com muitos actores principais num nível bom (Miles Teller, Michael Keaton, Eddie Redmayne, Benedict Cumberbatch, Jack O'Connell, Jake Gyllenhaal, Ralph Fiennes e Steve Carell, para dizer alguns).

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