21 de novembro de 2011

Ignorância ou falta de profissionalismo?

                Chegou a nossa vez de comentar o vídeo “A ignorância dos nossos universitários” da revista Sábado.

                Sinceramente, não sei qual foi o propósito deste vídeo. Será para manchar a imagem de todos os universitários ou quem teve a ideia é familiar da Cátia da Casa dos Segredos? É que não deve fugir muito disso…
                A entrevista foi feita a 100 (cem) estudantes das universidades de Lisboa. E quantos se vêem a errar perguntas? Por volta de dez indivíduos. E esses dez indivíduos falham cerca de duas ou até apenas uma pergunta de cultura geral. Não me parece muito justo estar a classificar todos os estudantes universitários de burros só para ficarem todos ao nível da Cátia da Casa dos Segredos.

                É certo que há algumas respostas hilariantes. É um facto. E nesses casos mais vale atirar um “Não sei” do que dizer que a Inglaterra é a capital dos Estados Unidos. Quando não se sabe, é melhor estar-se calado. Mas já é próprio do Tuga dizer que sabe para não fazer má figura.
Contudo, os próprios entrevistadores provaram do seu próprio veneno. Tanto se riram e gozaram com os estudantes que uma das suas perguntas está errada. Eles perguntaram qual o símbolo químico da água… É verdade. Como se a água tivesse símbolo químico. Não tem. A água tem uma fórmula química. Afirmar que a água tem símbolo químico é o mesmo que afirmar que a Vodka também o tem… ou a água com gás. Portanto… Quando se quer achincalhar humanos, mais vale estudar um pouco primeiro. Não convém rir das respostas sabendo que as próprias perguntas também dão vontade de rir. Mas há mais! Os entrevistadores tiveram a lata de colocar uma versão alargada (eliminando a anterior) em que já corrigem esse erro. É que pelo menos podiam corrigir mas pedir desculpa pelo erro… Mas não. Eles não podem ficar mal vistos, portanto fazem de conta que escreveram sempre bem. Isto é que é profissionalismo na Sábado! Mas aqui fica a prova:


Felizmente, já corre pelo Facebook um vídeo da Rede UniverCidade que se trata duma resposta ao artigo da Sábado. Nele contém estudantes universitários a responder correctamente a perguntas de cultura geral. No fundo, é a parte que foi omitida no infeliz vídeo da revista Sábado. Se tiverem curiosidade, fica aqui a película.

Portugal tem jovens bastante inteligentes e cultos. Generalizar a burrice e fazer troça na praça pública não faz muito sentido. Porquê? Porque não passa de uma infundada generalização, logo, não é correcto afirmar que todos os estudantes sejam incultos.
Quando vi o vídeo consegui responder correctamente a todas as perguntas excepto a que é relacionada com a Maria João Pires (presente na versão alargada). Eu confesso que não conheço a senhora Maria João Pires. Isso faz de mim inculto? Se me entrevistassem e eu respondesse correctamente à grande maioria das perguntas e não soubesse quem era a Maria João Pires, provavelmente, apareceria no vídeo a dizer “Não sei”. Teria que fazer parte de todo este circo e, julgo eu, não tinha motivo para fazer. Isto foi o que aconteceu a João Ladeiras que ameaça processar a Sábado como podem ver aqui.

Os alunos não foram os únicos a terem a sua cultura geral avaliada. Os professores também tiveram que passar no teste do repórter Jel, como podem ver aqui.
Neste vídeo, também se vêem respostas interessantes ou simplesmente desvios de conversa. Confesso que gostei do senhor que diz que raiz quadrada de nove é trinta e seis e depois como viu que errou diz que percebeu que o Jel tinha perguntado o quadrado de nove... Ahhh... Também não é, senhor... Mais valia dizer que não sabia.

Posto isto, quero referir que em todo o país há casos destes. Não são apenas os estudantes ou os professores. Obtêm-se respostas destas em todo o lado. É certo que algumas perguntas são bastante fáceis, mas podem não ser para todas as pessoas. Por dez indivíduos em cem falharem uma ou outra pergunta num questionário de cultura geral, não significa que se possa dizer que todos sejam ignorantes.
Antes de achincalharem os estudantes portugueses, os autores do vídeo, deveriam preocupar-se mais com o seu profissionalismo. Mostrarem a público informações fundadas e não meras generalizações. TM

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