27 de novembro de 2011

Benfica 1 - 0 Sporting

Aqui no "Barba Por Fazer" passaremos a fazer, sempre que nos for possível, crónicas dos jogos mais importantes que pudermos ver. Estreamo-nos, como a Caixa de Segurança, num Benfica x Sporting.
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              Ontem vi o jogo no Estádio da Luz, onde o Benfica ganhou ao Sporting num derby digno da História dos clubes e com um resultado que não faz ninguém campeão mas que confirma a maior maturidade competitiva da equipa encarnada. Foi o dia em que os adeptos do Sporting acordaram para a vida. Porque o sonho comanda a vida, mas é na realidade que vivemos.
O jogo penso que terá servido de lição para muitos sportinguistas que, após estonteantes vitórias sobre Leirias e Vitórias de Setúbal, galvanizaram e acharam que podiam ganhar ao Benfica, inundando as redes sociais de frases de apoio e afins. Os adeptos benfiquistas mantiveram-se na sua generalidade calados. E bem. Afinal de contas, era apenas mais um Benfica-Sporting, e à 11ª jornada. As estatísticas não são a minha perdição, porque em campo estão homens e não números, mas a verdade é que hoje confirmam-se 1009 dias sem o Sporting vencer o Benfica e 2132 (quase seis anos) sem o Sporting vencer o Benfica na Luz. Se eu fosse regular em casas de apostas, teria provavelmente estes números em mente.

               Vi o jogo no estádio, o que muitas vezes não permite o mais esclarecido juízo em lances de arbitragem mas permite analisar na perfeição tanto o encaixe das equipas, como a qualidade com que jogaram à bola. No final do jogo senti a vitória do Benfica como justa face às oportunidades de golo. A equipa aguentou quando reduzida a 10 unidades e mesmo apesar da menor frescura física dos seus jogadores (que jogaram em Manchester na terça-feira, enquanto que os do Sporting não jogavam desde há uma semana), a eficácia de Javi García nas bolas paradas premiou a alma encarnada (não uso a expressão “chama imensa” por tristes associações neste momento). Ter a bola em posse de bola passiva não dá vitórias. O que dá vitórias, senhores jogadores do Sporting, é rematar à baliza, porque é assim que se atinge o objectivo do futebol: o golo. Umas possíveis noções a necessitar de revisão. O Benfica, num jogo mais disputado que qualquer um dos últimos anos entre os dois clubes, revelou-se uma equipa mais coesa, mais inteligente, fisicamente superior, mais eficaz, tacticamente melhor, com um treinador mais competente e mais madura. Mais equipa. Quer se elogie mais ou menos, o Benfica é neste momento a única equipa da Europa que ainda não perdeu. E isso é um facto, não uma apreciação ou juízo de valor.

                É que, apesar da maior posse de bola leonina (números naturalmente inflacionados após a expulsão de Óscar Cardozo) o Sporting fez no jogo todo 2 remates à baliza. Um remate do Elias para boa defesa do Artur e outro do Wolfwinkel após uma distracção do guarda-redes do Benfica. Já do lado da equipa da casa, para além do golo de Javi García, podemos falar do remate de Gaitán ao poste (se entrasse era o golo do ano, sem exagero) após canto de Aimar, o remate de Cardozo para boa defesa de Rui Patrício, depois do paraguaio “sentar” Anderson Polga e Onyewu, o canto directo de Gaitán à barra e o remate de Rodrigo, defendido pelo guarda-redes português do Sporting. Questiono-me agora como é que se pode dizer que uma equipa que, num jogo tem 17% de remates à baliza, jogou bem?

                 Analisando individualmente as prestações em campo, Pablo Aimar foi, pelos 65min que esteve em campo, o melhor. A técnica e classe do jogador argentino (o único que Maradona pagava para ver jogar, e o ídolo de Messi) fá-lo estar numa dimensão muito além da realidade futebolística nacional. Quando à sua capacidade de passe, leitura de jogo e drible se junta a raça de Javi García e a segurança e elegância no jogo de Witsel, tem-se um meio-campo completo a defender, forte em transição e superior ao tridente Carriço-Schaars-Elias. Artur mantém-se um gigante na baliza (defesa decisiva ao cabeceamento de Elias), Maxi Pereira pôs Diego Capel “no bolso” e a dupla de centrais esteve decente. Emerson acabou por ser o destaque negativo dum Benfica onde Rodrigo se afirma cada vez mais como o justo avançado titular. Do lado leonino, o melhor elemento terá sido claramente André Carrillo, pela forma como mexeu com o jogo e pela superioridade nos duelos com Emerson. De resto, pouco Wolfswinkel (não por culpa própria), Capel bem tapado e Elias com uma exibição má nos momentos decisivos. Onyewu e Polga acusaram a sua falta de jeito para jogar futebol ao jogar com uma boa equipa e Patrício terá sido, pelas defesas aos remates de Cardozo e Rodrigo, o melhor elemento a seguir a Carrillo.
                 A nível disciplinar, apenas destaco duas coisas. Cardozo tem que aprender a jogar mais futebol e protestar menos. Sujeitou o Benfica a 32min de inferioridade numérica sem necessidade. O cartão amarelo a Pablo Aimar por alegada falta sobre Insúa é das melhores coisas que vi ultimamente. Ou Aimar tem um cabelo fortíssimo que magoou Insúa na cara, ou então alguém simulou uma falta. MP

Equipas:
 
Benfica: Artur; Maxi Pereira, Jardel, Garay, Emerson; Javi García, Witsel, Aimar (Rodrigo), Bruno César (Rúben Amorim), Gaitán (Nolito); Óscar Cardozo. Treinador: Jorge Jesus

Sporting:
Rui Patrício, João Pereira, Onyewu, A. Polga, Insúa (Bojinov); Carriço (André Santos), Schaars, Elias; Matias (Carrillo), Diego Capel, Wolfswinkel. Treinador: Domingos Paciência

Golos: 1-0 Javi García 41'

Melhor em campo "Barba Por Fazer": Pablo Aimar

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