29 de novembro de 2011

A caminho dos Óscares 2012

As constantes previsões sobre os próximos Óscares continuam a evoluir. De um modo geral, o antecipadamente favorito "The Artist" parece estar a baixar a sua cotação, ao passo que "War Horse" de Spielberg e a boa realização de Scorsese em "Hugo" parecem estar a emergir, "War Horse" de forma mais sustentada. A seu tempo, e quando os filmes já estiverem passíveis de ser vistos e apreciados, falaremos deles e dos outros mais fortes candidatos, cuja data de lançamento é mais próxima da data da cerimónia topo da 7ª Arte. Como pretendemos abordar todos os filmes que possam ter aspirações a surgir nomeados, vemo-nos na necessidade de falar de "The Tree of Life". "Rango" é uma garantia.


The Tree of Life

Realizador:
Terrence Malick
Argumento:
Terrence Malick
Elenco:
Brad Pitt, Jessica Chastain, Sean Penn, Hunter McCracken
Classificação IMDb:
7.3

Oxalá pudesse estar a escrever neste momento sobre o filme que irei recomendar no próximo “Tenho a Barba Por Fazer, e estes Filmes Deves Ver”, mas infelizmente a minha opinião não vai ao encontro das previsões sobre os favoritos da Academia. “The Tree of Life” é um filme… muito estranho. Honestamente, bem lá no fundo, eu consigo perceber a ideia principal de Terrence Malick, porém não a soube explorar e o filme torna-se cansativo, demasiado vago e até irritante em certos momentos. O realizador texano reuniu um bom leque de actores (Brad Pitt, Jessica Chastain, Sean Penn e o jovem Hunter McCracken, que talvez venha a ter uma carreira interessante) mas fez questão de dar maior protagonismo a ele próprio e ao seu argumento. Um argumento que Sean Penn qualificou como o melhor argumento que já alguma vez lera, mas que ele acha que não resultou com a mesma emoção no ecrã. Acredito Sean. A acção centra-se nos anos 50, no seio duma família na qual Brad Pitt e Jessica Chastain são os pais de 3 filhos, pretendendo Malick que os pontos-chave do filme sejam a perda de inocência por parte do filho mais velho, a procura (anos mais tarde) de uma reconciliação com o seu pai, e a reflexão sobre as origens e o significado da vida, em paralelo com questões de natureza religiosa como a existência da fé. Honestamente, a 2ª metade do filme é melhor que a 1ª (na qual senti que Malick me estava a tentar lavar o cérebro, e ainda para mais mal lavado) mas a gritante quantidade de metáforas e de elementos visuais acabam por desgastar o espectador, a não ser aqueles que gostam de tudo apenas por ser diferente e estranho, perdendo-se um pouco as boas interpretações de Brad Pitt e Jessica Chastain e a relação de ambos com os seus filhos, os moldes da rigidez/ liberdade da sua relação, bem representados, diferenciando o caminho da natureza e o caminho da graça. O filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes, mas nos óscares parece apenas surgir nas cogitações para melhor fotografia e melhores efeitos visuais, devendo ficar “à porta” nas categorias de melhor realizador (Scorsese e o seu “Hugo” parece que irão deixar Woody Allen e Malick apenas focados noutras categorias) e melhor filme (era só o que mais faltava...). Em suma, um filme que a nível de interpretações não é mau, mas que é muito esotérico para o meu pequeno cérebro limitado e grotesco.

Rango

Realizador:
Gore Verbinski
Argumento:
John Logan, Gore Verbinski e James Ward Byrkit
Elenco:
Johnny Depp, Isla Fisher, Abigail Breslin, Alfred Molina, Bill Nighy
Classificação IMDb:
7.4
“Rango” surge neste espaço pré-Óscares porque, a par de Tintin, será o filme de animação com maiores aspirações a ganhar. A acompanhar estes dois filmes deverá estar “Arthur Christmas” e mais dois ainda não tão definidos. “Rango” está, a meu ver, uns furos abaixo de Tintin, mas não me surpreende que seja o sucessor de Toy Story 3, e o seu maior destaque é mesmo a forma singular como a voz de Johnny Depp encaixa no camaleão “Rango”. É curioso visto que muitas vezes se pode considerar Johnny Depp um actor camaleónico pela forma como se adapta a tantos papéis e, neste caso interpreta um camaleão, sem metáforas. “Rango” conta a história dum camaleão que vive uma vida banal de animal de estimação e enfrenta uma crise de identidade. Um acaso leva Rango a um novo lugar, onde ninguém o conhece e onde pode ser quem quiser. Assim, com um passado para trás, o camaleão acaba nomeado xerife e tenta tornar-se no herói que sempre quis ser. O filme aborda do ponto de vista sociopolítico a privação de alguns recursos (água) por parte de quem detém o poder e tem a moral de devermos procurar ser o que queremos e não nos deixar ser irreconhecíveis mesmo para nós próprios. Para quê camuflarmo-nos quando podemos usar sempre a nossa verdadeira cor, acho que no fundo é isso. Tenho urgentemente que me deixar destas frases finais maricas. MP

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